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Salus in Caritate


Devocional 39: Da Virtude da Esperança e os Vícios da Presunção e da Desesperação| São Tomás de Aquino


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A segunda virtude teologal é a esperança.

A virtude teologal da esperança, cujo efeito é mover a vontade, para que, com o auxílio divino, se dirija e encaminhe para Deus, como objeto de nossa eterna felicidade, segundo no-lo mostra a fé. 

Portanto, é impossível ter esperança sem fé. Porque a fé propõe à esperança o seu objeto e os motivos em que há de apoiar-se. 

O objeto da esperança, antes de tudo, Deus em si mesmo, como termo e objeto de sua própria felicidade, e enquanto, por um rasgo de infinita benevolência, quis ser também o objeto de nossa dita no Céu. Também podem ser objeto da esperança qualquer bem real, desde que subordinado ao objeto primário, ou seja, desde que subordinado à esperança do Céu. 

Temos a esperança do Céu apoiados na ação de Deus que nos auxilia em nossa fraqueza, na conquista da felicidade. 

O motivo da esperança implica e supõe necessariamente ações virtuosas meritórias e conducentes à posse de Deus na ordem sobrenatural. Logo, pecará contra a esperança, o que confia salvar-se, sem contrair o hábito de praticar a virtude. Este pecado chama-se: pecado de presunção. 

No entanto, este não é o único pecado que o homem pode cometer contra a virtude da esperança, pode cometer um outro chamado: pecado da desesperação. É o pecado daqueles que, tomando em conta ou a grandeza e excelência infinitas de Deus, ou as dificuldades com que tropeçam no exercício das virtudes sobrenaturais, fazem a Deus a injúria de supor que jamais chegarão a possuí-lO ou a praticar a virtude como convém; em consequencia, renunciam à felicidade e abstêm-se de invocar a Deus e chamá-lO em seu auxílio, ainda que bem possam fazer. 

O pecado de desesperação reveste-se de especial gravidade porque inutiliza todo o movimento na ordem sobrenatural, e faz que o pecador pronuncie, em certo modo, contra si mesmo, a sentença de eterna condenação. 

Portanto, o homem jamais deve desesperar-se por grandes que sejam as suas misérias e enormes as suas culpas e pecados, pois superior a tudo isso é a Onipotência e misericórdias divinas. 

Quando se sente acabrunhado sob o peso de suas culpas a alma deve corresponder à graça que naquele momento o convida a voltar-se para Deus, com firme esperança de que lhe perdoará e dará forças para sair do seu mau estado e levar depois vida digna de recompensa eterna. 

Para praticar o ato de virtude teologal chamado esperança pode usar a seguinte fórmula: Deus meu, com grande confiança, espero de vossa misericórdia e poder infinitos que me dareis a graça de levar uma vida digna do prêmio destinado aos justos, e que, no fim da vida, se vossa graça não me deixar cair na desesperação, me admitireis a participar da Vossa própria e eterna bem-aventurança. 

Mais resumidamente pode dizer: Deus meu, santa e firmemente espero em Vós. 

Todos os fiéis podem recitar este ato, enquanto vivem neste mundo. Já que no Céu, assim como os santos, não careceremos desta virtude, pois já estaremos na posse de Deus.

Também não a tem os condenados no Inferno, porque jamais poderão gozar de Deus, objeto da esperança. 

Já as almas do Purgatório conservam-na, como virtude, porém os seus atos não são inteiramente iguais aos desta vida, porque, não contam com o auxílio divino para alcançar o objeto da esperança, mas também não podem mais pecar. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino



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Introdução

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HOMILIAS SOBRE A CARTA AOS FILIPENSES DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO,
PADRE DA IGREJA, ARCEBISPO DE CONSTANTINOPLA



Filipenses são os habitantes de uma cidade da Macedônia, cidade colonial, segundo Lucas, e tem o nome de Filipos, por causa de seu fundador (cf. At 16,12). Nesta cidade se converteu a negociante de púrpura, mulher influente, temente a Deus (cf. At 16,14- 15); nela o chefe da sinagoga aderiu à fé (cf. At 16,23ss); nela Paulo e Silas (At 16,22) foram açoitados; nela os magistrados, assustados, insistiram com eles para que saíssem (At 16,38.19); nela o anúncio do evangelho teve esplêndido começo. Paulo dá muitos e belos testemunhos a respeito deles, denominando-os sua “coroa” (Fl 4,1) e declara que eles muito sofreram, nesses termos: “Pois, da parte de Deus, vos foi concedida em relação a Cristo, a graça não só de crerdes nele, mas também de por ele sofrerdes” (Fl 1,29). No momento, porém, em que lhes escrevia, aconteceu que estava preso. Por isso afirma: “As minhas cadeias se tornaram conhecidas em Cristo por todo o Pretório” (Fl 1,13). Chama de “Pretório” o palácio de Nero. Esteve preso e foi libertado, como assinala na carta a Timóteo: “Na primeira vez em que apresentei a minha defesa ninguém me assistiu, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja imputado. Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças” (2Tm 4,16-17). Refere-se às cadeias em que se achava antes daquela defesa. É evidente que Timóteo então não estava presente. Ele assegura: “Na primeira vez em que apresentei a minha defesa ninguém me assistiu”. Escrevendo desse modo, manifesta-lhe o fato; se ele já o soubesse, não lhe teria escrito assim. Mas, ao escrever essa carta, Timóteo se achava junto dele. Demonstra-o por aquilo que diz: “Espero, no Senhor Jesus, enviar-vos logo Timóteo” (Fl 2,19) e ainda: “Espero, pois, enviá-lo, logo que puder ver como irão as coisas comigo” (Fl 2,23). Tinha sido libertado das cadeias, e novamente preso depois que esteve com eles. Quanto às palavras: “Mas, se o meu sangue for derramado em libação, em serviço da vossa fé” (Fl 2,17), não o diz como se já houvesse acontecido, porém: “Se isto acontecer, alegrome”, a fim de corrigi-los do abatimento por causa de suas cadeias. Revela que a morte então não era iminente, porque assevera: “Tenho fé no Senhor de que eu mesmo possa logo ir até aí” (Fl 2,24) e ainda: “Convencido disso, sei que ficarei e continuarei com todos vós” (Fl 1,25).


Os filipenses, a fim de obter notícias, lhe haviam enviado Epafrodito, que lhe trouxera uma doação em dinheiro. Efetivamente, tinham-lhe muita afeição. Sobre esta remessa, ouve como ele se exprime: “Agora tenho tudo em abundância; tenho de sobra, depois de ter recebido de Epafrodito o que veio de vós” (Fl 4,18).


Mas, então, eles ouviram dizer que Paulo se achava preso (se, de fato, a informação de que Epafrodito, de menor irradiação que Paulo, estivera doente, muito mais saberiam acerca de Paulo); e era justo que ficassem inquietos. Por isso, no início da carta acrescenta muitas consolações acerca das cadeias, mostrando que não somente não deviam perturbar-se, mas antes alegrar-se. Em seguida, também exorta à concórdia e à humildade, ensinando que nisso consistia a mais segura proteção, e assim facilmente poderiam vencer os inimigos. Efetivamente, não é lamentável para os mestres estarem presos, e sim a falta de concórdia entre os discípulos. Aquela ocorrência trazia progresso ao evangelho, esta última causava a ruína. 

E nós também disso cientes, e diante de tais mostras de amor, sejamos dignos de tais exemplos, pela prontidão em sofrer por Cristo. Atualmente, porém, não há perseguições. Em consequência, se não é possível de outro modo, imitemo-los incansavelmente nas boas obras e não acreditemos já termos feito tudo quando uma ou duas vezes praticamos a esmola. Temos de praticá-la a vida toda. Não basta, na verdade, agradar a Deus apenas uma vez, e sim constantemente. Efetivamente, o corredor, depois de perfazer por dez vezes duplo curso, se desiste no último, perde tudo. Também nós, se começamos a praticar boas obras, e por fim relaxamos, perdemos tudo, arruinamos tudo. Escuta aquela proveitosa exortação da Escritura: “A misericórdia e a fidelidade não te abandonem” (Pr 3,3). Não diz: Age assim uma, duas, três, cem vezes, mas sempre. “Não te abandonem.” Não diz: “Não as abandones”, e sim: “Não te abandonem.” Desta forma revela que nós precisamos delas, não elas de nós, e ensina que tudo façamos por agarrá-las. “Ata-as ao pescoço” (Pr 3,3). Assim como um menino rico que tem um ornamento de ouro no pescoço, de forma alguma o tira, usando-o como sinal de sua alta origem, também a esmola sempre nos cerque, mostrando que somos filhos de um Pai misericordioso que faz o sol levantar-se sobre maus e bons (Mt 5,45). Mas, não acreditam os infiéis? Acreditarão, contudo, se persistirmos. Se, de fato, virem que temos compaixão de todos e representamos tal mestre, admitirão que assim agimos a fim de imitá-lo. E isto não devemos fazer simplesmente, mas com atenção e firmeza. “A esmola e a fidelidade sejam em ti verdadeiras”, diz-se. Bela expressão: “verdadeira”! Não se origine de rapina, ou roubo. Não se trataria de fidelidade, nem de verdadeira esmola... procuremos que nossa alma tenha bela aparência.

Nada mais maligno que o diabo. Ele em toda parte envolve os seus sequazes em trabalhos infrutuosos, e os dilacera. Não só não suporta que obtenham os prêmios, mas sabe sujeitá-los à punição. Efetivamente, não apenas institui como lei a pregação do evangelho, mas igualmente o jejum e a virgindade, de tal sorte que não apenas os priva da recompensa, mas submete os seus seguidores a uma grave imposição. A este respeito foi dito numa passagem: “Têm a consciência cauterizada” (1Tm 4,2). 

Por conseguinte, exorto-vos, agradeçamos a Deus por tudo, por nos ter aliviado os fardos, e aumentado as recompensas. São premiados os nossos esposos castos; entretanto, os que praticam a castidade entre eles não têm parte nestes prêmios e os hereges que assumem a virgindade são sujeitos a pena igual à dos que vivem na impureza. Qual o motivo? Não agem com reta intenção, e têm em vista caluniar as criaturas de Deus e a sua inefável sabedoria. Não sejamos, portanto, indolentes. Deus nos entregou a combates moderados, não fatigantes. Nem por isso os menosprezemos. Quando os hereges intensificam seus fardos insensatos, que defesa teremos se não queremos assumir os menores, que ocasionam maior retribuição? O que há de pesado, de esmagador nos mandamentos de Cristo? Não podes guardar a virgindade? Ser-te-á lícito casar-te. Não podes renunciar a todos os teus bens? É possível assistir os necessitados com algo do que tens. Diz a Escritura: “O que para vós sobeja, suprirá a carência deles” (2Cor 8,14). Talvez pareça pesado, digo, desprezar as riquezas, e vencer a concupiscência da carne. Aquelas práticas, porém, não causam dano algum, não exigem nenhum esforço. Que esforço, dize-me, é necessário para não falar mal, nem simplesmente caluniar? Que força exige não invejar o bem alheio? Que esforço para não ser arrastado pela vanglória? Suportar a tortura é fortaleza. Reclama fortaleza exercitar-se na sabedoria, força suportar a penúria, força pelejar com a fome e a sede. Quando nada disso te acontece, e ao contrário te é lícito usufruir dos próprios bens, como convém a um cristão, seria pesada obrigação não cobiçar o alheio? Antes, todos os vícios não se originam senão da cobiça, da dependência relativa aos bens terrenos. 

Se, porém, tens por nada as riquezas e a glória deste mundo, não invejarás os seus possuidores. Uma vez, porém, que pasmas diante destas coisas, tens admiração e aspiras por elas, também importunam-te os assaltos da inveja, e ainda os da vaidade. Tudo isso provém de amares os bens da vida presente. 

Tens inveja de alguém porque é rico? E não seria ele digno de compaixão e de lágrimas? Imediatamente replicarias rindo: Eu é que mereço lágrimas, não ele. Digno de lástima és tu, não por seres pobre, e sim por te julgares digno de compaixão. Lastimamos os que não sofrem de mal algum e se impacientam, não por não padecerem, mas porque apesar de não estarem atacados de doença alguma, julgam estar. Por conseguinte, responde-me. Se, acaso, um homem já sem febre, agita-se e revolve-se, deitado na cama apesar de estar são, não é mais lastimável do que os febricitantes, não por uma febre que ele na realidade não tem, mas porque de nada sofre e imagina sofrer? E tu és digno de lástima porque te julgas merecedor de compaixão, não pela pobreza. Pela pobreza, devias reputar-te feliz.

Ouçam estas palavras os ricos; ou antes, não os ricos, mas os impiedosos. De fato, aquele não era castigado por ter sido rico, mas porque não se compadecera. É possível que os ricos compassivos se tornem partícipes de todo bem. No entanto, ele a nenhum outro divisou senão aquele indigente, a fim de que entendesse, ao se lembrar do que fez, ser justo o que padecia. Não existiam, de fato, inúmeros outros pobres que eram justos? Somente lhe apareceu aquele que jazia à sua porta, a fim de ensinar, a ele e a nós, como é bom não confiar nas riquezas. A pobreza não impediu o pobre de obter o reino; de nada adiantou a riqueza ao rico para escapar da geena. Desde quando o homem se chama indigente? Desde quando tem o nome de pobre? Não é, não é indigente o que nada tem, mas o que deseja muito; não é rico o possuidor de muitos bens, mas o que de nada precisa. Que adianta, com efeito, possuir toda a terra, e viver mais infeliz do que aquele que nada tem? A opção, não a abundância ou a falta de dinheiro, faz os homens ricos ou pobres. 

Queres, ó pobre, tornar-te rico? Basta querer e ninguém o impedirá. Despreza os bens deste mundo; considera-os um nada, quais realmente são; rejeita a ambição das riquezas, e enriqueceste! Rico é quem não ambiciona enriquecer; o que não quer empobrecer é pobre. Assim como é doente quem estando com boa saúde inquieta-se com seu estado, não o que suporta a doença com tanta alegria como se estivesse com perfeita saúde, assim também é pobre quem não tolera a pobreza, mas no meio das riquezas considera-se mais pobre que um miserável qualquer, e não o que suportando a pobreza vive com mais alegria do que os ricos, no meio das riquezas; na verdade, ele é o mais rico de todos. 

Mordedura alguma na alma grande e sábia acarreta qualquer dor da presente vida: nem inimizades, nem acusações, nem suspeitas, nem perigos, nem ciladas. Refugiada de certo modo em alto cume, é inacessível a todos os ataques das regiões inferiores da terra. Tal era a alma de Paulo, que alcançara um pico mais elevado do que todos os cumes, em sua sabedoria espiritual, a verdadeira filosofia...Um homem de aço, pode ser golpeado mil vezes, jamais mudará; assim é Paulo.


Mas, se o viver na carne me dá ocasião de trabalho frutífero, não sei bem o que escolher. 

Por isso, ninguém me diga: “Se no além está tua verdadeira vida, por que Cristo te deixa na terra?” “É um trabalho frutífero”, responde. É possível usar da presente vida como convém, não vivendo como a maioria. Isso, diz ele, a fim de não pensares que esteja caluniando a vida terrestre, nem afirmes: “Se a vida presente para nada de bom serve, por que não nos suicidamos, não nos matamos? “De modo algum”, responde. Aqui também é possível lucrar, se não vivermos esta vida e sim uma diferente. Mas, pode-se perguntar: “E isso frutifica?” “Sim”, replica.

E agora, onde ficam os hereges? Eis agora o que dizem eles: “Viver segundo a carne, isso é trabalho frutífero; e, portanto, fruto do trabalho”. Qual o teu “trabalho frutífero”? “Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus” (Gl 2,20). Por conseguinte, o meu é “trabalho frutífero”. E “não sei bem o que escolher”.

Oh! que profunda sabedoria! De que maneira também exclui o desejo da vida presente, contudo não a rejeita! A afirmação: “O morrer é lucro” exclui o desejo; quanto à locução: “Se o viver na carne me dá ocasião de trabalho frutífero” demonstra a necessidade da vida presente. De que forma? Se a emprego conforme convém, se produz frutos, porque se é infrutífera, não chega a ser vida. Por conseguinte, a árvore que não produz fruto, semelhante à árvore seca, nós a depreciamos e jogamos ao fogo. Ainda, a vida pertence à categoria das coisas indiferentes; viver bem ou mal depende de nós. Não odiemos a vida, uma vez que existe vida e excelente; e se a empregamos mal, nem assim a acusemos. Por quê? Porque não é ela a causa disso, mas a livre escolha dos que a empregam mal. Na verdade, Deus te fez viver porque podes viver para ele; tu, porém, a vives segundo a malícia do pecado, e assumes toda a responsabilidade da questão.

“É melhor”, afirma, “partir e ir estar com Cristo”. A morte em si é indiferente. Não é um mal, portanto, a morte em si, mas é um mal ser castigado depois da morte. Nem é um bem a morte, mas é um bem ao que parte “ir estar com Cristo”. O estado posterior à morte enfim é um bem ou um mal. Por conseguinte, não lastimemos simplesmente os mortos, nem nos alegremos simplesmente acerca dos vivos. O que faremos? Lastimemos os pecadores não somente ao morrerem, mas também enquanto viverem. Alegremo-nos, no entanto, relativamente aos justos, não somente vivos, mas também mortos. Os primeiros, de fato, mesmo estando vivos morreram, estes, contudo, apesar de morrerem estão vivos. Os primeiros aqui na terra precisam da misericórdia, porque ofendem a Deus; os outros se partem da terra são felizes porque vão ter com Cristo. Os pecadores, onde quer que estejam, estão longe do Rei; por isso merecem pranto. Os justos, no entanto, na terra ou no além, estão junto do Rei; lá, muito mais perto, não em figura, nem através da fé, mas face a face (cf. 1Cor 13,12).

Em consequência, não lastimemos simplesmente os que morrem, mas os que morrem em pecado; são dignos de choro, de luto, de lágrimas. Que esperança há, dize-me, em partir carregado de pecados, uma vez que lá não há remissão de pecados?

Chora amargamente, geme em casa, sem testemunhas oculares. Isso é solidariedade, e traz proveito também para ti. Quem assim chora o próximo, cuidará bem mais de não cair em idênticas faltas. De resto, o pecado ser-lhe-á pavoroso. Chora os infiéis, chora os que em nada se distinguem deles, os que partem sem o batismo (a “iluminação”), a confirmação (o “selo”). Estes são dignos de lamentação, de lágrimas. Ficarão fora do palácio do rei, com os réus, os condenados. Efetivamente, “em verdade vos digo: quem não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3,5). 


 A estes todos choremos em particular e em público; mas com compostura, com dignidade, sem exibição. Choremos não um dia, nem dois, mas durante toda a vida! Prantear assim não constitui paixão absurda, mas verdadeira afeição; do contrário, seria paixão insensata, que logo se extingue. A originária do temor de Deus, dura sempre. Por conseguinte, deploremo-los, auxiliemo-los à medida de nossas forças, excogitemos uma ajuda, pequena embora, conquanto possível. Qual e de que modo? Nós próprios rezaremos por eles, e exortaremos a que por eles se façam preces, frequentemente dando aos pobres na intenção deles. Esta ação proporciona certo alívio. Escuta as palavras que Deus profere: “Protegerei esta cidade por amor de mim mesmo e do meu servo Davi” (2Rs 20,6). Se tanto pode apenas a lembrança do justo, o que não poderão as obras em seu favor? Não é em vão que os apóstolos determinaram que seja feita memória dos defuntos nos tremendos mistérios. Eles sabiam que se retiraria muito lucro, muita utilidade. Pois, quando o povo inteiro está de pé com as mãos erguidas, o clero completo, e é apresentada a tremenda vítima, como nossas súplicas não haverão de tornar-lhes Deus propício?

Isso, porém, acerca dos fiéis que partem; quanto aos catecúmenos, não fazem jus a tal alívio, mas carecem de todos esses auxílios, exceto um só. E qual é? Dar aos pobres, em sufrágio por eles; esse ato proporciona-lhes certo alívio. Efetivamente, Deus quer que nos ajudemos mutuamente. Por que ordenou que se reze em prol da paz e prosperidade de todo o mundo? Por que em favor de todos os homens (cf. 1Tm 2,1ss)? Apesar de entre esses todos se encontrarem ladrões, violadores de túmulos e larápios, principalmente réus de inúmeros crimes, rezamos por todos sem exceção, porque é possível que haja dentre eles algum que se converta. E assim como oramos por esses vivos, que não se distinguem dos mortos, é também lícito rezar por eles.


Jó oferecia sacrifícios pelos filhos e obtinha-lhes a remissão dos pecados. Disse: “Talvez tenham cometido pecado em seus corações” (Jó 1,5). É deste modo que importa preocupar-se com os filhos. Não falava como tantos atualmente: “Deixo-lhes uma propriedade”. Não disse: “Obtenho-lhes honrarias”. Não declarou: “Vou adquirir-lhes poder”. Não disse: “Vou comprar umas terras”. Ao invés, o quê? “Talvez tenham cometido pecado em seus corações.” Qual a vantagem de todos aqueles bens que devem ficar aqui na terra? Nenhuma. “Vou tornar-lhes propício o Rei do universo”, diz ele, “e enfim, coisa alguma lhes faltará”. “O Senhor é meu pastor, nada me falta” (Sl 23,1). 


Esta a grande riqueza, este o tesouro. Se temos o temor de Deus, nada nos falta. Mas, se o não tivermos, mesmo que possuirmos um reino, somos os mais pobres dos homens. Nada de semelhante àquele que teme o Senhor. “O temor do Senhor excede a tudo” (Eclo 25,14). Queiramos adquiri-lo, por ele tudo façamos; e se tivermos de perder a vida, e se o corpo tiver de ser trucidado, não recuaremos. Façamos tudo para obter este temor. Desta forma seremos os mais ricos de todos, e alcançaremos os bens futuros em Cristo Jesus nosso Senhor, ao qual com o Pai e o Espírito Santo glória, poder, honra, agora e sempre e nos séculos dos séculos. Amém


A morte


Nada mais feliz que a alma de Paulo, porque não existe outra mais generosa. Mas é oportuno dizer o oposto acerca dos demais: Nada mais fraco, mais mísero do que nós. Efetivamente, todos estremecemos diante da morte, uns por causa da multidão de seus pecados, entre os quais estou eu, outros por amor à vida e covardia, entre os quais possa nunca me encontrar! 

São carnais os que a temem. Justamente por aquela partida que provoca estremecimento em todos, Paulo roga e anela, dizendo: “Partir é muito melhor”. Não sei bem o que escolher”.

Novamente ensina-lhes a moderar seu modo de pensar, a atribuir tudo a Deus, e denomina uma “graça”, um dom, uma dádiva sofrer por Cristo. Não vos envergonheis deste dom. E é realmente mais admirável que ressuscitar os mortos e fazer milagres. Pois, nesse caso sou devedor, no outro o devedor é Cristo. Por conseguinte, não apenas não devemos nos envergonhar, mas antes alegrar-nos, estando de posse de tal dom. Ele dá às virtudes o nome de carismas, não em sentido próprio, como relativamente aos outros carismas. Na verdade, os outros vêm totalmente de Deus, enquanto nas virtudes também nós tomamos parte. Mas visto que igualmente aqui a parte principal é de Deus, diz-se que o todo é dele; não, porém, que se queira eliminar o livre-arbítrio, e sim fazer-nos discretos e agradecidos.


E em outra passagem: “E o vosso zelo tem servido de estímulo à maioria das Igrejas” (2Cor 9,2). Vês o elogio aos homens daquele tempo? Nós, ao invés, não sofremos bofetadas, nem ferimentos, nem fomos sujeitos a injúrias ou a dano material. Eles eram cheios de zelo, e na peleja todos davam testemunho; quanto a nós, deixamos esmorecer o amor por Cristo. E ainda ve-mo-nos na necessidade de denunciar o estado atual das coisas. E o que fazer? Não quero, mas a tal sou forçado. Se é possível, porém, calar e nada dizer, e com o silêncio desaparecem as ações, é lícito calar; se for o contrário (não somente não desaparecem quando nos calamos, mas até se tornam piores), é forçoso falar. Aquele que denuncia as faltas, se não consegue outra coisa, não deixa o mal ir avante. Não existe alma tão sem pudor e ousada que, ao ouvir assíduas repreensões, não core, não diminua tanta maldade. Existe, na verdade existe, mesmo nos que perderam a vergonha, algum pudor. Deus implantou em nossa natureza o pudor. Quando não basta o temor para nos corrigir, preparou muitos outros caminhos para abandonarmos o pecado. Por exemplo, a crítica dos homens, o medo das leis estabelecidas, a ambição da glória, a aquisição de amizades. Todos esses caminhos nos levam a evitar o pecado. Repetidas vezes, não é por causa de Deus, mas por vergonha, e o que não se faz por Deus, é feito por causa dos homens. Em primeiro lugar, aprendemos a não pecar; depois, recebemos orientação de como agir, enfim, por causa de Deus. 

Aliás, por que razão Paulo exorta à paciência os que querem vencer os inimigos, não por temor de Deus, mas pelo medo de represálias? “Agindo desta forma estarás pondo brasa na cabeça dele” (Rm 12,20). Entretanto, quer principalmente que se pratique a virtude. Por isso, eu dizia existir em nós certo senso de vergonha. Temos naturalmente muita inclinação à virtude. Por exemplo, todos os homens por natureza sentem compaixão e nenhum outro bem se encontra naturalmente em nós como este.


Por esse motivo, temos o direito de perguntar por que este sentimento está tão arraigado em nossa natureza que facilmente derramamos lágrimas, curvamo-nos, inclinamo-nos à compaixão. Ninguém é por natureza brilhante, não há quem esteja isento de vanglória, ninguém superior à emulação; mas por natureza todos se inclinam à compaixão, por mais cruel ou impiedoso que seja. E não é de espantar o fato de o demonstrarmos aos demais; mesmo das feras nos compadecemos, de tal forma é inata a compaixão em nós. Até diante de um leãozinho sentimos algo, mais ainda relativamente a nossos semelhantes. “Olha quantos inválidos!” – exclamamos muitas vezes, sabendo que é suficiente para nos induzir à compaixão.



Nada tão excelente, nada tão amável quanto um mestre espiritual; supera em tudo a benevolência de um pai natural. “Nada fazendo por competição.” Roga e fala sobre o modo conveniente de realizá-lo: “Nada fazendo por competição e vanglória”. Conforme sempre digo, é esta a causa de todos os males. Daí provêm as lutas e as disputas, daí as invejas e as rivalidades, daí o arrefecimento da caridade: visarmos à glória da parte dos homens, sermos escravos de honrarias da multidão.



Nada tão alheio a uma alma cristã como a arrogância. Digo arrogância, e não franqueza, ou bravura. Pois estas têm suas características. Diferenciam-se essencialmente entre si. De fato, uma coisa é a humildade, outra, porém, o servilismo, a adulação, os afagos. E, se quiserdes, de todos posso apresentar exemplos:

Parece que os contrários entre si brotam inseparáveis, como a cizânia e o trigo, os espinhos e a rosa. Talvez apenas as crianças facilmente se iludam, porém os homens, no verdadeiro sentido da palavra, experientes no cultivo espiritual, sabem na verdade distinguir o bem do mal. Vamos apresentar exemplos hauridos da Escritura. O que seria, então, a adulação, o servilismo, os afagos? Siba adulou a Davi em momento inoportuno e cometeu um crime contra seu próprio senhor (cf. 2 Sm 16,1ss). Mais ainda Aquitofel a Absalão (2Sm 16,15-17). Não assim Davi, que era humilde. Os pérfidos são aduladores. Por exemplo, quando os magos dizem: “Ó rei, vive para sempre!” (Dn 2,4). Encontramos também nos Atos muitos fatos semelhantes acerca de Paulo, quando se dirigia aos judeus, sem adulação, mas humilhando-se; ele sabia também mostrar franqueza, como ao dizer: “Irmãos, embora nada tenha feito contra nosso povo, nem contra os costumes dos pais, fui aprisionado em Jerusalém e entregue às mãos dos romanos” (At 27,28). Constitui prova de que suas palavras provinham da humildade a maneira como os censurou em seguida, nesses termos: “É bem verdade o que o Espírito Santo disse: em vão escutareis, não compreendereis; em vão olhareis, não vereis” (At 28,25-26: cf. Is 6,9-10). Notas a bravura? Vê também qual a coragem de João Batista diante de Herodes, ao declarar-lhe: “Não te é lícito possuir a mulher de Filipe, teu irmão” (Mc 6,18). 


Queres ver ainda palavras de humildade e de liberdade? Escuta Paulo a falar: “Quanto a mim, pouco importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano. Eu também não me julgo a mim mesmo. Verdade é que a minha consciência de nada me acusa, mas nem por isso estou justificado” (1Cor 4,3-4). Tal é a atitude que convém ao cristão. E ainda: “Quando alguém de vós tem rixa com outro, como ousa levá-la aos injustos, para ser julgada, e não aos santos?” (1Cor 6,1).


Queres ver a adulação dos judeus insensatos? Escuta-os a dizer: “Não temos outro rei a não ser César!” (Jo 19,15).  


Queres constatar a humildade? Ouve ainda a Paulo, que diz: “Não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo Senhor. Quanto a nós mesmos, apresentamo-nos como vossos servos por causa de Jesus” (2Cor 4,5). 


Em resumo, para reunir tudo num só tipo, a audácia existe quando alguém se irrita e encoleriza sem motivo, por vingança ou injusta ousadia; franqueza, contudo, e coragem, quando se enfrentam perigos e morte, e olha-se com desdém a amizade ou a inimizade, por causa de Deus. Novamente adulação e servilismo quando alguém procura ganhar a outrem por meios inconvenientes, ou no intuito de obter por ciladas alguma vantagem temporal. Humildade, ao invés, seria fazer o que apraz a Deus e descer de alta posição, a fim de conseguir algo de grande e admirável. Se o entendemos, somos felizes, no caso de o praticarmos. Não basta ter entendido, pois diz o Apóstolo: “Porque não são os que ouvem a Lei que são justos, mas os que cumprem a Lei” (Rm 2,13). Ainda mais: o conhecimento nos condena se não for acompanhado de atos ou boas obras. Tendo em mira, portanto, escaparmos da condenação, procuremos a prática a fim de alcançarmos os bens prometidos, pela graça e a benignidade de nosso Senhor Jesus Cristo.


No intuito de exortar os filipenses à humildade, apresentou-lhes Cristo por modelo. E não somente neste lugar, mas ainda ao dissertar sobre a caridade para com os pobres, exprime-se de maneira semelhante: “Com efeito, conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que por causa de vós se fez pobre, embora fosse rico” (2Cor 8,9). Efetivamente, nada persuade melhor uma alma grande e sábia à prática do bem como estar ciente de que desta maneira assemelha-se a Deus. Que estímulo há igual a este? Nenhum. Paulo, disso bem consciente, exortando-os à humildade, primeiro aconselha, acrescenta uma súplica, depois fala com energia: “Estais firmes num só espírito” (Fl 1,27) e: “Para eles é sinal de ruína, mas, para vós, de salvação” (Fl 1,28). Enfim, apresenta este motivo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus. Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como uma rapina, mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo”. 



Mas, parece, o respeito humano em nós pode mais que o temor da geena e dos futuros castigos. Por isso, tudo está invertido. As questões políticas são tratadas diariamente com maior solicitude, para não haver omissão; as espirituais, porém, não têm importância alguma para nós.  



Cientes disso, não nos entreguemos a calúnias, mas aos benefícios; não perscrutemos curiosamente os males alheios, mas analisemos os nossos; cogitemos nas boas obras dos outros, e pensemos nos nossos pecados, e assim agradaremos a Deus. Pois, encarando os pecados alheios, e nossas boas obras, teremos duplo prejuízo. Em vista daqueles exaltamo-nos com orgulho, e destas, caímos na negligência. De fato, ao se pensar que este ou aquele pecou, facilmente se peca também; e ao cogitar alguém que ele próprio agiu bem, facilmente torna-se orgulhoso. Quem, ao invés, entrega ao esquecimento suas boas obras, considerando apenas seus pecados, sem investigar curiosamente os pecados dos outros, e sim as boas obras deles, recolhe múltiplo lucro. Escuta de que modo: Se alguém vê que este ou aquele agiu bem, inflama-se de idêntico zelo; ao verificar que ele próprio peca, torna-se humilde e modesto. Se agirmos desta forma e assim nos orientarmos, poderemos alcançar os bens prometidos, através da graça e benevolência de nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual com o Pai e simultaneamente com o Espírito Santo glória, poder, honra, agora e para sempre e nos séculos dos séculos. Amém.


Nada de tal modo torna vãs as boas obras, nada provoca soberba, como a lembrança do bem que fizemos. Produz dois males: faz-nos mais negligentes e exalta em arrogância.


“Mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, e em ação de graças.” Há um só consolo: “O Senhor está próximo”. E: “Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos!” (Mt 28,20). Eis que existe ainda outro consolo, um remédio que pode livrar de toda tristeza, de qualquer ocorrência e de todas as coisas molestas. Qual é? A ação de graças em todas as circunstâncias. A oração, segundo o Apóstolo, não se restringe às preces, mas também é ação de graças por aquilo que possuímos. Como pode pedir bens futuros, quem não é grato pelos passados? Mas em “todas as vossas necessidades”, diz ele, a saber, em todas a circunstâncias, “pela oração e pela súplica”. Aliás, devemos agradecer por tudo, mesmo pelo que parece adversidade. Então, observamos a verdadeira gratidão. O pedido é exigido pela natureza das coisas, a ação de graças, porém, origina-se de uma alma reconhecida e intimamente ligada a Deus. Tais orações encontram junto de Deus reconhecimento; das outras, não quer saber. Assim deveis pedir, assim serão bem apresentadas vossas súplicas diante de Deus. Deste modo, tudo se realizará para nosso bem maior, mesmo quando não o percebemos. A circunstância de não o percebermos é sinal de que seguramente alcançaremos grande bem. “Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus.”


Tudo o que é “honroso”. O que é honroso denota a virtude quando atua do exterior, o que é “puro” origina-se da alma. Ele quer dizer: A ninguém dar escândalo, nem ocasião de censura. Tendo se referido a tudo o que é “honroso” a fim de não se julgar que é simplesmente diante dos homens, acrescentou: “o que é virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor”, nisso pensai, “isso praticai!”. Quer que continuamente sejamos assim, preocupemo-nos com tais coisas, disso cogitemos. Pois, se conservarmos a paz entre nós, Deus também estará conosco. Se, porém, criamos revolta, o Deus da paz não estará conosco. Pois, nada hostiliza a alma com o vício; e nada, ao contrário nos restabelece em segurança, como a paz e a virtude. Comecemos, portanto, a prestar o que nos compete e atrairemos também a Deus para o nosso lado. Deus não é um Deus de guerra e pugna. Desiste, portanto, da guerra e da luta, tanto contra ele quanto contra o próximo. Sê pacífico para com todos. Pensa quais são aqueles a quem Deus dá a salvação: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Esses tais sempre imitam o Filho de Deus; imita-o também tu. Sê pacífico. Quanto mais o irmão te combater, tanto maior será a tua recompensa. Ouve, portanto, o profeta: “Com os que odeiam a paz, somos pacíficos” (Sl 120,7).


Isto é virtude, isto é mais que pensamento humano, e atrai a Deus para perto de nós. Nada tanto alegra a Deus como o esquecimento das injúrias; livra-te dos pecados, apaga os crimes. Ao combatermos e lutarmos, distanciamo-nos de Deus. Das lutas, de fato, originam-se as inimizades; das inimizades seguem-se as lembranças das injúrias. Corta a raiz, e o fruto não aparecerá. Desta forma, aprendemos a desprezar as coisas presentes. Não existe, efetivamente, não existem pelejas nas coisas espirituais, mas as refregas e invejas que vires são oriundas das questões temporais: das ambições, da inveja, da vanglória começa toda disputa. Se conservarmos a paz, aprenderemos a desprezar as coisas desta terra. Alguém roubou-te os bens? Mas em nada te prejudicou, conquanto não roube as riquezas superiores, diz-se. Lesou tua glória? Não, contudo, a que tens junto de Deus, mas a de nenhum valor; propriamente não é glória, mas da glória tem o nome, ou melhor, é coisa inglória. Roubou-te a honra? Não foi, porém, a tua, mas a sua própria. Na verdade, o injusto não causa dano, mas ele próprio é prejudicado. Assim também o que arma ciladas ao próximo, primeiro arruína a si próprio; o que cava uma fossa para o próximo, nela cai. Por conseguinte, não armemos mutuamente ciladas uns aos outros, a fim de não sermos nós mesmos atingidos. Quando suplantamos a glória dos outros, pensemos que prejudicamos a nós mesmos, porque é mais para nós mesmos que planejamos insídias. Na verdade, talvez prejudiquemos junto dos homens àquele que o conseguirmos; a nós mesmos fazemos o mal junto de Deus, irritando-o. Não danifiquemos a nós mesmos. Pois, quando fazemos injustiça ao próximo, a nós mesmos a fazemos; igualmente, fazendo-lhe o bem, a nós próprios beneficiamos.



Extraído do livro: Patrística, volume 27, volume 3. 



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Devocional 38| Preceitos concernentes à fé e o ensino catequético (São Tomás de Aquino)



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Existe na lei divina preceitos concernentes a fé, principalmente na Lei Nova. 

Os judeus ao seguir a Lei Antiga acreditavam na grandeza de Deus e confiavam em suas divinas promessas, isso era suficiente para que sua fé fosse sobrenatural. No entanto, a nossa fé, católica, é mais completa e perfeita. 

Esta superioridade consiste no fato de que a eles apenas foi dado entrever de maneira vaga e simbólica os mistérios sobrenaturais da glória, que a nós, ainda que velados e entre sombras, nos foram declarados expressadamente. 

Estamos obrigados a meditar neles e a penetrar nos recônditos de seu sentido, mediante os dons do Espírito Santo, com o fim de facilitar-nos o cumprimento desta obrigação, emprega a Igreja todo o zelo e diligência em ensinar aos fiéis as verdades da fé. 

A Igreja emprega, para isso, o método de ensinar o catecismo. Logo, todos os fiéis tem obrigação de aprender o catecismo na medida que lho permitam as suas faculdades. 

O catecismo tem importância e autoridades especiais; porque é uma iniciação no estudo e conhecimento das mais sublimes e deslumbradoras verdades da ordem sobrenatural.

O Magistério Catequético é exercido pela Igreja, por intermédio dos seus maiores gênios e doutores. 

O ensino do catecismo é fruto dos dons do Espírito Santo na Igreja; porque no fundo se reduz a propor aos fiéis, com maior ou menor extensão, o mais apreciado e maravilhoso fruto dos dons do Espírito Santo, a Suma Teológica de São Tomás de Aquino. 

A Suma Teológica tem grande e especialíssima autoridade na Igreja de Cristo. A Igreja impõem a todos os que ensinam em seu nome a obrigação de inspirar-se nela e ensinar as suas doutrinas (Código de Direito Canônico, 589, 1366).

Portanto, é digno de maior elogio, o trabalho dos que se dedicam a este ensino, porque é o meio mais seguro para que ninguém se desvie do que ensina a fé e do que exige a razão. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino





Criador Inefável,
Vós que sois a fonte verdadeira da luz e da ciência,
derramai sobre as trevas da minha inteligência um raio da vossa claridade.

Dai-me inteligência para compreender,
memória para reter,
facilidade para aprender,
sutileza para interpretar
e graça abundante para falar.

Meu Deus, semeai em mim a semente da vossa bondade.

Fazei-me pobre sem ser miserável,
humilde sem fingimento,
alegre sem superficialidade,
sincero sem hipocrisia;
que faça o bem sem presunção,
que corrija o próximo sem arrogância,
que admita a sua correção sem soberba;
que a minha palavra e a minha vida sejam coerentes.

Concedei-me, Verdade das verdades,
inteligência para conhecer-Vos,
diligência para Vos procurar,
sabedoria para Vos encontrar,
uma boa conduta para Vos agradar,
confiança para esperar em Vós,
constância para fazer a Vossa vontade.

Orientai, meu Deus, a minha vida;
concedei-me saber o que me pedis
e ajudai-me a realizá-lo
para o meu próprio bem
e de todos os meus irmãos.

Amém.






"São Tomás disse que a virtude é o caminho do meio, não disse que é o caminho do mais ou menos. " (Ana Paula Barros)


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Introdução

Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui. 


Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 



Resumo

Autor do livro: São Lucas (biografia já tratada no material sobre o Evangelho de São Lucas).

Atos 1–2: Jesus Cristo ensina aos discípulos por 40 dias depois de Sua Ressurreição e, então, ascende ao céu. Por inspiração, os apóstolos chamam São Matias para completar o Colégio Apostólico dos Doze Apóstolos. O Espírito Santo é derramado no dia de Pentecostes. São Pedro afirma a verdade do Salvador ressurreto e cerca de 3 mil pessoas são convertidas.

Atos 3–8: São Pedro e São João curam um homem que havia nascido coxo. São presos por pregar e curar em nome de Jesus Cristo e são libertados da prisão. Os apóstolos chamam sete homens para auxiliá-los no ministério; um desses homens, São Estevão, defende a sua fé perante o conselho judeu e os membros do conselho o condenam à morte. São Filipe prega em Samaria.

Atos 9–12: Saulo é convertido e inicia seu ministério. Ao ter uma visão, São Pedro aprende que o evangelho deve ser pregado aos gentios. Herodes Agripa I condena o Apóstolo São Tiago à morte (“o Maior”, irmão de São João – não confundir com o bispo de Jerusalém, “Tiago, o Menor”; irmão de São Judas) e prende São Pedro.

Atos 13–15: Saulo e Barnabé são chamados como missionários. Eles encontram oposição dos judeus e são aceitos por alguns gentios. Os apóstolos e os anciãos da Igreja se reúnem em Jerusalém e determinam que os conversos gentios não precisam ser circuncidados, quando eles se unem à Igreja. São Paulo (como Saulo é chamado agora) parte em sua segunda viagem missionária, com Silas.

Atos 16–20: São Paulo e São Silas fortalecem várias igrejas que foram estabelecidas anteriormente. No Areópago, em Atenas, São Paulo prega que “[somos] geração de Deus” (Atos 17,29). Termina sua segunda missão e parte em uma terceira missão pela Ásia Menor. Por fim, decide voltar para Jerusalém.

Atos 21–28: Em Jerusalém, São Paulo é preso e continua falar sobre a sua fé em Jesus Cristo. O Senhor aparece novamente a São Paulo. Muitos judeus planejam matá-lo. Em Cesareia, ele defende a fé diante de Félix, Festo e Agripa. São Paulo naufraga a caminho de Roma. Quando enfim chega em Roma, prega o evangelho enquanto está em prisão domiciliar.



Primeira Viagem Missionária de São Paulo


Primeira Viagem Missionária de São Paulo


Duração da viagem: 3 anos
1-       Antioquia, da Síria (parte inferior do mapa) – Selêucida: “jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, Barnabé e Saulo, que também se chama Paulo, enviados pelo Espírito Santo”( Atos 13, 2-5. Ano 48-49 d.C.)


2-       Salamina em Chipre: “anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus; e tinham, também, João (Marcos, o evangelista), como cooperador”( Atos 13, 2-5)


3-      Ilha Pafos: só passaram por lá


4-      Perge, da Panfília: em que João: em que João (Marcos, o Evangelista) que era, acreditasse, sobrinho de Barnabé, se apartou deles, voltando a Jerusalém, aos apóstolos. Se tornando assim “secretário” de São Pedro (Atos 13, 6-13; 15,2, 33; Gálatas 2, 1-10).


5-      Antioquia, da Pisídia (é a da parte superior do mapa): na província da Galácia, que se fundou as igrejas da Galáxia ou Gálatas, que eram compostas por judeus e gentios, maiormente por judeus, porque aquela província era habitada por muitos judeus, principalmente a cidade de Icónio. (Atos 13, 14-52; 14, 1; Gálatas 1, 1-5; 2, 1-10, 11-21; 3; 4; 5 e 6). Ficaram muito tempo em Icónio.

6-      Listra e Derbe, cidades de Licaónia:  e para a província circunvizinha, e ali pregavam o Evangelho (Atos 14, 2-20). Em Derbe termina a primeira viagem missionária. Na volta São Paulo confirma os irmãos nas cidades que havia evangelizado. De Atália, navegaram para Antioquia, da Síria, de onde tinham saído ( Atos 14,21-26; 13, 1-3) para relatar o que Deus havia feito. Ficam em Antioquia, da Síria; por algum tempo.

Foi durante essa viagem que São Paulo, pela graça de Deus, conquistou o seu primeiro filho na fé, Tito, a quem São Paulo escreve a “Carta a Tito” (Gálatas 2, 1, 3, 11-13; Tito 1, 4; 2 Coríntios 2, 23, 12-13).



Comentário de São João Crisóstomo aos Atos dos Apóstolos + Diário de Bordo



1-      Antioquia, da Síria (parte inferior do mapa): São Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor. Depois de um tempo São Paulo queria visitar as cidades que haviam passado, São Barnabé aconselhou que tomassem consigo João, chamado Marcos (o Evangelista). Mas a São Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que, desde Panfília, se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra. E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido Silas, partiu (iniciando-se então a sua segunda viagem missionária). E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas (Atos 15, 35-41).


2-      Tarso – Derbe- Listra – Icônio:  Antiquia da Psidia (parte superior do mapa): confirmando os irmãos na fé. Em Listra São Paulo conheceu Timóteo, o seu “verdadeiro filho na fé”.

3-      Troas (ou Troade): São Lucas, o médico amado, e o posterior evangelista da incircuncisão, foi ganho por Paulo, e juntou-se a ele como seu cooperador pelo resto das viagens, até Roma (2 Coríntios 2, 12-13; Atos 1, 1-2; 16, 8-10; Colossenses 4, 14; 2 Timóteo 4, 11; Filémon 1, 24).

4-      Filipos, que era uma colônia romana: São Paulo libertou uma escrava da adivinhação (outro ramo do satanismo) e foi libertado, por Deus, da prisão subterrânea junto com Silas.

5-      Anfípolis e Apolónia: passaram

6-      Tessalonica: foram perseguidos pelos judeus, os cristãos tessalonicenses enviaram então Paulo e Silas, de noite, para Bereia.

7-      Bereia: a missão foi mais bem recebida entre judeus e gregos. Mas os judeus de Tessalonica perseguiram Paulo em Bereia, quando souberam disso, os irmãos então enviaram São Paulo ( e alguns irmãos)  para Atenas, enquanto Silas e Timóteo ficaram em Bereia com orientação de encontrá-lo o quanto antes(Atos 16,10-40; 17,1-15).

8-      Atenas, Grécia: São Paulo fala do Deus Desconhecido (1 Tessalonicenses 3,1-5; Atos 17,16-34).

9-      Corinto, Grécia: Paulo conheceu o casal judeu Priscila e Áquila (por volta dos anos 50-52 d.C, já se passaram por volta de 10 anos desde a primeira saída de Antioquia em 48-49 d.C), com os quais trabalhou no ofício de fazer tendas e tornaram-se também, posteriormente, seus cooperadores em Cristo (1 Tessalonicenses 3, 6-8; 2 Tessalonicenses 1, 1-2; 3, 17-18; Atos 18, 1-5; Romanos 16, 3). Ali passou 1 ano e seis meses. Em Cencreia de Corinto São Paulo raspou a cabeça por conta do voto de nazireu descrito em Números 6, 1-21.

E, de Cencreia, São Paulo terminou a sua segunda viagem missionária na cidade de Éfeso, em que deixou Priscila e Áquila, ficando pouco tempo nela. E, rogando-lhe eles que ficasse por mais algum tempo, não conveio nisso, antes se despediu deles, dizendo: Querendo Deus, outra vez voltarei a vós. E partiu de Éfeso. E, chegando a Cesareia, subiu a Jerusalém, e, saudando a igreja, desceu a Antioquia (Atos 18, 19-22).

Observações sobre o Voto do Nazireu:

Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaís­mo. Eles tomavam vários votos, como abster-se de vinho, não entrar em contacto com qualquer coisa imunda, ou não aparar os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de Sansão). E o trecho de Amos 2,12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em Israel.

A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao tempo (ver Josefo, Guerras 2,15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o de um severo ascetismo. O voto do nazireado aparece em Núm. 6,1-20. Ninguém podia fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do nazireado tinha por intuito tipificar a separação e um modo de viver santificado e restrito. A cabeleira crescida simbolizava a virilidade e virtudes heróicas.

As madeixas de cabelos simbolizavam uma simplicidade infantil, poder, beleza e liberdade. Maimônides, um sábio judeu sefardi (falecido em 1204), referiu-se à dignidade dos nazireus como equivalente à de um sumo sacerdote. E antes dele, Eusébio, o grande historiador eclesiástico da Igreja antiga, asseverou, em termos enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica 2,23).

Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista. Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada a associação com outras pessoas, ou de se ocuparem em atividades comuns. Viviam na comunidade de Israel como símbolos de dedicação especial a Yahweh. Essa era a principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas práticas ritualistas.

Esse voto podia variar quanto à sua duração. Podia ser imposto às crianças, por seus pais, que as dedicavam à vida do nazireado, como foi o caso de Sansão (ver Jz 13,5,14), e talvez de Samuel (ver I Sam. 1, 11) e de João Batista (Lc. 1,15). A Mishna (livro da tradição judaica) afirma que esses votos eram tomados por um mínimo de trinta dias, e que o período de sessenta dias era o mais comum. O voto tomado por Paulo, conforme está registrado em Atos 18, 18, provavelmente foi um voto temporário de nazireu. O voto se constituía (e constitui, ainda existe entre os judeus, mas possuí modificações):

Proibições. Os nazireus precisavam abster-se de vinho, de todas as bebidas alcoólicas, de vinagre, e até de uvas e passas de uvas. A experiência humana exibe claramente os debilitantes efeitos espirituais das bebidas alcoólicas. Além disso, esses votos provavel­mente eram um protesto contra as práticas pagãs, onde as bebidas alcoólicas eram usadas para agitar aos adoradores, levando-os a cometerem toda sorte de excessos. Um forte exemplo dessa adoração, era a embriaguês exercidas pelos adoradores do deus Baco ou Bako, sendo ele tido pelos pagãos como o deus do vinho. Essa adoração era dada através do consumo exagerado de vinho pelos seus fiéis misturadas com muitas músicas e batuques, originando daí o tão famoso carnaval dos dias atuais.
Mas os nazireus também não podiam tocar em coisas imundas, como um cadáver, mesmo que se tratasse de um parente próximo. E cumpre-nos observar que os sumos sacerdotes de Israel também não se podiam contaminar desse modo.

Requisitos. Um nazireu não podia cortar os cabelos durante todo o tempo em que perdurasse a sua consagração. As referências literárias mostram que os cabelos de uma pessoa eram considerados a sede da vida, e até mesmo a habitação de espíritos e de influências mágicas. Talvez por essa razão é que, terminado o voto do nazireado, a pessoa precisava raspar seus cabelos e queimá-los, como medida eficaz para anular quaisquer poderes que os cabelos fossem tidos como possuidores.


Terceira Viagem de São Paulo


Comentário de São João Crisóstomo aos Atos dos Apóstolos + Diário de Bordo


  1. Antioquia da Síria (na parte inferior do mapa): Barnabé estava com a Igreja de Antioquia e viu as grandes coisas que os cristãos, os que estavam dispersos desde o martírio de São Estevão (há mais de 10 anos) lá faziam.
  2. Tarso: Barnabé vai a Tarso buscar Paulo e voltam para Antioquia da Síria. Durante um ano se reuniram com a Igreja de Antioquia, foi lá que receberam pela primeira vez o nome de cristãos. Ficaram sabendo que o mundo passava grande fome e então os cristãos decidiram enviar ajuda para a Igreja na Judéia, São Paulo e São Barnabé ficaram responsáveis de levar a coleta à Jerusalém (Atos 11,19-30). Então São Paulo começou sua viagem missionária
  3. Derbe, Listra,  Icónio, Antioquia da Psidia: passou fazendo a coleta.
  4. Éfeso: ficou nesta cidade por dois anos, ela se tornou o centro desta segunda viagem, feita em meio à fome e dificuldades. Lá exerceu o seu trabalho, “para não se tornar pesado para ninguém”. Sua presença causou forte mudança na cidade em relação ao culto à deusa Diana, para os romanos e Artemis para os gregos, é a deusa caçadora, segundo a mitologia: filha de Júpiter e Latona  (Atos 19,1-41). Ali escreveu a epistola aos Romanos.
  5. Corinto: passando por todas as igrejas, São Paulo termina a sua viagem em Corinto, recolhendo a coleta.
  6. Jerusalém: foi então levar a coleta, e acabou sendo preso pelos judeus e entregue ao aos romanos
  7. Cesareia: ficou preso por dois anos. São Paulo apelou para César e foi enviado à Roma.




    Viagem de São Paulo a Roma



    Comentário de São João Crisóstomo aos Atos dos Apóstolos + Diário de Bordo


Comentário de São João Crisóstomo

Nada te pode fazer tão imitador de Cristo como a preocupação pelos outros. Mesmo que jejues, mesmo que durmas no chão, mesmo que, por assim dizer, te mates, se não te preocupas com o próximo, pouca coisa fizeste, ainda distas muito da imagem do Senhor. (Comentário à primeira Epístola aos Coríntios)

Cristo deixou-nos na terra para que sejamos faróis que iluminam, doutores que ensinam; para que cumpramos o nosso dever como o fermento [...]. Nem sequer seria necessário expor a doutrina se a nossa vida fosse tão radiante, nem seria necessário recorrer às palavras se as nossas obras dessem tal testemunho. Já não haveria nenhum pagão, se nos comportássemos como verdadeiros cristãos. (Homilias sobre a primeira Epístola a Timóteo, 10)

Não há nada mais frio que um cristão despreocupado da salvação alheia. Não podes aduzir como pretexto a tua pobreza econômica. Acusar-te-á a velhinha que deu as suas moedas no Templo. O próprio Pedro disse: Não tenho ouro nem prata (At 3, 6). E Paulo era tão pobre que muitas vezes passava fome e não tinha o necessário para viver. Não podes pretextar a tua origem humilde: eles também eram pessoas humildes, de condição modesta. Nem a ignorância te servirá de desculpa: todos eles eram homens sem letras. Sejas escravo ou fugitivo, podes cumprir o que depende de ti; assim foi Onésimo, e vê qual foi a sua vocação [...]. Não invoques a doença como pretexto, pois Timóteo estava submetido a freqüentes indisposições. Não digas: não posso ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível que não o possas fazer. Não há maneira de negar as propriedades das coisas naturais; o mesmo acontece com isto que agora afirmamos, pois está na natureza do cristão agir dessa forma [...]. É mais fácil o sol deixar de iluminar ou de aquecer do que um cristão deixar de dar luz; mais fácil do que isso seria que a luz fosse trevas. Não digas que é impossível; impossível é o contrário [...]. Se orientarmos bem a nossa conduta, o resto sairá como conseqüência natural. Não se pode ocultar a luz dos cristãos, não se pode ocultar uma lâmpada que brilha tanto [00']' Cada um pode ser útil ao seu próximo, se quiser fazer o que está ao seu alcance. (Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 20)

A levedura, por muito pequena que seja, transforma uma grande quantidade de farinha; assim também vós convertereis o mundo inteiro [...]. Não se pode objetar: que podemos nós contra a imensa multidão dos homens? É isto precisamente o que revela o esplendor do vosso poder. Não desfaleçais [...], porque o vosso fulgor não se extinguirá, antes pelo contrário, vencereis todas as dificuldades. (Homilias sobre São Mateus, 46, 2)



A levedura faz fermentar a massa quando está perto da farinha ou, melhor, misturada com ela, pois a mulher não só pôs a levedura como, além disso, a escondeu entre a massa. Do mesmo modo tendes que fazer vós quando estiverdes misturados, identificados com as pessoas [...], como a levedura que está escondida mas não desaparece, antes pouco a pouco vai transformando a massa na sua própria qualidade. (Homilias sobre São Mateus, 46, 2)


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"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)




"Quem ama a disciplina, ama o conhecimento" - Provérbios 12, 1

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