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Salus in Caritate

Cultura Católica




Os bons são em maior número na Igreja. Muitas vezes não parece, mas essa é justamente a impressão que aqueles que são maus desejam. Para que os bons percam as esperanças e os maus ganhem mais ousadia. 

Nós não temos a esperteza da serpente, nem a pureza da pomba. A agitação moderna tomou conta dos corações, nos fez esquecer obviedades. Por exemplo: a linha oficial da Igreja. 

Eu sei que a linha extra oficial tem um papel absurdamente grande nos dias de hoje. Conseguimos orientar, abrir debates, refletir e estimular, incentivar autores, professores e toda pessoa de boa vontade; é muito útil, mas é uma linha extra oficial. Já lhes contei, muitas vezes por sinal, que o funcionamento da Igreja é monárquico (embora tenha ganhado um ar democrático nos últimos dias, mas é só o "ar") e burocrático. Isso significa que a linha extra oficial tem efeito, mas é um efeito distante do centro da questão: o clero. A linha extra oficial sempre deixa aquela sensação de que não é real, não são pessoas reais que frequentam paróquias reais. Bem, isso é solucionado pela presença na linha oficial de comunicação da Igreja, linha esta que se resume a: cartas. Sim, é assim tão simples e antigo. Cartas de próprio punho de preferência. 

Temos muita movimentação na linha extra oficial e nenhuma na oficial. Isso não é inteligente. É bem fácil para os bispos dizerem que nunca receberam nenhuma solicitação, que nunca ninguém os procurou, que nunca lhe pediram nada em relação aos pontos caros para os que amam a Tradição. E de fato, é verdade. São poucos os corajosos que mantém uma ação na linha oficial, com nome, sobrenome e endereço. E isso é um erro crasso. 

"Mas eles não nos escutarão", "vão nos perseguir". Bem, eu só tenho uma coisa a lhe dizer: isso está bem dentro da normalidade do Evangelho, portanto crie tipo cristão. 

Entretanto, pode não ser assim. E se for, não deveria ser um problema. Usar a linha oficial da Igreja nos permite ter em mãos o testemunho de que foi solicitado reiteradamente, cordialmente e houve (se for o caso) negligência solene e proposital. É uma atitude inteligente que parece ser pouco atrativa para quem só deseja afagos e tapinha nas costas, vivendo um amor pela Tradição em grupos de WhatsApp.

Tal ação deve ser pessoal e ordenada, para isso alguns pontos são importantes: 

- as cartas devem ser cordiais e escritas por cada pessoa (nada de ficar se escondendo atrás de um grupo ou pessoa, crie tipo),
- se for só você/família que seja só você, uma alma tem grande valor para Deus e os bispos deveriam pensar o mesmo;
- não é para enviar um diário, é uma solicitação curta, cordial e respeitosa, um pedido; 
- as cartas devem ser enviadas com "confirmação de entrega" pelos Correios para a Cúria Diocesana aos cuidados do Bispo Diocesano, assim você tem o nome de quem recebeu e quando; 
- os envios devem ser feitos uma ou duas vezes por ano, mesmo se não tiverem resposta (lembre-se que isso é a comprovação da negligência, assim como é a comprovação do cuidado se for respondida e acolhida) a intenção é que a Hierarquia saiba que existem pessoas reais com nome e sobrenome, entre eles, que amam a Tradição e que precisam de cuidados;
- se houver uma reunião, não se esqueça de fazer atas da reunião com assinatura do que foi acordado; 
- apesar desses cuidados, busque sempre manter o clima cordial e bem humorado, nada de já se apresentar com o Código de Direito Canônico numa mão e a Suma na outra, não é a intenção; 
- cuidado com a linguagem, na maior parte das vezes eles entendem bem quando o amor pela Tradição é apresentado como um carisma, um desejo de conservar as belezas da Igreja; como uma ação do Espírito Santo para proteger a nossa História como fez tantas vezes na História da Igreja. 
- cuidado com os pensamentos, cada padre tem no coração uma Chaga feita pelo Senhor Jesus, todo padre têm, inclusive os que não são bons, foi colocada lá no dia do primeiro chamado dele para a vida sacerdotal. É com essa porta para o Coração de Jesus que nós nos propomos a falar. Portanto, pensamentos e comportamentos amáveis. A fala no mesmo tom, os gestos comedidos, sem bajulação nem aspereza. Lutar com destreza e doce harmonia é uma grande forma de lutar. 
-nada de infantilidade e imediatismo, as coisas tem o seu tempo, o que importa é a nossa postura, a nossa decisão convicta diante da Hierarquia.

Alguns acreditam que isso é insignificante. Bem, há dez anos este país estava entregue nas mãos dos comuna, totalmente, nós não tínhamos esperanças; hoje surge uma onda enorme em prol da Tradição, dos estudos e etc, veja bem, numa terra que o povo não lê nem gibi. Da mesma forma, historicamente, durante o regime militar os militares deixaram a estrutura das universidades nas mãos dos comuna e olha só no que deu. Deixar, sem nenhuma ação oficial, a estrutura da Igreja nas mãos deles, é a coisa mais burra que podemos fazer, isso não dará certo. A Igreja é uma engrenagem política e social potente, sempre foi a engrenagem mais desejada pelos poderes que sobem e descem na montanha russa mundial. Não dá pra abandonar a engrenagem, a estrutura paróquia - diocese, achando que isso não terá efeitos devastadores ou que nós passaremos incólumes pelos efeitos devastadores. Essa estrutura consegue levantar e decair governos, meus caros, acordem, nós vimos isso com nossos próprios olhos. Pode edificar ou destruir um povo todo. A estrutura da Igreja está atrelada a Hierarquia que Cristo estabeleceu, o que torna bem mais grave a deserção, é como o soldado que abandona o posto de proteção do castelo do Rei. Isso não é aceitável, por não ser inteligente. E tudo que o posto exige é usar a linha oficial, simples e fácil. No topo da Hierarquia está Aquele que tudo sabe e vê. Ele escutou o clamor do povo muitas vezes, escutará mais uma vez. E se a questão é clerical é para lá que devemos fazer a questão se solucionar. 

Existe um conto oriental que diz que um Rei tinha em seu castelo um sino, o sino era tocado quando havia injustiça no reino. No entanto, o reino possuía muitos eruditos que eram ministros da justiça, isso significava que se o sino tocasse era porque os ministros estavam negligenciando o dever e o povo caiu em sofrimento. Para tocar o sino a pessoa que queria denunciar deveria passar por 120 chibatadas e só depois tocar o sino. Isso acontecia para que ficasse comprovado que, de fato, era uma injustiça e o denunciador estava comprometido com a justiça e a verdade para além de si. Por isso, o Rei sempre se comovia em zelo pela justiça quando o sino tocava. 

Quem terá o compromisso de tocar o sino? 



 






 Introdução


"A histórica contenda entre Morgado de Matheus e Antônio Correa Barbosa sobre o santo ou santa que seria padroeiro da cidade, revela a importância da religião no contexto da nossa formação.

De início, nosso povo tem o catolicismo como religião oficial. Depois foram sendo incorporados outros credos, vindos com os imigrantes de outras pátrias. De toda forma, a religiosidade sempre esteve presente na formação das cidades, influenciando até em sua conformação, participando do seu desenho urbano. Em Piracicaba não foi diferente.

Presente desde quando ainda era Vila Nova da Constituição até hoje, a religiosidade permeia a vida da cidade e de seus habitantes. Além dos ritos próprios de cada fé, as festas relacionadas sempre agregam a vida social. E é por sua importância na história e na formação dos cidadãos, que o tema "Igrejas" ocupa o segundo volume da série "Patrimônio Cultural de Piracicaba".

Tal como o livro sobre escolas, o recorte proposto pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento - IPPLAP para esta edição, conta com algumas das nossas mais tradicionais instituições religiosas, trazendo um pouco da fundação dos templos, da sua importância. O livro traz, ainda, uma breve introdução sobre a influência da religiosidade na formação do povo piracicabano e brasileiro.

Uma leitura que eu recomendo! Saber um pouco mais sobre nossas igrejas é importante para conhecer a sociedade em que vivemos.

Propomos com esta publicação, segundo volume da série Patrimônio Cultural de Piracicaba, também revirar no fundo do baú, memórias e fotos de algumas das mais tradicionais instituições religiosas de Piracicaba. Da mesma forma como ocorrido com a pesquisa sobre as escolas, ao revirarmos esses baús, percebemos que muitos são bastante rasos e também carecem de mais atenção por parte de seus gestores. É preciso valorizar com mais atenção essa memória coletiva vivenciada nos bancos das casas de culto." ¹


Este trecho expressa o carinho que uma parte dos piracicabanos nutre pelos monumentos históricos da cidade, que são a ponte para a nossa história social e pessoal. Este material tem o intuito de: 1) continuar o trabalho começado no artigo "Alma Piracicabana", 2) fomentar o interesse dos piracicabanos pela sua própria história, 3) incentivar os católicos e não católicos de outras cidades a realizarem algo similar, 4) incentivar os catequistas e professores na transmissão do nosso rico patrimônio cultural católico. Tais objetivos são iluminados pela intuitiva certeza de que parte do caos do mundo moderno é resultado de certa falta de identidade social e pessoal. Talvez a história materializada em monumentos, que vencem a passagem dos tempos, seja um recado concreto do passado para um bom direcionamento do presente e do futuro. Para tal empreitada, conto com a ajuda dos materiais produzidos pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento, assim como a ajuda do Professor Fábio San Juan ² do Apreciando Arte. Conto também com meu olhar, já familiar para alguns, de uma "piracicabana nascida e criada". 


Aspectos gerais da arquitetura de Piracicaba


"No conjunto das igrejas do Estado de São Paulo, o Neorromânico teve mais receptividade do que o Neogótico; e considera que isso se deve à predominância dos italianos, que seriam nitidamente avessos a esse estilo. O autor destaca que em compensação, o Neogótico foi preferido pelos arquitetos cariocas, mais inspirados pela França (Bruand, 1969). A produção arquitetônica das igrejas em Piracicaba não difere das demais cidades brasileiras no período do Ecletismo. Predomina o Neorromânico, não somente pela presença italiana na cidade, mas há uma notável diversificação tipológica que enriqueceu a produção Eclética em Piracicaba devido à contribuição de profissionais de culturas e origens distintas."


Ecletismo

A arquitetura eclética foi um movimento arquitetônico preponderante até o princípio do século XX. Consistia em uma mescla de vários estilos diferentes (clássico, medieval, renascentista, neoclássico e barroco), resultando na criação de uma nova vertente arquitetônica.


Teatro Municipal de São Paulo

Teatro Municipal do Rio de Janeiro



Neo Românico

"A arte românica (chamada normanda na Inglaterra) teve suas origens nas estruturas romanas imperiais que sobreviveram às guerras dos bárbaros do início da Idade Média. Sua decoração é severa, monumental e considerada apenas como uma decoração para a arquitetura. Suas figuras esculpidas ficam no mesmo plano do fundo de pedra onde surgiram... No período românico, a Igreja era como um livro para o iletrado. Escultores e pintores cobriam o interior (e às vezes também o exterior) com ilustrações que narravam, em sequencia, incidentes extraídos das histórias da Bíblia. Estas artes eram uma forma de pictografia." ²


O estilo neorromânico espalhou-se por toda a Europa, de onde passou às Américas. Foi particularmente utilizado em edifícios religiosos, mas seu uso em edifícios civis também foi comum. Na Alemanha, chegou a ter o status de estilo nacionalista por excelência, sendo muito empregado ao longo da segunda metade do século XIX. Nos Estados Unidos, foi um dos estilos preferidos para edifícios públicos como prefeituras e campi universitários. São características do estilo neorromânico: edificações de tijolos ou pedra monocromática, abundância de arcos plenos sobre os vãos (portas e janelas) e também com fins decorativos, torres poligonais nas laterais das fachadas com telhados de formas diversas. Exemplos de construções em São Paulo: Igreja de Santa Ifigênia, Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos, Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Exemplos de construções internacionais: Edifício principal da Universidade da Califórnia, Museu de História Natural de Londres.³


O Juízo final (XII) - França


Museu de História Natural de Londres


Igreja de Santa Ifigênia - São Paulo


Catedral de Piracicaba


Igreja dos Frades, Piracicaba

Capela do Monte Alegre, Piracicaba




Neo Gótico


"Os escultores góticos devolveram à sua arte o que os gregos e os romanos pagãos haviam conhecido e que os cristãos primitivos e os artistas românicos haviam preferido esquecer: a representação convincente da natureza. Eles não mais estavam satisfeitos com o elemento narrativo; queriam que as próprias pedras vivessem. "



O neogótico popularizou-se no Brasil perto do final do reinado de D. Pedro II, especialmente a partir da década de 1880. As três igrejas neogóticas mais antigas do Brasil são a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Teresina, Piauí (1852), a Matriz de Nossa Senhora da Purificação, em Bom Princípio (1871), e a Igreja do Santuário do Caraça, em Minas Gerais, construída entre 1876 e 1883 em substituição a uma igreja colonial, e a Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Diamantina-MG (1884-1889). As duas últimas são projetos do Padre Julio Clavelin. Outra igreja neogótica pioneira é a Catedral de Petrópolis, começada em 1884, mas só concluída cerca de 1925, que abriga os túmulos do Imperador e sua família. No Rio de Janeiro, então capital, foram construídos muitos edifícios neste estilo a partir da década de 1880, como o pitoresco Palácio da Ilha Fiscal, construído sobre uma ilha na Baía da Guanabara entre 1881 e 1889, e a Igreja da Imaculada Conceição, em Botafogo (1888-1892).

O neogótico foi muito empregado em todo tipo de edifícios seculares e militares, incluindo casas particulares. Em São Paulo, a primeira igreja neogótica foi a monumental Catedral da Sé, construída a partir de 1913 e inaugurada apenas em 1954.


Catedral da Sé em São Paulo




Referências

1- Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento, Patrimônio Cultural de Piracicaba, vol 2.
2- Coley e Anson, A arte na Igreja, Nova Enciclopédia Católica, Editora Renes, 1969.
3- Ernest Burden, Dicionário Ilustrado de Arquitetura, verbete Estilo Revivescimento Românico.








 









 





O livro escrito pelo professor Léon Ollé-Laprune em 1892 aborda os aspectos necessários para a paz intelectual. Um dos pontos mais surpreendentes é a sugestão de uma unidade moral; a moral é apresentada como a grande área de equilíbrio das ideias. O segundo ponto surpreendente é a sugestão de uma abordagem católica que utiliza várias fontes de saber. Tal sugestão seria um ultraje para alguns atualmente, assim como a sua dedicação à Teologia Sagrada, mesmo sendo leigo e professor universitário.

Uma vez que os assuntos em crise são justamente ‘Deus, a alma e a vida futura’, cabe maior dedicação do estudioso católico a esta temática. O estudo da Teologia, ainda que em tempos melhores, seria um saber exigido, pois a Sagrada Teologia é o cume do saber, e a filosofia é serva da Teologia. No entanto, em situações como a nossa, é uma exigência inegociável a qualquer um que queira realmente contribuir para a paz dos espíritos e das mentes. Um livro com 131 anos, muito atual, embora não possamos dizer que na catolicidade ainda existam muitas pessoas com convicções firmes.

"[Léon] Em 27 de junho de 1862, contando com 23 anos, anota a seguinte reflexão: 

Seguirei com vivacidade o plano de estudo proposto pelo Padre Graty aos amigos da verdade e da sabedoria: seis anos empregados no estudo sério das ciências e da Teologia. Hesitei; gostaria mais de um trabalho mais fácil... Mas o que eu poderia responder? Que não tenho coragem? Mas essa é uma palavra digna de um homem e de um cristão? Fizeste, meu Deus, reprovações interiores à minha laxidão. Procurei-Vos na oração e tomei minha resolução. Ó Jesus, abençoai essa resolução e me dê a força de cumpri-la. Ó Jesus, eu me consagro a Vós. Começarei amanhã. Vida regrada, trabalho constante, oração viva e interior, meditação profunda" 


"Deus, a alma, a vida futura: sobre esses grandes objetos a filosofia de hoje está cheia de dúvidas e questões, e se não se filosofa a este respeito, a incerteza é a mesma: a atmosfera intelectual esta perturbada em todo lugar. Quanto mais o tempo passa, mais raros são aqueles que, fora do cristianismo, ou, mais propriamente, fora da Igreja Católica, tem convicções firmes e claras sobre esses assuntos."


"E não haverá paz para as almas a não ser que a maior parte delas se reencontre ou, para melhor dizer, se reúna em uma vontade comum e uma ação comum. Querer o mesmo sobre certos pontos essenciais, decidir-se pelos mesmos motivos na condução da vida... eis a paz moral"




O autor aborda uma unidade moral mesmo existindo uma divisão de espíritos. Para exemplificar, ele cita a causa de um grupo de pessoas em prol do descanso dominical. Cada um possui um motivo e até mesmo um conjunto de ideias sobre o próprio domingo; não possuem unidade de espírito, mas possuem a unidade moral de defender algo em comum por motivos diversos. O autor defende que tais ações devem ser firmadas e alicerçadas. Isso me recorda muito as ações pela modéstia verdadeira vindas de diversos grupos, por motivos distintos; assim como a defesa da Missa Tradicional, vinda também de diversos grupos por motivos distintos, embora ainda falte, em ambos, uma abordagem do benefício social que os temas trazem. Esta é a proposta do autor: tais uniões morais em prol da sociedade, mesmo sem uma unidade de motivos. Claro que as duas seriam o ideal, mas sabemos que não seria uma proposta realista. A unidade moral exige um acordo intelectual sobre o ponto em questão, um acordo de que tal coisa deve ser defendida ou feita, mesmo que por motivos distintos. Essa abordagem é cheia de limpidez, precisão e firmeza. Nós, como cristãos, temos motivos mais elevados para determinadas coisas, mas nada impede que abracemos os motivos menos elevados, quando corretos, pois a ideia em comum a ser defendida precisa ter firmeza e limpidez. Por isso, muitas vezes o proposto pelo autor encontra alguns entraves; as pessoas atualmente têm pouca firmeza, o que enfraquece a ideia comum de um grupo. Assim, embora eu concorde com o autor, não posso deixar de notar que tal método só é possível com um grupo de pessoas que possuam fibra interior suficiente para manter uma ideia comum. Parece-me ser este o problema atual: são poucos os que aceitam bancar as próprias convicções.

"A unidade moral sem acordo intelectual é uma quimera". 


"Notemos bem que é no domínio moral, no domínio prático, que se procura o ponto de união. Todas as noções permanecem incertas, todas as questões permanecem sem solução, ou, que é o mesmo, cada um pensa, julga e afirma o que lhe parece bom sobre qualquer coisa. A divisão dos espíritos é extrema."


Os homens de boa vontade podem se reunir para criar um ambiente moralmente mais saudável, unidos por este único objetivo moral.


"...concebo que escritores de talento tomem a resolução de respeitarem as almas nos seus escritos e de renunciarem a toda exibição literária malsã. Esses seriam os companheiros do dever de um novo gênero, homens decididos a fazer uma obra prima sem se sacrificar à moda. Se eles se reunissem aos artistas, escultores, pintores, músicos e a associação crescesse, ela seria capaz de produzir bons efeitos, sem outra ligação intelectual estre tantos homens diferentes que o pensamento de que a salubridade moral é um bem precioso, e que não há razão para corrompê-lo, não tendo a arte nada a perder, mas tudo a ganhar."


"Imagino um país onde este tipo de associação se multiplicaria. Este seria sinal de despertar moral muito sério. Eu veria nele o indício de uma crescente busca por restauração, e ao mesmo tempo, a prova de que este povo começaria a compreender que ele precisa fazer um esforço para se salvar".




No entanto, o autor é enfático ao dizer que duvida de uma união moral sem união intelectual. Mesmo que sejam pessoas de boa vontade com um pensamento moral comum, mas com divisões intelectuais significativas. Ou seja, não estão de acordo sobre ao menos um dos pontos do caminho de resolução, pois possuem concepções de vida muito diferentes. Seria um exército de pessoas que ‘querem fazer o bem’, mas não possuem definição nenhuma do que é o bem, então como poderiam fazê-lo?

Descrição familiar, não é mesmo?

Portanto, existe a possibilidade de uma união moral com uma coerência intelectual, mesmo que os motivos não sejam os mesmos. Mas não existe como realizar uma união moral, mesmo com boa vontade, quando se tem uma visão muito diferente sobre o emprego da vida e as concepções da mesma. Estou me detendo neste ponto por me parecer importante salientar que, muitas vezes, se priorizam as percepções de um determinado grupo em detrimento de uma ação comum que poderia ser melhor executada unindo forças do que dispersando, como no caso da Missa Tradicional, por exemplo. Seria melhor focar nos benefícios sociais, morais e espirituais do que nas percepções de cada grupo sobre a história dos ritos e a política no Vaticano. Um caminho é visivelmente mais eficaz do que o outro: um une pessoas de vários grupos por um único bem, especial a todos por motivos distintos; o outro é uma briga sem fim entre grupos.

No entanto, mesmo que os motivos sejam diversos, é preciso a unidade de pensamento, que se alicerça na verdade; só a verdade une. A verdade, no entanto, é descoberta na veiculação das ideias. É preciso que exista uma conversa cortês sobre os motivos de cada grupo, e a verdade com o tempo se mostra. Não é uma defesa do grupo de pessoas, e sim da verdade.


"Ireis virar as costas porque quereis proibir a especulação? E estais decididos  a proibir toda especulação por que as divergências de opinião se produziriam imediatamente e viriam a ter consequência na aliança moral sonhada e desejada? Mas o que seria isso, senão omissão política ou cortesia que não tem aqui o seu lugar?"


Todas as causas possuem as suas ‘guerras civis’, são discordâncias dentro dos próprios grupos. Isso, infelizmente, é normal. Saímos de um período de profundo silêncio na Igreja; muitos padres ainda acreditam que ‘ficar quieto é o melhor’, fingir que não vê, dizendo ainda que os protestantes não reclamam de seus pastores. Obviamente que não, eles abrem uma igreja para si, mas nós não podemos (e não queremos) fazer isso; como também não podemos deixar de salientar quando algo não está correndo da forma correta dentro dos valores que os ‘homens de boa vontade’ decidiram estabelecer para tentar fazer algo pela Igreja. Essa veiculação de ideias é boa, pena que até mesmo entre os tradicionais existe uma série de ideias pré-concebidas a serem revisitadas, começando pela incapacidade de escutar os motivos dos outros grupos que possuem objetivos morais semelhantes. A veiculação dos motivos possibilita o aprofundamento nas questões, essencial nesta cultura do superficial.


"Todas as declarações que abreviam e diminuem devem ser temidas. Elas marcam o que podemos ter, o que é um espécie de supressão do resto. Como o que elas fixam é em si muito vago, e como, devido a essa impressão, elas não fixam nada realmente, elas só reúnem o espírito de forma aparente; a unidade que elas criam é fictícia e estéril. Elas lembram o que chamei acima de convenções políticas e da cortesia".


Uma vez, o falecido chefe da Casa Imperial do Brasil escreveu uma carta dizendo algo do tipo: ‘que deixemos as diferenças para serem debatidas no ambiente cordial da monarquia’. Concordei plenamente. Esta cordialidade é muito diferente das convenções políticas que, na verdade, não estabelecem nada. Um exemplo disso é a negação do aborto. Isso é o correto, claro (!), mas é estéril a longo prazo, simplesmente por não contar com todo o ensino moral sobre a preservação da vida: os contraceptivos, as cirurgias em prol de se fazer a si mesmo estéril e outras correções que são suprimidas. É uma declaração bem abreviada do ensino da Igreja, por isso, é estéril, é uma união fake.


"Estamos aqui. Tudo está instável. A confusão está em todo lugar. É àqueles que tem ideias claras e firmes que compete trabalhar para fortalecer e esclarecer o seu entorno... Eis a primeira condição de toda influência que conta: importa mais o que se é do que o se diz ou mesmo o que se faz. Portanto, é preciso dizer e fazer... É preciso criar em torno de uma ideia, julgada essencial, todo um "movimento de opinião", toda uma agitação... dessa forma uma ideia forte como que cria órgãos que a tornam palpável e operativa. Ela faz o seu caminho. Ela vai se realizando apesar de tudo".


"Este é o poder das ideias. Mas o que queremos são ideias que refaçam os espíritos e as almas. Há muitas ideias no mundo que são capazes de os desfazer, e que conseguem isso. Nós queremos as capazes de refazer, e que tenham sucesso nisso. Onde encontraremos tais ideias?"


Nós, como católicos, ainda não estamos muito versados no mundo das ideias, resultado de décadas vivendo na caverna revolucionária criada para nós por muitos membros do próprio clero. Não sabemos o poder de um livro, de um texto, não sabemos o poder de um padre indicar uma leitura, de nós mesmos indicarmos livros, o poder de documentários ou de qualquer forma de palavra veiculada. Ainda existem aqueles que veem contos piedosos como insignificantes, acham que os grandes tomos de escolástica são mais úteis. Como estão enganados(!), no fluxo do tempo, os contos piedosos ganham em durabilidade, sendo os últimos a serem excluídos durante a instalação de uma crise. Somos pouco versados na batalha das ideias. Por exemplo, este texto, assim como muitos outros, ajuda no “movimento de opinião”. É interessante como esse ponto, tão simples, é profundamente incompreendido. “Há momentos para calar e momentos para falar”; o movimento de opinião é o momento para falar. As ideias expostas são como peças numa construção de dominós; quando uma é emitida, desencadeia outras. Isso é o movimento de opinião. Não se trata de uma emissão desordenada de achismos. É preciso focar nas peças certas.


"A quem, então, caberia assumir a frente do movimento e presidir ao grande trabalho de restauração intelectual e moral?

É claro que não é aos políticos enquanto tais. Não aos eruditos e nem aos filósofos enquanto tais; os eruditos não podem atingir o fundo dos espíritos e das almas, e nem os filósofos, embora por outras razões. A quem caberá a grande tarefa de que falamos? Aos homens de pensamento? Não precisamente. Aos homens de boa vontade? Sem dúvida. Mas de onde eles tomarão suas ideias inspiradoras e reguladoras? Eis o ponto.

A anarquia intelectual e moral, que é visível, é claramente um mal. Julgamos que é preciso trabalhar para fazê-la cessar. Isto é um dever para todo homem que pensa.

 

Aqui só falamos deles e para eles. Filósofos, letrados e escritores, nós dizemos a nós mesmos, dizemos entre nós, e dizemos ao público, que temos um dever: o de trabalhar, na medida dos nossos meios e forças, para fazer cessar a anarquia intelectual e moral que todos sofrem, que tudo sofre. Queremos, portanto, trabalhar pela pacificação dos espíritos. Sabemos que a paz completa, definitiva, não é deste mundo. Não sonhamos com uma paz impossível. 


Faço uma bela imagem do nosso mundo moderno enfim pacificado. A paz, ou seja, a ordem, que é a concórdia. Cada coisa em seu lugar, em seu devido posto e todas unidas conspirando para um fim superior... As fontes da paz e as fontes da regeneração moral e intelectual são as mesmas. Os espíritos e as almas serão pacificados com o que é capaz de refazer espíritos e almas. O que é capaz de refazer os espíritos e as almas é a verdade, a verdade moral inteira. Pois bem, onde está a verdade moral inteira?"















Escrito pelo Venerável Fulton Sheen em seu livro Rumo à Felicidade de 1955:


"O contentamento não é uma virtude inata. É adquirido com grande decisão e diligência no domínio dos desejos desordenados; por isso, é uma arte que tem poucos discípulos. Porque há milhões de almas descontentes no mundo atual, poderá ser-lhes proveitoso analisar as quatro principais causas de descontentamento, e sugerir os meios de contentamento.

A principal causa de descontentamento é o egoísmo, ou amor-próprio, que coloca o eu acima de tudo, como o centro do mundo, ao derredor do qual toda a gente deve girar. A segunda causa de descontentamento é a inveja, que nos faz considerar as riquezas e os talentos alheios, como se nos tivessem sido roubados. A terceira causa é a cobiça, ou o desejo desordenado de ter mais, para compensar o vazio do nosso coração. A quarta causa de descontentamento é o ciúme, que, umas vezes, é ocasionado pela melancolia e tristeza e, outras, pelo ódio àqueles que possuem o que para nós cobiçamos.

Pensar que o contentamento procede de alguma coisa de fora de nós e não de uma qualidade da alma, é um dos maiores enganos. Havia um rapaz, outrora, que só queria uma pequena bola de mármore: quando teve essa bola, queria uma bola de borracha: depois só queria um pião; a seguir, só queria um papagaio; e quando teve a bolinha, a bola, o pião e o papagaio ainda não era feliz. Tentar fazer feliz um descontente é o mesmo que tentar encher uma peneira de água. Por mais água que dentro derrameis, ela esvai-se e nunca conseguireis enche-la.

O contentamento não está também na mudança de lugar. Alguns julgam que, se estivessem numa parte diferente da Terra, gozariam de maior paz de alma. Uma dourada num aquário e um canário numa gaiola principiaram, num dia quente, a conversar. O peixe dizia: "quem me dera poder balouçar-me como o canário; como ele morar lá em cima, naquela gaiola!" Por sua vez, o canário dizia: "oh! como deve ser agradável estar metido na água fresca, onde o peixe está". Subitamente, ouviu-se uma voz que dizia: "Canário, mergulha na água! Peixe, trepa para a gaiola!" Imediatamente, trocaram de lugar, mas nem um, nem outro foi feliz, porque, originariamente, Deus tinha destinado a cada um o lugar que, segunda a sua natureza, mais lhe convinha.

A condição do nosso contentamento é conter-se, è reconhecer limites. É provável que esteja em paz tudo o que está dentro de limites. Um dos lugares mais tranquilos do mundo é um jardim murado. Ficou-se do lado do mundo e, através dos portões daquele, pode olhar-se sobre este, com a poesia que dá a distância, e sonhar-se com os seus encantos. Assim, se a alma do homem se confinar aos seus limites (quer dizer, se não for avarenta, nem ambiciosa, nem trapaceira, nem egoísta), também estará cercada por um tranquilo e alegre contentamento. O homem contente, limitado e manietado embora pelas circunstâncias, faz dos próprios limites o remédio da sua inquietação. Se um jardim tem um ou três acres, ou se tem ou não tem um muro não é a questão; a questão está em que vivamos dentro dos seus limites, grandes ou pequenos, para que possamos ter um espírito tranquilo e um coração feliz.

O contentamento procede, por conseguinte, em parte, da fé, isto é, da finalidade consciente da vida e da convicção de que os sofrimentos, sejam quais forem, nos advêm da mão de um Pai Amoroso. Em segundo lugar, para haver contentamento, se torna necessário ter uma boa consciência. Sendo infeliz o nosso interior, por fracassos morais e por culpas não expiadas, nada do exterior pode, então, dar tranquilidade ao espírito. O terceiro e último requisito é a mortificação dos desejos e a limitação dos prazeres. Os maiores lutos vêm ordinariamente dos maiores amores. Pelo contentamento é realçado o prazer e suavizado o sofrimento. Mais leves se tornam os males, se forem, pacientemente, suportados: contudo, os maiores benefícios podem ser envenenados pela insatisfação. Sem o nosso contributo voluntário, já as misérias da vida são bem profundas e extensas.

O contentamento com a nossa condição terrena não é incompatível com a ânsia de perfeição. Ao pobre mais pobre o Cristianismo não recomenda que esteja apenas contente, mas «que seja diligente nos negócios».

O contentamento que se deve gozar refere-se ao momento presente. Se for pobre, hoje, um homem, a fé ordena-lhe que, nesse mesmo dia, esteja satisfeito; mas a libertação da sua pobreza pode ser-lhe vantajosa amanhã, e, por isso, o pobre trabalha por aumentar a sua prosperidade. Pode não ser bem sucedido; se a pobreza perdurar um dia mais, resigna-se e recomeça, então, até atingir o triunfo. Deste modo, o contentamento é relativo ao nosso estado presente e, em relação às exigências plenas da nossa natureza, de maneira nenhuma absoluto. Ainda que não tenha mesmo nada, o homem contente nunca é pobre. Ao passo que, por muito que tenha, o homem descontente nunca é rico.





Alegria Interior


Cada um de nós é que dá cambiantes sombrios ou luminosos ao que nos rodeia. Podemos, por um esforço criador, inundar a nossa alma de tal luz que torne esplendentes os acontecimentos que se cruzarem com o nosso caminho. Por outro lado, podemos cair num estado de depressão intima tão profunda e tão cheia de melancolia que só os mais intensos impulsos externos dos sentidos serão capazes de nos despertar da apatia.


Dizem-nos os filósofos que o prazer é uma necessidade para o homem. Aquele que integrou a sua personalidade conforme a natureza desta e orientou a sua vida para Deus, conhece o intenso e indestrutível prazer, a que os Santos chamam alegria. Nenhum acontecimento exterior pode ameaçá-lo ou perturbar a sua felicidade. Muitos, porém, procuram o prazer exteriormente, e esperam que as ocorrências da vida lhes deem a felicidade. Como ninguém pode fazer do universo escravo seu, procurar o prazer no exterior é ficar sujeito à decepção. O excesso de divertimentos fatiga-nos: uma ambição realizada torna-se em tédio: um amor, que prometeu um pleno contentamento, perde o encanto e a emoção. Jamais poderá vir do mundo a felicidade permanente. A alegria não deriva das coisas que possuímos ou das pessoas com quem privamos: ela destila da própria alma à medida que esta se entrega ao trabalho abnegado.


O segredo duma vida feliz está na moderação dos prazeres, em troca de um aumento de alegria. Mas vários usos do nosso tempo tornam isto difícil. Um deles é o sistema de comerciar que tenta aumentar os nossos desejos, a fim de comprarmos mais coisas. Acresce a isto que a psicologia de criança amimada, de que enferma o homem de hoje, lhe diz que tem o direito de conseguir tudo o que lhe apetece, e que o mundo deve a cada um o satisfazer-lhe os caprichos. Uma vez que o eu se torna o centro, ao derredor do qual tudo o mais gira, somos vulneráveis. A nossa paz pode ser destruída por uma corrente de ar que vem duma janela aberta, pela nossa incapacidade para comprar um casaco de certa pele exótica - tão rara que apenas vinte mulheres, em todo o mundo, o podem usar, pelo nosso fracasso em conseguirmos ser convidados para um almoço, ou pela nossa incapacidade de pagar mais altos impostos sobre rendimentos que qualquer outro de toda a nação. Se estiver no comando, o eu é sempre insaciável: não há favores nem honras que mitiguem a sua ânsia quer de <música mais tola, quer de vinho mais capitoso», ou dos prazeres espirituosos de jantares de homenagem de ditirambos jornalecos em tipo 72.


Os homens egocentristas consideram como desgraça a não satisfação de qualquer dos seus desejos: o mundo desses desejos querem dominá-lo, querem puxar os seus corderinhos e forçá-los a obedecer à sua vontade. Se tais desejos forem contrariados e reprimidos por outro eu, o seu senhor fica desesperado. Multiplicam-se, assim, as ocasiões de desânimo e de tristeza, porque todos nós estamos condenados a não conseguir algumas das coisas que desejamos: a nós cabe escolher se este malogro há de ser aceite de bom grado ou considerado como ultraje e afronta.


Hoje em dia, milhões de homens e mulheres pensam que a sua felicidade é destruída, se tiverem de viver sem umas tantas coisas, com as quais seus avós nem sequer sonharam. O luxo tornou-se uma necessidade para eles; e de quantas mais coisas precisar o homem para ser feliz, maiores serão as probabilidades de desilusão e desespero. O capricho tornou-se o seu senhor, a trivialidade o seu tirano; ele já não é senhor de si mesmo, mas tornou-se escravo de ouropéis.


Platão, na « República », refere-se ao homem, cuja vida é regida por caprichos e veleidades; as suas palavras foram escritas há [mais] 2.300 anos, mas ainda hoje são exatas: «Muitas vezes imaginará gostar de politica, põe-se à obra, e diz ou faz o que lhe vem à cabeça; outras vezes, concebe admiração por um general e concentra o seu interesse na guerra; ou por um homem de negócios e, imediatamente, é esta agora a sua vocação. Não conhece qualquer ordem ou exigência na vida; não atenderá a ninguém que lhe diga que certos prazeres vêm da satisfação de desejos bons e nobres, e outros de desejos maus, e que aqueles devem ser acarinhados e estimados e estes disciplinados e encadeados. A tal discurso abana a cabeça e diz que todos os desejos são semelhantes e dignos de igual atenção". 


Se quisermos fruir a vida no máximo grau, devemos ordenar hierarquicamente os prazeres. As alegrias mais intensas e duradouras são disfrutadas apenas por aqueles que refreiam os seus apetites e se sujeitam a uma penosa disciplina preliminar. É do cimo dum monte que se contemplam os panoramas mais belos, mas pode ser árduo chegar lá. Nunca ninguém sentiu prazer lendo Horácio, sem primeiro se exercitar nas declinações da gramática. Apenas compreendem a felicidade plena aqueles que a si mesmos negaram alguns prazeres legítimos, a fim de mais tarde terem outras alegrias. Os homens que vivem ao sabor dos impulsos, ou se esgotam de cansaço ou tornam-se ineptos. O Salvador do mundo disse-nos que as melhores alegrias só se conquistam pela oração e pelo jejum; devemos dar, primeiro, as nossas moedas de cobre por Seu Amor, e Ele, depois, nos retribuirá em moedas de ouro, em alegria e êxtase. "








Primeira versão deste texto: 27/03/2017
Segunda versão: 06/10/2023




"Ponde as vestes e chorai, sacerdotes, gemei, ministros do altar. Entrai no templo, deitai-vos em sacos, ministros de Deus; a casa de vosso Deus está vazia de oblações e libações.

Prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia, congregai os anciãos e toda a gente do povo na casa do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor: “Ai de nós neste dia! O dia do Senhor está às portas, está chegando com a força devastadora da tempestade.

Tocai trombeta em Sião, gritai alerta em meu santo monte; tremam os habitantes da terra, pois está chegando o dia do Senhor, ele está às portas. É um dia de escuridão fechada, dia de nuvens e remoinhos; como aurora espraiada nos montes, assim é um povo numeroso e forte, tal como jamais se viu algum outro nem jamais se verá, até os anos de gerações futuras” (Joel 1, 13-15; 2, 1-2).


Introdução 


Encontrei em 2017 uma orientação, em forma de livreto, da Congregatio pro Clericis, chamada Adoração Eucarística pela Santificação dos Sacerdotes e Maternidade Espiritual, reeditada em 2007 (disponível aqui)

Trata-se de um texto em que a Congregação para o Clero estimula a Adoração Eucarística nas Paróquias e uma ação, dos leigos, consagrados e religiosos, "como que em maternidade sacerdotal."

Além disso o texto explica vários aspectos da relação entre a Eucaristia e as vocações: a Eucaristia não se faz presente sem um padre e o padre não existiria se não fosse a Eucaristia. Uma interessante e maravilhosa relação. Por isso, não causa espanto ser a Adoração ao Santíssimo Sacramento a melhor via de santificação do clero e o adubo da vinha do Senhor para gerar vocações. 


Assim temos, as mulheres (a exemplo de Maria que é Mãe) e a Igreja (que é formada por cada um de nós), a vocação da Maternidade Sacerdotal. 

No entanto, a forma de exercer esta maternidade pode ser melhor entendida com exemplos. Exemplos de veneráveis leigas. Estas almas luminosas poderão nos apontar como ajudar o clero. Assim, visando este objetivo tão simples e eficaz, lhes apresento esta temática que se desdobrará em 3 partes. Espero que possa lhe orientar na realização da sua pequena e luminosa parte na messe do Senhor. 

Eis a cruz do Senhor! +
Fugi forças inimigas! +
Venceu o Leão de Judá, +
A raiz de David! Aleluia !

São Natanael, rogai por nós.





Primeira Parte: Os padres são pessoas


Nós não devemos abraçar o atual silêncio sepulcral que acometeu a Igreja na América do Sul. Este silêncio que não encoraja a virtude e não corrige o erro, é extremamente danoso e tem feito muitas almas morrerem em vida. Assim, tal proposta não se trata de um convite a cercar os padres com uma redoma, como as mães que não veem bem as mazelas dos próprios filhos; no entanto, também não se trata de criar em nós uma mãe muito dedicada a ver as falhas, ao ponto de ser alguém que só vê defeitos, minimizando o poder de crescimento dos próprios filhos e ação de Deus neles.

Eu sei, é estranho encarar o lado humano do padre. No entanto, tenho uma séria convicção, de que a crise atual é uma crise comportamental, uma crise humana. 

Os padres vieram do povo. Se eles não estão cumprindo o que deveriam, talvez seja porque o povo, também não está cumprindo o que deveria. O padre vem do povo. 

A crise é uma crise familiar. A Igreja é uma família e se comporta como uma família, uma família um tanto monárquica ou, no mínimo, aristocrática. Isso não é um defeito. A Igreja é uma das últimas monarquias do mundo, uma monarquia que funciona melhor que outras ainda existentes. No entanto, assim como em qualquer família atual, os filhos não entendem os pais e os pais não entendem os filhos. Somado a isso, existe a tendência de escutar mais a uns que a outros, o que gera a nítida percepção de certa preferência por parte dos padres, bispos e etc; para um determinado grupo, que normalmente reflete muito dele mesmo e suas convicções. 

Essa família enorme, tem uma dinâmica de funcionamento comportamental que difere de país para país, embora alguns se pareçam. Por exemplo, os EUA é similar a Europa e os países da América do Sul se parecem, um pouco. No entanto, o Brasil possui alguns aspectos que devem ser considerados por alguém que deseja rezar pelo clero com clareza sincera do estado comportamental real da hierarquia em seu país. 

Visando, portanto, ver com clareza tanto a bondade quanto a rudeza, abordarei alguns pontos comportamentais presentes em todo território brasileiro, coletados desde 2017. Espero poder contribuir para que a sua maternidade seja salutar: hora defendendo, hora empurrando, hora combatendo.



"O Sr. Cura Chelan viu nas suas maneiras um certo ar mundano bem diferente do que deveria animar um jovem levita.

- Meu amigo- disse-lhe ainda - seja um bom burguês, estimável e instruído, antes que um padre sem vocação.

Julian respondeu muito bem, quanto as palavras, a essas novas advertências: encontrava as palavras que um jovem seminarista fervoroso teria empregado; mas o tom com que eram pronunciadas e o ardor mal dissimulado que lhe lampejava nos olhos alarmaram o Cura Chelan." (Sthendhal, O Vermelho e Negro).



Segunda Parte: Crise comportamental



I- Qualidade das pessoas


Bem, você provavelmente sabe que não é a melhor versão da humanidade. Esta convicção moderna de que somos a melhor geração humana que já passou pela terra é o disparate mais amado atualmente. Seja na questão comportamental como intelectual nós somos realmente um tanto atormentados. 

Atormentados. Talvez seja esta a melhor definição para a realidade atual. Nós não somos de "alta qualidade". A maior parte de nós não consegue entender bem um texto, temos déficits formativos significativos e vivemos numa cultura que nos deu um espelho distorcido do que é ser brasileiro. Você, provavelmente, já sabe tudo isso. Mas frequentemente nos esquecemos que os padres também saíram desse mesmo lugar e infelizmente o seminário não dá conta, ou não fornece, os meios para suprir tantas coisas; assim como a nossa formação universitária não deu conta, ou não nos forneceu, o meio para suprirmos as nossas defasagens de formação. Nós é que fomos atrás disso ou não. 

Eu sei, gera certa revolta perceber isso, nós fomos ensinados a ver certas funções como extremamente sábias e o clero sempre esteve, desde que o Ocidente foi erigido pela Igreja, no topo do ensino, no topo do saber. Acontece que, agora, temos o slogan mas não o conteúdo. Afinal, nós o povo, não somos de tão alta qualidade assim para gerarmos padres de qualidade incrível. 

Existe o "ruim, o bacana, o joia e o incrível" no que se refere a formação humana, doutrinal e espiritual. E apesar dos pesares existe no país uma porcentagem enorme de gente bacana e joia, existe também um número grande de padres bacanas ou joias. E isso é muito bom. É bom ser incrível, mas nem sempre é possível, então ser joia é o suficiente para fazer uma função bem. 

Mas se existem tantos padres bons, o que acontece? Bem, é o mesmo que acontece com o povo. Respira fundo, fique calmo aconteça o que acontecer ao ler o nome... respira, lá vai: covardia. 



II- Covardia


Este comportamento é alimentado nos católicos brasileiros há décadas. É um mal que atinge boa gente. Passamos a pensar de uma forma e agir ou calar diante do que não é compatível com que acreditamos. Um silêncio sepulcral é um dos sinais da covardia. Não é o silêncio reflexivo, nem mesmo educativo, é o silêncio que permite o erro e desencoraja a virtude. Isto está presente no povo, está presente no clero e neste caso se torna difícil descobrir quem nasceu primeiro. No entanto, ainda mantenho a perspectiva de que nasceu no povo. 

Veja bem, primeiro aconteceu a separação entre espiritual e material após a Idade Média, depois aconteceu a separação da Ética e da Política, o resultado desta ultima separação foi a divisão entre "foro interno" e "foro externo", que possibilitou a seguinte frase "eu pessoalmente penso assim" mas publicamente votam e agem de outra forma, tal atitude passou a ser vista como um "justo meio"; algo que é solenemente contra a Virtude da Verdade. As leis morais não obrigam mais externamente apenas internamente, é por isso que a maior parte dos padres não falam sobre a moral (e depois querem que as pessoas entendam a necessidade de se respeitar um bebê na barriga... sendo que não respeitam nem o que veem; ou que os jovens vivam a castidade sem cuidar das outras virtudes filhas da Temperança). Isso aconteceu para tornar possível a premissa do Estado de não interferir na vida privada, enquanto o individuo, em troca, não expressa as opiniões da sua consciência. Talvez esta dinâmica tenha se infiltrado na Igreja em algum momento. 

No período do barroco ainda se mantinha o princípio que " o melhor interprete da lei é o costume", a consciência individual tinha a sua autonomia e campo de atuação, no entanto, instalou-se uma desconfiança da consciência. Foi preciso amordaçar as percepções individuais. Seja na política, na sociologia ou na religião vemos uma onda de mordaças. Quando não temos autonomia da consciência se torna fácil surgir pessoas sem remorso de consciência. As mordaças de consciência são aplicadas de diversas formas, algumas são:
 
- a cultura do cancelamento, que surgiu na ala da esquerda que diz defender a liberdade de expressão; 
- nas boas condutas politicas que são vistas como o suprassumo da cidadania e ao mesmo tempo retira a possibilidade de uma abordagem religiosa das questões, 
-a religião se tornou algo do foro interno, existe uma vigência instalada e velada para não expressão da religião católica, principalmente. 
-a civilização, a partir do iluminismo, não é mais "a civilização cristã", se torna a "civilização ocidental". Foi preciso desatar a sociedade da Igreja e depois de Deus. 

A moral cristã, que é embasada no encorajamento da virtude, foi substituída pela moral republicana em que o parâmetro é ser "um bom cidadão", ficar na sua e obedecer bem o Estado, independente da sua consciência. É a propaganda da falsa bondade, geradora de diversas frentes ideológicas dentro da Igreja. Essa falsa bondade, não incentiva a Virtude, no entanto, a Virtude é a força de fibra da alma. O "tipo católico" se forma com o treino nas Virtudes. Sem este treinamento a alma se torna covarde. Veja, todos somos covardes em alguma coisa, não há dúvidas. Mas infelizmente temos um estado covarde que tomou conta do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja (mais sobre em Alienação e Intolerância). 



III- Narcisismo


Este comportamento pode ser visto com facilidade no povo. Nós somos um povo extremamente auto centrado. A modernidade e a internet favorecem a auto centralização, tudo se trata da pessoa, mesmo que não tenha relação com ela. Somos um povo sensível e dedicado à pratica de se sentir ofendido. Como vimos, isto é resultado da falta do ensino moral que nasceu da separação entre "foro interno" e "foro externo".

Tudo é resultado desta mesma coisa, desde uma interpretação de texto segundo o próprio umbigo até a uma batalha de umbigos, de egos, nas paróquias e no clero. Neste contexto os cargos tomam uma função importante, e encontrar alguém tão bom ou melhor se tornou uma situação incômoda e ofensiva. Uma batalha de umbigos, de egos; que surge quando a formação humana não é bem realizada, somada a uma redoma de proteção encontrada nos cargos e nos ofícios de visibilidade. 



IV- Desencorajamento


A educação nas virtudes é encorajadora. Mas o silêncio sepulcral gera uma educação do desencorajamento. É comum encontrarmos pessoas que são responsáveis por educar que não acreditam no potencial do povo. Muitos padres e catequistas pensam "eles não vão entender". Bem, é a crença de que o povo é burro... sendo que eles próprios vieram do povo, veja bem. Tal convicção negativa impede ao povo o acesso às riquezas da Igreja, principalmente as crianças e jovens que crescem sem conhecer minimamente, por exemplo, a História da própria Igreja, sobre Arte Sacra ou sobre Arqueologia existindo em muitas dioceses padres bacanas, joias e até mesmo incríveis com mestrado em tais áreas. Não lhe parece que existe algo errado? 


V- Abuso de Autoridade


A Igreja não é uma democracia. A Igreja é uma monarquia, uma das últimas monarquias do mundo. No entanto, devemos também lembrarmo-nos que a monarquia é o governo de um só, no nosso caso Jesus Cristo, o Papa é seu representante na Terra, o Vigário de Cristo, o Pároco, digamos assim, o Sacerdote dos sacerdotes, é Cristo. Também é importante lembrarmo-nos, com frequência, que a deturpação de uma governança monárquica é o totalitarismo. O totalitarismo, também é um governo de um só, mas não possui os padrões morais da monarquia, que visa servir o povo, devotando a vida num serviço pelos demais e o crescimento dos mesmos; o totalitarismo visa somente o poder pelo poder da pessoa que esta a mandar. Como vê, é um diferença gritante (mais sobre em Doutrina Social da Igreja _ Introdução).

O abuso de autoridade no ambiente eclesial é o fruto de uma forma de governança totalitária, que não visa o bem espiritual e moral do povo, mas somente ser obedecido numa insana paixão pelo próprio cargo. Isso acontece seja entre leigos, seja entre padres e bispos. 

Como tal abuso advém do ego, da instância pessoal, normalmente, está fortemente entrelaçado às ideias pré-concebidas que o sujeito em questão tem sobre: religiosidade, piedade e vida espiritual. No entanto, como a vida espiritual da Igreja Católica é riquíssima, esta mesma pessoa, ao se deparar com um traço de piedade que não lhe agrada passa a munir-se de todas as armas em prol de extirpar aquilo que considera estranho. Quanto maior a autoridade maior e mais potente é o tiro.


O segundo resultado são as farpas disparadas do púlpito. Munidos do escudo do microfone, tornam o momento de catequese da Santa Missa em uma sessão de disparos que não encorajam o virtuoso, nem o bom, o belo e o justo.


O comportamento totalitário eclesial surgiu com a infiltração da mentalidade revolucionário dentro do clero brasileiro. Não existe outra forma de governo para uma mente revolucionária. E como existe uma aparente semelhança com a monarquia, todos passaram a acreditar que este silêncio sepulcral reinante é o normal, passando, assim a fazer parte do comportamento até mesmo dos bons. 


VI- Incompetência


Existem poucas funções no mundo em que o sujeito pode ser incompetente sem que lhe aconteça alguma coisa. Na Igreja atual todas as funções admitem incompetência, desde um canto sem talento, mundano ou protestantizado, até um padre que não prepara a homilia ou que é versado em abusos litúrgicos grotescos ou suaves como músicas a todo momento da Missa. Isso tudo pode ser exercido sem a devida advertência por parte dos superiores, os bispos (isso também é falta de competência). O resultado é que vivemos num ciclo de funções não executadas ou mal executadas. E ninguém faz nada, principalmente, porque acreditam que isso é caridade. Uma falsa caridade que para preservar o ego de um acabada destruindo as almas de muitos.


Veja bem, a maioria dos padres não frequenta outras Missas senão a que eles mesmos celebram, os bispos, idem. Nunca ouvi sobre um bispo que se vestisse a paisana e assistisse as Missas celebradas, como um fiel... se fizessem veriam muito abuso e teriam como corrigir. No entanto, nada disso acontece, o clero bom (no entanto, covarde) não tem a menor ideia do que o povo, de verdade, vê e escuta dos padres. Eles imaginam que a situação não é assim tão ruim quanto pintam. No entanto, é pavorosa. É importante lembrar-se disso: a maior parte dos padres bons está numa redoma criada por eles mesmos; a paróquia gira em torno dele, isso impossibilita que ele tenha uma real visão da realidade, exceto se ele buscar frequentar as Missas pavorosas que somos obrigados a tolerar. É por isso que quando você conta a algum deles sobre os fatos das Missas, eles dizem para que você mude de igreja, ou seja, na mentalidade do clero atual é o povo que tem que se virar, os padres não precisam mudar, nem receber advertência, nem mesmo estudar. "Eles que se virem" é o que está por trás da resposta de padres bons, perceba, assim ele não se compromete com a Hierarquia. 



A incompetência também é incentivada pelo simples fato do padre não ler livros católicos. Acredite, não são somente os leigos que estão a descobrir clássicos da literatura católica, muitos padres também estão. Os seminários e a faculdade de teologia incentivam muito a leitura protestante e de autores de ciências da religião, é ainda muito raro o uso somente de autores católicos. São poucos os seminários que estudam São Tomás, por exemplo. Então o recém ordenado tem uma carga grande de material para estudar, mas isso fica um tanto solto, como ele não receberá nenhuma advertência se ele vir a ser incompetente alguns deixam de estudar solenemente e se tornam replicadores de frases de programas matinais de TV, isso é muito comum em padres que se ordenaram nos anos 90. 




VII- Discrepâncias Contextuais


É claro que todos estes aspectos alteram a acuidade intelectual, gerando o fruto das discrepâncias contextuais. Por exemplo, um padre que diz que todos os caminhos vão para o Céu e dois minutos depois reza por missionários, esta em uma discrepância contextual, missionários existem justamente por existir só Um caminho; se todos os caminhos vão para o Céu nós não precisamos de Igreja, nem de Padre, muito menos de missionários. As discrepâncias contextuais, mesmo quando não notadas, semeiam as sementes que já germinam em muitos corações: desesperança.


Outro exemplo, é a abertura ao diálogo, essa abertura, na verdade, não existe. Pelos motivos já citados. É uma grande farsa. Salvo alguns padres que se abrem para escutar, mesmo que só pare no "escutar", já que a regra do silêncio os impede de tomar lados; a ação toda pró dialogo é uma farsa, exceto que seja considerado a escuta somente de alguns grupos e algumas espiritualidades. Realmente, existem grupos que precisam ser mais atendidos, mais escutados e a tensão entre os grupos sempre existirá. Mas o que estou a dizer é que a história de escutar a todos é, até o momento, falsa. Por exemplo, quantos retiros de silêncio existem neste país com extensões continentais? Bem, cabe em uma mão no máximo. Isso é um sinal latente do que escrevo. Mas outras vertentes que propagam o oposto são fortemente apoiadas. 

Os mais escutados, no entanto, são os grupos que estão alinhados com as pautas politizadas aprovadas pelo Colégio, que também tem seu grupo, como todos sabem, esses grupos alinhados são representados na grande mesa chamada sinodalidade. Que, por sua vez, ninguém sabe o que é, nem mesmo os padres. Depois de anos notaram que "sinodalidade" não tem definição, é um troço estranho que ninguém sabe o que é, nem para onde vai. Um híbrido estranho e disforme, que diz escutar a todos, mas na prática, renegou ao esquecimento um grupo inteiro de fiéis por desejarem ver a Igreja Católica Apostólica Romana e não a pauta tal ou nem mesmo o grupo espiritual tal.  Uma sinodalidade que nasceu alicerçada na exclusão totalitária dos filhos da Igreja que só querem o silêncio, a oração, a Igreja, sua Tradição e Doutrina. Nada mais. 


No entanto, não podemos esquecer: nosso Deus é Onipotente. E muitas vezes já resgatou a Igreja dos atos de seus membros. É por esta razão que acredito fortemente que cada leigo e padre, por si, deva defender o que acredita, fortemente e cordialmente. Se venceu a covardia, claro. Recentemente, escrevi sobre a falta de coragem dos leigos de escreverem para seus bispos. A escrita não visa uma resposta imediata e paternal, embora seja o correto a esperar. Antes visa primeiro combater em nós essa covardia desgraçada que se impregnou nos membros da Igreja, romper esse silêncio sepulcral que permite aos padres renegar um grupo inteiro de fiéis sem peso na consciência e se enveredarem em abusos barulhentos ou ideologias, nos permite também ter prova diante dos Céus e dos homens que nós pedimos aos responsáveis por nossas almas e eles não atenderam, nos deixando morrer na inanição de silêncio, de oração e da riqueza da Tradição Católica. Por isso, incentivo que escrevam e rezem, rezem e escrevam; as cartas enviadas ao Colégio se não forem acolhidas pelos bispos serão por Nosso Senhor e nós teremos o Céu por testemunha. Que nossa oração no silêncio não seja desculpa para covardia.


"Estava mergulhado nessa corrente com seu silêncio, como pedra em meio à correnteza. " (Dobraczynski, A sombra do Pai)



Exemplos Virtuosos de Maternidade Espiritual




Beata Alexandrina Balasar


O Inferno não!

Alexandrina da Costa, beatificada aos 25 de abril de 2004, demonstra de maneira impressionante a força transformadora e os efeitos visíveis do sacrifício de uma jovem doente e abandonada.


Jesus se havia dirigido a ela com estas palavras: “Minha filha, em Lisboa vive um sacerdote que corre o risco de se condenar eternamente; ele me ofende de maneira grave. Chama o teu padre espiritual e pede-lhe a autorização para que eu te faça sofrer particularmente, durante a paixão, por aquela alma”.


Recebida a licença de Padre Pinho, Alexandrina sofreu muitíssimo. Sentia o peso dos pecados daquele sacerdote, que não queria mais saber de Deus e estava prestes a se danar. A coitada vivia em seu corpo o estado infernal em que se encontrava o sacerdote e suplicava: “Não, no inferno não! Ofereço-me em holocausto por ele até quando Tu quiseres”. Ela chegou a ouvir o nome e o sobrenome do sacerdote.


Padre Pinho quis então indagar junto ao cardeal de Lisboa para saber se naquele momento algum sacerdote estivesse lhe dando muitos desgostos. O cardeal confirmou com sinceridade que de fato havia um sacerdote que o preocupava; o nome que pronunciou era exatamente o mesmo que Jesus dissera para Alexandrina.


Alguns meses mais tarde foi referido a Padre Pinho, por parte de um amigo sacerdote, Padre David Novais, um evento especial. Padre David acabara de dar um curso de exercícios espirituais em Fátima, ao qual também havia participado um senhor muito discreto que todos haviam notado pelo seu comportamento exemplar. Este homem, no último dia dos exercícios, sofreu um ataque de coração; foi chamado um sacerdote e ele pôde confessar-se e receber a Comunhão. Pouco depois falecia, reconciliado com Deus.

Descobriu-se que aquele senhor, vestindo roupas leigas, era um sacerdote e era exatamente aquele pelo qual Alexandrina tanto havia lutado.






O preço para um sacerdote santo







Berthe durante cada Santa Missa rezava pelo celebrante: “Meu Jesus, faze com que o teu sacerdote não Te cause desgostos!”.


Ela queria a vida religiosa, mas seu diretor disse que sua missão era ficar em casa e cuidar dos pais, ela obedeceu mas pediu a Nossa Senhora que em seu lugar fosse escolhido alguém para ser um sacerdote santo e zeloso.


O que ela não podia prever aconteceu 16 dias mais tarde: um jovem advogado de 22 anos, o dr. Louis Decorsant, estava rezando frente a uma estátua de Nossa Senhora das Dores. De repente e inesperadamente, ele teve a certeza de que sua vocação não era casar com a moça que amava e exercer a profissão de tabelião. Compreendeu com clareza que Deus o chamava ao sacerdócio. Essa chamada foi tão clara e insistente que ele não hesitou nem um instante em abandonar tudo. Após os estudos em Roma, onde havia terminado seu doutorado, foi ordenado sacerdote em 1893. Berthe tinha então 22 anos.

Nesse mesmo ano o jovem sacerdote, com 27 anos, celebrou a Santa Missa da meia noite num subúrbio de Paris. Esse fato é importante porque na mesma hora Berthe, assistindo à Santa Missa da meia noite em outra paróquia, prometia solenemente ao Senhor: “Jesus, quero ser um holocausto para os sacerdotes, para todos os sacerdotes, mas de modo especial para o sacerdote da minha vida”. Quando foi exposto o Santíssimo, a jovem viu de repente uma grande cruz com Jesus e aos seus pés Maria e João. Ela ouviu as seguintes palavras: “O teu sacrifício foi aceito, a tua súplica atendida. Eis o teu sacerdote... Um dia o conhecerás”. Berthe viu que os traços do rosto de João assumiram os de um sacerdote a ela desconhecido. Tratava-se do reverendo Decorsant, mas ela o encontraria somente em 1908, ou seja 15 anos depois, reconhecendo seu rosto.

O Reverendo Decorsant fez uma peregrinação à Lourdes para confiar à Nossa Senhora seu futuro de sacerdote. Carregando suas bagagens encontrou Berthe e sua amiga. Convidou-as para a Santa Missa. Enquanto Padre Decorsant elevava a hóstia, Jesus disse a Berthe no seu íntimo: “Este é o sacerdote para o qual aceitei teu sacrifício”.

Berthe revelou ao Padre Decorsant sua vida espiritual e sua missão para a Consagração ao Coração Doloroso e Imaculado de Maria. Ele, de sua parte, compreendeu que essa alma preciosa havia-lhe sido confiada por Deus. Aceitou ser transferido para Bélgica e tornou-se para Berthe Petit (mística belga) um santo diretor espiritual e um apoio incansável para a realização de sua missão. Sendo um excelente teólogo foi um mediador ideal com a hierarquia eclesiástica em Roma.




Berthe participou do Congresso Eucarístico de 1912 em Viena, presidido pelo imperador da Áustria-Hungria. Em 12 de setembro, imediatamente após a comunhão, ela recebeu uma profecia de que o herdeiro do imperador seria morto, o primeiro de uma cadeia de eventos "dolorosos, mas úteis" para o propósito de Deus; isso ficaria claro quando o arquiduque Francisco Fernando foi assassinado em 28 de junho de 1914. Após o início da Primeira Guerra Mundial, Berthe pôde viajar para a Suíça em 18 de julho de 1914, mas não podendo retornar à Bélgica, permaneceu na Suíça pelo resto da guerra. O reverendo Decorsant pôde transmitir uma mensagem, através do Cardeal Mercier, ao recém-eleito Papa Bento XV, que em maio de 1915 terminou uma carta aos bispos do mundo com uma recomendação para buscar a intercessão do "Coração Doloroso e Imaculado de Maria" ('Cuore addolorato ed immacolato di Maria'). O cardeal Bourne de Westminster se interessou particularmente pelas revelações de Berthe e liderou quatro atos de consagração ao Doloroso e Imaculado Coração de Maria na Inglaterra entre 1917 e 1919.

Em 1919, Berthe pôde retornar à Bélgica; no mesmo ano, ela recebeu uma profecia de um futuro conflito com nações cada vez mais divididas. Em 1927, Berthe mudou-se para Uccle quando ficou claro que sua residência pré-guerra não poderia ser restaurada. Entre 1919 e 1942, Berthe relatou várias profecias de nações sendo tentadas pelo orgulho e pelo poder; Itália e Alemanha foram mencionadas nominalmente. Em 24 de janeiro de 1940, ela falou da invasão da Bélgica com surpreendente rapidez - o que aconteceu em 10 de maio do mesmo ano.

Em 1943, Berthe tornou-se cada vez mais frágil, e recebeu o sacramento da extrema unção no domingo, 21 de março. Ela morreu por volta das 6h de sexta-feira, 26 de março, e durante três dias peregrinos se reuniram em seu leito de morte para rezar perto de seu corpo. Ela foi enterrada no adro da igreja em Louvignies, Hainaut.




Venerável Conchita


Jesus uma vez explicou para Conchita:

“Existem almas que receberam uma unção através da ordenação sacerdotal. Porém há também almas sacerdotais que têm uma vocação sem ter a dignidade ou a ordenação sacerdotal. Elas se oferecem em união comigo... Essas almas ajudam espiritualmente a Igreja de maneira poderosa. Tu serás mãe de um grande número de filhos espirituais, mas eles custarão ao teu coração como mil martírios. Oferece-te como holocausto, une-te ao meu sacrifício para obter as graças para eles” ...

“Desejaria voltar a este mundo...nos meus sacerdotes. Desejaria renovar o mundo, revelando-me neles e dar um impulso forte à minha Igreja, derramando o Espírito Santo sobre os meus sacerdotes como num novo Pentecostes”.

“A Igreja e o mundo necessitam de um novo Pentecostes, um Pentecostes sacerdotal, interior”.


Quando jovem Conchita rezava com frequência frente ao Santíssimo: “Senhor, sinto-me incapaz de te amar, portanto quero casar. Doa-me muitos filhos para que eles possam te amar mais do eu sou capaz.”.

De seu casamento muito feliz nasceram nove filhos, duas mulheres e sete homens. Ela os consagrou todos a Nossa Senhora: “Entrego-os completamente a Ti como se fossem teus filhos. Tu sabes que eu não os sei educar, pouco sei do que significa ser mãe, mas Tu, Tu o sabes”. Conchita viu morrer quatro de seus filhos e todos tiveram uma morte santa.

Conchita foi realmente mãe espiritual para o sacerdócio de um de seus filhos; e sobre ele escreveu: “Manuel nasceu na mesma hora em que morreu Padre José Camacho. Quando ouvi a notícia, roguei a Deus que meu filho pudesse substituir este sacerdote no altar. Desde quando o pequeno Manuel começou a falar, rezamos juntos para a grande graça da vocação ao sacerdócio... No dia de sua primeira Comunhão e em todas as festas importantes renovei a súplica... Aos dezessete anos entrou na Companhia de Jesus”.


Em 1906 da Espanha, onde estava, Manuel (nascido em 1889 e terceiro filho por idade) comunicou-lhe sua decisão de se tornar sacerdote e ela lhe escreveu: “Doa-te ao Senhor com todo o coração sem nunca negar-te! Esquece as criaturas e principalmente esquece a ti mesmo! Não posso imaginar um consagrado que não seja um santo. Não é possível doar-se a Deus pela metade. Procura ser generoso com Ele!”.




Em 1914 Conchita encontrou Manuel na Espanha pela última vez, porque ele não voltou nunca mais ao México. Naquela época o filho lhe escreveu: “Minha querida, pequena mãe, me indicaste o caminho. Tive a sorte, desde pequeno, de ouvir de teus lábios a doutrina salutar e exigente da cruz. Agora queria pô-la em prática”.

A mãe também experimentou a dor da renúncia: “Levei tua carta frente ao tabernáculo e disse ao Senhor que aceito com toda minha alma esse sacrifício. No dia seguinte coloquei a carta no meu peito enquanto recebia a Santa Comunhão para renovar o sacrifício total”.





Dá-nos Padres


Durante a perseguição comunista, Anna Stang sofreu muito e, como tantas outras mulheres em suas condições, ofereceu seus sofrimentos aos sacerdotes. Na velhice tornou-se, ela mesma, uma pessoa com espírito sacerdotal.

Com apenas dezessete anos, cuidou dos irmãos e das irmãs menores mas:

“…nosso pároco também morreu naquela época e muitos sacerdotes foram presos. Assim ficamos sem pastores! Isso foi um duro golpe. A Igreja na paróquia vizinha ainda estava aberta, mas ali também não havia nem um sacerdote. Os fiéis reuniam-se assim mesmo para rezar, mas sem o pastor a igreja estava abandonada. Eu chorava e não conseguia me acalmar. Quantos cantos, quantas preces a haviam enchido e agora tudo parecia morto”.

Depois dessa escola de profundo sofrimento espiritual, Anna começou a rezar de modo especial para os sacerdotes e missionários. “Senhor, dai-nos novamente um sacerdote, dai-nos a Santa Comunhão! Tudo sofro de bom grado pelo Teu amor, grandíssimo Coração de Jesus!”

Anna ofereceu pelos sacerdotes todos os sofrimentos sucessivos de modo especial, mesmo quando numa noite de 1938 seu irmão e seu marido – estava felizmente casada há sete anos – foram presos e não voltaram mais.


Em 1942 a jovem viúva Anna foi deportada em Kazakistan com seus três filhos. “Foi duro enfrentar o frio do inverno, mas depois chegou a primavera. Naquela época chorei muito, mas também rezei muitíssimo. Eu tinha a sensação que alguém estivesse segurando a minha mão. Na cidade de Syrjanowsk encontrei algumas mulheres de fé católica. Nos reuníamos às escondidas todos os domingos e dias de festa para cantar e rezar o rosário. Eu suplicava com frequência: "Maria, nossa mãe querida, veja como somos pobres. Dai-nos novamente sacerdotes, mestres e pastores!”.

A partir de 1965 a violência da perseguição diminuiu e Anna pôde ir uma vez por ano à capital do Kirghizistan, onde vivia um sacerdote católico em exílio. “Quando em Biskek foi construída uma igreja, fui para lá com Vittoria, uma minha conhecida, para participar da Santa Missa. A viagem era longa, mais de 1000 quilômetros, mas para nós foi uma grande alegria. Há mais de 20 anos não víamos um sacerdote nem um confessionário! O pastor daquela cidade era idoso e passara mais de dez anos na prisão por causa da sua fé. Enquanto estava ali, foram-me confiadas as chaves da igreja, assim eu pude fazer longas horas de adoração. Nunca imaginei poder estar tão próxima do tabernáculo. Cheia de alegria ajoelhei-me e o beijei”...

Não é possível imaginar a gratidão de Anna quando em 1995 encontrou pela primeira vez um sacerdote missionário. Chorou de alegria e com emoção exclamou: “Veio Jesus, o Sumo sacerdote!”. Rezava há décadas para que chegasse um sacerdote à sua cidade, mas chegando aos 86 anos de idade tinha perdido a esperança de ver com seus olhos a realização desse desejo profundo.

A Santa Missa foi celebrada na sua casa e esta maravilhosa mulher de alma sacerdotal pôde receber a Santa Comunhão: no resto do dia Anna não comeu nada, para manifestar dessa forma, seu profundo respeito e sua alegria.


Leituras que podem lhe ajudar:


Devocionário da Maternidade Espiritual (aqui)

A última ao Cadafalso (aqui)

As fundações (aqui)

O ideal da alma fervorosa (aqui)

Elevação da mente a Deus (aqui)

Peregrino Russo (aqui)

Pequena Filocalia (aqui)

O Dom de Pentecostes (aqui)
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"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

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