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Salus in Caritate

Cultura Católica






DISTRAIR-SE é ir para diante e para trás; perder o fio da ideia; perder-se no acessório. A lâmpada se desvia do tesouro. Quando seguimos uma ideia com a interposição de outras desnecessárias ou opostas, sofremos distrações. Distrair-se é ficar adormecido diante do objeto que devemos considerar. É como a lâmpada que estava sendo dirigida a um tesouro, mas que se desvia para outro ponto antes que possamos possuí-lo e usufruí-lo. É tratar de chegar a um ponto, mas nos perdermos noutra direção, atraídos por outros objetos. É permitir que estímulos inoportunos afastem o centro de atividade da alma do ideal desejado.

Enquanto seguíamos o livro ou a dissertação, corremos atrás de detalhes insignificantes; ou, então, algo ao nosso redor ocupou o centro de nossa consciência e “perdemos o fio”. É preciso reencontrá-lo, voltar ao caminho novamente. Chegaremos ao término, embora mais tarde e com maior cansaço. Em um resumo descritivo, diríamos: Resultado da distração — RD: eficiência decresce; fadiga aumenta. Isto quer dizer que haverá menor eficiência em relação à concentração e maior fadiga. Com isso, é claro, a saúde mental não se beneficia, e não sentiremos satisfação profunda. Isso ocorre porque é necessário recomeçar o período de ajustamento, além de aumentar a atividade espasmódica, provocando maior desgaste e impedindo a serenidade e o rendimento de uma atenção continuada, pacífica e profunda.

Os raios difusos do sol não conseguem atear fogo em um pedaço de pau seco; concentrados, porém, por meio de uma lente, podem produzir um grande incêndio. Do mesmo modo, um estudante que não sabe prestar atenção não progride nem sente satisfação no estudo, parecendo uma nulidade intelectual; no entanto, uma vez que aprenda a concentrar-se, poderá chegar a ser um gênio e causar admiração por sua eficiência.

Com frequência, chegam até nós estudantes, profissionais ou homens de negócio pedindo orientação e remédios para lidar com o fraco rendimento mental e as contínuas distrações.


A Eis um remédio: antes de tudo, é necessário verificar se as distrações geralmente giram em torno de um tema ou polo fixo, pois, neste caso, a causa e o remédio devem ser buscados na vida afetiva. Deve-se descobrir esse polo nos desejos ou temores exagerados que roubam a atenção de modo obsessivo. Este tema será tratado no Capítulo III: “Atenção obsessiva”.

Se não existe tal foco afetivo de atração ou repulsão, mas as distrações vão, como as borboletas, de flor em flor, ou se assemelham a uma fita cinematográfica que reproduz as lembranças do dia, é necessário verificar se essa atenção deficiente é generalizada ou ocorre somente em relação a alguns assuntos ou determinadas matérias. Neste último caso, se o estudante, por exemplo, tem perfeita concentração em certas matérias, mas não em outras, a causa pode ser objetiva, ou seja, o problema pode estar no professor ou no livro, e não depender exclusivamente do estudante, a não ser que tenha medo ou aversão às matérias em questão.





CAUSAS OBJETIVAS DE DISTRAÇÃO 


Caminho e fim desconhecidos. Estrada cortada ou piso sem escada. Caminho desagradável e penoso. Caminhar sem descanso.


O conferencista ou o livro tratam de levar-nos ao reino da sabedoria, ao palácio das ciências, mas, às vezes, o caminho ou o método que empregam é deficiente:

1- Caminho e fim desconhecidos: Se desde o início não nos indicam o término de nossa viagem concretamente, ou seja, o tema que vão desenvolver e o método que vão seguir para explicá-lo, facilmente nossa mente divagará. Não saberíamos por onde iríamos. Quando nos convidam a uma excursão, ficamos mais satisfeitos se nos apresentam antecipadamente as atrações do local escolhido e as belezas do percurso. Caso nos percamos, ainda poderíamos chegar lá por nossos próprios meios. O mesmo ocorre com dissertações ou conferências.

Ao começar a leitura de um livro ou artigo, pergunte-se: de que trata? Como o tema é desenvolvido? As respostas geralmente estão no título, subtítulo ou índice. Livros, conferências ou dissertações tornam-se mais fáceis de seguir quanto mais claros e organizados forem os pontos introduzidos.


2- Caminho interrompido ou piso sem escada: Se o tema estiver acima de nossa preparação, ou em sua exposição forem mencionados conceitos necessários, mas desconhecidos, sem explicações suficientes, é natural que a mente abandone o percurso. Quem nos leva de algo conhecido a algo ignorado, sem os devidos esclarecimentos intermediários, é como alguém que tenta nos conduzir a um andar superior, retirando a escada.

Durante nossos estudos, não deixemos lacunas ou partes intermediárias importantes sem compreendê-las bem.


3- Caminho desagradável e tedioso: Se a exposição for monótona e cansativa, sem exemplos práticos ou comparações que a tornem interessante, se não houver variedade, criatividade ou ideias marcantes, facilmente será gerada distração. Além disso, prevenções ou antipatias em relação ao expositor podem estender-se ao conteúdo, dificultando o aprendizado. Sabe-se que onde entra o desgosto, qualquer trabalho se torna mais pesado.


4- Caminhar sem descanso: Para evitar este último obstáculo e não prolongar a tensão de atenção, é importante intercalar subtítulos e esquemas no texto. Segundo o Dr. Arthus, a atenção voluntária, nos adultos, dura no máximo vinte minutos. Após esse período, não se obtém concentração sem esforço ou desgaste.

Por exemplo, quem dirige por uma estrada estreita e sinuosa em alta velocidade deveria, a cada 15 ou 20 minutos, reduzir a tensão, diminuindo a velocidade. Do mesmo modo, ao lidar com explicações difíceis, busque pausas ou alívios, como exemplos e anedotas. Quando lemos algo árido, podemos complementar a leitura procurando imagens ou casos práticos para tornar o aprendizado mais leve e significativo.

Em aulas ou conferências, recomenda-se aliviar a atenção com digressões, comparações ou humor a cada quinze ou vinte minutos, especialmente se o público for formado por crianças ou se tratar de temas abstratos.




CAUSAS SUBJETIVAS DA DISTRAÇÃO 


Debilidade orgânica. Vida dissipada. Falta de treinamento. Esgotamento psicológico. Falta de interesse.


Examinadas as causas objetivas da distração, apontamos também as causas subjetivas:

1- Debilidade orgânica: Caso o estudante enfrente problemas como enfermidades, convalescença, carência de vitamina B ou má alimentação, é natural que tenha dificuldade em fixar a atenção. A solução está em fortalecer a saúde, adotar uma alimentação balanceada e combater avitaminoses. Embora existam casos raros de pensadores brilhantes com saúde debilitada, essa não é a regra.


2- Vida dissipada: Quem distribui sua energia em muitos interesses ao longo do dia — esportes, política, vida social, entretenimento — tende a ter dificuldades para concentrar-se, pois esses pensamentos competem por sua atenção mesmo durante atividades mentais.


O grande pensador e escritor, prêmio Nobel, Doutor Alexis Carrel, em seu livro “O homem, este desconhecido”, luta para que, na vida agitada moderna, se formem ilhotas de solidão nas quais os intelectuais possam isolar-se dos demais para concentrar-se em seus estudos. Eis suas palavras:

“A vida moderna se encontra em oposição com a vida do espírito. Os homens de ciência esgotam inutilmente suas forças e perdem boa parte de suas atividades na busca de um retiro para seus estudos. Ainda não se cogitou de formar, em meio à agitação do mundo, ilhotas de solidão, onde a meditação se torne possível. E esta inovação se impõe cada dia de maneira mais imperiosa.”

As grandes empresas norte-americanas, General Motors, General Electric, etc., estão realizando esta sugestão em benefício de seus pesquisadores, erguendo custosos edifícios longe da cidade, rodeados de parques amenos.

Pouco depois, acrescenta Carrel: “É muito difícil que os filhos do mundo moderno gozem das vantagens que oferece a vida interior. Esta vida, segredo verdadeiramente oculto, escondido, desconhecido, incomunicável (‘impartageable’), é considerada por muitos educadores como um pecado. Contudo, continua sendo a fonte de toda originalidade e de todos os grandes empreendimentos. Só ela permite ao indivíduo conservar sua personalidade no meio do vulgo. Assegura-lhe a liberdade de espírito e o equilíbrio do sistema nervoso em meio à desordem do mundo moderno.”



3- Falta de treinamento. Nenhuma das anteriores causas de distração se podia apontar num aluno interno que, apesar de não perder um minuto de estudo, era o último da classe. Julguei que lhe faltava treinamento; chamei-o à parte para estudarmos juntos. Ele costumava ler toda a lição quase sem fixar-se, nem entendê-la. Tornava a ler e reler até poder repeti-la como um papagaio. Expliquei-lhe que, para se aprender alguma coisa, é preciso começar por entendê-la.

Mandei-o ler em voz alta o primeiro parágrafo; tirei-lhe o livro e pedi que fizesse um resumo do que lera; não havia fixado nada na mente. “Vamos ver de novo.” Agora, sabendo que teria que fazer o resumo, teve a atenção comandada pela vontade e repetiu-me uma das ideias principais.

“Escreva esta ideia em uma frase ou em uma palavra que a recorde.” Leu o segundo parágrafo; tirei-lhe o livro e escreveu o segundo resumo; e do mesmo modo o terceiro e o quarto. Afinal, com esses resumos, pôde recitar a lição, mas ainda muito incompleta.

Mandei-o então ler de novo o primeiro parágrafo para ver se faltavam ideias importantes.

— Sim, disse-me alvoroçado, aqui falta uma. — Está adiante ou atrás do que você escreveu? — Adiante. — Então escreva-a adiante. — Aqui há outra, para trás.

Escreveu atrás e foi assim completando o resumo. Ao terminá-lo, recitou-me perfeitamente a lição, com o auxílio dos resumos. Daí a recitá-la sem eles foi uma questão de poucas repetições. A partir de então nunca mais foi o último e terminou felizmente o curso.

Quantos talentos ocultos brilhariam como diamantes se alguém os polisse, ensinando-os a concentrar a atenção! Um dos melhores métodos será formular a si mesmo perguntas sobre a matéria e tratar de encontrar as respostas na leitura; também é bom método ler, lápis em punho, fazendo resumos.

E, a quem me objetasse que assim nunca terminaria sua lição, diria como os romanos: “Festina lente”: indo devagar, chegarás depressa, pois não precisarás de tantas repetições. Custar-te-ão os primeiros ensaios, mas, à medida que o teu talento sintético se for desenvolvendo, fá-lo-ás com rapidez e experimentarás o prazer de possuir muitas verdades em ricas sínteses.


4- Esgotamento Patológico. O “surmenage”, ou estafa cerebral, costuma aparecer por causa da atenção anormal; por exemplo: atenção ao que estudamos e ao problema que nos preocupa; ou por causa de uma atenção prolongada ou sem suficiente descanso; ou por trabalhar habitualmente com pressa e ansiedade, insatisfeitos com o que fazemos e preocupados com o êxito; ou por exigir de nossas faculdades e tempo rendimento maior do que seria razoável.

Chegará o momento em que a dor, peso, calor ou tensão na cabeça ou ao redor das órbitas nos incomodará ou preocupará; agitar-se-ão as ideias tristes e deprimentes; tornar-se-á difícil concentrar a atenção durante meia hora ou ainda menos; sentiremos cansaço.

Então o remédio ideal seria não pensar em nós nem nestas coisas molestas, mas concentrar-nos totalmente, com tranquilidade e alegria, no que fazemos, pois toda sensação de fadiga tende a aumentar ao se pensar nela, e ao contrário diminui e até desaparece quando aplicamos toda nossa atenção, tranquila e alegremente, em outra coisa.

Como, porém, conseguir esse esquecimento de si? No começo ajudará viajar ou mudar de ambiente ou ocupação, ou aprender a descansar através de sensações conscientes e, em seguida, praticar os Exercícios de Concentração que o Dr. Vittoz empregava em Lausanne.



Remédios práticos 

Não somente em casos de esgotamento, mas ainda no caso de simples divagação mental, poderiam ser úteis esses exercícios, como nos confessaram muitos que os praticaram conforme os expomos em nosso livro “Controle Cerebral e Emocional”, Cap. III-B. Eis alguns:

a) Concentração visual externa. Se, ao traçar um ponto, penso unicamente nele, terei a concentração de um instante de duração. Se o prolongar em linha reta, sem pensar em outra coisa, conseguirei uma concentração de vários segundos. Com os nervos e músculos sossegados, traçarei no ar com o dedo figuras amplas sem solução de continuidade, procurando segui-las com atenção e naturalidade.

b) Concentração visual interna. Às vezes será conveniente dedicar-se a fazer tais desenhos mentalmente, sem interferência da mão, sobre um tabuleiro imaginário, e exercitar-se assim vários dias.

c) Concentração auditiva. A senhora Z. sentia grande dificuldade em prestar atenção a discursos ou conferências e, quando tentava concentrar-se, ficava tão nervosa e constrangida que várias vezes teve de abandonar a sala. O barulho também a impedia de dormir à noite e, no escritório ou em casa, não podia ler nem escrever quando outros falavam ou tocavam piano perto dela. Exercitou-se durante vários dias em captar voluntariamente diversos ruídos durante o dia, depois em acompanhar o som do relógio dizendo e ouvindo mentalmente “tic-tac” dez vezes, sem distrair-se; no segundo dia chegou a 15 e no quarto a 20 e mais vezes sem pensar em outra coisa. Não empregava neste exercício mais de cinco minutos cada vez, embora o repetisse umas oito vezes por dia. Conseguida esta concentração auditiva bastante satisfatória, pôde passar a prestar atenção voluntariamente a uma leitura ou discurso, primeiro durante dez, depois quinze ou mais minutos, sem medo e sem distrações. Se estas sobrevinham, seu único cuidado era fixar de novo a atenção no que estava sendo dito. Ao fim de um mês, estava curada.

d) Concentração na leitura. Fixar nossa atenção no que lemos até o primeiro ponto. Descansar então alguns instantes com sensações conscientes. Continuar a ler até o segundo ponto e assim até completar uma página, repetindo este exercício até três vezes por dia.

Quando o cansaço sobrevém mais durante uma leitura do que ao escutar uma narração ou discurso, é muito provável que a causa esteja na tensão e nervosismo dos olhos. Veja-se a explicação e remédios no capítulo X, “Olhos ativos e passivos”.





Reverendo Narciso Irala, S. J.



Para aprofundamento: Educa-te: Paideia Cristã 
Para aprofundamento: Livro A Mulher Católica: Graça & Beleza (Ana Paula Barros) 



Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação pela Pontifícia Universidade Católica. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural pela Academia de Belas Artes de São Paulo. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e autora dos livros: Modéstia, Graça & Beleza.











"Todo dom excelente e toda a dádiva perfeita vem do alto, desce do Pai das luzes" (Tg. 1, 17). Mais ainda, a Luz procede do Pai, difunde-se copiosamente sobre nós e com o seu poder unificante nos atrai e nos conduz ao alto. Faz-nos retornar à unidade e à deificante simplicidade do Pai, congregados nEle. "Porque dEle e para Ele são todas as coisas", como diz a Escritura.


Invoquemos, pois, a Jesus, a Luz do Pai, "a luz verdadeira que vindo a este mundo, ilumina a todo homem" (Jo. 1, 9), "por quem obtivemos acesso" (Rom. 5, 2; Ef. 2, 18; 3, 12) ao Pai, à luz que é fonte de toda a luz. Fixemos o olhar o melhor que pudermos nas luzes que os Padres nos transmitem pelas Sagradas Escrituras. Tanto quanto nos seja possível, estudemos as hierarquias dos espíritos celestes conforme a Sagrada Escritura nos revelou de modo simbólico e anagógico. Fixemos atentamente o olhar imaterial do entendimento na luz transbordante mais que fundamental, que se origina do Pai, fonte da Divindade. Por meio de figuras simbólicas, ilustra-nos sobre as bem-aventuradas hierarquias dos anjos. Elevemo-nos, porém, sobre esta profusão luminosa, até o puro Raio de Luz em si mesmo.

De fato, este Raio de Luz não perde nada de sua própria natureza, nem de sua íntima unidade. Ainda quando atua e se multiplica exteriormente, como é próprio de sua bondade, para enobrecer e unificar os seres que estão sob a sua providência, permanece, no entanto, interiormente estável em si mesmo, absolutamente firme, em imóvel identidade. Dá a todos, na medida de suas forças, poder para elevar-se e unir-se a Ele segundo sua própria simplicidade.

Porém este Raio divino não poderá iluminar-nos se não estiver espiritualmente velado na variedade das sagradas figuras, acomodadas ao nosso modo natural e próprio, segundo a paternal providência de Deus.


Pelo que nossa sagrada hierarquia foi estabelecida por disposição divina imitando as hierarquias celestes que não são deste mundo. Mas as hierarquias imateriais se revestiram de múltiplas figuras e formas materiais para que, conforme a nossa maneira de ser, nos elevemos analogicamente a partir destes sinais sagrados até a compreensão das realidades espirituais, simples, inefáveis. Nós, os homens, não poderíamos de nenhum modo elevar-nos por via puramente espiritual a imitar e contemplar as hierarquias celestes sem a ajuda de meios materiais que nos guiem conforme requer nossa natureza.

Qualquer pessoa, ao refletir, dá-se conta de que a beleza aparente é sinal de mistérios sublimes. O bom odor que sentimos manifesta a iluminação intelectual. As luzes materiais são imagens da copiosa efusão da luz imaterial. As diferentes disciplinas sagradas correspondem à imensa capacidade contemplativa da mente. As ordens e os graus daqui debaixo simbolizam as harmoniosas relações do Reino de Deus. A recepção da Sagrada Eucaristia é sinal da participação em Jesus, e o mesmo sucede com os seres no Céu que de modo transcendente recebem os dons que nos são dados simbolicamente.

A fonte da perfeição espiritual nos forneceu imagens sensíveis que correspondem às realidades imateriais do Céu, pois cuida de nós e quer fazer-nos à sua semelhança. Deu-nos a conhecer as hierarquias celestes; instituíu o colégio ministerial de nossa própria hierarquia à imitação da celeste, tanto quanto era possível, em seu divino sacerdócio. Revelou-nos tudo isto por meio das santas alegorias contidas nas Sagradas Escrituras, para elevar-nos espiritualmente desde o sensível e conceitual, através dos símbolos sagrados, até o cume simplíssimo daquelas hierarquias celestes.





Antes de tudo, creio dever expor qual é o principal objeto de toda a hierarquia, e em que sentido é proveitosa aos seus membros. Em seguida, exporei as hierarquias celestes, segundo o que nos revelou a Sagrada Escritura. Por último, descreveremos sob que formas sagradas a Escritura representa as ordens celestes, pois através destas figuras devemos elevar-nos a uma perfeita simplicidade.

Não podemos imaginar, como faz o vulgo, aquelas inteligências celestes com muitos pés e rostos, de forma parecida a bois ou como leões selvagens. Não possuem bicos curvos de águias, nem asas ou penas de pássaros. Não as imaginemos como rodas de fogo pelo céu, tronos materiais nos quais senta-se a Divindade (Dn. 7, 9; Ap. 4, 2), cavalos de várias cores (Zac. 1, 8; 6, 2; Apoc. 6, 1-9), capitães brandindo espadas (Jos. 5, 13) ou qualquer outra forma em que as Santas Escrituras no-las tenham representado em variedade de símbolos. A teologia utiliza-se de imagens poéticas ao estudar estas inteligências, que carecem de figuras. Porém, como fica dito, o faz em atenção à nossa própria maneira de entender; serve-se de passagens bíblicas colocadas ao nosso alcance, em forma anagógica, para elevar-nos mais facilmente ao espiritual.


Estas figuras se referem a seres tão espirituais que não podemos conhecê-los nem contemplá-los. Figuras e nomes de que se valem as Escrituras são inadequados para representar tão santas inteligências. De fato, poderia objetar-se que se os teólogos tivessem querido dar forma corporal ao que é absolutamente incorpóreo, deveriam ter começado com os seres tidos como os mais nobres, imateriais e transcendentes, em vez de se utilizarem de múltiplas formas terrenas, ínfimas, para aplicá-las a realidades divinas, que são totalmente simples e celestes. Quem sabe o façam com intenção de elevar-nos e não de rebaixar o celeste com imagens inadequadas. Na realidade, é uma ofensa indigna aos poderes divinos e induz nossa inteligência ao êrro, confundindo-a com estas composições profanas. Alguém poderia facilmente imaginar que acima dos céus haveria uma multidão de leões e de cavalos, que os louvores seriam mugidos, que ali voariam bandos de pássaros, ou que os céus estariam cheios de outros gêneros de animais, matérias vis e semelhantes desatinos que descrevem, até o absurdo, a corrupção e as paixões.

Porém se alguém investigar a verdade, colocará em evidência a sabedoria das Escrituras. Nelas há um providencial cuidado em não ofender os poderes divinos quando representam com figuras as inteligências celestes. Com a mesma solicitude evitam que nos afeiçoemos desordenadamente aos símbolos que contenham algo de baixeza e vulgaridade. Quanto ao mais, há duas razões para que se represente com imagens o que não tem figura e para dar corpo ao incorpóreo. Primeiramente, porque somos incapazes de elevar-nos diretamente à contemplação mental. Necessitamos de algo que nos seja conatural, metáforas sugestivas das maravilhas que escapam ao nosso conhecimento. Em segundo lugar, é muito conveniente que para o vulgo permaneçam veladas, com enigmas sagrados, as verdades que contém sobre as inteligências celestes. Nem todos são santos e a Sagrada Escritura adverte que não convém a todos conhecer estas coisas (I Cor. 8, 7; Mt. 13, 11; Lc. 8, 10).

Em relação à inconveniência das imagens bíblicas, ou ao uso de comparações tão baixas para significar hierarquias tão dignas e santas, esta objeção pode ser respondida dizendo que a revelação divina apresenta-se de duas maneiras.


Uma procede naturalmente por meio de imagens semelhantes ao que significam. A outra emprega figuras dessemelhantes até a total desigualdade e ao absurdo. Ocorre algumas vezes que as Escrituras, em seus misteriosos ensinamentos, representam a adorável santidade de Deus "Verbo" (Jo. 1, 1), "Inteligência" (Is. 40, 13) e "Essência" (Ex. 3, 14). Fazem ver que a racionalidade e a sabedoria são atributos convenientes a Deus, a quem devemos c onsiderar real subsistência e causa verdadeira da subsistência de todos os seres. Mais ainda, representam-no como Luz (I Jo. 1, 15) e chamam-no Vida (Jo. 11, 25).

Estas formas sagradas certamente mostram mais reverência e parecem superiores às representações materiais. Não são, entretanto, menos deficientes que as outras em relação à Deidade, que está mais além de qualquer manifestação do ser e da vida. Nenhuma luz pode expressá-la e toda razão ou inteligência não chega nem a assemelhar-se-lhe.

Ocorre por isto que as mesmas Escrituras enaltecem a Deidade com expressões totalmente dessemelhantes. Chamam-na de invisível, infinita, incompreensível e de outras coisas que dão a entender não o que é, mas o que não é. Esta segunda maneira, segundo o meu entender, é muito mais própria ao falar de Deus pois, como a secreta e sagrada tradição nos ensina, nada do que existiu se parece com Deus e desconhecemos sua supraessência invisível, inefável, incompreensível (Col. 1, 15; I Tim. 1, 17; Heb. 11, 27).

Posto que a negação parece ser mais apropriada para falar de Deus, e a afirmação positiva é sempre inadequada para o mistério inexpressável, convém melhor referir-se ao invisível por meio de figuras dessemelhantes. Pelo qual, as Sagradas Escrituras, longe de desprezar as hierarquias celestes, enaltecem-nas com figuras totalmente dessemelhantes. Deste modo, realmente damos-nos conta de que aquelas hierarquias, tão distantes de nós, transcendem toda materialidade.

Quanto ao mais, não creio que nenhuma pessoa sensata deixe de reconhecer que as dessemelhanças servem melhor que as semelhanças para elevar nossa mente ao reino do espírito. Figuras muito nobres poderiam induzir alguns ao êrro de pensar que os seres celestes são homens de ouro, luminosos, radiantes de beleza, suntuosamente vestidos, inofensivamente chamejantes, ou sob outras formas como estas com que a teologia tem representado as inteligências celestes (Dan. 10, 5; Mt. 28, 3).

Para evitar estes mal entendidos entre pessoas incapazes de elevar-se acima da beleza que os sentidos percebem, piedosos teólogos, sabia e espiritualmente, condescenderam com o uso de símbolos dessemelhantes. Agindo assim eles frearam nossa tendência natural ao material e o desejo de satisfazer-nos preguiçosamente com imagens de baixa qualidade. Com isto favoreceram a elevação da parte superior da alma, que sempre anela as coisas do alto. De fato, a tosquidade destes símbolos serve de estímulo para que até os afeiçoados às coisas terrenas não possam julgar verossímil nem possível a semelhança destas coisas triviais com as celestes. Por outro lado, em todas as coisas há algo de beleza, como diz corretamente a Escritura: "Tudo é muito bom" (Gen. 1, 31).


Todas as coisas podem favorecer a contemplação. Conforme dizia antes, as dessemelhanças com o mundo podem aplicar-se a estes seres que são simultaneamente inteligíveis e inteligentes. Tenha-se, porém, sempre em conta a diferença que há entre o que cai sob o domínio dos sentidos e do próprio entendimento. Assim, nas criaturas irracionais a cólera nasce de um impulso apaixonado de movimento irascível, mas deve-se entendê-lo de modo diverso quando se trata de quem desfruta da razão. Neste caso a cólera é, creio eu, a firme atuação da razão e a capacidade de perseverar com tenacidade em princípios santos e imutáveis.

De modo semelhante a concupiscência. Nos irracionais é uma busca ilimitada de bens materiais sob o impulso do instinto ou do costume de afeiçoar-se ao passageiro, apetite irracional dominador que induz os viventes a possuir qualquer coisa prazerosa aos sentidos. Porém quando o aplicamos ao ser inteligente, devemo-lo entender de outro modo. Dizemos que sentem desejos, mas isto significa o anelo divino da Realidade imaterial, que está além de toda razão e de toda a inteligência. É o firme e constante desejo de contemplar pura e impassivelmente a Supraessência. Fome espiritual insaciável e verdadeira comunhão com a luz imaculada e sublime, de esplêndida e inefável beleza. Intemperança que será o ardor perfeito, inquebrantável, manifesto no anelo constante da beleza divina, a total entrega ao verdadeiro objeto de todo desejo.

Dizemos que são irracionais os animais e os objetos, porque falta-lhes a razão; aos objetos, falta-lhes também a sensação. Porém quando o dizemos dos seres imateriais, intelectuais, entende-se sob o aspecto da santidade. São criaturas que transcendem em muito a nossa razão corporal discursiva, como a inteligência ultrapassa as sensações materiais. Portanto, podemos servir-nos retamente de figuras, tomadas inclusive da matéria vil, em relação aos seres celestes. Finalmente, as coisas terrenas subsistem graças à Beleza absoluta que contém dentro de sua condição material. Pela matéria podemos elevar-nos até os arquétipos imateriais. Porém deve-se ter cuidado especial para usar devidamente as semelhanças e dessemelhanças. Não se pode estabelecer uma relação de identidade mas, considerando a distância entre os sentidos e o entendimento, acomodar-se-ão segundo corresponda a cada qual.


Veremos que os teólogos místicos servem-se disto para falar das hierarquias celestes e também para explicar os mistérios da Deidade. Às vezes celebram-na com imagens muito eloqüentes; por exemplo, quando dizem Sol de Justiça (Mal. 4, 2; Sab. 5, 6), Estrela Matutina que se levanta até a Inteligência (II Pe. 1, 19; Apoc. 22, 16), Luz de fulgor intelectual (I Jo. 1, 5; Mt. 5, 14). Em outros casos utilizam-se de expressões mais terrenas. Comparam Deus com o fogo que arde sem queimar (Ex. 3, 2; Sab. 18, 3; Ex. 13, 21), com a água que comunica plenitude de vida, que metaforicamente chega às entranhas e forma rios inesgotáveis (Jo. 4, 14; Jo. 7, 38; Prov. 18, 4). Utilizam também semelhanças de coisas ordinárias, como ungüento suave (Cant. 1, 3; Is. 61, 1; Jer. 1, 5; Atos 10, 36), pedra angular (Is. 28, 16; Ef. 2, 20). Chegam até a comparações de animais. Atribuem a Deus propriedades do leão, da pantera, do leopardo, e do urso devorador (Is. 31, 4; Os. 5, 14; 13, 7). Acrescente-se o que parece mais abjeto e impróprio de tudo, a forma de verme (Sl. 22, 6), com a qual representaram a Deus admiráveis intérpretes dos mistérios divinos.

Deste modo os que conhecem sobre Deus, intérpretes sob misteriosa inspiração, não misturam o Santo dos santos com coisas perfeitas e profanas. Utilizam uma figura dessemelhante para que as realidades divinas não se confundam com as imundas nem os fervorosos admiradores dos símbolos divinos se apeguem a tais figuras como se tivessem uma existência real. Assim, com verdadeiras negações e com dessemelhanças, últimos reflexos divinos, honram a Deus como é devido.

Nada, portanto, há de indigno em representar os seres celestes, como ficou dito, por meio de semelhanças ou dessemelhanças inadequadas ao objeto.

Em minha investigação ordinária esta dificuldade não me teria estimulado a chegar a uma explicação exata das virtudes sagradas se não tivesse tido problemas com as imagens da Escritura, disformes em relação aos anjos. Minha mente não podia satisfazer-se com este inadequado imaginário. Esta inquietação me conduziu a ir mais além da representação material, passando santamente pelas aparências e através delas elevando-me a realidades que não são deste mundo.

Porém seja suficiente o que já foi dito sobre as imagens materiais e impróprias com que as Escrituras Sagradas se referem aos anjos. Devo explicar agora o que entendo por hierarquia e que vantagens oferece aos que dela participam. Que nesta exposição o meu guia seja Cristo, meu Cristo, se é lícito assim falar, o inspirador de tudo o que podemos conhecer sobre a hierarquia, e tu, meu filho, deves seguir as recomendações de nossa tradição hierárquica. Escuta devotamente estas sagradas e inspiradas considerações e esta doutrina te servirá de iluminação. Guarda as santas verdades no recôndito de tua alma. Preserva sua unidade diante da multiplicidade do profano (I Tim. 6, 20) pois, como diz a Escritura, não é lícito atirar aos porcos a pura, brilhante e esplêndida harmonia das pérolas espirituais (Mt. 7, 6).

Fonte: São Dionísio Areopagita: A Hierarquia Celeste, C. 2. (cristianismo.org.br)
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"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

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