A Virtude da Amabilidade: Parte 2| Aprenda a falar amavelmente

by - março 01, 2023

 





Introdução


Este artigo visa suscitar o tema da Virtude da Amabilidade utilizando como texto base o livro "O Poder Oculto da Amabilidade" (aqui). O desejo da divulgação mais reflexiva sobre este tema, a escuta atenta dos discursos vigentes (seja dos intitulados conservadores, seja dos progressistas), a crítica de cultura necessária diante dos discursos que visam uma deturpação da Virtude da Amabilidade pelo excesso ou pela escassez, assim como o entendimento equivocado da amabilidade na prática cotidiana, como se fosse "uma obrigação cristã a ser bobinho e bonzinho", foram alguns motivadores deste artigo que terá 4 partes. 


Autor do livro


Padre Lovasik foi ordenado em 1938 na Sociedade do Verbo Divino, fundou a congregação feminina "Sisters of the Divine Spirit" e o instituto secular "Family Service Corps". Conduziu missões nos EUA por quarenta anos.


O livro "O Poder Oculto da Amabilidade"


O autor dividiu o tema da Virtude da Amabilidade em três partes: 

Parte 3- Corrija com Amabilidade
Parte 4 - Demonstre seu amor com atitudes amáveis



Parte 2- Aprenda a falar amavelmente


O autor inicia este tópico com o subtítulo "Busque sempre a verdade", o que já nos distancia de um entendimento, bem comum, da amabilidade como uma espécie doce de respeito humano. 

A Virtude da veracidade, significa dizer exatamente o que está em sua mente. A palavra é a imagem do pensamento. A verdade significa a imagem certa. A veracidade é a imagem da Verdade Divina


No entanto, tal dedicação deve fugir da calúnia, da difamação e da murmuração. Neste ponto encontramos um entrave moral recorrente, pois, quanto seria possível guardar silêncio diante de um ato ruim, de uma conduta ruim? O autor não entra neste entrave. O capítulo parece se referir às relações próximas, como com os filhos e entre os esposos ou, quando muito, entre amigos próximos, em que tais coisas são ruins pois os laços de união são, na doutrina católica, indissolúveis (filhos e esposos).  Acredito ser importante esta ponderação, pois se o capítulo for entendido como conduta mestra para tudo, podemos cair em pontos problemáticos no que se refere à limites nos relacionamentos e ainda à devida postura diante de um comportamento público reprovável. 


Portanto, como qualquer questão moral, estamos enredados em questões complicadas que exigem a boa conduta respectiva a cada situação. Por exemplo, ele aborda o respeito do direito da boa reputação, que é algo realmente importante, no entanto, existem casos em que alguém pode se valer da boa reputação para fazer coisas más (isto, no entanto, não é abordado no livro). 


Então podemos entender que o autor se refere à fofocas infundadas que maculam a reputação das pessoas sem que nada esteja comprovado. Fofocas infundadas são um desrespeito ao mandamento de "não dar falso testemunho".


Após abordar a necessidade da veracidade o autor nos faz relembrar, o já visto no tópico anterior, sobre o valor da caridade nas palavras. No geral, a escrita tende a reiterar o discurso sobre "evitar brigas", novamente, parece ser escrito pensando num contexto familiar e de amizades; mas em várias passagens fiquei com a nítida impressão de estar a ler algo escrito por um fleumático mor, que faz de um tudo para fugir de uma briga. O que nos leva à afirmações problemáticas, veja bem:


Minimize suas conquistas. Até mesmo os seus amigos preferem falar sobre suas próprias realizações do que ouvir você se gabar das suas. Deixe seu amigo superá-lo, porque isso lhe dá um sentimento de importância. Afinal, do ponto de vista humano, você realmente não é muito importante.


É claro que a intenção parece ser cultivar a humildade, no entanto, só temo que a pessoa que está a se minimizar acredite que isso é uma amizade. Não parece ser. Existem pessoas que necessitam de espaço (bem grande, muitas vezes) para se expressar, mas acreditar que isso é uma amizade saudável me parece um problema.


Mas logo adiante o autor se redime (aos meus olhos), voltando à cortesia diplomática:


Se estiver certo, tente conquistar as pessoas com tato e amabilidade para a sua maneira de pensar. As pessoas podem reconhecer a força ou fraqueza de seu caráter, bem como a sua caridade, pela maneira como você discute uma questão controversa com outras pessoas. É sinal de caridade cristã e de fortaleza de caráter defender um ponto com calma, mente aberta, objetiva e educadamente, embora com entusiasmo e sinceridade. Uma das mais proveitosas e agradáveis ocupações humanas é uma discussão honesta e direta.

 

Se você tomasse a decisão firme de nunca dizer uma palavra desagradável, progrediria rapidamente no caminho para a santidade.


Sozinho vigie seus pensamentos; em família, seu temperamento; socialmente, sua língua.


Fale de coisas, não de pessoas.


O sal da sabedoria deve temperar sua conversa o tempo todo. A sabedoria se demonstra ao ficar calado ou ao dizer a coisa certa na hora certa. Se você for sobrenaturalmente sábio e amável, o Espírito Santo o ajudará a dar as respostas apropriadas às perguntas que lhe fazem. 


 




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