Literato Católico: Trotula de Salerno e o saber científico medieval

by - quarta-feira, novembro 12, 2025




Trotula de Salerno foi uma médica e professora da Escola Médica de Salerno, ativa no século XI. É considerada uma das primeiras mulheres a escrever sobre medicina.

A atuação de Trotula ocorreu em um ambiente cristão, embora a Escola de Salerno não estivesse diretamente subordinada à Igreja. Seus escritos revelam uma visão ética e espiritual da medicina, na qual o cuidado com o corpo feminino é tratado com dignidade e respeito. Além de De curis mulierum, são atribuídos a ela os textos De ornatu mulierum e Liber de sinthomatibus mulierum, que abordam temas como fertilidade, menstruação, parto e cosmética.

O legado de Trotula representa a integração entre ciência e caridade, destacando o papel da mulher na tradição médica cristã. Sua produção é relevante para a história da medicina, da educação e da catolicidade.




obras publicadas e contexto político


Considerada uma das primeiras mulheres a escrever sobre medicina, sua obra está inserida no chamado Trotula Ensemble, conjunto de tratados médicos que circularam amplamente entre os séculos XII e XVI. As principais obras atribuídas a ela são:

  • De curis mulierum (Sobre os cuidados das mulheres): trata de ginecologia, obstetrícia e cosmética, com enfoque prático e humanizado.
  • De ornatu mulierum (Sobre os adornos femininos): aborda práticas cosméticas e cuidados com a aparência.
  • Liber de sinthomatibus mulierum (Livro sobre os sintomas das mulheres): trata de doenças específicas do corpo feminino.
  • Practica secundum Trotam (Prática segundo Trota): compilação posterior que reúne ensinamentos atribuídos à autora, com foco em terapias e diagnósticos.

Essas obras foram amplamente copiadas e utilizadas por médicos europeus, especialmente na França e Inglaterra, sendo referência na medicina feminina por vários séculos. A autoria de Trotula foi por muito tempo objeto de debate, com tentativas de atribuição a autores masculinos. Estudos realizados, no entanto, reconhecem sua contribuição como pioneira na medicina europeia.

O contexto político da época é marcado pela fragmentação feudal e pela consolidação de poderes locais no sul da Itália. Salerno, cidade onde Trotula atuou, fazia parte do Principado Lombardo de Salerno, posteriormente incorporado ao Reino Normando da Sicília. A Escola Médica de Salerno floresceu nesse ambiente multicultural, influenciado por saberes greco-romanos, árabes e cristãos. Embora não estivesse sob controle direto da Igreja, a escola operava em sintonia com valores éticos cristãos e admitia mulheres como alunas e mestras, o que era excepcional para o período, considerando tratar-se de uma dinâmica fora das práticas conventuais, nas quais isso já era há muito tempo praticado.

A atuação de Trotula nesse cenário revela a presença feminina no saber científico medieval e sua contribuição para a medicina como prática de cuidado e dignidade. Sua obra representa um marco na história da saúde da mulher e na integração entre ciência e catolicidade.

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