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Pintura por Tomas Lawrence, "Catherine Grey, Lady Manners" (detail) |
A vida tem estações. E é, de certa forma, pautada, em parte, pela nossa idade cronológica. É claro que existem os que são maduros e os imaturos em relação à idade, mas é interessante que os aprendizados da idade cronológica são implacáveis — estão lá, visíveis como a luz do sol, para quem já passou para a fase do outono da vida. Eu entrei com alegria nessa fase de outono, já faz algum tempo. Tenho agora 31. E, seja pelo temperamento, seja pela vocação, observar as fases da vida me é natural. O celibato é estar, de certa forma, fora do tempo — compartilhar o olhar de Deus, que observa a humanidade indo, ora para Ele, ora para longe d’Ele.
Mas o motivo da escrita é outro. Em épocas de Instagram, em que a vida virou, de certa forma, um reality, temos os processos de cada fase mostrados e contemplados. Cada fase é interessante e acontece mesmo em quem já é bem maduro para a idade. Até os 25, a maioria tem, talvez, alguns valores, mas as posições definitivas assustam — posições de linha de pensamento, e não escolha vocacional (tem diferença). É uma fase em que se colhe de vários jardins e se reverbera aquilo que está em alta no momento. Mesmo com bons propósitos, é uma busca por algo que falta e não se sabe ao certo o quê.
Depois dos 25, dos 27 até uns 28, é interessante como ainda se busca, mas é uma fase inquietante — é uma certa busca por identidade individual. Algumas pessoas fazem isso "causando", outras se doando em algo, outras não fazem nada. Afinal, é totalmente possível deixar a vida no pause — simplesmente ir vivendo e, ao mesmo tempo, não vivendo.
Dos 29 em diante, acho que se afirma a maternidade. Veja bem, eu sou celibatária, e muita gente se torna mãe bem antes dos trinta, mas realmente não falo de maternidade biológica. Existe uma maternidade maior, mais abrangente, que é ser mãe espiritual todo o tempo. É uma fase de enraizamento, para nutrir e gerar frutos que alimentam a outros. Tudo é para a alma do outro, considerando que existem os filhos mais velhos e os mais novos — que não entendem ainda o que se diz sem clareza, que não conseguem discernir entre os alimentos e que ainda estão sendo educados. Pode acontecer antes ou depois dos trinta...
Mas a ocupação maior é nessa estação. Escrevo para mostrar que, talvez, deva considerar isso ao ver alguém por aqui, na internet. Quantas estações ela tem? É uma pergunta importante. O outro motivo é para não se preocupar com a idade (isso é uma característica, principalmente, de quem tem vocação ao matrimônio: ficar desesperado com a idade, com o tempo passando). Não se preocupe com a idade — ocupe-se em crescer na estação em que está.