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Salus in Caritate

Cultura Católica

Comentário dos Doutores da Igreja sobre o Gênesis
Pintura: William Blak


1) Introdução

Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui. 

Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 



Baixe esse material em PDF


2) O que é um Doutor da Igreja? 


Os Doutores da Igreja são homens e mulheres ilustres que, pela sua santidade, pela ortodoxia de sua fé, e principalmente pelo eminente saber teológico, atestado por escritos vários, foram honrados com tal título por desígnio da Igreja. Os Doutores se assemelham aos Padres da Igreja, dos quais também diferem. Padres da Igreja são aqueles cristãos (Bispos, presbíteros, diáconos ou leigos) que contribuíram eficazmente para a reta formulação das verdades da fé (SS. Trindade, Encarnação do Verbo, Igreja, Sacramentos. ..) nos tempos dos grandes debates e heresias. O seu período se encerra em 604 (com a morte de S. Gregório Magno) no Ocidente e em 749 (com a morte de S. João Damasceno) no Oriente. 

Para que alguém seja considerado Padre da Igreja, requer-se antiguidade (até os séculos VII/VIII), ao passo que isto não ocorre com um Doutor.Para os Padres da Igreja, basta o reconhecimento concreto, não explicitado, da Igreja, ao passo que para os Doutores se requer uma proclamação explicita feita por um Papa ou por um Concílio. Para os Padres, não se requer um saber extraordinário, ao passo que para um Doutor se exige um saber de grande vulto. 

Em Suma 


Doutor da Igreja é aquele cristão ou aquela cristã que se distinguiu por notório saber teológico em qualquer época da história. O conceito de Doutor da Igreja difere do de Padre da Igreja, pois Padre da Igreja é somente aquele que contribuiu para a reta formulação dos artigos da fé até o século VII no Ocidente e até o século VIII no Oriente. Há Padres da Igreja que são Doutores. Assim os quatro maiores Padres latinos (S. Ambrósio, S. Agostinho, S. Jerônimo e S. Gregório Magno) e os quatro maiores Padres gregos (S. Atanásio, S. Basílio, S. Gregório de Nazianzeno e S. João Crisóstomo). 

Portanto, o parecer de um Doutor da Igreja é maior do que achismos, independente do assunto em estudo ou discussão.


3) Comentários



Deus e a Criação

Baseado na Suma Teológica de São Tomás de Aquino, Doutor Angélico


Sobre Deus

Nada pode existir sem que exista um Ser que exista per si. Se todos os seres necessitam de alguma coisa logo nenhum pode existir per si. Dessa forma a nossa própria existência é prova da existência de Deus.


"Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo" (Salmo 19,1-4).


Deus é espírito. Espírito, pois está completamente isento de matéria, assim dizemos que Deus é o Ser por essência. Deus existe per si, é a origem de todos os seres, n'Ele se concentra todos os modos do ser, por isso dizemos que Ele é o Ser por essência. Essência é o que é o centro, o eixo.


O Ser é Perfeito, Bom, Infinito, Imutável e Eterno. 


Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus. (Sl 90, 2)


É Perfeito pois nada Lhe falta e se é Perfeito também é Bom.


Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam. (Sl 86, 5)


Sendo Perfeito também é Infinito, nada o limita, sendo assim também é Onipresente.


O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;
E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;
Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;
Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. (Atos 17, 24-28)


Sendo Perfeito é Imutável, pois só muda quem almeja algo de perfeito, no entanto, Deus é Perfeito.


Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. (Tg 1, 17)


Sendo Imutável é também Eterno, pois Deus não está à mercê da mutabilidade gerada pela sucessão do tempo.


Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: "Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito. (Isaías 57,15)


O que faremos então para conhecer a um Ser assim? 

Podemos conhecê-lO pela razão, pelas obras das mãos humanas, sim podemos, mas existe um caminho mais perfeito, que é conhecê-lO pelo que Ele mesmo revelou de Si, esse caminho é o caminho da fé. Crer através do véu do conhecimento limitado, sem ver por completo a plenitude da claridade Divina, crer. 

É esse manto, constituído pela fé em cada momento, que constituirá a nossa bem aventurança no Céu. 


Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez. (Eclesiastes 3,11)


A Onipresença de Deus é conforto e segurança, Ele sabe o que se passa no mundo, nos corações e o que acontecerá. Ele é o grau supremo do imaterial, portanto, Inteligência Infinita. Todos e tudo dependem da Ciência Infinita de Deus. Essa Ciência se manifesta na sua Vontade, que é sempre boa, perfeita, agradável, caminho largo para quem O ama, embora seja estreito, segue-se em passos seguros e firmes. O Amado Deus está sempre presente!


"Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor" (Jeremias 23, 24)


Pois que nós, criaturas, somos obras do Amor Divino, tal amor produz o efeito de dar a cada criatura o bem que possui.

A Justiça Divina é uma das nossas maiores alegrias, Ele dá a cada um o que exige a sua natureza, dá o prêmio aos bons e o castigo aos maus, tal merecimento pode ser vivido nessa vida, mas nunca totalmente, pois em plenitude somente no Céu ou no Inferno conforme a escolha de cada um enquanto vive. Eis a Justiça Divina que faz nascer o sol aos bons e aos maus, confirmando os primeiros e esperando a conversão dos segundos até a hora derradeira da morte, pois além dela não há mais chances de escolha. 

Deus também dá a cada um de nós mais do que exige a nossa natureza, dá aos justos mais do que seus merecimentos e castiga os pecadores menos do que mereciam, essa é a manifestação da Santa Misericórdia Divina. 

O poder do Senhor abarca Céus e Terra, ao governo de Deus no mundo chamamos Providência, tal ação se estende por todas as coisas criadas, nada escapa a ação divina, não existe nada que não tenha sido previsto e premeditado desde toda a eternidade. Os seres inanimados e os atos livres dos homens se curvam a esse Maestro Celestial, pois que tudo só acontece se o Bom Deus ordena ou permite. A liberdade que Deus deu aos homens não é uma independência de Deus, pois Deus tudo abarca, n'Ele vivemos e nos movemos.

A Providência Divina fia planos, tece em meio a história as determinações do Coração Divino, e ao que se refere aos justos chama-se Predestinação, pois a cada ação da Graça os que desejam e buscam ao Bom Deus respondem e, portanto, são os que caminham para gozar o Céu. Aos que mesmo recebendo as tentativas de resgate divino continuam a negar a Graça, chamam-se réprobos ou não eleitos, pois que negaram os chamados da eleição. A predestinação, a eleição, está sempre enlaçada ao livre arbítrio. 

Deus ama a todas as suas criaturas, mas os predestinados, os buscadores de Deus, são amados com amor de preferência e Deus os orienta, pois estabeleceram uma relação de fiel comprometimento amoroso. 

Eis a Justiça Divina que com olhar amoroso busca aqueles que a buscam, eis o Amor Divino que é transbordante aos que estão verdadeiramente abertos. O Santo Amor Divino oferece a graça a todos, mas os homens munidos de liberdade podem aceitar ou não, Deus é amigo dos homens, veio até nós para resgatar os laços que nos unem a Ele, cabe a cada um aceitar verdadeiramente essa amizade ou recusá-la, sendo cada um responsável por sua escolha. Mas aceitar o oferecimento Divino de sua Graça nunca é mérito próprio, mas ação da Providência e seus decretos que concede doses da virtude de fidelidade e retidão. 

Tais decretos, a que chamamos predestinação, significa que o Bom Deus assinalou, a cada um, um lugar na glória e pela graça o porá em condições de possuí-la, respeitando no entanto, a abertura da alma à graça que Ele está disposto a oferecer. Um santo é alguém que aceito o chamado, escolheu servir a Deus e se abriu sem reservas a ação da Graça Divina e aos designíos do Coração Divino. 


Eis o Deus das Maravilhas, Ele que tudo dispõe, nada deve a ninguém e concede a Graça como quer.


Devemos caminhar em espírito de humildade pedindo a Deus que nos inscreva no livro dos eleitos e nos conceda as graças necessárias para alçar vôo aos Altos Céus.


Tudo e todos foram tirados do nada pela Onipotência Divina, antes disso nada existia, somente Deus.


Já se perguntou sobre a motivação de Deus para criar o mundo? Foi para manifestar a sua Glória. Nós e todo o mundo somos uma manifestação da Glória Divina. Isso significa que Deus se propôs a deixarmo-nos conhecer a Sua Bondade, comunicando aos seres parte do bem infinito que possui, parte da Sua Bondade Infinita, nos criando, mantendo a vida em nós, nos salvando e cuidando da nossa existência até que nos unamos a Ele, se escolhermos durante a vida estar e ficar com Ele. 


Deus possuí vários atributos, alguns são incomunicáveis e outros são comunicáveis. 


Os atributos incomunicáveis são: 


1- Asseidade: significa que Deus é auto existente, e não necessita de nada nem ninguém para continuar a existir. Está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90, 1-2).


2- Eternidade: significa que Deus sempre existiu, Ele não foi criado por ninguém e está acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21,33; Sl 90, 1-2). 


3- Unidade: significa que Deus é um e que todos os atributos dEle estão inclusos em seu Ser o tempo todo (Dt 6, 4; Ef 4, 6; 1Co 8, 6; 1Tm 2, 5). Não existe, portanto, um Deus do Antigo Testamento e um Deus do Novo Testamento (inclusive isso é uma heresia). O Senhor dos Exércitos e os Senhor das Misericórdias é o mesmo Deus.


4- Imutabilidade: significa que Deus não muda jamais, ou seja, tanto Seu Ser como Suas perfeições não sofrem qualquer alteração, e Ele não muda, de forma alguma, os Seus propósitos e promessas (Tg 1, 17). 


5- Infinitude: O tempo e o espaço não podem limitá-lO (1Rs 8, 27; At 17, 24-28). 


6- Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Ele está presente em toda parte com toda plenitude do Seu Ser (Sl 139). 


7- Onipotência: Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6, 18; Ap 1, 8). 


8- Onisciência: significa que Deus conhece todas as coisas de modo completo e absoluto. Ele não precisa pedir nenhuma informação, bem como nunca possui dúvidas (Sl 139; 147, 4). 


9- Soberania: significa que Deus controla todas as coisas, pois Ele próprio é soberano e supremo sobre tudo e todos. Ele é quem governa o universo, através de Seus Anjos, e conduz a História segundo os seus propósitos eternos (Fp 2, 12-13).


Os atributos comunicáveis são:


10- Amor: a Bíblia diz explicitamente que “Deus é amor” (1Jo 4, 8). Os escritores do Novo Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor profundo e incondicional, que ao mesmo tempo em que revela grande afeição, também revela cuidado, zelo, correção e abnegação.


11- Bondade: é a benevolência de Deus para com suas criaturas. Tudo o que Ele faz é essencialmente bom e legítimo, mesmo que o homem não compreenda (2Cr 30,18; Sl 86,5; 100,5; 119,68; At 14,17). Foi pelo impulso da Bondade Divina e do Amor Divino que Ele nos criou.


12- Misericórdia: ela revela a compaixão e a piedade de Deus para com os miseráveis e angustiados (Ef 2, 4-5). Existem várias outras características de Deus que estão relacionadas ao atributo do amor, como por exemplo, a benevolência, a benignidade e a longanimidade. Tais atributos se mostram quando Ele dá ao justo mais do ele merece e castiga o pecador menos do que merece.


13- Sabedoria: Ele é infinitamente sábio, Ele próprio é a fonte da sabedoria. “Dele são a sabedoria e a força” (Dn 2,20; Jó 12,13; Jó 36,5; Sl 147,5; Is 40,28; Rm 11,33). A sabedoria de Deus é completamente superior à sabedoria dos homens (Is 55,8; Jó 28, 12-28; Jr 51, 15-17).


14- Justiça: Ele é plenamente justo e perfeito em sua retidão. Ele é sempre correto, e seus juízos são perfeitos (Sl 11,7; Dn 9,7; At 17,31). Justiça é dar a cada um o que lhe é merecido. 


15- Santidade: Deus é completamente separado do pecado, Ele não compactua, nunca, com o pecado e é totalmente comprometido com sua honra. Ele nunca está relacionado a qualquer coisa impura ou qualquer comportamento indigno (Is 40,25; Hc 1,12; Jo 17,11; Ap 4,8). 


16- Veracidade: Deus, e tudo o que provém dEle, é necessariamente verdadeiro, infalível e absolutamente confiável (Hb 10,23), de modo que Ele é o próprio Deus verdadeiro (Jo 17,3). Tudo o que Ele revelou de Si mesmo é genuíno, e por ser fiel, Ele nunca fará nada que afronte a sua própria natureza ou contradiga Sua Santa Palavra.


17- Liberdade: Deus não precisa de nada nem de ninguém para fazer o que quer, ou seja, Ele é completamente livre para executar Sua Vontade (Mt 11,26; Is 40, 13-14) de acordo com a perfeição de sua natureza, ou seja, apesar de ser completamente independente e livre, isso não significa que Ele seja livre para pecar, mentir, deixar de ser Deus ou mesmo morrer, pois tais coisas contrariam seu próprio Ser.


18- Paz: revela que nEle próprio, ou em qualquer uma de suas ações, não há nenhum tipo de confusão ou desordem. Ele é o mesmo, nunca se contradiz, Ele é o Deus da Ordem e portanto da paz que vem de Seus Decretos que nunca mudam. Isso foi o que fez o juiz Gedeão dizer: “O Senhor é paz” (Jz 6,24). A paz que Deus nos comunica vem do seu atributo incomunicável da Imutabilidade.



Sobre a Criação


O Mundo ou o Universo é o conjunto de todos os seres criados, que são: os espíritos puros (os anjos), os corpos e os compostos de matéria e espírito (os homens).

Esse conjunto, Universo, foi criado pelo Império (Domínio Soberano efetivo) da Sua Palavra e pelo Influxo (abundância) do Seu Amor.


Assim o Universo não é uma potência, não possuí poder em si. O Universo é um conjunto de criaturas, umas mais elevadas e outras menos elevadas, que não são em si mesmas fonte de nenhum poder, são, no entanto, resultado da ação criadora da Voz Divina que ecoa nos ares e da abundância do Amor Divino que tudo abarca.

Deus quis que houvessem espíritos puros para que fossem a coroa da obra de suas mãos, pois são a porção mais formosa, nobre e perfeita do Universo. São substância completa, não tem qualquer relação com a matéria, por isso são denominados puros espíritos. 


Tais são numerosíssimos pois era conveniente que na Obra de Deus o perfeito sobrepujasse o imperfeito. 


Chamamo-os de anjos, pois são enviados de Deus e através deles Deus exerce o seu governo, soberano e efetivo, sobre as demais criaturas.

Os puros espíritos podem somente tomar aparência humana, não podem se unir a matéria. Sendo espíritos podem executar atividades sucessivas em lugares distintos.

A vida intima dos anjos consiste em conhecer e amar, possuem, no entanto, um conhecimento intelectual, carecem absolutamente do sensitivo, pois são incorpóreos. 

Seu conhecimento é mais perfeito, muito mais que o nosso, pois numa só visão abrangem o princípio e a consequência das coisas.

Tal ciência, não é infinita, não podem conhecer os pensamentos nem os segredos dos corações, só o conhecem por revelação de Deus ou pela manifestação do agente, ou seja, pela oração. No entanto, como são mais antigos e mais sagazes, podem intuir certas coisas por observação, afinal eles foram criados no começo dos tempos, viram gerações e gerações de seres humanos sobre a terra. 

Também não sabem o futuro, somente se Deus lhes conceder revelação divina. Amam a Deus, a si mesmos e as criaturas. Vivem nesta ordem natural do amor.

Deus criou os anjos imediatamente no princípio dos tempos e no mesmo instante que os elementos do mundo material, num lugar chamado Céu Empírico, o lugar mais alto dos Paraísos, onde está Deus e os seres bem aventurados (santos) tomados pela Luz Divina. "Emphyrius" vem de "queima", remete a queimar no amor de Deus.


Os anjos foram criados em estado de graça, que significa que com sua natureza receberam a graça santificante que os tornou filhos de Deus. 


Sua glória decorreu da execução de um ato livre que foi submeter-se a ação da graça que os inclina a submeter-se a Deus por inteiro, isso ocorreu em um só instante.


Nem todos permaneceram fiéis, alguns por orgulho quiseram ser como Deus e gozar a felicidade independentes da Vontade Divina. Deus então, justamente, os precipitou no Inferno, assim os anjos rebeldes e os condenados ao Inferno chamam-se demônios

A segunda categoria dos seres criados por Deus é formada pelo mundo corpóreo, criado no princípio dos seres, ao mesmo tempo que Deus criava o mundo dos espíritos (anjos), ambos foram criados instantaneamente.

Mas Ele não o criou como hoje o vemos. O Senhor o criou primeiro em estado caótico, que significa que Deus primeiro criou os elementos ou matérias que iria utilizar para criar o mundo como hoje vemos.

Ele, no entanto, não rematou de uma só vez a Sua Obra, mas usou de intervenções sucessivas, que foram seis, e que chamamos de "os seis dias da criação":


1- a luz; 2- o firmamento; 3- os mares separou da terra e criou as plantas; 4- sol, lua, estrelas; 5- aves e peixes; 6- animais terrestre e o homem.


O homem é um ser composto de espírito e matéria que, de algum modo, condensa os mundos espiritual e material. 


O espírito do homem chama-se alma. 


As plantas e os animais, que também são seres corpóreos, também possuem alma. A diferença é que a alma das plantas é vegetativa e a dos animais vegetativa e sensitiva. Já a alma humana, além dessas duas faculdades, possui também a faculdade da inteligência. 

A alma humana também exerce a sua função própria independente do corpo, já que o objeto do entendimento buscado pela inteligência é o imaterial e dessa verdade podemos concluir que a alma é imortal, pois se é independe do corpo no obrar, forçosamente o a de sê-lo no existir.


Assim, o corpo perece sem a alma, mas a alma existe ainda que sem o corpo, é eterna.


Portanto, a alma só se une ao corpo para formar um todo harmônico chamado homem. E a união da alma ao corpo não é acidental, não acontece ao acaso.

A alma dá ao corpo todas as perfeições que possui: o existir, o viver e sentir, reservando para si, unicamente, o ato de entender.


Quem entende é a alma e a alma é imortal.


O corpo vive das potências vegetativas, que são três: o poder de nutrição, o do crescimento e de reprodução.

E sente por virtude das potências sensitivas que se dividem em duas classes: cognoscitiva e afetiva.


Das cognoscitivas


1- Cognoscitivas (com sentidos exteriores) que são os cinco sentidos


2- Cognoscitivas sensíveis (sem órgão externo) que são o senso comum, a imaginação, o instinto e a memória.


O homem possuí também outra faculdade cognoscitiva chamada de inteligência ou razão, que são uma só potência, no entanto, tem dois nomes pois há verdades que o entendimento compreende de um só golpe e outras que necessita de raciocínio.

O homem possuí assim a capacidade de discorrer (entender pelo raciocínio), tal habilidade é uma perfeição do homem em relação a outros seres, pois pode chegar a verdade por esse meio. E imperfeição, comparado a Deus e aos anjos, pois pode ainda cair no erro.


A verdade é o conhecimento do que existe. 

A ignorância é a carência de conhecimento sobre algo. 

O erro é atribuir existência ao que não a teve ou tem. 


A verdade pode ser conhecida a partir da idade da razão, 7 anos. No entanto, não é possível, mesmo por investigação, adquirir o conhecimento de todas as verdades; mas poderá conhecer naturalmente as coisas sensíveis e as verdades que deste conhecimento se derivam.



Das Afetivas: o Livre Arbítrio


É o poder que o homem tem de propender para o que as faculdades cognoscitivas lhe apresentam como bom e de fugir do que como mau lhe põem diante dos olhos.


Existem duas classes de faculdades afetivas: o apetite sensitivo e a vontade (que é um apetite, mas mais nobre e espiritual) e portanto mais perfeito.

Os homens que existem e tem existido descendem dos mesmos pais, Adão e Eva, que foram criados por Deus.

Deus os criou dando-lhes corpo e alma. E as suas almas foram produzidas por Criação. Já os corpos o próprio Deus nos diz que criou Adão do barro e de uma de suas costelas formou Eva.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Tal afirmação quer dizer: que a natureza e operações mais elevadas do homem lhe permitem entrever a natureza divina e a vida íntima da Augusta Trindade e imitam, de certo modo, a perfeição das Pessoas Divinas.

Dado que nossa alma é espiritual e também as suas operações mais perfeitas, entender e amar, concluímos que tais operações devem ter por objeto primeiro a Verdade e o Bem Supremo, que é o mesmo Deus.


Assim, nos atos de entender e amar, visando o Sumo Bem, podemos ver uma semelhança da vida íntima da Trindade, pois o nosso espírito ao pensar em Deus concebe um "verbo interior", algo que serve de "imagem visual de Deus" (já que Deus é Espírito ao pesarmos na pessoa "Deus" a mente concebe a imagem de Pai, ou de Mestre, ou de Rei, ou Juiz; Deus é uma e todas essas percepções, mas a mente humana e ainda o coração humano pode possuir mais facilidade com alguma ou algumas delas, gerando um "verbo interior", uma expressão interior mais familiar de Deus; tal conhecimento é de suma importância já que uma imagem equivocada de Deus ou a deturpação de um atributo verdadeiro em algo falso pode impedir o próximo passo da alma, que é amar). 


Sob a influência do pensamento sobre o "verbo interior" brota o ato de amor, produzido no espírito do homem (assim o pensar, o meditar, o conhecer antecede o amar).


Podemos ainda imitar a perfeição própria das Pessoas Divinas quando o primeiro e último fim de nossos pensamentos e afetos é o próprio Deus, já que Pai fez tudo para o Filho, o Filho governa o mundo para entregá-lo ao Pai e o Espírito é o amor que os une, quando também convergimos nossos pensamentos, afetos e por fim os atos para Deus imitamos o agir das Pessoas Divinas e ainda entramos, de certa forma, pela ação do Espírito Santo, na vida íntima da Trindade.


Deus criou o homem perfeito. Nesse primitivo estado de felicidade o homem possuía os bens da: 

- ciência (conhecimento da natureza e composição dos animais, plantas e etc.) claríssima e universal,
- justiça (dar a Deus o que é devido) original unida à prática de todas as virtudes (esforço habitual e firme na prática do bem, com todas as forças sensíveis e espirituais); 
- império absoluto da alma sobre o corpo, 
- domínio sobre todas as criaturas.


O homem também não estava sujeito a morte, visto que a alma, por especial privilégio, protegia o corpo contra todo o mal e ela por sua vez de coisa alguma poderia receber dano, enquanto a vontade permanecesse submissa a Deus. Tudo mudou depois da queda de Adão e Eva no Éden. 


Providencia de Deus e o governo do mundo


Deus é Soberano e Senhor de todas as coisas, pois todos os seres do mundo estão sujeitos ao governo e domínio supremo, único e absoluto de Deus. Assim coisa alguma existe no mundo espiritual, material e humano, que seja independente da ação divina, a qual conserva a existência de todos os seres e os conduz ao fim para que foram criados, que é Deus mesmo e a sua própria glória. 

Deus rege e conserva o universo para que na ordem e concerto do mundo se possa refletir e manifestar o pensamento Daquele que o criou, o conserva e o governa. Assim o concerto e ordem admiráveis do universo expressam a glória de Deus.


No plano atual da Providência não existe nada mais perfeito e grandioso que a obra da Criação, a conservação e governo do universo. Isso considerando um fato ainda mais sublime: dizemos plano atual da Providência pois que Deus é onipotente, assim nem o conjunto das obras mais perfeitas, podem exaurir o seu poder infinito.

Deus governa o universo conservando-o no ser e conduzindo-o ao fim para que foi criado. É o próprio Deus que conserva a existência dos seres. Assim a conservação do universo, assim como a Criação, são obras próprias e exclusivas de Deus. 

Deus poderia aniquilar o mundo, se assim quisesse, bastaria que suspendesse por um instante a ação que dá, a cada momento, a virtude do ser. Logo a existência das coisas se mantém debaixo da ação direta, absoluta e constante de Deus. 


O fim da Criação é a glória de Deus e a glória exige não a destruição mas a conservação do criado. 


As criaturas, por sua vez, apresentam transformações, mais ou menos profundas, conforme a espécie, e dentro das mesma espécie, conforme os diversos estados. Algumas transformações ocorrem por ação direta de Deus. Tais ações, quando fogem da explicação humana, são chamadas de milagres. Deus fez e faz milagres por sua bondade, para que os homens vejam a sua grandeza, para fazê-los ver que intervém no mundo e para a sua glória e bem dos homens.

As criaturas podem exercer um influxo uma nas outras para efetuar mudanças e alterações que se observam no mundo. Neste mútuo influxo se funda a ordem do universo que, por sua vez, são reguladas pelas leis da Providência. A Providência é o meio ou o instrumento que Deus utiliza para induzir as criaturas ao fim que Ele preparou. Deus poderia não utilizar tal recurso, mas tal procedimento possibilita a Sua maior Glória e ainda enobrece e torna mais perfeita a criatura que toma parte com Ele na execução de Seus Planos, que é guiar os seres ao seu fim último (o Sumo Bem). Digo que possibilita a maior glória de Deus pois que é sinal de grandeza e poderio soberano possuir uma legião de ministros submissos e prontos a executar Suas Santas Ordens. 

Assim quando as criaturas exercem o mútuo influxo, estão a cumprir as Ordens absolutas de Deus, pois é impossível que qualquer criatura execute atos não previstos, nem ordenados no plano da Providência Divina. 

Também não é possível que a atuação de uma criatura, sendo instrumento de Deus, perturbe ou contrarie o Plano Divino, pois quaisquer que sejam os seus atos, ordenados estão por Deus, para o bem do universo. 

No entanto, os atos desordenados podem ocasionar maus físicos e morais, ou seja, podem ocasionar um mal particular. Pois podem alterar a ordem de um grupo em particular ou impedir a manifestação secundária do poder e da vontade de Deus. Portanto, não gera um impedimento do Plano Divino em seu nível macro, considerando o plano em conjunto, mas gera um mal num nível particular, inferior.


Isso acontece devido ao soberano poder de Deus, que é de tal forma grandioso que se utiliza do mal particular, subordinando-o a um fim mais elevado para que contribua para o bem universal. 


Isso não significa que não há ação das criaturas que não estejam dispostas maravilhosamente a cooperar para o bem do universo; antes se algo aparece prejudicial e deslocado, num plano inferior, tem razão de ser visto como ruim, prejudicial e desordenado, mesmo considerando um plano de vista mais alto, ou seja, mesmo considerando que tais atos inferiores não interferem nos Planos Divinos numa visão em conjunto, mas geram, como vimos, males particulares; portanto são maus e desordenados e assim devem ser nomeados. 

Compreenderemos, no entanto, a maravilhosa grandeza de Deus somente no Céu, pois que o nosso entendimento não abarca os corações de todas as criaturas e os segredos do Coração Divino.


Ação dos Anjos no Governo do mundo

No mundo angélico, a que chamamos também de "mundo dos espíritos", dado que os anjos são espíritos e Deus é espírito; também existe - assim como no mundo corpóreo - uma atuação das criaturas uma sobre as outras. A esse influxo São Tomás chama de iluminação, o uso de tal termo se refere ao ato de um puro espírito influir sobre outro para lhe transmitir a iluminação que recebeu de Deus, relacionada ao governo do mundo. 

Essa comunicação, portanto, das iluminações de Deus, em relação ao governo do mundo, ocorrem de forma gradual e ordenada, isso quer dizer que, Deus comunica diretamente suas ordens aos que estão mais próximos Dele, e estes aos demais anjos, porém com uma ordem tão severa que a iluminação dos primeiros só pode chegar aos últimos por ação dos intermediários. 


Assim existe uma ordem angélica, há anjos superiores, intermediários e últimos. 

O mundo angélico se divide em hierarquia e ordens angélicas. 


O termo hierarquia deriva do grego é significa principado sagrado. O significado completo da expressão principado sagrado é: o conjunto de criaturas, homens e anjos, chamados a participar das coisas santas, debaixo do governo de Deus, Rei dos reis e Príncipe Soberano. 


Os homens, no entanto, enquanto vivem neste mundo não são da mesma hierarquia que os anjos, mas no Céu serão admitidos nas hierarquias angélicas. 


Existem três hierarquias angélicas - e em cada uma três ordens - e se distinguem pelo conhecimento que possuem da razão (motivo) das coisas no que refere ao governo do mundo. 

Os da primeira hierarquia recebem as ordens diretas de Deus e seus nomes estão ligados a sua proximidade com Deus. 

Os da segunda hierarquia recebem a iluminação da primeira hierarquia e seus nomes tem relação com o conjunto das coisas criadas. 

Os da terceira hierarquia recebem as ordens divinas da segunda hierarquia, de forma tão concreta e particularizada como é necessários para comunicá-la às nossas inteligências. As ordens que pertencem a essa hierarquia recebem nomes de atos limitados: anjo da guarda, principados (que vem de província). 

Comparados, no entanto, a um ser humano tem atuação imensa.


Existem três ordens (coros) principais dentro de cada hierarquia, dizemos principais, pois que dentro de cada ordem existem subordens e ainda categorias entre os anjos de uma mesma ordem, já que cada anjo tem uma categoria e um ofício particular, mesmo que não nos seja dado conhecê-las. 


Cada anjo é único e irrepetível. Nenhum anjo é igual ao outro, pois assim como os homens, Deus manifesta sua multiplicidade de dons em suas criaturas. 


Essa multidão de anjos executa as ordens divinas em harmonia retratando assim a glória de Deus, por isso chamamos muitas vezes as ordens angélicas de coros angélicos. 

As ordens angélicas são, em ordem descendentes: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos. Tais ordens se referem a natureza de cada anjo. 

Essas ordens também existem entre os demônios pois a natureza permaneceu neles. Logo há subordinação entre os demônios, no entanto, essa superioridade nunca é usada para praticar o bem; pois entre eles não existe iluminação, já que esta vem de Deus e eles se separaram Dele, por isso que o reino dos demônios chama-se "império das trevas". 


Deus se serve dos anjos no governo do mundo material, pois o mundo angélico é superior ao mundo corpóreo. E em todo governo bem ordenado os inferiores são regidos pelos superiores. 


Seu ministério no governo do mundo é velar pela exato cumprimento do Plano Providencial e dos Decretos Divinos concernentes às coisas materiais. 

Os anjos que exercem a administração das coisas materiais pertencem à ordem das Virtudes. Assim sua função no mundo corpóreo é velar pela perfeita manifestação da vontade de Deus, em tudo o que se passa nos diversos seres que constituem o mundo material. 

Dessa forma podemos dizer que Deus executa todas alterações e mudanças no mundo material, inclusive os milagres, através dos anjos que pertencem à Ordem das Virtudes. No entanto, os anjos não tem virtude ou poder para efetuar milagres, só Deus pode fazê-los, os anjos atuam ou na intercessão ou como instrumentos.

Os anjos podem influenciar os homens pois são de natureza puramente espiritual e, portanto, superior à humana. Pois, em tudo o que é devidamente ordenado, o superior influi no inferior. Eles podem iluminar a nossa inteligência, dando-lhe vigor e pondo ao nosso alcance a verdade puríssima que eles contemplam. No entanto, não podem intervir diretamente na nossa vontade, pois a ação de decidir, de escolher, é um movimento interior que só Deus pode alterar. 

Deus pode atuar diretamente e mudar o movimento da vontade humana, assim o fez com o coração do Faraó. Ele pode, sim, mudar os corações, no entanto, como nos deu liberdade, mesmo tendo poder de mudar nossos corações, Ele escolhe respeitar a nossa vontade, descarregando, mesmo assim, uma chuva de oportunidades de redenção, mesmo ao pecador mais empedernecido, pois assim age sempre em sua Misericórdia, para que a alma se converta. Ele nos deu liberdade por amor e a respeita por amor. Assim os anjos não podem intervir em nossa vontade, já que Deus, mesmo podendo, muitas vezes não o faz. Mas lembre-se não existe nenhum lugar interior e profundo em que Deus não possa agir.

Os anjos podem também excitar a imaginação e as demais faculdades sensitivas, pois estão ligadas ao mundo corpóreo e assim submetidas à ação dos anjos. Eles também podem impressionar os sentidos externos.

Os anjos podem, por consequência disso, dificultar ou impedir a ação dos demônios, porque a justiça submeteu os demônios, como castigo de seus pecados, ao domínio dos anjos. 


Assim Deus se serve dos anjos para promover o bem e para executar os seus desígnios junto dos mortais. 


Mas nem todos os anjos são enviados para este fim. Os anjos da primeira hierarquia nunca são enviados, pois é seu privilégio permanecer constantemente junto ao Trono de Deus. Esses anjos são chamados de Anjos Assistentes. 

Portanto, os enviados aos homens são os anjos da segunda e terceira hierarquia, porém note-se que o coro das Dominações presidem a ordenação dos decretos divinos, e as outras ordens - Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos - são os executores. 

Alguns Anjos são destinados para a guarda dos homens, porque a Divina Providência decretou que o homem, ignorante no pensar, inconstante e frágil no querer, tivesse como guia protetor, na sua peregrinação até ao Céu, um daqueles espíritos ditosos, confirmados para sempre no bem. 

Deus destina um anjo para cada ser humano, porque Deus ama mais uma alma do que todas as espécies de criaturas materiais. Mas apesar disto, Deus determinou que cada espécie tivesse um anjo custódio encarregado de seu governo. Estes - anjos custódios de cada ser humano e de cada espécie - são os Anjos da Guarda, que pertencem ao último coro (ordem) da Terceira Hierarquia Angélica. 

De fato - e que maravilhoso! - todos os seres humanos possuem, cada um, um anjo custódio, enquanto vivem neste mundo, em atenção aos obstáculos e perigos do caminho que têm de percorrer até chegar ao fim. 

Pode se perguntar se Nosso Senhor Jesus Cristo teve um anjo da guarda. Considerando que era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, não convinha, mas teve anjos com a nobre e feliz missão de O servir. 

Os anjos da guarda começam seu ministério assim que o ser humano nasce e a executam sem interrupção até que exale o último suspiro. 

Eles veem as tribulações e os males que seus protegidos passam mas não se afligem, pois depois de fazerem o que está em suas mãos para evitá-lo se recolhem e adoram neles - seus protegidos- o mistério insondável dos Juízos de Deus. Pois, ainda pode a alma, apesar dos esforços de seu Anjo Guardião, escolher livremente o que é mal, ou ainda, não existir um meio ao alcance do anjo para impedir o sofrimento ou a tribulação, pois que esses também são caminhos de conversão, purificação e santificação. 

Portanto, sempre nos acode os Anjos da Guarda quando o invocamos, mas sua ação sempre estará de acordo com os decretos divinos e fará todas as coisas em harmonia com a glória de Deus.

Os anjos maus, ou demônios, podem combater e tentar os homens; porque o seu todo é malícia e, além disso, porque Deus sabe tirar proveito das tentações em benefício dos eleitos. 

Pois é próprio dos demônios tentar, no sentido em que eles só tentam os homens com o propósito de seduzi-los e perdê-los. 

Não podem, no entanto, com este objetivo fazer milagres, porém, podem realizar "alguma coisa parecida com os milagres", ou seja, algo que seja desconhecido dentro dos conhecimentos disponíveis no momento, mas não o é no conjunto do que pode ser feito pelas criaturas. 

Para os distinguir dos verdadeiros milagres nota-se que são feitos sempre com fim ilícitos ou por meios reprováveis e não podem, por consequência, ser obra de Deus. 

O homem pode, apesar da sua fraqueza, cooperar com a ação divina, no governo do mundo. Ele faz isso quando procura o bem dos seus semelhantes, se torna assim instrumento de Deus em benefício das almas e dos corpos. 

O homem pode ser instrumento de Deus no que se refere ao bem das almas, de dois modos, pelos seus atos: 

Primeiro se torna causa ocasional da Criação de novas almas;
Segundo porque essas almas infantis se nutrem e crescem em perfeição, com os exemplos e ensinos.

Pode ser instrumento de Deus em benefício dos corpos quando, na lei natural, estabelecida por Deus, podem gerar nova vida humana.

Existe uma semelhança entre as operações divinas e humanas, esta consiste em que Deus é livre para dispor do universo a seu agrado, também o é o homem no que dele depende. 

O homem quando obra como homem e não como máquina, por impulso ou guiado por uma reação física e instintiva, é capaz de ter em vista algum fim em todas as suas obras. O homem é o único capaz de propor uma finalidade para as suas ações dentre os seres materiais. 

Não que os outros seres obrem ao acaso, suas operações estão determinadas para um fim determinado, porém, não o intentam, nem o propõem como meta, pois isso o faz Deus em seu lugar. 

Todos se movem para realizar o fim que Deus propôs; mas o homem se diferencia dos outros seres pois pode, por impulso e dependência de Deus, determinar o fim de seus atos; enquanto os outros seres o fazem cegamente, por natureza ou instinto, rumo ao que Deus assinalou. 

Esta diferença ocorre pelo fato do homem possuir inteligência e os outros seres não. 

Seja por intenção explicita ou por certo instinto racional o homem direciona suas ações para o fim último supremo, que é a Felicidade. 

Todos os homens querem ser felizes e não há nenhum que queira, deliberadamente, ser um desgraçado. Mas pode, no entanto, se equivocar em suas escolhas, tomando os bens aparentes e temporários por verdadeiros. Se não vê em tempo o seu engano, no fim da jornada não encontrará a Felicidade mas desconsoladora e irreparável desgraça. 

Por isso é de fundamental e excepcional importância o acerto na eleição, o acerto nas escolhas.

A felicidade do homem consiste num bem superior a ele e este bem é o único capaz de o cumular de perfeições. 


Dessa forma tal bem não pode ser as riquezas, já que são coisa inferior ao homem e incapazes em si de aperfeiçoa-lo. 

Não pode ser as honras, já que não dão perfeição, antes a supõem, sob pena de serem postiças, e se são postiças são nada. 

Não pode ser a glória ou a reputação, pois elas supõem méritos, e eles são, neste mundo, coisa frágil e volúvel. 

Não pode também estar no poder, porque o poder não se dá para o bem próprio mas para os outros, além de estar sempre sujeito ao capricho e a insubordinação. 

Não pode ser também a saúde ou a beleza corporal uma vez que são bens inconsistentes e passageiros e, além de tudo, só dão perfeição ao exterior e não ao interior do homem. 

Muito menos o são os prazeres dos sentidos porque são grosseiros demais comparados às alegrias da alma. 

A felicidade do homem consiste na aquisição de um bem que influi diretamente sobre o espírito e este bem é o Sumo Bem, Deus, Soberano e Infinito.



Sobre a fé católica sobre o Gênesis Santo Agostinho

Trecho do livro Patrística, vol 21

A fé católica é esta: que Deus Pai todo-poderoso criou e ordenou todas as criaturas por meio de seu Filho Unigênito, ou seja, sua Sabedoria e Poder, consubstancial e coeterno com ele, na unidade do Espírito Santo, também consubstancial e coeterno com ele. A doutrina católica ordena crer que esta Trindade é um só Deus e que ela fez e criou tudo o que existe, enquanto existe, de tal modo que toda criatura, seja intelectual ou corporal, ou, o que se pode dizer brevemente de acordo com as palavras das divinas Escrituras, visível ou invisível, foi criada não da natureza de Deus, mas do nada por Deus; e que nela nada existe que pertença à Trindade, exceto que a Trindade a criou e ela foi criada. Por isso não é lícito dizer ou crer que o conjunto das criaturas seja consubstancial e coeterno com Deus.


Eis porque são boas todas as coisas que Deus fez. Mas, as coisas más não são naturais, e tudo o que se denomina mal é pecado ou castigo do pecado. O pecado não é senão o consentimento vicioso da vontade livre ao nos inclinarmos àquelas coisas que a justiça proíbe, e das quais o homem é livre de se abster; ou seja, o mal não está nessas coisas, mas no seu uso não legítimo. O uso das coisas é legítimo, contanto que a alma permaneça na lei de Deus e esteja sujeita ao Deus único com um amor perfeito, e se sirva das demais coisas, que lhe estão sujeitas, sem cupidez e sem luxúria, ou seja, de acordo com o preceito de Deus. Desse modo a alma administrará as coisas sem dificuldade e sem fadiga e com a maior facilidade e felicidade. E o castigo do pecado consiste em a alma ser atormentada pelas criaturas que não a servem, se ela não serve a Deus; pois a criatura obedecia-lhe quando ela obedecia a Deus. Assim sendo, o fogo não é um mal porque é criatura de Deus, mas queima nossa fraqueza devido ao mérito do pecado. Denominam-se pecados naturais os que forçosamente cometemos antes que nos chegue a misericórdia de Deus, depois de termos caído nessa vida no pecado pelo livre-arbítrio.


Que o homem se renova pelo Senhor Jesus Cristo, visto que a própria Sabedoria de Deus, inefável e imutável, se dignou assumir plena e totalmente o homem, nascer da Virgem Maria por obra do Espírito Santo, ser crucificado, sepultado, ressurgir e subir ao céu, o que já aconteceu; e vir no fim do mundo para julgar os vivos e os mortos. E que creiamos na ressurreição dos mortos na carne, o que se anuncia como coisa futura, e que o Espírito Santo foi dado aos que nele creem, que ele instituiu a mãe Igreja, que se denomina católica, e por isso é universalmente perfeita, não comete erros e se difundiu por todo o universo; que os primeiros pecados são perdoados aos que se arrependem, e que há a promessa de uma vida eterna e do reino de Deus.


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Visão geral sobre o livro do Gênesis




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I) Introdução


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O livro do Gênesis pode ser divido em duas partes:

1- Do capítulo 1 ao 11 (desde a Criação até a Torre de Babel)
2- Do capítulo 12 ao 50 (de Abrão até a morte de José do Egito)


visão geral sobre o livro do genesis
Pintura: Willian Black





II) Primeira Parte do livro do Gênesis 



1. o cuidado de Deus na Criação, seu amor e a criação do homem e da mulher.

2. a queda do homem e da mulher, que afastou o homem da mulher (e vice versa), pois entre eles desceu o véu da concupiscência - "viram que estavam nus" e afastou ambos de Deus - "tiveram vergonha e se esconderam".

3. o homem e a mulher foram expulsos do Éden, o homem precisou trabalhar para se manter e a mulher a sofrer a dor do parto. Entre a mulher e a serpente foi estabelecida por Deus uma inimizade, que se prolongará pela descendência da Mulher até que Ela e sua Descendência lhe esmague a cabeça.

4. Eva gerou Caim e Abel, Caim era agricultor e Abel pastor. Os dois ofereceram sacrifícios a Deus, mas Deus se agradou do sacrifício de Abel, o pastor.

5. Caim ficou enfurecido, Deus nota o comportamento de Caim e lhe pergunta porque ele "estava de cabeça baixa? Se agisse bem andaria de cabeça erguida, mas se você não age bem, o pecado esta junto à porta". Pois então, explica- se o motivo do sacrifício de Caim ter sido recusado.

"O pecado esta junto a porta" e de fato Caim matou Abel logo em seguida, foi exilado e toda a sua descendência se tornou cada vez mais perversa e má, até Lamec que se dizia setenta vezes pior que Caim.

6. Adão e Eva tiveram um terceiro filho, que se chamava Set dele nasceu, muito tempo depois, Noé.

7. O primeiro a invocar o nome sagrado de Deus foi Enós, filho de Set.

8. Noé é bisneto de Henoc (que, por sua vez, foi arrebatado por Deus) e neto de Matusalém e o pai dele - olhe só - se chamava Lamec (mesmo nome do descendente mais perverso de Caim). E digo mais, Noé era lavrador, plantava, como Caim. Interessante, não? E ele plantava uvas. (Abel era pastor, Noé plantava uvas...)

9. a perversidade se espalhou além da descendência de Caim, por toda a terra e na geração de Noé ele era o único justo .

10. por conta de tanta maldade, Deus diminui o tempo da permanência do seu sopro de vida no homem, este só viveria até 120 anos, alguns viveram mais como veremos, pois Deus se agradava deles.

11. Deus mandou Noé construir uma arca do tamanho de uma navio médio de carga, comportaria 35 mil bichos

12. Noé ficou na arca 1 ano e 10 dias (pelos meus cálculos) e para alimentar todo mundo foram necessários por volta de 12, 5 toneladas de comida!

13. o dilúvio começou no dia  17 do segundo mês, que seria Cheshvan no calendário judaico, que é outubro (no nosso calendário) - os judeus rezam por chuva nessa data.

14. Deus fechou a arca por fora! 

15. por 150 dias as águas encobriram a terra totalmente.

16. Noé encalhou no Monte Ararate (montanha mais alta da Turquia) no dia 17 do sétimo mês, Nissan, que é Março. Essa data cai entre a festa da Páscoa e Pentecostes, no calendário judaico e muitas vezes no nosso também.

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Monte Ararate, Monte mais alto da Turquia

17. no mês de Av, junho/agosto, a água baixa. Noé solta o corvo e depois a pomba, por volta do dia 10, do mesmo mês, nessa data também ocorre no decorrer da história dos hebreus a morte a Aarão, a muralha de Jerusalém é reconstruída, a destruição do primeiro e do segundo templo de Jerusalém, Moisés quebra as Tábuas da Lei (todas essas situações aconteceu num dia 10 do mês de Av).

18. A terra seca no dia primeiro de Tisherei (setembro) é o primeiro dia do calendário judaico, nesse dia os judeus comemoram o Rosh Hashana, "Cabeça do ano" ou também conhecido como "Dia do Julgamento", a tradição judaica diz que nesse dia, em todos os anos, Deus determina seu futuro baseado no que você fez, plantou, no ano que passou.

19. No segundo mês - Cheshvan no calendário judaico, que é outubro - a terra seca completamente e Deus abre a porta da arca para que Noé saia. Mais de um ano depois.

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Meses do calendário judaico


20. Deus diz a Noé a mesma coisa que disse a Adão e a Eva "sejam fecundos, multipliquem-se e povoem a terra" mas acrescenta uma última parte " a dominem" e ainda diz que o homem que ferir será ferido e Ele pedirá contas, é o começo do "olho por olho, dente por dente".

21. Deus diz então que toda vez que ver o arco íris no firmamento lembrará da aliança que fez com o homem e a criação e promete não destruir mais toda a criação por causa do homem, pois o "projeto do coração do homem são maus desde a juventude" (pode estar a falar em idade ou também do pecado de Adão, na juventude da humanidade, ou os dois, já que as escrituras são muitas vezes atemporais).

22. Noé teve três filhos: Sem, Jafé e Cam.

23. Cam foi amaldiçoado, pois, quando saíram da arca, Noé plantou uma vinha e depois se embriagou, ficou nu e o filho mais novo o viu e então contou aos irmãos. Noé não devia gostar de fuxico porque amaldiçoou o filho e fez do irmão mais novo escravo dos irmãos mais velhos e o deportou. 

24. De Cam saiu todo o povo de Canãa (sim, Canaã a terra prometida, era povoada pelos descendentes do filho mais novo amaldiçoado de Noé). Cam teve sua descendência e seu neto, Nemrod, foi rei e suas capitais eram Babel (sim, a da torre de Babel), Arac e Acad.

25.  Sem, o filho mais velho de Noé e senhor dos irmãos é o antepassado de Abraão!

30. A Primeira Parte termina justamente com um "elo" entre a decadência do povo e a história de Abraão. O povo de Babel, cidade da descendência de Cam - o filho amaldiçoado de Noé-, resolveu fazer uma grande obra, uma torre até o céu para se tornarem "famosos" - estavam motivados pela vanglória- Deus sabendo que o fato de possuírem uma só língua facilitava a realização desses super projetos em prol de seus egos, confundiu suas línguas e eles não conseguiram finalizar a obra.

31. Nesse trecho Deus refere-se a si mesmo, pela segunda vez, no plural, a primeira foi durante a criação do homem.


Segunda Parte do Livro do Gênesis

32. Abrão tinha dois irmãos Nacor e Arã, este último era o pai de Ló. Assim Ló é sobrinho de Abrão e era órfão.

33. Taré, pai de Abrão, o mandou sair de Ur dos caldeus (a Assíria) e ir para Canaã (não se sabe a razão) com Ló e sua mulher Sarai. Mas Abrão parou em Harã, uma terra bem na fronteira para Aram que fica entre a Assíria e Canaã.

34. De modo que é fácil entender a razão da primeira frase de Deus para Noé: "saia de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai e vá para terra que eu lhe mostrarei". Parece que Noé estava com dificuldades com o desprendimento.

Ele então teve coragem e foi. Parou em Siquém, lá ele fez um altar.

35. Mas, como emoções são importantes, aconteceu uma seca e Abrão teve que descer para o Egito. Lá ele teve a idéia de dizer que Sarai era sua irmã, o que era uma meia verdade e portanto também uma meia mentira, Sarai era meia irmã de Abrão.

36. O faraó se interessou por Sarai e aí você pode imaginar, Deus mandou algum tipo de peste sobre o Faraó e sua corte por conta de Sarai. Dessa vez o Faraó não teve culpa, mas que é uma cena familiar é sim. Achei muito importante que, embora Abrão não tenha protegido Sarai, Deus protegeu. 

37. Abrão foi então para o Negueb e depois para Betel, lá se separou de Ló, pois haviam ficado ricos em rebanhos - assim, temos pastores novamente na história.


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38. Ló foi para Segor, perto de Sodoma e Gomorra.

39. E aí começa um pequeno "filme de ação" na história de Abrão, normalmente a história dele é mais um dramática e reflexiva, mas eis que Abrão, pasme, é um guerreiro! 

Aconteceu a "Batalha dos Quatro Reis" chefiados por Codorlaomor contra os "Cinco Reis" chefiados pelo rei de Sodoma e Gomorra. Acontece que os Quatro Reis ganharam e saquearam Sodoma e Gomorra, também levaram Ló que morava em Sodoma.

Então Abrão foi buscar seu parente, acompanhado de seus homens - 318!- e lutou, atacou a noite e os derrotou e ainda os perseguiu, recuperando Ló, seu sobrinho, com seus bens e mulheres.

40. Eis que acontece um fato interessante, vem ao encontro de Abrão o rei de Sodoma, olhe só, e chega também o rei de Salém (povoado que mais tarde deu origem a Jerusalém) e o Sacerdote do Deus Altíssimo, Melquisedec (que significa "meu reinado é justo"), este leva pão e vinho. Logo o rei de Sodoma pede algo intrigante "dê-me as pessoas e fique com os bens" o que Abrão responde "que não quer os bens" e nem se refere as pessoas, deixando claro que são inegociáveis. Interessante que tudo isso acontece numa cerimônia que lembra muito a Santa Missa, por um Sacerdote que não tem "pai nem mãe" como explica São Paulo na carta aos Hebreus - um ser eterno e divino, portanto - Dois fatos encerram a cena, o Sacerdote do Deus Altíssimo dá uma dupla ação de graças pela vitória de Abrão sobre os inimigos e um rei assombroso que quer as pessoas que acabaram de ser resgatadas.

41. Deus promete a Abrão uma descendência por mais de dez vezes, mas parece que Sarai não estava muito paciente e resolveu dar uma ajudinha aos planos divinos, deu a Abrão sua escrava Agar.

42. E pronto Agar engravidou, que felicidade! Mas, não muita! Agar se voltou contra Sara, que por sua vez a maltratou. Agar fugiu gravida para o deserto. Mas um anjo achou Agar e a mandou voltar e o menino nasceu e se chamou Ismael. Abrão teve um filho antes de Isaac, chamado Ismael, filho da concubina.

43. Mas Ismael não era o filho do qual falava a promessa de Deus, pois Deus logo depois desses acontecimentos volta a fazer a mesma promessa, embora o fato seja narrado na sequencia vê-se que aconteceu 13 anos depois, do "probleminha entre Sarai e Agar", pois Deus faz uma aliança com Abrão - ou seja a segunda na história- e manda que todos sejam circuncidados e muda o nome dele e de Sarai para Abraão e Sara. Abraão tinha 99 anos, Sara 98 e o menino Ismael 13 anos.

44. Ainda nesse ano, mais um fato intrigante/interessante acontece, Abraão é visitado por Deus na porta da tenda e vê ao "levantar os olhos" "três homens de pé". Abraão o chama de "Senhor", sendo eles 3, trás pão e um vitelo. O hóspede, sempre tratado no singular - sendo três - diz que Sara ficará grávida no ano seguinte. Sara escuta e ri (parece que a troca do nome ainda não entrou em seu coração), o hóspede não gosta nada, nada. Mas mantem a promessa.

E novamente o texto diz e os "homens se levantaram e olharam para Sodoma" e aparece uma frase de Deus falando consigo mesmo, ou seja, com os outros dois homens. Ele se questiona se deve contar a Abraão que vai destruir Sodoma. E por fim resolve contar seus planos a Abraão. Dois dos homens foram para Sodoma e Javé ficou com Abraão numa conversa sobre misericórdia, se Deus encontra-se dez justos pouparia as cidades de Sodoma e Gomorra.

45. Pois que os Dois chegam a Sodoma, para ver se realmente é tudo tão ruim quanto esta chegando aos céus, em forma de clamor, e encontram logo Ló, lembra? Sobrinho de Abraão. Este os convida para sua casa, entre os hebreus é uma dádiva receber visitas. Mas logo os habitantes da cidade batem a porta e querem "ter relações" com os novos visitantes, Ló sendo hebreu considera uma visita como o próprio Deus e oferece as filhas em seu lugar, os moradores rejeitam e tentam invadir a casa. Os Dois homens salvam Ló e o mandam embora, sem olhar para trás, no caminho a mulher de Ló olha para trás e vira uma estátua de sal. Ele se refugia numa gruta com as duas filhas.

Assim que Ló chega a gruta os Dois homens destroem Sodoma e Gomorra.

46. Mas a maldade havia contaminado as duas filhas de Ló, elas o embriagam pois tem medo de não gerar descendentes, ficam grávidas do próprio pai. Seus filhos são os antepassados dos moabitas e amonitas. Ambos se tornam povos inimigos de Israel, pois são em si frutos da corrupção e de cidades condenadas.

47. Abraão, foi para o Negueb e ficou em Gerara e lá, novamente, ele resolve falar que Sara é sua irmã e novamente o rei se interessa por ela e novamente o povo é atacado por males e novamente Deus cura o povo quando o rei, enganado, descobre o erro e Abraão pede a Deus por eles. Novamente, Abraão pensa em si e esquece Sara, e novamente Deus a socorre. 

48. Depois Abraão faz uns negócios com o rei Abimelec e se instala em Bersabéia (que significa "poço do juramento"), por conta do acordo entre os dois - é uma cidade citada muitas vezes na Bíblia, então guarde o nome.

49. E, enfim, Deus visita Sara e ela fica grávida e da a luz a Isaac. Abrão tinha 100 anos e Sara 99. Ele cresce e logo que é desmamado, Ismael - que tinha uns 14 anos - zomba de Isaac, Sara não gosta nada e pede a Abraão que mande o menino Ismael e sua mãe, Agar, para longe de seu filho, pois não queria que o seu filho dividisse nada com ele. Abraão fica triste mas manda Agar e o menino embora. Ela novamente vai para o deserto, um anjo a socorre - novamente- escutando o choro do menino Ismael faminto. Ismael se estabelece no deserto e é o antepassado dos ismaelitas, ele se casou com uma egípcia e era arqueiro.

50. Por outro lado, assim que Isaac ficou mais crescidinho, Deus pede que Abraão o sacrifique, esta cena que todos conhecem, tem um pai disposto a sacrificar seu filho. Quando Isaac pergunta "mas onde esta o cordeiro para o holocausto" Abraão responde "Deus providenciará o cordeiro para o holocausto". Ele é impedido de sacrificar o filho e Deus manda um cordeiro. Tudo isso aconteceu num monte chamado Moriá, que ficava perto de Salém, na época, depois esse povoado se tornou Jerusalém, e mais adiante nesse local o rei Davi construiu o templo de Jerusalém, nas imediações, hoje, encontramos o que sobrou do Templo (o segundo), ou seja, o Muro das Lamentações e também o Portal Dourado por onde o Senhor Jesus entrou em Jerusalém, os judeus acreditam que o Messias entrará para sua missão em Moriá (ou imediações), e assim foi.

51. Sara falece com 127 anos, Isaac tinha portanto 28 anos. Para enterra-la Abraão comprou Macpela, que se tornou o local em que os patriarcas foram enterrados (menos Raquel). Macpela se tornou um lugar sagrado, Herodes fez lá uma construção muito parecida com o templo de Jerusalém que Davi construiu, se tornou igreja católica e mesquita muitas vezes, hoje é uma mesquita. Possui três salas, uma para cada casal dos patriarcas.

52. Agora a narrativa foca em Isaac, Abraão manda que tragam uma esposa para ele. Interessante essa passagem. Abraão manda que tragam uma mulher dentre os seus parentes e o servo de Abraão vai, pára diante de um poço e pede água a uma moça muito bonita chamada Rebeca. De fato toda a família de Rebeca fez festa e é aí a primeira vez que Labão, irmão de Rebeca, surge na história. O fato é que a família fica em festa, mas o servo de Abraão quer ir embora levando a noiva, mas Labão e a mãe deles queriam que ela ficasse, de modo que a chamam e pedem a sua opinião, se ela quer ir mesmo, e ela responde "Quero". Interessante, pois isso não é muito usual nas histórias bíblicas, ou seja, expressar abertamente que a opinião da moça foi solicitada - sabemos que na cultura isso naturalmente acontece, ou seja, pedir a opinião da moça, mas normalmente não é escrito. Isso aconteceu em Padã Aram, terra do povo descendente de Arã, filho mais novo de Sem, que era o filho mais velho de Noé (Arã é hoje a Turquia que foi onde a barca de Noé atracou, lembra?)

53. E eles então se casaram, Isaac tinha 40 anos. Dependendo da forma que se lê a história ele, aparentemente, esperou Rebeca por 12 anos, já que o pai dele mandou buscar a noiva quando Sara faleceu, o servo vai e Abraão morre somente quando Isaac esta já casado.

54. O texto segue falando que Abraão teve outros filhos, com sua segunda esposa Cetura e com concubinas. Cetura deu à luz seis filhos, dentre eles Jecsã que é o pai de Sabá (que é o antepassado do reino de Sabá, que aparecerá na história de Salomão visitado pela Rainha de Sabá), Madiã o antepassado dos madianitas (que aparecerão na história de José do Egito). Todos os bens ficaram com Isaac e esses povos se tornam muito ricos também.

55. Abraão morre e é enterrado em Macpela. Por Ismael e Isaac.

56. Ismael teve doze filhos, doze chefes de tribos, prosperou muito, seu primogênito era Nabaiot. Deu origem aos ismaelitas, que são os antepassados dos árabes através dos filhos de Ismael: Catã e Adnan. Hoje os árabes, descendentes de Ismael, são em sua maioria mulçumanos, inclusive toda a doutrina mulçumana se baseia na descendência de Ismael como detentor da promessa de Deus, o que Ele mesmo disse que não, como já vimos. 

57. Isaac vai morar no poço de Laai-Roí, o lugar "do Vidente que me vê", que foi o lugar onde o anjo apareceu a Agar, mãe de Ismael, no deserto.

58. Rebeca era estéril (sabia?) e Isaac pediu a Deus por um filho e ela concebeu gêmeos, Jacó e Esaú. A história segue dizendo as diferenças de Esaú e Jacó, Esaú era caçador e Jacó "morava em tendas", interessante que parecem Caim e Abel, de certa forma, às avessas, Abel criava os animais, Esaú os caça e mata, Caim era agricultor (justamente o ponto do castigo que Deus colocou sobre o homem "cultivar a terra", terreno) e Jacó parecia viver tranquilamente sobre a terra. O texto diz que ele "habitava em tendas", era tranquilo, mas tendas remete sempre a habitação provisória de estrangeiro, ele vivia como estrangeiro na terra.

59. Com essas diferenças Jacó acaba por conseguir o direito de primogenitura, que no caso era a terra, um dos sinais da aliança de Deus. Esaú que se deixou levar pela fome trocou o sinal da aliança por um prato de lentilhas vermelhas, por isso Esaú é conhecido como Edom (que significa vermelho), é o antepassado dos edomitas.

60. Isaac foi para Gerara, mesma cidade que ficou Abraão com Sara, e a história se repete, ele disse que Rebeca era sua irmã (o que novamente é uma meia verdade, logo uma meia mentira, ela era sua prima, o que na região era comum chamar de "irmão" os parentes, como Abraão chamou de irmão a Ló, que eram na verdade seu sobrinho). Como você deve imaginar o rei Abimelec, descobriu, mas dessa vez antes que alguém se interessasse por Rebeca. Isaac prosperou aí e transparece ser muito calmo, já que muitas coisas aconteceram por conta de poços que ele cavava e os filisteus tapavam. Os filisteus, segundo alguns, são descendentes de Casluim, um dos filhos de Mizraim, um patriarca egípcio, e neto de Cam (o filho mais novo e amaldiçoado de Noé); mas existe uma linha histórica que diz que vieram do Mar Egeu e que são parte dos "povos do Mar" que atacaram muitas vezes o Egito e que passaram a viver em Canãa. 

61. Depois Isaac foi a Bersabéia, lá falou com Deus e também Ele lhe promete uma descendência numerosa. Pela primeira vez o texto descreve Deus falando com Isaac.

62. Quando Esaú fez 40 anos tomou como esposas duas mulheres heteias, o que causou amargura aos seus pais.


63. Logo o texto segue dizendo que Rebeca ajudou Jacó a conseguir a benção do pai no lugar de Esaú. A principio parece um erro, uma coisa enganadora. Mas existe algumas diferenças entre os irmãos, Esaú desprezou o sinal da promessa, a terra, por um prato de lentilhas e se casou com mulheres heteias, sabendo que a sua própria mãe foi buscada para casar com o pai, ou seja casar-se com mulheres locais era sabidamente uma má escolha, além disso o texto diz que ele era "rude". Jacó era tranquilo "como homem que mora em tendas", Abraão morou em tendas, ele prezava pela promessa dada aos antepassados, se comportava como alheio aquele povo que o cercava. Somado a isso existe a revelação que Deus deu a Rebeca que o mais novo seria senhor do mais velho.

Pois o engenho deu certo e Jacó ganhou uma benção dupla "orvalho do céu", "fertilidade da terra", "trigo e vinho em abundancia", ser senhor de seus irmão e das nações, "maldito seja quem te amaldiçoar e bendito seja quem te abençoar". Uma benção bem celestial. E Esaú ganhou uma benção contrária terá uma casa "longe da terra fértil" e "o orvalho não descerá sobre ela", "viverá da espada" e servirá seu irmão.

64. Esaú descobriu que seu casamento desagrada os pais e foi tentar se retratar casando com a filha de Nabaiot, filho primogênito de Ismael, irmão de Isaac. Mas o ódio contra o irmão aumentava e tencionava matá-lo, assim o engenho de Rebeca para Jacó teve como paga o ódio de Esaú pelo irmão. Rebeca manda Jacó para a casa de seu irmão Labão, com medo que os filhos se matem.

65. Pois, que no caminho Jacó pára em Betel, lá passaram Abraão assim que chegou em Canaã e Isaac, quando falou com Deus (Betel é um lugar de adoração, esta na Samaria, Jesus fala sobre ele com a samaritana, mas esse lugar decaiu aos olhos de Deus, o profeta Samuel julgava o povo em Betel, mas 300 anos depois Oséias diz que ela cairá e a chama de Bet Áven, "casa do nada" ou "casa da vaidade", Deus não esta mais lá e 100 anos depois Samuel diz que Betel se tornou vergonha, isso por conta da vaidade e soberba do homem na vivencia de suas idolatrias)

66. Jacó faz um voto que se Deus estiver com ele e o proteger, ele servirá a Deus. E ele vai para Padã-Aram, lá encontra e se apaixona por Raquel, que era justamente a filha de Labão, irmão de Rebeca, sua mãe. E ele, como não tinha levado riqueza nenhuma, estava vivendo agora literalmente como estrangeiro, se oferece para trabalhar 7 anos por Raquel. Mas é enganado por Labão que dá a ele Lia, mas Jacó, que queria Raquel, se oferece trabalhar mais 7 anos por ela e enfim se casam. Jacó amava Raquel e desprezava Lia. Então começou uma disputa entre as irmãs.

67. Lia teve 6 filhos e uma menina chamada Dina (Deus a fez fértil pois era desprezada) e ela ainda deu a Jacó sua serva que gerou 2 filhos. Raquel era estéril, deu sua serva a Jacó, e ela deu à luz 2 filhos, depois Raquel concebeu José e Benjamim.

68. Jacó foge de Labão com as esposas e filhos, ele se tornou muito rico pois Deus fazia que seu rebanho aumentasse estando com Labão, mesmo este mudando muitas vezes qual era parte dele no rebanho.

69. Em Fanuel, que fica em Gallaad, acontece uma luta muito impressionante, Jacó luta com um homem até a aurora, ganha uma benção e seu nome é mudado para Israel. Durante a luta Jacó tem a coxa tocada pelo homem e então fica mancando. Fanuel significa "face de Deus", segundo os judeus é o quarto arcanjo junto com Gabriel, Miguel e Rafael, domina a hierarquia dos Tronos (Sedes de Deus), são o terceiro coro da primeira hierarquia celeste dos seres celestes, que chamamos anjos.


70. Depois desse encontro celestial, Jacó vê que seu irmão esta chegando. Manda presentes, eles se acertam, mas Jacó não vai morar com ele em Seir, o lugar onde Esaú se estabeleceu. Jacó foi para Siquém (aqui foi o primeiro altar que Abraão fez para Deus quando chegou em Canaã, fica também na Samaria, a oriente de Betel, estava na região que hoje chamamos Cisjordânia).

71. A cidade tinha o nome de seu príncipe, Siquém, que se apaixonou por Dina, filha de Jacó e Lia e a estuprou. Os irmãos dela Simeão e Levi fizeram um engenho, fazendo com que todos acreditassem que o príncipe poderia se casar com Dina se todos fossem circuncidados, quando a cidade estava convalescendo os irmãos mataram todos, dizendo "por acaso nossa irmã pode ser tratada como prostituta?". Jacó parece não ter gostado, mas guardou silêncio.

72. Jacó foi morar em Betel, o lugar em que havia feito um voto a Deus. Deus fala com ele, lhe fala sobre a mudança do nome para Israel novamente e lhe faz o mesmo mandamento que fez a Adão e a Noé "seja fecundo e multiplique-se" e refaz a promessa da terra.

73. Raquel estava grávida e deu a luz Benjamim, faltando pouco para chegar em Éfrata e faleceu. Éfrata é Belém e Raquel foi enterrada lá. Depois disso Rúben, filho de Lia, dormiu com a serva de Rebeca e concubina do pai, Jacó ficou sabendo, mas guardou silêncio.

Assim em resumo Ruben, Simeão e Levi - filhos de Lia - fazem umas coisas bem erradinhas (embora algumas justificadas, como o caso da irmã deles, Dina) e Jacó guarda silêncio.

74. O texto segue falando dos 12 irmãos e que José era o predileto de Jacó. Os irmãos ficam com inveja, pois José tem sonhos estranhos e que demonstram que ele será maior que os irmãos, estes então resolvem matá-lo, mas Rúben diz que deviam jogá-lo no poço, queria depois resgatá-lo e devolvê-lo ao pai, mas Judá dá idéia de vendê-lo aos ismaelitas (que são os descendentes de Ismael, filho mais velho de Abraão), mas no fim ele é jogado no poço e retirado por madianitas (descentes de Madiã um dos filhos de Abraão com sua segunda esposa Cetura). José foi vendido por esses aos ismaelitas que o venderam a Putifar, o ministro chefe da guarda do Faraó. Rúben voltou ao poço e viu que José não estava mais lá e então ele e os irmãos pegaram a túnica de José colocaram sangue de bode e mostraram a Isaac, que chorou e fez um luto muito longo.

75. A narrativa é cortada para falar de um outro filho de Isaac, Judá. Um dos filhos mais novos de Jacó (que é Isaac) e Lia, Judá tomou como mulher uma cananeia (parece que Jacó não tinha intenção de voltar a Padã Arã para buscar noivas para os filhos) e concebeu três filhos. O mais velho Her se casou com Tamar, mas faleceu pois desagradou a Deus. Então cabia a Onã casar e amparar a viúva e gerar filhos para o irmão, e assim fez, mas jogava o sêmem fora, para não gerar filhos, Deus não gostou disso e abreviou os dias de Onã (por isso o ato pecaminoso do "couto interrompido" é pecado mortal e se chama onanismo). Tamar então ficou viúva, aguardando que Sela, o filho mais novo, tivesse idade para se casar com ela. Ela ficou morando em Tamna. Mas Judá resolve não dar o filho mais novo em casamento, por medo que ele morresse. Quando Judá foi a Tamna, Tamar viu que Sela estava já em idade de casar e não lhe fora dado, então ficou na porta da cidade, Judá a tomou como uma prostituta e combinou com ela o pagamento deixando com ela seu anel de selo e um cajado (ambos sinais de poder administrativo, Judá ao que parece era importante entre os da casa de Israel), até que ele lhe enviasse um cabrito. Depois ele mandou levar o cabrito, mas ela não estava lá. Nisso foi parar no ouvido dele a história que Tamar, a viúva de seus filhos, estava grávida, ele ia apedrejá-la, mas ela mostrou o selo e o cajado e então ele acabou dizendo que ela era mais honesta que ele. Tamar então teve gêmeos com Judá! Farés e Zara.

76. A história então, volta para José, que esta com Putifar que vê tudo em sua vida prosperar pelas mãos de José e o torna administrador da casa, mas o chefe da guarda tem uma esposa muito "dada" que se joga pra cima de José, ele saiu em fuga, mas Putifar é enganado pela esposa que diz ser José um abusador, então ele manda prender José. Na prisão, José ganha a simpatia do carcereiro e se torna administrador de tudo na prisão. Nesse meio tempo, foram presos dois funcionários do palácio, e eles tiveram sonhos, José interpretou os sonhos e disse que se lembrassem dele diante do faraó. Nada aconteceu, passou dois anos o Faraó teve um sonho que ninguém conseguia interpretar, então o funcionário lembrou de José. Ele foi chamado, interpretou o sonho como sete anos de fartura e sete de seca, já foi falando que precisam estocar a quinta parte dos rendimentos e que o faraó deveria colocar alguém capacitado. O faraó escolhe o próprio José e ele ganha o mesmo poder do faraó, era como se fosse o próprio faraó, ele ganha um anel de selo. 

77. Feito o que José aconselhou durante os sete anos de fartura, chegou a seca e o Egito era o único lugar que havia mantimentos. Jacó manda que seus filhos desçam para comprar comida e fica com Benjamim. Chegando lá José os reconhece, os prende, depois os solta com seus mantimentos e o dinheiro que haviam dado como pagamento, mas quer que tragam Benjamim e para isso fica com Simeão. Os irmãos contam tudo a Jacó e o deixam desgostoso, nessa altura acontece algo interessante, Rubén o mais velho diz que se responsabiliza por Benjamim e que pode matar seus meninos se Benjamim não voltar, Jacó parece não dar atenção, mas quando Judá diz que trará Benjamim novamente e que se não fizer será pra sempre culpado diante do pai, Jacó permite. Então Judá se torna responsável por proteger Benjamim. O filho mais velho, mas não o primogênito, protege o mais novo.

78. E realmente foi necessário, assim que chegaram ao Egito, foram recebidos com um banquete por José, que chora escondido, mas logo diz que quer ficar com Benjamim e os outros podem ir embora. Judá explica que se comprometeu a proteger o irmão mais novo e que haviam perdido um irmão, José se emociona e diz quem é, os irmãos ficam embasbacados, tanto que ficam calados durante todo o período que José conta sua história, por fim José manda buscar Jacó. Este fica muito feliz e vai com todos para o Egito. Lá fica em Gessen, terra de pastagem. E a casa ficou conhecida como casa de pastores.

79. A partir daí a narrativa toma a disposição de testamento e Jacó passa a dar suas bênçãos. Primeiro ponto interessante é que ele começa pelos filhos de José, Efraim e Manassés, ele diz que os toma como seus filhos no lugar de Rubén e Simeão (parece que ele não se esqueceu do episódio que Rubén dormiu com sua concubina e que Simeão dizimou uma cidade toda) durante a benção Jacó propositadamente faz a benção do caçula maior que a do primogênito. E a benção de Jacó foi que se tornassem numerosos para que neles sobreviva os nomes de Abraão e Isaac e faz dos seus nomes sinal de benção, "Israel servirá de vocês para abençoar dizendo que Deus torne você como Efraim e Manassés" (e de fato Efraim e Manassés se tornaram as duas das tribos mais númerosas de Israel, junto com Judá).

80. Depois Jacó mandou chamar seus filhos, os doze, e os abençoou, outro fato importante: ele deu benção a todos, embora com diferenças, deu benção tanto aos nascidos de Lia, quanto de Raquel e também aos filhos das servas. Isso não era usual, normalmente a benção era somente do primogênito, junto com 50% das terras, os outros 50% eram divididos entre os outros irmãos. Jacó não faz isso. As bênçãos são em si constatações e profecias, mas as mais importantes, no momento, são:

GÊNESIS| Projeto Lendo a Blíblia

Rúben perdeu a primogenitura por ter se deitado com a concubina do pai, mesmo sendo forte e o primeiro em poder dentre os irmãos (a hipótese de Jacó não ter se esquecido foi confirmada);

Simeão e Levi perderam o direito de aconselhar, que é justamente o que os filhos mais próximos do primogênito fazem, justamente por terem dizimado uma cidade toda pela espada (hipótese dois confirmada). Jacó diz que serão divididos em Israel (de fato a tribo de Simeão foi sumindo e Levi, embora se tornasse, depois, um povo de sacerdotes escolhidos por Deus, viviam espalhados pelas outras tribos).

Judá ganhou a primazia, "diante de você se dobrarão os filhos de seu pai" e os inimigos (observação do selo e cajado, confirmada) além disso Jacó diz "o cetro não se afastará de Judá", "amarra o jumentinho numa videira", "lava sua roupa no vinho e seu manto no sangue de uvas".

José ganha uma benção bem grande e é chamado de "o consagrado entre os irmãos", Jacó descreve mostrando que ele é guiado por Deus e que muitas bênçãos do céu e do mar devem cair sobre a sua cabeça.

Todos receberam bênçãos, os outros possuem descrições dos lugares que herdarão na terra prometida.

Jacó foi enterrado em Macpela e Lia com ele. Interessante notar que o príncipe entre os irmãos é Judá filho de Lia, a desprezada e que foi ela a enterrada com Jacó, enquanto Raquel foi enterrada em Belém. De Judá, filho de Lia, saiu o Salvador que nasceu em Belém, lugar onde esta enterrada Raquel, a amada, mãe de José que salvou a família no Egito depois de ser desprezado pelos irmãos.

O texto termina com a morte de José que é embalsamado e antes de sua morte fez com que prometessem levar seus restos mortais para Canaã.

Para te ajudar a entender as gerações:


GÊNESIS| Projeto Lendo a Blíblia


As pesquisas relatas neste pequeno estudo foram feitos de forma independente durante a leitura por Ana Paula Barros. Primeiro estudo publicado em 05 de setembro de 2017, revisado e republicado em 28 de janeiro de 2021. 


Para completar seu estudo leia o ensino de São Tomás, o Doutor dos Doutores, sobre o Gênesis (aqui)



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Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

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