instagram
  • Home
  • Projetos Preceptora: Educação Católica
  • Cursos Educa-te
  • Login Educa-te

Salus in Caritate

Cultura Católica


Visão Geral I e II Crônicas





Introdução

Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui. 

Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 


Crônicas


Os dois Livros de Crônicas, geralmente chamados de I Crônicas e II Crônicas, são livros do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Eles geralmente aparecem depois dos dois Livros de Reis e antes do Livro de Esdras, concluindo a seção conhecida como "livros históricos do Antigo Testamento", também conhecida como "história deuteronômica".

Na Bíblia hebraica, os livros de Crônicas aparecem num único livro, chamado "Diḇrê Hayyāmîm" (em hebraico: דִּבְרֵי־הַיָּמִים, "O Assunto dos Dias") e é o livro final do Ketuvim, a terceira e última parte do Tanakh (Biblia hebraica), depois do Torah e do Nevi'im. 

As Crônicas foram divididas em dois livros na Septuaginta, a tradução da Bíblia para o grego koiné realizada no século II a.C., chamados I e II Paralipoménōn (Παραλειπομένων, "coisas deixadas de lado") ou Paralipômenos. O nome em português deriva do nome em latim destes livros, "chronikon", que foi dado por São Jerônimo em sua tradução no século V.

Crônicas apresenta a narrativa bíblica começando no primeiro ser humano, Adão, e atravessando a história de Judá e Israel até a proclamação do rei persa Ciro, o Grande (540 a.C.) libertando os israelitas do cativeiro na Babilônia.

Os últimos eventos em Crônicas ocorrem durante o reinado de Ciro, o Grande, o rei persa que conquistou o Império Neobabilônico em 539 a.C., a data mais antiga possível para a composição da obra. É provável que ela tenha sido escrita entre 400 e 250 a.C., mais provavelmente entre 350 e 300 a.C.. A última pessoa mencionada em Crônicas é Anani, um descendente da oitava geração do rei Joaquim segundo o texto massorético (é uma família de manuscritos com o texto hebraico da Bíblia utilizado com a versão padrão da Tanakh ). O nascimento de Anani provavelmente ocorreu em algum momento entre 425 e 400 a.C. A Septuaginta apresenta mais cinco gerações na genealogia de Anani. Para os estudiosos que preferem esta leitura, a provável data de nascimento de Anani seria um século depois.


Crônicas parece ter sido majoritariamente obra de um único indivíduo, com algumas poucas adições e edições posteriores. O autor era provavelmente um levita (sacerdote no templo) e provavelmente oriundo de Jerusalém. Ele era erudito, um editor habilidoso e um sofisticado teólogo. Sua intenção era usar o passado de Israel para passar mensagens religiosas aos seus pares, a elite política letrada de Jerusalém na época do Império Persa.


As tradições judaica e cristã identificam o autor como sendo Esdras, uma figura do século V a.C. que emprestou seu nome ao Livro de Esdras. Acredita-se que ele seja o autor de Crônicas e de Esdras-Neemias, mas a crítica textual posterior abandonou esta tese e passou a chamar o autor anônimo de "Cronista". Uma das mais notáveis características de Crônicas, apesar de inconclusiva, é que sua sentença final é repetida na abertura de Esdras-Neemias. Na segunda metade do século XX houve uma radical reavaliação e muitos estudiosos atualmente consideram improvável que o autor de Crônicas seja também o autor das porções narrativas de Esdras-Neemias.


O cronista retrata a grande esperança profética de que a cidade e o templo seriam reconstruídos. Deus iria habitar entre o Seu povo, o Rei Messiânico viria e todas as nações viriam habitar debaixo de seu governo de paz, mas nada disso aconteceu.

O cronista usa sabiamente as histórias dos reis judeus, principalmente o rei Davi, para evidenciar a sua esperança. 

Para isso o autor expõem dois temas de forma clara: 

1-  a esperança da vinda do Rei Messiânico, 
2-  a esperança de um novo templo.


1ª Crônicas começa com 9 capítulos de genealogia, uma longa lista de nomes. Eles são muito importantes. O autor está sumarizando todo o enredo do Antigo Testamento, nomeando todos os personagens principais na história. E ao fazer isso, ele modela as genealogias para enfatizar duas linhas principais:

1- é a linhagem do prometido Rei Messiânico: bastante espaço é dedicado para traçar a linhagem de Judá, que vai até o Rei Davi, a quem foi dado a promessa messiânica e de Davi, o autor traça a linhagem até os seus próprios dias.


2-  outra linhagem familiar que recebe bastante atenção aqui é a dos sacerdotes: os descendentes de Arão, que serviam no templo


Portanto o autor mostra a sua esperança do autor na vinda do Messias, que virá construir um novo templo. E essa esperança está enraizada nessas antigas genealogias.


Depois disso, o autor fala das histórias sobre o rei Davi, e a maioria delas será familiar pois já as lemos no livro de Samuel, mas novamente, há diferenças bem importantes.


Primeiramente, o autor deixa de lado todas as histórias negativas sobre o rei Davi, ou seja, suas fraquezas morais. Portanto, Saul perseguindo Davi no deserto, a história do adultério de Davi com Betsabá, assassinando o seu marido, não são contados. São relatas as histórias do rei Davi herói. 


E não apenas isso, também há um novo material adicional que você não irá achar no livro de Samuel
que mostra Davi de forma bem positiva: o rei Davi faz preparativos para o templo, junta recursos, trabalhadores, levitas, corais... O autor retrata o rei Davi como uma figura similar a Moisés. Deus dá a Davi planos para construir o templo, assim como deu planos para Moisés construir o tabernáculo. 

O autor não está tentando esconder as falhas de Davi, ele sabe que qualquer um pode ler sobre elas no livro de Samuel. Ao invés disso, ele está tentando retratar Davi como o rei ideal, com o intuito de fazer uma imagem, uma pré- figuração do futuro messias da linhagem de Davi. Lembra a forma como Jeremias ou Ezequiel falaram sobre o vindouro messias, como um novo Davi.

Isso fica mais claro quando o autor reconta a história das promessas da aliança de Deus para Davi. Se compararmos 1ª Crônicas 17 com  2ª Samuel 7 vemos que o cronista está destacando que nem Davi, Salomão ou qualquer rei de sua linhagem, eram o Rei Messiânico. E que quando o Messias vier, Ele será um rei como Davi.

Então, a história do Davi do passado são o que sustentam sua esperança para o futuro. Depois que Davi morre, nós lemos 2ª Crônicas, que foca nos reis que viveram em Jerusalém. 

E novamente, existem várias sobreposições com 1ª e 2ª Reis, mas muitas diferenças. O autor deixou de fora todas as histórias sobre os reis do norte de Israel para focar apenas na linhagem de Davi. Ele destaca os reis que foram obedientes a Deus e ele adiciona novas histórias sobre como a obediência deles levou ao sucesso e as bênçãos de Deus. Mas ele também adiciona novas histórias sobre os reis que foram infiéis a Deus, eles não seguiram a Torah, levaram Israel a adorar outros deuses e esses reis enfrentaram consequências terríveis, todas levando ao exílio de Israel. Uma desgraça que eles mesmo causaram.

Toda essa seção se torna uma série de estudos de caráter onde o autor quer que as futuras gerações de israelitas aprendam com a história do passado.  E então, se tornem fiéis ao Deus deles e a Torah.

A conclusão do livro também é bem única. No final do livro, o rei dos persas, Ciro, diz aos israelitas que eles podem voltar para casa, retornar do exílio, reconstruir a cidade e o templo.

E ele diz, no último verso do livro: "Quem há entre vós, de todo o seu povo, o Senhor seu Deus seja com ele, e suba...". Deus usa Ciro para cumprir as promessas que fez. 

O livro de Crônicas, o último livro das escrituras judaicas, termina apontando para frente. Ele chama o povo de Deus para olhar para trás para que possam olhar para frente. Porque o passado se tornou a fonte de esperança para o futuro. É uma história em busca de um final. 


 Devocional | Calendário de Leitura Bíblica | Plano de Vida Espiritual | Cursos 

Clube de Leitura Conjunta | Salus in Caritate Podcasts





Visão Geral Livro I Samuel








Introdução

Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui. 


Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 



Resumo



O livro de Samuel estão separados em dois livros na nossa Bíblia moderna, mas essa divisão se dá apenas pelo tamanho do original. O livro foi originalmente escrito como uma única história. I Samuel é um dos Livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia, sendo apresentado depois do Livro de Rute e antes de II Samuel. Originalmente, era um único livro na Bíblia Hebraica (a Tanakh), não estando separado no cânone da Bíblia hebraica original de seu consecutivo. Junto com II Samuel abrange um período de aproximadamente 140 anos (cerca de 1180 a 1040 a.C.).


Após Israel ter sido libertada da escravidão no Egito, eles fizeram um pacto com Deus no Monte Sinai
e depois de muita coisa chegaram, finalmente, na terra prometida. Lá, Israel supostamente deveria ser fiel a Deus e obedecer os mandamentos da aliança... mas nós vimos que não foi bem assim.


Antes do livro de Samuel, os juízes mostraram como Israel tinha falhado enormemente nessa tarefa, como vimos. Foi um período de caos moral, que nos mostrou o quanto Israel necessitava de líderes fiéis e sábios. Depois vimos, na história de Rute, que mesmo em meio ao caos haviam pessoas boas em Israel e ainda mais, que Deus estava já preparando uma linhagem que iria liderar Israel. O livro de Samuel provê uma resposta para a necessidade do povo de liderança e expõem o trabalho feito pelo Senhor nas gerações anteriores para gerar um rei de seu agrado, agora e depois com Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Mas vamos falar do livro de Samuel. 

A história do livro de Samuel foca em 3 personagens principais: 

1- o profeta Samuel, de onde o livro recebe seu nome, 
2- depois o Rei Saul, 
3-e depois disso, o Rei Davi

E  os três levam Israel de um grupo de tribos governada por juízes a um reino unificado governado pelo Rei Davi em Jerusalém. 


Samuel era o principal líder e profeta na 1ª parte do livro mas ele também tem um papel-chave na próxima parte na qual a história de Saul é contada em dois momentos: a ascensão de Saul ao poder e também suas falhas. A 2ª parte é sobre sua queda e sua trágica morte. E a triste morte de Saul coincide com a ascensão de Davi ao poder. A história de Davi também é contada em dois momentos: ele teve um ótimo período de sucesso, seguido de sua trágica falha pessoal e a lenta auto-destruição de sua família e seu reino. 


Primeira Parte

A primeira parte começa a partir do caos do livro de Juízes e nós somos introduzidos à tocante história de uma mulher chamada Ana e ela está de luto porque ela nunca pôde ter um filho, pela graça de Deus ela finalmente tem um filho chamado Samuel. 

Alegremente ela canta um poema no capítulo 2. Esse poema é sobre como Deus se opõem aos orgulhosos e exalta os humildes sobre como, apesar das tragédias e da maldade humana, Deus está trabalhando na história e também sobre como, um dia, Deus irá levantar um rei ungido para o Seu povo. O poema de Ana foi colocado aqui no início do livro para introduzir esses temas chaves que nós iremos ver através de toda a história. 

Samuel cresceu e se tornou um grande profeta e líder do povo de Israel e ao mesmo tempo que os Filisteus ascenderam ao poder como arqui-inimigos de Israel. Nessa batalha crucial, os Israelitas ficam arrogantes e ao invés de orar e pedir a Deus por ajuda, eles trazem a Arca da Aliança como esse troféu mágico que iria automaticamente garantir a vitória deles e por causa dessa presunção arrogante Deus permite que Israel perca a batalha e a Arca seja roubada (!). 

Os Filisteus pegam a Arca e a colocam no templo do deus deles, Dagon; mas o Deus de Israel derrota os Filisteus e seu deus Dagon sem nenhum exército, mas enviando pragas nos filisteus. 

Os Filisteus desistem de ficar com a arca, obviamente, e a enviam de volta a Israel. 

O ponto central dessa pequena história parece ser esse: Deus não é o troféu de Israel e Ele se opõe ao orgulho somente entre os filisteus mas também entre Seu próprio povo. Israel necessita se manter humilde e obediente se eles quiserem experimentar as bênçãos da aliança de Deus que é o que abre essa nossa próxima grande seção. 


Segunda Parte

Os Israelitas vêm até Samuel e eles dizem "queremos um Rei do mesmo jeito que todas as outras nações." . Samuel fica um pouco irritado e vai consultar o Senhor. E Deus diz que os motivos de Israel estão todos errados mas se é um rei que eles querem, dê-lhes um. 

Então somos introduzidos a figura de Saul. 

Saul é uma figura trágica porque ele começa cheio de promessas, é alto, bonito. É o candidato perfeito para ser rei, mas ele tem grandes falhas de caráter: é desonesto, possui falta de integridade e aparenta ser incapaz de reconhecer seus próprios erros e essas falhas se tornam sua ruína. Devemos lembrar que ele era bejaminita e se você se lembrar bem Benjamim foi a tribo que causou aquele ato horroroso à mulher do levita no final do livro de Juízes. 


Saul ganha algumas batalhas no começo, mas suas falhas se tornam tão profundas que eventualmente ele mesmo se desqualifica por desobedecer várias vezes os mandamentos de Deus. Então um Samuel já idoso confronta Saul e Israel, ele havia avisado ao povo que eles só se beneficiariam se o rei fosse humilde e fiel a Deus do contrário, os reis de Israel iriam levá-los a sua ruína. Samuel então informa Saul que Deus irá levantar um novo rei que irá reinar em seu lugar. A queda de Saul começa ao mesmo tempo que Deus está trabalhando para levantar um novo rei. 


O novo ungido é um insignificante pastor de ovelhas chamado Davi, ele era o candidato menos provável para ser rei mas a famosa história de Davi e Golias mostra que a escolha de Deus por Davi não é baseado no status da sua família mas simplesmente na sua confiança radical e humilde no Deus de Israel, como vemos em suas respostas a Golias. 


Essa história une todos os temas do poema de Ana: os orgulhosos Saul e Golias são humilhados enquanto o humilde Davi é exaltado. E o poema mostra, por sua vez, a Providência do Senhor na história humana e apesar da fraqueza humana. 



Terceira Parte

A partir daqui nós vemos o rei Saul vagarosamente caindo em loucura enquanto Davi ascende ao poder. Davi começa a trabalhar para Saul como um general, ganha todas as batalhas e toda a fama. Saul fica com inveja e começa a perseguir Davi, caçando-o e tentando matá-lo. 

Davi não havia feito nada de errado e simplesmente foge e aguarda no deserto. Aqui nós vemos o verdadeiro caráter de Davi, ele teve inúmeras oportunidades de matar Saul mas ele não o faz, ele simplesmente acredita que, apesar do mal de Saul, Deus irá levantar um rei para o Seu povo. 

O que é interessante é que grande parte dos poemas de Davi que encontramos no livro dos Salmos estão conectados a esse período de sua vida (como lemos durante a leitura deste livro) e eles todos expressam a mesma atitude de confiança. 

Essa parte do livro termina com Saul sofrendo uma morte macabra após perder uma batalha para os Filisteus. 


1º Samuel nos conta uma das histórias mais complexas e bem contadas que encontraremos na Bíblia
e os personagens de Saul e Davi são retratados de uma maneira bem realística. O autor os destaca de pontos importantes nos próprios personagens. É crucial que façamos uma reflexão nas nossas próprias falhas de caráter e como elas nos machucam e machucam outras pessoas e com a ajuda de Deus, nós precisamos nos humilhar e tratar esse nosso lado sombrio para que a história de Saul não se torne a nossa história. Muitas promessas, mas nada concreto por se esquecer de Deus. 


Davi, por outro lado, é apresentado como um exemplo de paciência e confiança no tempo de Deus em nossas vidas. Enquanto ele corria pelo deserto, sendo perseguido por Saul, Davi tinha todas as razões para pensar que Deus o havia abandonado mas não é isso que ele pensa, como vemos nos salmos. 


A história de Davi nos encoraja a confiar que apesar da maldade humana, Deus está trabalhando em Seus Planos Perfeitos para se opor ao orgulhoso e exaltar os humildes e é sobre isso que é o livro de 1º Samuel.


Observações adicionais: 


Êxtases de Saul e Davi


Sobre os profetas no capítulo 10 de I Samuel: "esses profetas, que viviam em grupos, buscavam na música e na gesticulação um êxtase que se tornava contagiante (19, 20-24; IRs 22, 10s). Comparam-se a eles as confrarias de dervixes modernos. Os vizinhos de Israel (que faziam culto a baal) conheciam essa forma inferior de vida religiosa, que o culto de Iahweh tolerou por muito tempo (I Rs 18, 4). Reencontramo-los, calmos, no grupo que seguia Eliseu (2 Rs 2, 3s). Os grandes profetas de Israel serão de outro tipo.". Bíblia Jerusalém. 



A Desobediência em I Samuel



No capítulo 14, durante a batalha Jonatas desobedeceu a ordem do pai, Saul, que ninguém deveria comer até o fim da batalha. Veja bem, Jonatas, não sabia, mas mesmo assim Deus disse que havia tirado a vitória de Israel por conta da desobediência de Jonatas à ordem do pai. Observe que o povo, logo depois, comeu carne com sangue, carne meio crua, depois da batalha. O texto parece destacar que a desobediência do príncipe a ordem do rei, gerou um incentivo ao povo desobedecer a Deus (seu Pai) e menosprezar o mandamento. 


O fato é que Jonatas, ao saber da ordem do pai, menosprezou a sua ordem em frente a um soldado. 


No capítulo 15 é a vez de Saul desobedecer solenemente a Deus, ele resolve que pode melhorar as ordens do Senhor, por medo do povo na verdade e faz três atos que demonstram a corrupção de seu coração:

1- separa o pior para Deus como anátema, que é a oferta feita a Deus de todo o despojo adquirido com a vitória. E o melhor colocaram como sacrifício. Mas isso não é o que Deus mandou fazer. Mas a falta de Saul está em querer agradar o povo e não a Deus.

2- Saul faz um auto endeusamento, fez um monumento para si em Carmel. 

3- Ele mudou o que Deus ordenou e ainda enfeitou a desobediência. 


E Deus o rejeita, ele não é mais rei. 



 Devocional | Calendário de Leitura Bíblica 2020 | Plano de Vida Espiritual | Cursos 


Clube de Leitura Conjunta 2020 | Salus in Caritate Podcasts






 








Devocional: Diferença entre o Dom da Fortaleza e a Virtude da Fortaleza

Textos anteriores Devocional aqui


O dom da fortaleza corresponde à virtude de mesmo nome. 

Ambos tem como centro o temor e, de certo modo, a audácia. 

Porém, o temor e a audácia que a virtude da fortaleza modera dizem respeito aos perigos que o homem pode com suas forças afastar, já o temor e a confiança, que o dom da fortaleza excita, consideram os males e os perigos que de maneira alguma podem evitar-se; tal é por exemplo a dolorosa separação que a morte impõem entre o homem e os bens da vida presente, que só pode ser afastada pela espera confiante na vida eterna. O dom da fortaleza nos leva a trocar as misérias do temporal pela vida eterna, excitando um temor confiante diante da morte. 

A  ação própria e exclusiva do Espírito Santo é dar a vida eterna em troca das misérias da temporal, apesar de todos os inconvenientes e dificuldades que se interpunham, inclusive a morte. A Ele, por conseguinte, incumbe infundir no homem desejos desta troca e permuta, inspirando-lhe tal confiança que o faça desprezar os maiores perigos e, de certo modo, desafiar a morte, não para sucumbir na luta, senão para obter o triunfo definitivo sobre ela. Este é o efeito do dom de fortaleza e, se quisermos declarar qual o seu objeto próprio, poderemos dizer que é a vitória sobre a morte. 


Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás


Eu te amo, ó Senhor, minha força. O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza
e o meu libertador;
o meu Deus é o meu rochedo,
em quem me refugio.
Ele é o meu escudo e o poder que me salva,
a minha torre alta.
Salmos 18, 1-2



Espírito Santo, concedei-me o dom da fortaleza, para que eu fuja do pecado, pratique a virtude com santo fervor e afronte com paciência, e mesmo com alegria de espírito, o desprezo, o prejuízo, as perseguições e a própria morte, antes de renegar por palavras e obras a Cristo.



 Devocional | Calendário de Leitura Bíblica | Plano de Vida Espiritual | Cursos 
Clube de Leitura Conjunta | Salus in Caritate Podcast 


Devocional Da Virtude da Perseverança e seus vícios opostos (a moleza, o desânimo e a pertinácia)
Pintor: Johann Georg Meyer von Bremen


O fim da perseverança não é entrar em reação contra a tristeza (que é tratada pela virtude da longanimidade), mas sim contra a fadiga (portanto se une a virtude da constância) que nos assalta, em determinadas ocasiões, na prolongada prática da virtude. 


Ou seja, depois de algum tempo vivenciando o caminho virtuoso pode ocorrer um fadiga, este momento é o grande teste virtuoso, nele sabemos se temos constância e perseverança, essa é a hora da coragem. 


Buscar ser virtuoso é um empreendimento que encontra seu alimento para a jornada na virtude da perseverança. Quando a fé é provada produz perseverança (Tiago 1,3)


Assim o vícios opostos a virtude da temperança são:

- a moleza ou desânimo que faz perder o ânimo e desistir das empresas diante das dificuldades e fadigas que se preveem;

- a pertinácia que o vício de não ceder caso isso seja útil e razoável. 


Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás


"E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos." (Gálatas 6, 9)

Senhor Deus de Bondade, venho diante de ti para agradecer todo o bem que realizas na minha vida. Muito obrigado pelo ar que respiro, pelo alimento à minha mesa, pelas pessoas que amo. Muito obrigado pela força e coragem que me concedes todos os dias. Eu te peço, Senhor, a graça da perseverança em todas as situações, especialmente naquelas mais difíceis, que exigem de mim paciência, confiança e firmeza. Sei que nunca estarei só e que sempre posso contar com teu dedicado auxílio. Dá-me superar o medo e a insegurança e que eu possa, com a tua graça, oferecer apoio a todos aqueles que de mim se aproximarem pedindo auxílio. Tudo isso eu te peço por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém



Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu. (Romanos 5, 3-5)



Que o próprio Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança pela graça, deem ânimo ao coração de vocês e os fortaleçam para fazerem sempre o bem, tanto em atos como em palavras. (2 Tessalonicenses 2, 16-17)



Todos odiarão vocês por minha causa; mas aquele que perseverar até o fim será salvo. (Marcos 13,13)


Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. (2 Timóteo 3, 14)





Papa Emérito Bento XVI fala sobre Meditação


Primeira publicação 05 setembro de 2016
Revisão 17 de março de 2021


Abaixo segue fragmentos da carta do Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Emérito, sobre a prática da meditação. Os grifos e links são acréscimos que fiz para enriquecer o conteúdo. 

Como sempre de forma clara e cuidadosa ele aborda a posição da Igreja mediante a meditação e esclarece algumas questões. Posição esta que é sempre a base da ação do Salus in Caritate.


“Para progredir na vida cristã, faça sempre exercícios espirituais.
Pois os exercícios físicos têm alguma utilidade, mas o exercício espiritual tem valor para tudo porque o seu resultado é a vida, tanto agora como no futuro.”
(1 Timóteo 4:7b,8)



CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

CARTA AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
ACERCA DE ALGUNS ASPECTOS DA MEDITAÇÃO CRISTÃ

(15 de Outubro de 1989)

(Carta Completa no site oficial do Vaticano, aqui)

[Excertos]
… É à Igreja que a oração de Jesus é entregue («assim vós deveis rezar», Mt. 6, 9), e por isso a oração cristã, mesmo quando se realiza em solidão, possui na realidade o seu ser no interior daquela «comunhão dos santos», na qual e com a qual se reza, tanto em forma pública e litúrgica como em forma privada.
… Contra o extravio da pseudo-gnose, os Padres afirmam que a matéria foi criada por Deus e por isso não é má. Além disso, asseveram que a graça, cujo manancial é sempre o Espírito Santo, não é um bem próprio da alma, mas deve ser obtida de Deus como dom. Por isso, a iluminação ou conhecimento superior do Espírito («gnose») não torna supérflua a fé cristã. Por último, para os Santos Padres, o sinal autêntico dum conhecimento superior, fruto da oração, é sempre a caridade cristã.
… Com a atual difusão dos métodos orientais de oração no mundo cristão e nas comunidades eclesiais, encontramo-nos de frente a um acentuado renovar-se da tentativa, não isenta de riscos e erros, de fundir a meditação cristã com a não cristã. As propostas nesta direção são numerosas e mais ou menos radicais: algumas utilizam os métodos orientais somente com a finalidade duma preparação psicofísica em vista duma contemplação realmente cristã; outras vão mais além e procuram produzir, com técnicas diversas, experiências espirituais análogas àquelas de que se fala nos escritos de certos místicos católicos; outras ainda não receiam colocar o absoluto sem imagens e conceitos, próprio da teoria budista, no mesmo plano da majestade de Deus revelada em Cristo, a qual transcende toda a realidade finita (mais sobre aqui). Nesse sentido, servem-se duma espécie de «teologia negativa» que supera qualquer afirmação dotada de conteúdo a propósito de Deus, negando que as coisas do mundo possam ser vistas como um vestígio que reenvia para a sua Infinidade. Por esta razão, propõem que se abandone não somente a meditação das obras salvadoras realizadas na história pelo Deus da Antiga e da Nova Aliança, mas também a ideia mesma de Deus Uno e Trino, que é amor, em favor duma imersão «no abismo indeterminado da divindade». 
… Para encontrar a reta «via» da oração, o cristão deverá ter presente o que se disse precedentemente a propósito dos traços salientes da via de Cristo, cujo «alimento é fazer a vontade d’Aquele que O enviou e consumar a sua obra» (Jo 4, 34). Jesus não vive uma união mais íntima e mais estreita com o Pai, do que esta, que, para Ele, se traduz continuamente numa oração profunda. A vontade do Pai envia-O aos homens, aos pecadores; mais: aos seus assassinos; e Ele não pode estar mais intimamente unido ao Pai do que obedecendo à sua vontade (como exemplo de uma forma de exercícios segura temos os Exercícios Inacianos, quando bem aplicados, e também os Exercícios de Santa Gertrudes de Helfta, aqui)
… Dentre tais «fragmentos» deve-se nomear, em primeiro lugar, a aceitação humilde dum mestre experimentado na vida de oração e das suas diretrizes; deste aspecto sempre se teve consciência na experiência cristã desde os tempos antigos, em particular desde a época dos Padres do deserto. 
A tardia era clássica não cristã distinguia, de bom grado, três estádios na vida de perfeição: as vias da purificação, da iluminação e da união. Tal doutrina serviu de modelo para muitas escolas de espiritualidade cristã. O esquema, em si válido, carece todavia de alguns esclarecimentos que permitam uma sua correta interpretação cristã, evitando perigosos equívocos.
A procura de Deus através da oração deve ser precedida e acompanhada pela ascese e pela purificação dos próprios pecados e erros, porque, segundo a palavra de Jesus, somente «os puros de coração verão a Deus» (Mt 5, 8)… (ver o exemplo das meditações de Dom Bosco, aqui). Não são as paixões enquanto tais que são negativas (como pensavam os estóicos e os neoplatônicos): mas a sua tendência egoísta. É dela que o cristão se deve libertar, para chegar àquele estado de liberdade positiva que a era clássica cristã chamava «apátheia», a Idade Média «impassibilitas», e os Exercícios Espirituais de Santo Inácio «indiferencia». 
… No caminho da vida cristã, à purificação segue a iluminação mediante o amor que o Pai nos dá no Filho e a unção que d’Ele recebemos no Espírito Santo (cfr. 1 Jo 2,20). Desde a antiguidade cristã, fala-se da «iluminação», recebida no Batismo. É ela que introduz os fiéis, iniciados nos divinos mistérios, no conhecimento de Cristo, mediante a fé que age por meio da caridade.
… O cristão orante pode finalmente chegar, se Deus o quer, a uma experiência particular de união. Os sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia, constituem o início objetivo da união do cristão com Deus. Por intermédio duma especial graça do Espírito, o orante pode ser chamado, sobre este fundamento, àquele tipo peculiar de união com Deus que, no ambiente cristão, é qualificado como mística… A mística cristã autêntica não tem nada a ver com a técnica: é sempre um dom de Deus, do qual se sente indigno quem dele beneficia. 
Há determinadas graças místicas, conferidas, por exemplo, aos fundadores de instituições eclesiais em favor de toda a fundação, e também a outros santos, as quais graças caracterizam a sua peculiar experiência de oração e não podem, como tais, ser objeto de imitação e da aspiração por parte doutros fiéis, mesmo pertencentes àquela instituição, e desejosos duma oração sempre mais perfeita.
… A meditação cristã do Oriente valorizou o simbolismo psicofísico, frequentemente ausente na oração do Ocidente. Tal simbolismo pode ir duma determinada atitude corpórea até às funções vitais fundamentais, como a respiração e o pulsar do coração. O exercício da «oração de Jesus», por exemplo, adaptando-se ao ritmo respiratório natural, — pelo menos por um certo tempo — pode ser útil para muitos (Papa está falando da oração dos Padres do Deserto, conhecida como "Oração de Jesus", que é a repetição do "Jesus tem piedade de mim"). 
Alguns exercícios físicos produzem automaticamente sensações de repouso e de distensão, que são sentimentos gratificantes; podem talvez até produzir fenômenos de luz e de calor, que se assemelham a um bem-estar espiritual. Trocá-los, porém, por autênticas consolações do Espírito Santo, seria um modo totalmente errôneo de conceber o caminho espiritual. Atribuir-lhes significados simbólicos típicos da experiência mística, quando o comportamento moral do praticante não está à sua altura, representaria uma espécie de esquizofrenia mental, o que pode conduzir até a perturbações psíquicas e, em certos casos, a aberrações morais.
Convém recordar, todavia, que a união habitual com Deus, ou aquela atitude de vigilância interior e de invocação do auxílio divino que, no Novo Testamento, é chamada a «oração contínua», não se interrompe necessariamente quando nos dedicamos também, segundo a vontade de Deus, ao trabalho e ao cuidado do próximo.
… Recomendando a toda a Igreja o exemplo e a doutrina de Santa Teresa de Jesus, a qual, no seu tempo, teve de enfrentar a tentação de certos métodos que incitavam a prescindir da humanidade de Cristo, em favor duma vaga imersão no abismo da Divindade, o Papa João Paulo II dizia numa homilia do dia 1 de Novembro de 1982, que o apelo de Teresa de Jesus em favor duma oração toda centrada em Cristo «é válido também nos nossos dias, contra certos métodos de oração que não se inspiram no Evangelho e que, praticamente, tendem a prescindir de Cristo, em favor dum vazio mental que no cristianismo não tem sentido».



Observações do Papa Emérito sobre os termos usados : 
A pseudo-gnose considerava a matéria como algo de impuro, de degradado, que envolvia a alma numa ignorância, de que a oração devia livrá-la, para a elevar ao conhecimento superior e portanto à pureza. Certamente, não todos eram capazes de tal elevação, mas só os homens verdadeiramente espirituais; para os simples fiéis bastavam a fé e a observância dos mandamentos de Cristo.

Aquele que adquiriu a impassibilidade (no grego: apatheia) e o conhecimento espiritual (no grego: gnosis).


Mestre Eckhart fala duma imersão « no abismo indeterminado da divindade », que é uma « treva na qual a luz da Trindade nunca refulgiu ». Cfr. Sermo “Ave gratia plena”, no fim (J. QUINT, Deutsche Predigten und Traktate, Hanser 1955, 261). (Sobre a influencia de Mestre Eckart no entendimento da espiritualidade aqui)

O sentido cristão positivo do « esvaziamento » das criaturas resplandece de modo exemplar no « Poverello » de Assis. S. Francisco, pelo facto de ter renunciado às criaturas por amor do Senhor, contempla-as todas cheias da sua presença e refulgentes na sua dignidade de criaturas de Deus; pelo que entoa a secreta melodia do ser no seu Cântico das criaturas (cfr. C. Esser, Opuscula sancti Francisci Assisiensis, Ed. Ad Claras aquas, Grottaferrata (Roma) 1978, pp. 83-86). No mesmo sentido escreve na « Carta a todos os fiéis »: « Cada criatura que se encontra no céu e na terra e no mar e na profundidade dos abismos (Ap. 5, 13), tribute a Deus louvor, glória e honra e o abençoe, pois Ele é a nossa vida e a nossa força. Ele que é o único bom (Lc. 18, 19), que é o único altíssimo, omnipotente e admirável, glorioso e santo, digno de louvor e bendito pelos infinitos séculos dos séculos. Amen » (ibidem, Opuscula …, 124). S. Boaventura faz observar como em cada criatura Francisco percebia o apelo de Deus e efundia a sua alma no grande hino de reconhecimento e de louvor (cfr. Legenda S. Francisci, cap. 9, n. 1, in Opera Omnia, ed. Quaracchi 1898, Vol. VIII, p. 530).

O exercício da « oração de Jesus », que consiste em repetir uma fórmula densa de pontos de referência bíblicos de invocação e de súplica (por exemplo: « Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim »), adapta-se ao ritmo respiratório natural. Veja-se a este propósito: Santo Inácio de Loyola, Ejercicios espirituales, n. 258.


Observação Ana Paula Barros:
Como pode notar o termo gnóstico, dentro da espiritualidade dos Padres do Deserto, era a busca do conhecimento espiritual, por isso todo cristão era de alguma forma um "monge", ou seja, um buscador. 
Temos uma definição mais indecorosa do termo, que se refere, em suma, a uma corrente religiosa- filosófica que possui um sincretismo religioso em suas bases, alicerçado em interpretações de relatos bíblicos e apócrifos pelo viés filosófico médio-platônico (forma de platonismo que surgiu após a morte de Antíoco de Ascalão, filósofo acadêmico eclético do século I a.C.) e de cultos de mistérios greco-romanos e orientais. Mesclara-se ao cristianismo primitivo dos primeiros séculos desta era (era cristã), e fora condenado como heresia após um período de prestígio entre os intelectuais cristãos (e parece que ainda não acabou o seu prestígio).
Outra forma que o termo vêm sendo usado é como uma afronta àqueles que buscam conhecimento pelo conhecimento (realmente ou aparentemente), num uso mais superficial em riqueza de significado. 











 

Devocional 71 Da Paciência, Longanimidade e Constância (segundo São Tomás de Aquino)
Pintura de: Johann Georg Meyer 


A característica da virtude da paciência é suportar as tristezas e tribulações que o decorrer da vida, a cada momento, nos proporciona, e de uma maneira especial as que nos ocasiona o trato com os nossos semelhantes, olhos postos na vida futura, objeto da caridade. 


Mas existe diferença entre a paciência, a longanimidade e a constância. 


A paciência nos sutem nas contrariedades ocasionadas pelo trato diário com os homens, a longanimidade nos sustem contra a tristeza de ver como se afasta ou desvanece um bem intensamente desejado, e a constância contra o desgosto e desfalecimento que podem assaltar-nos na prática continuada do bem. 


Baseado na Suma Teológica em forma de Catecismo


Oração para manter a calma


Bendito Jesus, faz com que minha alma se aquiete em Ti.

Permite que a Tua poderosa calma reine em mim.

Governa-me, Rei da Calma, Rei da Paz.

Dá-me controle; controle sobre minhas palavras, meus pensamentos e minhas ações.

Livra-me, Amado Senhor, de toda irritabilidade, de toda falta de mansuetude e de doçura.

Por tua profunda paciência, concede-me a paciência e a quietude de minha alma.

Faz com que nisso e em tudo, eu seja semelhante a Ti.

Amém.


(São João da Cruz)

Livro de Rute visão geral






Baixar este material aqui


Introdução

Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui. 

Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 



Visão Geral do Livro de Rute



O livro de Rute é um trabalho brilhante de arte teológica e nos convida a refletir na questão de como Deus está envolvido nas alegrias e nas lutas diárias de nossas vidas.

Existem 3 personagens principais no livro: Noemi, a viúva; Rute, a moabita (descendente de Moab, filho do incesto entre Ló e sua filha); e Boaz (Booz, da tribo de Judá), o fazendeiro israelita. 

Suas histórias são contadas em 4 capítulos que são belamente esquematizados: 

- o capítulo 1 abre com esse verso: "No tempo em que os juízes reinavam" e isso nos lembra dos tempos difíceis e sombrios do livro de Juízes, no entanto, este livro nos mostra que nem tudo era perversão, embora fosse o que todos podiam ver, havia uma semente sendo plantada entre os bons e fiéis.

Aqui nós encontramos uma família de israelitas em Belém, lutando para sobreviver à fome, em busca de comida, eles se mudam para a terra de Moabe (terra do descente do incesto entre Ló e sua filha, eles eram pagãos), era um antigo inimigo de Israel (como vimos no livro de Juízes) e lá, o patriarca da família morre, os seus filhos se casam com duas mulheres moabitas, Rute e Orpah, mas os filhos deles acabam morrendo também, e só sobram Noemi e suas duas noras. 

Noemi não tem mais motivos para ficar em Moab, então ela diz para suas noras que ela está voltando para sua terra, ela sabe que a vida para uma mulher estrangeira e viúva será muito difícil em Israel então ela diz para as mulheres voltarem para seu povo. Orpah concorda, mas Rute não, ela demonstra uma lealdade notável para com Noemi e ela diz "Aonde você for, eu irei, seu povo será o meu povo e seu Deus será o meu Deus.". Então, as duas retornam juntas para Israel e o capítulo conclui com Noemi mudando seu nome para Mara, que significa "amarga" em hebraico e ela lamenta seu destino trágico. 


- o capítulo 2 começa com Noemi e Rute discutindo sobre onde elas irão conseguir comida, isso coincide com o início da colheita da cevada. Rute vai procurar comida, acontece que ela vai colher grãos nos campos de um homem chamado Boaz que acaba por ser um parente de Noemi. O narrador nos conta que Boaz é um "homem de caráter nobre", ele percebe Rute. Após descobrir mais sobre sua história, ele mostra uma generosidade notável para com ela, faz provisões especiais para que a imigrante Rute possa continuar colhendo grãos em seus campos e ao fazer isso, Boaz está obedecendo a um mandamento explícito da Torah mostrar generosidade ao imigrante e ao pobre. É interessante o contraste deste procedimento com o final do livro de Juízes, que nos mostra que essas duas realidades tão opostas aconteciam no mesmo povo, ao mesmo tempo.


Boaz fica tão impressionado com a lealdade de Rute para com Noemi, que ele ora por ela para que Deus a recompense por sua coragem. Rute volta para casa naquele dia e Noemi descobre que ela conheceu Boaz e fica empolgadíssima. Ela diz que Boaz é o remidor da família delas. O remidor da família, era uma prática cultural em Israel onde, caso um homem da família morresse e deixasse para trás mulher, filhos ou terra, era responsabilidade do remidor da família se casar com a viúva, herdar a terra e proteger a família. 

Então Noemi começa a ter esperança de que talvez ainda possa haver um futuro para sua família. 


- o capítulo 3 começa com Noemi e Rute fazendo um plano para fazer com que Boaz perceba a situação delas. Rute irá parar de se vestir como uma viúva de luto, e irá dar sinais de que está disponível para o casamento, ela então vai ao encontro de Boaz na fazenda dele naquela noite e quando ela se aproxima, Boaz acorda totalmente assustado e Rute deixa suas intenções bem claras: ela pergunta se Boaz irá redimir a família de Noemi e casar com ela. Boaz mais uma vez fica maravilhado com a lealdade de Rute para com Noemi e a família dela e ele chama Rute de "mulher de caráter nobre". Boaz pede para que Rute espere até o dia seguinte pois existe um parente que tem mais direito que ele de as resgatar. 

- no capítulo 4, tudo converge. Esse membro da família descobre que teria que se casar com Rute, a moabita, então ele não aceita. Mas Boaz conhece o verdadeiro caráter de Rute, então ele compra as terras de Noemi e se casa com Rute e assim como no começo, quando Rute foi leal a Noemi, agora Boaz também foi leal a família de Noemi. A história conclui com a reversão de todas as tragédias do capítulo 1: a morte do patriarca e dos filhos é revertida, com Rute casada novamente e dando a luz a um novo filho, concedendo alegria a Noemi.

Essa simetria entre a abertura e o final é ainda mais notável quando lembramos que a tragédia inicial foi seguida de um grande ato de lealdade da parte de Rute e isso gera o ato de lealdade de Boaz, que leva à restauração final da família. Lembrando que lealdade e fidelidade tem sido os temas recorrentes dos últimos livros biblicos, seja em forma de pedidos de Moisés e Josué ou pela sua ausência no caso dos Juízes. 

Tal simetria também destaca o esquema interno dos capítulos: 

- cada capítulo começa com Noemi e Rute fazendo um plano para o futuro e isso é seguido de um encontro providencial entre Rute e Boaz; 
- cada capítulo conclui com Noemi e Rute se regozijando com os acontecimentos. 

Essa história é belamente esquematizada e esse esquema se conecta com um atributo bem interessante da história, que é: o quão pouco Deus é citado. 

Os personagens falam sobre Deus algumas vezes, mas o narrador não menciona Deus fazendo algo diretamente na história, e isso é brilhante porque a providência de Deus está por trás de cada cena dessa história. O que nos remete, novamente, ao livro de Juízes, em Deus interferia diretamente usando maus instrumentos para salvar o povo, aqui Ele age através do cotidiano e da retidão do caráter das pessoas, para começar a traçar as bases familiares do evento mais importante da história humana e celestial.


A tragédia de Noemi a faz pensar que Deus a está punindo, mas na verdade, a história inteira é sobre a missão de Deus de restaurar Noemi e sua família (e algo muito maior!), Ele faz isso através de Rute, da coragem e lealdade dela, que trazem cura à vida de Noemi (o que nos faz lembrar as origens do povo de Moab e o quanto essa atitude de Rute tem vários graus de redenção, nela o zelo familiar mal direcionado da filhas de Ló, parece ser equilibrado e elevado numa lealdade mesmo sem descendência e Deus a recompensa); mas não sem Boaz, que é um fazendeiro centrado, cheio de generosidade e lealdade. Deus usa a integridade dele e a coragem de Rute, para salvar Noemi e sua família. Pessoas com traços de caráter da realeza, não é? 


Essa história explora brilhantemente a ação recíproca: do propósito e da vontade de Deus e a decisão e vontade humana. Deus usa a obediência dos que são fiéis de Seu povo para tornar real o Seu propósito redentor para o mundo e isso nos leva ao verdadeiro final da história. 


O narrador do livro de Rute conclui com uma genealogia que mostra que o filho de Boaz e Rute, Obed, foi o avô do rei Davi de onde veio a linhagem do Messias (!), ou seja, Boaz e Rute são os bisavós do Rei Davi... nesta história tão cotidiana mas cheia de heroicas decisões de lealdade, generosidade e fidelidade vemos muito do feitio do Senhor Jesus, não é mesmo? 


Esses eventos aparentemente simples e comuns são entrelaçadas com a grande história de redenção de Deus para o mundo e nos convida a considerar que Deus também está trabalhando nos detalhes aparentemente simples e ordinários das nossas vidas em prol da nossa salvação. 



 Devocional | Calendário de Leitura Bíblica 2020 | Plano de Vida Espiritual | Cursos 


Clube de Leitura Conjunta | Salus in Caritate Podcasts

Newer Posts
Older Posts

Visitas do mês

"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)




"Quem ama a disciplina, ama o conhecimento" - Provérbios 12, 1

Abas Úteis

  • Sobre Ana Paula Barros, Portifólio Criativo Salus e Contato Salus
  • Projetos Preceptora: Educação Católica
  • Educa-te: Paideia Cristã
  • Revista Salutaris
  • Salus in Caritate na Amazon
  • Comunidade Salutares: WhatsApp e Telegram Salus in Caritate
"A língua dos sábios cura" - Provérbios 12, 18

Arquivo da década

  • ►  2025 (17)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (6)
  • ►  2024 (48)
    • ►  dezembro (16)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2023 (64)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (7)
    • ►  setembro (5)
    • ►  agosto (10)
    • ►  julho (7)
    • ►  junho (8)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (6)
  • ►  2022 (47)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (14)
    • ►  agosto (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (2)
  • ▼  2021 (123)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (16)
    • ►  setembro (7)
    • ►  agosto (12)
    • ►  julho (7)
    • ►  junho (7)
    • ►  maio (10)
    • ▼  abril (11)
      • Visão Geral: I e II Crônicas
      • Visão Geral: Livro I Samuel
      • Gotas de Tomismo 73: Diferença entre o Dom da Fort...
      • Gotas de Tomismo 72: Da Virtude da Perseverança e ...
      • Papa Emérito Bento XVI fala sobre aspectos e cuida...
      • Gotas de Tomismo 71| Da Paciência, Longanimidade e...
      • Livro de Rute: Visão Geral
      • O significado da arte
      • Livro de Juízes: Visão Geral
      • A sombra do Pai: História de José de Nazaré (Jan D...
      • Gotas de Tomismo 70: Da Magnificência e seus vício...
    • ►  março (8)
    • ►  fevereiro (13)
    • ►  janeiro (25)
  • ►  2020 (77)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (7)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (7)
    • ►  agosto (8)
    • ►  julho (9)
    • ►  junho (10)
    • ►  maio (7)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (8)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2019 (80)
    • ►  dezembro (43)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (10)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2018 (21)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (6)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (1)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2017 (18)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (3)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2016 (13)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2015 (1)
    • ►  dezembro (1)

Temas Tratados

  • A Mulher Católica (77)
  • Arte & Literatura (45)
  • Biblioteca Digital Salus in Caritate (21)
  • Cartas & Crônicas & Reflexões & Poemas (59)
  • Celibato Leigo (6)
  • Cronogramas & Calendários & Planos (10)
  • Cultura & Cinema & Teatro (7)
  • Devoção e Piedade (117)
  • Devoção: Uma Virtude para cada Mês (11)
  • Educação e Filosofia (78)
  • Estudiosidade (23)
  • Livraria Digital Salus (3)
  • Plano de Estudo A Tradição Católica (1)
  • Plano de Leitura Bíblica com os Doutores da Igreja (56)
  • Podcasts (1)
  • Total Consagração a Jesus por Maria (21)

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *


Popular

  • Recém convertido ao Catolicismo: por onde começar
    Recém convertido ao Catolicismo: por onde começar
  • O que toda mulher católica deve saber sobre o Piedoso uso do Véu na Santa Missa
    O que toda mulher católica deve saber sobre o Piedoso uso do Véu na Santa Missa
  • Como montar o seu Altar Doméstico
    Como montar o seu Altar Doméstico
  • Acervo Digital Salus: Plano de Leitura Bíblica 2025 (Calendário Inteligente Antigo e Novo Testamento) + Comentários dos Doutores da Igreja
    Acervo Digital Salus: Plano de Leitura Bíblica 2025 (Calendário Inteligente Antigo e Novo Testamento) + Comentários dos Doutores da Igreja
  • Resumão: Macabeus (I e II)
    Resumão: Macabeus (I e II)
  • Sedes Sapientiae: Cronogramas para a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria 2025
    Sedes Sapientiae: Cronogramas para a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria 2025
  • Resumão: Livro de Ageu
    Resumão: Livro de Ageu
  • Resumão: Livro de Esdras
    Resumão: Livro de Esdras
Ana Paula Barros| Salus in Caritate. Tecnologia do Blogger.

Ana Paula Barros SalusinCaritate | Distribuido por Projetos Culturais Católicos Salus in Caritate