Carta 7: Nós somos o que perdemos

by - quarta-feira, maio 01, 2019

Carta 7 Nós somos o que perdemos



Piracicaba, 01 de maio de 2019



O que você pensa quando vê uma postagem minha nas redes sociais? Essa é uma pergunta que constantemente me faço, e tenho receios da resposta. Existe uma tendência natural — mas nem por isso saudável — principalmente aqui no Brasil, de: 1) valorizar sucessos; 2) nunca escutar de forma natural sobre fracassos, perdas e toda a cartela de, enfim, humanidades; 3) ao mesmo tempo, ser extremamente sensível quando o assunto é superar tudo isso ou ainda falar de forma absurdamente sentimental sobre tudo isso.


Problemas com fracassos e com sucessos: medo dos dois — o primeiro por ser, em si, ruim, e o segundo por ser bom demais.

Aí entram as redes sociais... E raras são as pessoas que pensam, diante de alguém inteligente ou alguém seja lá o quê: "Poxa, essa pessoa deve ter fracassado várias vezes e se levantado — por isso ela é assim... nossa." Isso é raro. A maioria pensa: "Qual será o livro (um único) que tal pessoa leu?", "Quem será o padre dela?", "Se eu vivesse lá onde tal pessoa vive, seria assim também", "Quem será que lhe ajudou a chegar lá?"...

Eu não entendo muito bem as razões que fizeram do brasileiro alguém tão ávido por ostentações, e o resto — "o que eu ganho e o que eu perco, ninguém precisa saber" — mas isso não pode ser bom, pois simplesmente é contra a realidade. É justamente o que perdemos que nos torna quem somos. Isso, inclusive, todos falam, mas na verdade sempre querem ter sucesso para ostentar o mais rápido possível. Todos nós somos assim. O primeiro passo é conseguir ver... (Eu sei, eu sei, você está ficando incomodado de ler isso, pois te tira do conforto do discurso motivador). No entanto, até disso arrancamos ostentação, com o nome de vitimização. As perdas deixam de ser construtivas e se tornam bandeiras com a frase: "Eu passei por isso, tadinho de mim, me respeite e me ame e me dê coisas." O que só dificulta a tarefa de ser um ser humano dotado de inteligência e vontade — e ser visto como tal. Um ser humano que, longe desse pensamento que está passando pela sua mente e que leva a uma dó interior, deve sempre buscar superar-se, não gloriando-se em suas próprias forças, mas, nas suas fraquezas e perdas, receber poder de Deus para se fazer novo.

Singelamente, Ana



You May Also Like

0 comments

Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.