Carta 8: Medos

by - terça-feira, maio 14, 2019

Carta 8 Medos

Foto de Edouard Boubat em 1930


Piracicaba, 14 de maio de 2019



Eu sei... você tem medo... eu também tenho. Temos medos diferentes. Mas não lhe parece estranho que tudo, atualmente, esteja voltado para o medo?

Há muito tempo não vejo nem mesmo o noticiário, online ou na TV — nem assisto TV, na verdade. Longe de ser uma forma de reclusão, já que estou mais informada dessa forma, esses meios são canais do medo. Tudo dito ali é voltado para ter medo — e medo de tudo. É uma forma eficaz de fazer com que as pessoas fiquem doentes.

Também não gosto de redes sociais. Tenho constantemente a impressão de que parecem um rio do medo. Sorte que é possível levantar um pouco a luz do batismo para ver se ilumina ao menos aqueles que estão por perto.

Na Igreja existe medo também. É espantoso, eu bem sei, mas muitos estão com medo de levantar a vela do seu batismo na Igreja. Eu me impressiono com o número de pessoas que têm medo do padre, têm medo do que vão pensar delas, têm medo do que vão falar, têm medo, medo, medo. E os padres também têm medo — têm medo dos outros padres, têm medo do povo, têm medo da rebeldia do povo. Esse não é um medo infundado, de fato. A maior parte do povo está pronta a jogar pedra e dizer que quer bons padres, mas, quando encontram um com martelo e cinzel na mão, pronto para lapidar aquela alma, não gostam... Mas nem por isso deveria ser o maior motivo de abatimento dos padres e dos leigos.

Deus não nos deu um espírito de medo. Você, leigo, não deve ter medo do padre, seja ele quem for — nem mesmo do bispo. Principalmente você que é mais tradicional e tem a tendência de se transformar numa topeira que foge do padre a todo custo, fica indo cada domingo a uma igreja da cidade... Isso não é o que a Tradição diz. Nós temos que frequentar uma — uma, entendeu? — comunidade e lá levantar a sua vela, ser capaz de viver bem a Santa Missa, usar o véu como a maioria das que estão aqui desejam e não fazem, comungar de joelhos como os que estão aqui desejam e não fazem. Não fazem por medo. Parem com isso, sim!? Ficar pensando no que vão dizer, no que vão falar, no que vão sei lá o quê... é vaidade. Isso sim é vaidade: se importar com outros olhos que não são os de Deus. Quem sabe um bom padre não está esperando esse ânimo?

Singelamente, Ana


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1 comments

  1. Muitíssimo obrigada por essa carta, Ana. Ela me deu uma paz no espírito quer estava precisando.

    Deus te abençoe imensamente.

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Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.