A sombra do Pai: História de José de Nazaré (Jan Dobraczynski)

by - abril 08, 2021

 

A sombra do Pai História de José de Nazaré (Jan Dobraczynski)


Nome do livro: A sombra do Pai (você encontra, com desconto de 30% em 2021,  aqui

Autor: Jan Dobraczynski

Data da leitura: fevereiro 2021

Editora: Cultor de Livros

Total de páginas: 327




 O autor 


Jan Dobraczyński foi um escritor, romancista, político e publicitário católico polonês. Na Segunda República Polonesa entre as duas guerras mundiais, ele foi um apoiador do Partido Nacional e dos movimentos católicos . Durante a invasão nazista-soviética da Polônia em 1939 , ele foi soldado do exército polonês e membro da Armia Krajowa até o final da Segunda Guerra Mundial .


Durante a Segunda Guerra Mundial, como chefe da Divisão para Crianças Abandonadas no departamento de bem-estar municipal de Varsóvia, Jan Dobraczynski ajudou ativistas Żegota (Conselho Polonês de Ajuda aos Judeus) a obter documentos falsos e colocou várias centenas de crianças judias em conventos católicos. Ele foi preso em Bergen-Belsen (é um campo de concentração nazista onde hoje é a Baixa Saxônia) após a Revolta de Varsóvia (aconteceu na Segunda Guerra Mundial, no verão de 1944, liderada pelo exercito clandestino polonês pela libertação da Polônia da ocupação nazista) .


Em 1985, Dobraczyński foi condecorado com a Cruz da Virtuti Militari . Em 1986, ele publicou seu livro de memórias intitulado Tylko w jednym życiu ( Of One Life Only ). Em 1993, ele foi agraciado com o título de Justos Poloneses entre as Nações por Yad Vashem em Jerusalém.


Este livro foi escrito em 1977. Foi o ano do lançamento do primeiro computador doméstico, da morte de Clarice Lispector e Charlie Chaplin. 

Estavam vivos os seguintes santos: São João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Padre Pio e fazia alguns anos do falecimento de São Josemaria Escrivá. 



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 Sobre o livro 


Trata-se de um romance histórico. O autor nos leva a observar pequenas questões neste episódio tão conhecimento do Ocidente: a Anunciação, a visita da Santa Virgem à Santa Isabel, o nascimento do Senhor e a fuga para Egito. Todos esses fatos são narrados considerando o ponto de vista de São José.


A narrativa do autor lembra, em alguns momentos, as visões de Ana Catarina Emmerich, no que se refere a vida cotidiana de São José, sua relação com a família e outros detalhes, no entanto, o curioso é que o livro foi escrito em 1977 e a vidente nasceu em 1974, o que me leva a acreditar que o autor tenha utilizado as revelações de Santa Brígida da Suécia, que contém alguns dos pontos abordados, como inspiração. Também me leva a pensar se Ana Catarina Emmerich leu este livro... 


Neste ponto acontece uma distinção interessante na narrativa a respeito de São José. Na Tradição foi comum, e talvez ainda seja, ligarmos a imagem de São José a um idoso (Santa Teresinha, inclusive, o chama de "vozinho"). Isso se deve a um escrito (e também outros escritos) de São Máximo, o Confessor (que acabei cotejando durante a leitura do "A sombra do Pai"). No livro a "Vida da Virgem", São Máximo nos apresenta a história de que a Santa Virgem ficou no Templo de Jerusalém dos seus 6 anos até por volta dos 15 anos, pois a Santa Virgem teria nascido logo após uma anunciação de um anjo, de pais já idosos, São Joaquim e Santa Ana. No entanto, os anciãos acharam que não era bom que ela ficasse no templo, sendo tão jovem, no entanto, também não podiam entregar em casamento alguém que já estava consagrada no templo, assim São Máximo, conta que os anciãos chamaram homens justos e escolheram por sorte quem seria o guardião dEla, a sorte caiu em São José, que era mais velho que a Santa Virgem. Ele então aceitou ser o guardião dEla.


Com o tempo muitos passaram a afirmar que ele era idoso, um pouco para proteger a Santa Virgem da comum incredulidade na virgindade de dois jovens. No entanto, nos relatos mais minuciosos ele é mostrado como mais velho que a Santa Virgem, com idade para ser pai de muitos filhos naquela época e na cultura judaica. Para aquela época ele era "velho" (para nós ele é jovem) e não era casado. Isso é falado tanto por Santa Brígida da Suécia, por exemplo e outros santos. 



O autor de "A sombra do Pai" assume este bom senso e apresenta São José como um jovem de no máximo trinta anos. Quanto a Santa Virgem ele a descreve com leves traços poloneses, na minha opinião, e não cita nenhum fato sobre o templo. Ele a mantem como que cercada por um véu. A narrativa também não conta com uma fuga explicita de São José, mas um distanciamento angustiante, acredito que foi escolha do autor este ponto, para mostrar o começo do "calvário de preocupação" do Santo Patriarca.




Neste ponto, gostaria de salientar o traço que o autor decidiu apresentar do Santo Patriarca. Nós normalmente somos apresentados a um São José dormindo, despreocupado. Pois, nesta narrativa o autor salienta como deve ter sido a vida deste homem que era a Sombra do Pai Celestial na vida de Seu Filho Encarnado, ele apresenta a preocupação de um homem que sabe estar destinado ao escondimento, a um silêncio operante e que, no entanto, é responsável por fazer as escolhas em nome e muitas no lugar do Pai Celestial.




Esta narrativa mostra José se transformando em São José. Como ele conseguiu converter seu amor pela Santa Virgem em santificação e castidade.




Durante a leitura revisitei um outro livro chamado "O Sermão da Montanha" de Santo Agostinho, lá o santo nos fala das belezas da castidade e sobre o casamento josefino, uma prática muito frequente nos primeiros séculos da Igreja e que durante a leitura de "A sombra do Pai" não passa despercebido, dado que a fonte de tal prática era o próprio São José. E isso fica implícito em alguns momentos do livro: o heroísmo do homem que era santamente apaixonado pela Santa Virgem.




O livro é divido em duas partes: "A esposa" e "O Filho". Em cada uma delas o autor narra o relacionamento de São José com essas pessoas tão extraordinárias.




O autor consegue ilustrar a beleza da redenção do cotidiano, a maravilha de um Deus Menino e seus aprendizados, também nos mostra como era a rotina de uma família judaica e os conflitos políticos e religiosos da época. É realmente fantástico ler a história de outro ponto de vista, ver como era ser descendente de Davi num povo em que todos ansiavam um Messias para os libertar, um Messias que viria da estirpe de Davi, todos o esperavam ... uns para guerrear, outros para se libertar, outros para o destruir. 


Por exemplo: você já parou para pensar que São José era, de certa forma, um príncipe? Ele era descendente do Rei Davi, ele tinha um Rei na família (!), o clã dentre as tribos de Israel que daria o Messias a nação. Ou já parou para pensar que Belém era a cidade de Davi, a maioria dos que viviam ali eram descentes de Davi, ou seja, parentes de São José e que, portanto, quando ele foi a Belém e ficou sem hospedagem foi porque os seus próprios parentes não o receberam... já pensou nisso?



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 Para quem você indicaria esse livro? 


Para todos. Irá mudar a sua visão. É um romance, mas realmente leva à piedade.




 Citações favoritas 



"Estava mergulhado nessa corrente com seu silêncio, como pedra em meio à correnteza. Ele esperava, ainda que, verdade seja dita, não soubesse o que estava aguardando. Esperava aquilo que o silêncio iria dizer-lhe."


"Ele nunca acompanhava seus irmãos. Isto não queria dizer que as diversões não o atraíssem. Ainda era jovem. Tinha momentos de tentação. Os chamados do silêncio lutavam com os apelos do coração. Mas o silêncio terminava sempre por impor-se."


"Mas sei, por desgraça, que a imensa maioria de nossos irmãos que vivem naqueles países foi contaminada. Porque nosso mundo, José, está contaminado..."


"A proteção romana e a paz romana trazem segurança. E, não obstante, envenenam... Ali onde os nossos vivem entre estranhos, o mal os alcança com facilidade. Mas ameaça a todos nós, também aqui. Muitos sacerdotes dizem: desde que haja paz e possamos oferecer nossos sacrifícios ao Altíssimo, tudo está bem. Herodes não se intromete em nossas vidas, as fronteiras do reino alcançaram os limites do Reino de Davi. Os fariseus conspiram e se rebelam. Anunciam ao povo que é preciso assumir a luta para preservar a pureza. Sustentam que logo será dado o sinal. Recordam-nos a última profecia sobre o Messias. Mas, apesar de suas afirmações, mantêm estreitas relações com a corte. Alguns deles até conseguiram receber favores de Herodes. É difícil saber o que eles realmente perseguem. O povo já não sabe a quem escutar. Israel tornou-se um rebanho que perdeu o seu pastor..."


"Às vezes as palavras da Escritura se apresentavam de tal forma, que soavam como resposta. Às vezes, como chamados. E quando  lhe falava continuamente de seus sentimentos, muitas vezes, ouvindo a leitura dos versículos na sinagoga, encontrava neles um reiterado e afetuoso convite a esperar". 


"Até quando seria preciso ocultar o extraordinário debaixo do ordinário? Nos momentos de iluminação, tudo parecia ser tão simples... Mas os momentos de iluminação passavam e a vida apresentava suas exigências."


"A verdade é como o sol refletida em mil espelhos."


"Seja quem for, há de ser Aquele que nos foi enviado. Em cada profecia que há de passar pela boca dos homens, encerram-se, junto à vontade divina, algumas aspirações humanas. E acontece que umas e outras se realizam. Mas de maneira diferente. A vontade divina, conforme a previsão do Altíssimo; os desejos humanos, purificados de toda avidez humana."


"Crer significa aceitar aquilo que os olhos não viram...- dizia Baltasar- E já que é assim, temos que aceitar desde já a verdade do que iremos ver. Antes de levantar esta cortina , temos que nos livrar que toda decepção e dúvida. Temos de aceitar sem reservas tudo o que nos espera... Só assim se pode aceitar o chamado do Altíssimo. "



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1 comments

  1. Obrigada Ana por essa resenha, principalmente a que vc fez em áudio, foi através dela que me despertou o desejo de ler esse livro, gosto muito de historia assim, onde podemos formar bem o nosso imaginário, e com suas explicações ficou mais claro certos pontos do livro pra mim. É um livro belíssimo, no qual me encantou por demais, onde podemos de fato ver José se transformar em São José, ver também a Ss Virgem com sua doçura, silencio e confiança nos ensina muito, é um livro onde conseguimos imaginar a Família Santa, e nos espelhar. Muito obrigada. Paz e bem.

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Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.