Catequese com Contos Medievais 11: O Cavaleiro e o pacto com o diabo

by - outubro 25, 2021

 



CONTO

O cavaleiro e o pacto com o diabo


Um cavaleiro nobre, poderoso e rico despendeu todos os seus bens e caiu em muito grande miséria. Tinha uma esposa muito casta e devota da Santíssima Virgem Maria.


Havendo uma grande festa na cidade, o cavaleiro queria fazer muitas despesas, mas não tinha mais dinheiro. Por vergonha, foi se esconder numa mata até que passasse a festa. Estando ele naquele lugar, apareceu-lhe uma criatura muito espantosa em um cavalo assustador, e perguntou-lhe por que estava assim tão triste. O cavaleiro contou-lhe toda sua história. E a criatura espantosa lhe disse:

 — Se quiseres fazer o que eu te mandar, eu te farei ter mais riquezas e mais honras que antes. 


O cavaleiro lhe prometeu que faria tudo o que ele quisesse, se ele cumprisse o que estava prometendo. E o demônio lhe disse: 


— Vai à tua casa e cava um lugar. Acharás muito ouro. E promete-me que tal dia trarás aqui a tua mulher. O cavaleiro prometeu. Foi para casa e achou muita riqueza, segundo lhe dissera o diabo, e começou a viver como antes.


Quando veio o dia em que prometera levar sua mulher ao diabo, disse-lhe que subisse em um cavalo, porque haviam de ir longe. Apesar de grande temor, ela não ousou contradizer o marido e foi com ele, recomendando-se a Santa Maria. Indo eles pelo caminho, viram uma igreja. Ela entrou e o marido ficou fora esperando-a. Enquanto ela rezava devotamente à Santa Virgem, adormeceu. A Virgem tomou a semelhança daquela mulher, saiu da igreja, montou no cavalo e seguiu viagem com o cavaleiro, o qual pensava que tinha ao lado a sua mulher. Quando chegaram ao lugar, veio logo o diabo, mas não ousou chegar perto deles. Começou a tremer, a fazer grande barulho e a mostrar grande pavor. E disse ao cavaleiro:


 — Ó falso e muito desleal cavaleiro, por que me fizeste tão grande escárnio, e me fazes tanto mal por muito bem que te fiz? Tu me prometeste que trarias tua mulher, e trouxeste Maria. Eu queria vingar-me da tua mulher, por muitas injúrias que me faz, e tu me trouxeste Esta que me atormenta gravemente e me lança no abismo do inferno. 

Quando isto ouviu o cavaleiro, ficou muito espantado e maravilhado, e com temor não pôde falar. 


E a Virgem disse ao diabo: 


Por tua ousadia e teu atrevimento, presumias matar uma devota minha. Mas não escaparás assim sem pena. Eu te mando que logo desças aos abismos do inferno, e que daqui em diante não cries obstáculos a nenhuma pessoa que me chamar com devoção. 


Quando o diabo ouviu isto, partiu logo dali, uivando e fazendo grande barulho. O cavaleiro desceu do cavalo e lançou-se em terra, aos pés da Virgem Maria. Esta o repreendeu pelo que fizera e mandou-lhe que voltasse, pois acharia sua esposa dormindo na igreja. Mandou que lançasse fora aquelas riquezas conseguidas pelo demônio, e em seguida desapareceu. O cavaleiro voltou à igreja, despertou sua esposa e contou-lhe tudo o que lhe acontecera. Voltaram para sua casa e lançaram fora o que o demônio tinha conseguido. Perseveraram em louvores e no serviço da Virgem Maria, muito devotamente, e depois tornaram-se muito ricos a serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo. 


(Fonte: Theophilo Braga, "Contos tradicionais do povo português" - Magalhães e Moniz Editores, Porto, 1ª edição)

 



CATEQUESE

Quando satanás triunfa numa alma



Quando Satanás triunfa numa alma?


Satanás triunfa numa alma quando consegue que ela viva tranquilamente no estado de pecado mortal e, por isso, pronta para a viagem ao Inferno.



1- A maior astúcia do século: "O diabo não existe!"

"Exorbita já, fora do quadro bíblico e eclesiástico, aquele que se recusa reconhecer (o demônio) como existente; do mesmo (...), que não tivesse sua origem em Deus (...). (O demônio) é um ser vivo, espiritual, pervertido e corruptor" (Paulo VI, 15-XI-1972).



2- O Plano de Satanás

Já Pio XII, falando ao Congresso Catequético dos EUA em 26-X- 1946 afirmava: "O pecado do século é a perda do sentido do pecado". Na Exortação Apostólica "Reconciliação e Penitência" (02-XII-84), São João Paulo II confirmou: "Demasiados sinais indicam que em no nosso tempo existe um eclipse da consciência, tanto mais inquietante quanto esta consciência (...) anda estreitamento ligada à liberdade do homem". Em um mundo em que a moral católica autêntica parece, para muitos, um corpo estranho de tempos passados, julgou-se útil colocar três lições sobre as três etapas do plano do nosso inimigo: o Triunfo a vivência no estado de pecado mortal), a Avançada (tibieza, que é estar conformado com pecados veniais e não buscar se emendar achando que afinal "não são pecados mortais") e a Zombaria (as imperfeições, não buscar desarraigá-las e se conformar dizendo "eu nasci assim", "Deus me fez assim"). Feitas objeto de séria meditação, estas três lições podem ajudar a adquirir novamente ou tornar mais profundo o sentido do pecado.



3- Vitória de Satanás

Qualquer pecado mortal (mortal pois que mata a vida sobrenatural da alma) é vitória de Satanás e prepara o seu triunfo na alma. Para compreender esta afirmação, é de grande utilidade refletir sobre as seis principais consequências do pecado mortal: 

Expulsa Deus de nossa alma, e, com Deus, todos os bens de que Ele é fonte (a Graça Santificante - que é a graça da filiação divina - com o glorioso cortejo de virtudes e dons: é um verdadeiro suicídio espiritual!); mesmo que a pessoa faça "boas ações", se estiver em pecado mortal o valor de suas boas obras é sufocado e invalidado pela escolha ao pecado, pois quem escolhe o pecado, escolhe satanás. 

Facilita a recaída em outros pecados mortais: "Quem faz o pecado, é escravo do próprio pecado" (Jo 8, 34);

Impede o mérito de todas as obras feitas em estado de pecado mortal (como foi dito anteriormente); 

Tira a verdadeira paz também neste mundo: "Não há paz para os ímpios" (Is 48, 22);

Faz merecer o inferno (Mt 25, 46).



4- Para evitar o pecado mortal devemos usar cinco meios:


- Rezar para obter as graças atuais necessárias para evitar o mal e praticar o bem (Mt 26, 41);
- Praticar a penitência interior (humildade - a humildade é a verdade) e exterior (mortificação) (Tg 4, 6; Mt 17, 21);
- Fugir das ocasiões de pecado (2 Tm 3,5);
- Receber frequentemente os sacramentos da Penitência e da Eucaristia (Jo 6, 48-53);
- Meditar sobre os novíssimos: Morte, Juízo, Inferno e Paraíso (Eclo 7, 36)


O Pecado


"Constituído por Deus em estado de justiça, o homem contudo, instigado pela Maligno, desde o início da história abusou da própria liberdade. Levantou-se contra Deus desejando atingir seu fim fora Dele. Apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus. O seu coração insensato se obscureceu e eles serviram à criatura ao invés do Criador. Isto, que nos é conhecido pela Revelação Divina, concorda com a própria experiência. Pois o homem, olhando o seu coração, descobre-se também inclinado para o mal e mergulhado em múltiplos males que não podem provir do seu Criador que é bom" (Gaudium et Spes, 1965). 


Catecismo Essencial
Imprimatur 
Dom José de Aquino Pereira
07-06-1987
Solenidade de Pentecostes

São Tomás ensina sobre o demônio:

“Não perseverou na verdade’. A este respeito, deve-se notar que existem dois tipos de verdade: a verdade da palavra e a verdade das obras. A verdade da palavra é quando se fala com a boca o mesmo que se pensa no coração e que corresponde à realidade […] A verdade da justiça, ou das obras, é quando realizamos o que nos compete segundo a ordem da nossa natureza. O Senhor acenou a isto ao dizer: ‘Quem obra a verdade vem à luz, para que se veja claramente que as suas obras foram feitas em Deus".


“O diabo pode induzir o homem a pecar persuadindo-o internamente. O diabo move a vontade do homem como alguém que persuade […]. O diabo engana […] movendo os espíritos animais e humores internos do corpo, cujo movimento origina aquelas representações. É capaz de impedir o uso da razão, como nas possessões. […] O demônio é chamado de tentador porque sonda os homens a fim de saber por quais representações eles são mais subjugados.[…] Deve-se dizer que, como afirmado acima, o diabo não pode ser a causa do pecado do homem como alguém que mova diretamente a vontade, mas apenas como alguém que persuade. Ora, ele persuade o homem a fazer algo de duas maneiras: de maneira visível e de maneira invisível”.



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