instagram
  • Home
  • Projetos Preceptora: Educação Católica
  • Cursos Educa-te
  • Login Educa-te

Salus in Caritate

Cultura Católica


Devocional 39: Da Virtude da Esperança e os Vícios da Presunção e da Desesperação| São Tomás de Aquino


Textos anteriores clique do Devocional aqui



A segunda virtude teologal é a esperança.

A virtude teologal da esperança, cujo efeito é mover a vontade, para que, com o auxílio divino, se dirija e encaminhe para Deus, como objeto de nossa eterna felicidade, segundo no-lo mostra a fé. 

Portanto, é impossível ter esperança sem fé. Porque a fé propõe à esperança o seu objeto e os motivos em que há de apoiar-se. 

O objeto da esperança, antes de tudo, Deus em si mesmo, como termo e objeto de sua própria felicidade, e enquanto, por um rasgo de infinita benevolência, quis ser também o objeto de nossa dita no Céu. Também podem ser objeto da esperança qualquer bem real, desde que subordinado ao objeto primário, ou seja, desde que subordinado à esperança do Céu. 

Temos a esperança do Céu apoiados na ação de Deus que nos auxilia em nossa fraqueza, na conquista da felicidade. 

O motivo da esperança implica e supõe necessariamente ações virtuosas meritórias e conducentes à posse de Deus na ordem sobrenatural. Logo, pecará contra a esperança, o que confia salvar-se, sem contrair o hábito de praticar a virtude. Este pecado chama-se: pecado de presunção. 

No entanto, este não é o único pecado que o homem pode cometer contra a virtude da esperança, pode cometer um outro chamado: pecado da desesperação. É o pecado daqueles que, tomando em conta ou a grandeza e excelência infinitas de Deus, ou as dificuldades com que tropeçam no exercício das virtudes sobrenaturais, fazem a Deus a injúria de supor que jamais chegarão a possuí-lO ou a praticar a virtude como convém; em consequencia, renunciam à felicidade e abstêm-se de invocar a Deus e chamá-lO em seu auxílio, ainda que bem possam fazer. 

O pecado de desesperação reveste-se de especial gravidade porque inutiliza todo o movimento na ordem sobrenatural, e faz que o pecador pronuncie, em certo modo, contra si mesmo, a sentença de eterna condenação. 

Portanto, o homem jamais deve desesperar-se por grandes que sejam as suas misérias e enormes as suas culpas e pecados, pois superior a tudo isso é a Onipotência e misericórdias divinas. 

Quando se sente acabrunhado sob o peso de suas culpas a alma deve corresponder à graça que naquele momento o convida a voltar-se para Deus, com firme esperança de que lhe perdoará e dará forças para sair do seu mau estado e levar depois vida digna de recompensa eterna. 

Para praticar o ato de virtude teologal chamado esperança pode usar a seguinte fórmula: Deus meu, com grande confiança, espero de vossa misericórdia e poder infinitos que me dareis a graça de levar uma vida digna do prêmio destinado aos justos, e que, no fim da vida, se vossa graça não me deixar cair na desesperação, me admitireis a participar da Vossa própria e eterna bem-aventurança. 

Mais resumidamente pode dizer: Deus meu, santa e firmemente espero em Vós. 

Todos os fiéis podem recitar este ato, enquanto vivem neste mundo. Já que no Céu, assim como os santos, não careceremos desta virtude, pois já estaremos na posse de Deus.

Também não a tem os condenados no Inferno, porque jamais poderão gozar de Deus, objeto da esperança. 

Já as almas do Purgatório conservam-na, como virtude, porém os seus atos não são inteiramente iguais aos desta vida, porque, não contam com o auxílio divino para alcançar o objeto da esperança, mas também não podem mais pecar. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino



 Devocional | Calendário de Leitura Bíblica | Plano de Vida Espiritual | Cursos 

Clube de Leitura Conjunta | Salus in Caritate Podcasts











BAIXE ESTE MATERIAL EM PDF AQUI



Introdução

Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui. 


Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 



HOMILIAS SOBRE A CARTA AOS FILIPENSES DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO,
PADRE DA IGREJA, ARCEBISPO DE CONSTANTINOPLA



Filipenses são os habitantes de uma cidade da Macedônia, cidade colonial, segundo Lucas, e tem o nome de Filipos, por causa de seu fundador (cf. At 16,12). Nesta cidade se converteu a negociante de púrpura, mulher influente, temente a Deus (cf. At 16,14- 15); nela o chefe da sinagoga aderiu à fé (cf. At 16,23ss); nela Paulo e Silas (At 16,22) foram açoitados; nela os magistrados, assustados, insistiram com eles para que saíssem (At 16,38.19); nela o anúncio do evangelho teve esplêndido começo. Paulo dá muitos e belos testemunhos a respeito deles, denominando-os sua “coroa” (Fl 4,1) e declara que eles muito sofreram, nesses termos: “Pois, da parte de Deus, vos foi concedida em relação a Cristo, a graça não só de crerdes nele, mas também de por ele sofrerdes” (Fl 1,29). No momento, porém, em que lhes escrevia, aconteceu que estava preso. Por isso afirma: “As minhas cadeias se tornaram conhecidas em Cristo por todo o Pretório” (Fl 1,13). Chama de “Pretório” o palácio de Nero. Esteve preso e foi libertado, como assinala na carta a Timóteo: “Na primeira vez em que apresentei a minha defesa ninguém me assistiu, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja imputado. Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças” (2Tm 4,16-17). Refere-se às cadeias em que se achava antes daquela defesa. É evidente que Timóteo então não estava presente. Ele assegura: “Na primeira vez em que apresentei a minha defesa ninguém me assistiu”. Escrevendo desse modo, manifesta-lhe o fato; se ele já o soubesse, não lhe teria escrito assim. Mas, ao escrever essa carta, Timóteo se achava junto dele. Demonstra-o por aquilo que diz: “Espero, no Senhor Jesus, enviar-vos logo Timóteo” (Fl 2,19) e ainda: “Espero, pois, enviá-lo, logo que puder ver como irão as coisas comigo” (Fl 2,23). Tinha sido libertado das cadeias, e novamente preso depois que esteve com eles. Quanto às palavras: “Mas, se o meu sangue for derramado em libação, em serviço da vossa fé” (Fl 2,17), não o diz como se já houvesse acontecido, porém: “Se isto acontecer, alegrome”, a fim de corrigi-los do abatimento por causa de suas cadeias. Revela que a morte então não era iminente, porque assevera: “Tenho fé no Senhor de que eu mesmo possa logo ir até aí” (Fl 2,24) e ainda: “Convencido disso, sei que ficarei e continuarei com todos vós” (Fl 1,25).


Os filipenses, a fim de obter notícias, lhe haviam enviado Epafrodito, que lhe trouxera uma doação em dinheiro. Efetivamente, tinham-lhe muita afeição. Sobre esta remessa, ouve como ele se exprime: “Agora tenho tudo em abundância; tenho de sobra, depois de ter recebido de Epafrodito o que veio de vós” (Fl 4,18).


Mas, então, eles ouviram dizer que Paulo se achava preso (se, de fato, a informação de que Epafrodito, de menor irradiação que Paulo, estivera doente, muito mais saberiam acerca de Paulo); e era justo que ficassem inquietos. Por isso, no início da carta acrescenta muitas consolações acerca das cadeias, mostrando que não somente não deviam perturbar-se, mas antes alegrar-se. Em seguida, também exorta à concórdia e à humildade, ensinando que nisso consistia a mais segura proteção, e assim facilmente poderiam vencer os inimigos. Efetivamente, não é lamentável para os mestres estarem presos, e sim a falta de concórdia entre os discípulos. Aquela ocorrência trazia progresso ao evangelho, esta última causava a ruína. 

E nós também disso cientes, e diante de tais mostras de amor, sejamos dignos de tais exemplos, pela prontidão em sofrer por Cristo. Atualmente, porém, não há perseguições. Em consequência, se não é possível de outro modo, imitemo-los incansavelmente nas boas obras e não acreditemos já termos feito tudo quando uma ou duas vezes praticamos a esmola. Temos de praticá-la a vida toda. Não basta, na verdade, agradar a Deus apenas uma vez, e sim constantemente. Efetivamente, o corredor, depois de perfazer por dez vezes duplo curso, se desiste no último, perde tudo. Também nós, se começamos a praticar boas obras, e por fim relaxamos, perdemos tudo, arruinamos tudo. Escuta aquela proveitosa exortação da Escritura: “A misericórdia e a fidelidade não te abandonem” (Pr 3,3). Não diz: Age assim uma, duas, três, cem vezes, mas sempre. “Não te abandonem.” Não diz: “Não as abandones”, e sim: “Não te abandonem.” Desta forma revela que nós precisamos delas, não elas de nós, e ensina que tudo façamos por agarrá-las. “Ata-as ao pescoço” (Pr 3,3). Assim como um menino rico que tem um ornamento de ouro no pescoço, de forma alguma o tira, usando-o como sinal de sua alta origem, também a esmola sempre nos cerque, mostrando que somos filhos de um Pai misericordioso que faz o sol levantar-se sobre maus e bons (Mt 5,45). Mas, não acreditam os infiéis? Acreditarão, contudo, se persistirmos. Se, de fato, virem que temos compaixão de todos e representamos tal mestre, admitirão que assim agimos a fim de imitá-lo. E isto não devemos fazer simplesmente, mas com atenção e firmeza. “A esmola e a fidelidade sejam em ti verdadeiras”, diz-se. Bela expressão: “verdadeira”! Não se origine de rapina, ou roubo. Não se trataria de fidelidade, nem de verdadeira esmola... procuremos que nossa alma tenha bela aparência.

Nada mais maligno que o diabo. Ele em toda parte envolve os seus sequazes em trabalhos infrutuosos, e os dilacera. Não só não suporta que obtenham os prêmios, mas sabe sujeitá-los à punição. Efetivamente, não apenas institui como lei a pregação do evangelho, mas igualmente o jejum e a virgindade, de tal sorte que não apenas os priva da recompensa, mas submete os seus seguidores a uma grave imposição. A este respeito foi dito numa passagem: “Têm a consciência cauterizada” (1Tm 4,2). 

Por conseguinte, exorto-vos, agradeçamos a Deus por tudo, por nos ter aliviado os fardos, e aumentado as recompensas. São premiados os nossos esposos castos; entretanto, os que praticam a castidade entre eles não têm parte nestes prêmios e os hereges que assumem a virgindade são sujeitos a pena igual à dos que vivem na impureza. Qual o motivo? Não agem com reta intenção, e têm em vista caluniar as criaturas de Deus e a sua inefável sabedoria. Não sejamos, portanto, indolentes. Deus nos entregou a combates moderados, não fatigantes. Nem por isso os menosprezemos. Quando os hereges intensificam seus fardos insensatos, que defesa teremos se não queremos assumir os menores, que ocasionam maior retribuição? O que há de pesado, de esmagador nos mandamentos de Cristo? Não podes guardar a virgindade? Ser-te-á lícito casar-te. Não podes renunciar a todos os teus bens? É possível assistir os necessitados com algo do que tens. Diz a Escritura: “O que para vós sobeja, suprirá a carência deles” (2Cor 8,14). Talvez pareça pesado, digo, desprezar as riquezas, e vencer a concupiscência da carne. Aquelas práticas, porém, não causam dano algum, não exigem nenhum esforço. Que esforço, dize-me, é necessário para não falar mal, nem simplesmente caluniar? Que força exige não invejar o bem alheio? Que esforço para não ser arrastado pela vanglória? Suportar a tortura é fortaleza. Reclama fortaleza exercitar-se na sabedoria, força suportar a penúria, força pelejar com a fome e a sede. Quando nada disso te acontece, e ao contrário te é lícito usufruir dos próprios bens, como convém a um cristão, seria pesada obrigação não cobiçar o alheio? Antes, todos os vícios não se originam senão da cobiça, da dependência relativa aos bens terrenos. 

Se, porém, tens por nada as riquezas e a glória deste mundo, não invejarás os seus possuidores. Uma vez, porém, que pasmas diante destas coisas, tens admiração e aspiras por elas, também importunam-te os assaltos da inveja, e ainda os da vaidade. Tudo isso provém de amares os bens da vida presente. 

Tens inveja de alguém porque é rico? E não seria ele digno de compaixão e de lágrimas? Imediatamente replicarias rindo: Eu é que mereço lágrimas, não ele. Digno de lástima és tu, não por seres pobre, e sim por te julgares digno de compaixão. Lastimamos os que não sofrem de mal algum e se impacientam, não por não padecerem, mas porque apesar de não estarem atacados de doença alguma, julgam estar. Por conseguinte, responde-me. Se, acaso, um homem já sem febre, agita-se e revolve-se, deitado na cama apesar de estar são, não é mais lastimável do que os febricitantes, não por uma febre que ele na realidade não tem, mas porque de nada sofre e imagina sofrer? E tu és digno de lástima porque te julgas merecedor de compaixão, não pela pobreza. Pela pobreza, devias reputar-te feliz.

Ouçam estas palavras os ricos; ou antes, não os ricos, mas os impiedosos. De fato, aquele não era castigado por ter sido rico, mas porque não se compadecera. É possível que os ricos compassivos se tornem partícipes de todo bem. No entanto, ele a nenhum outro divisou senão aquele indigente, a fim de que entendesse, ao se lembrar do que fez, ser justo o que padecia. Não existiam, de fato, inúmeros outros pobres que eram justos? Somente lhe apareceu aquele que jazia à sua porta, a fim de ensinar, a ele e a nós, como é bom não confiar nas riquezas. A pobreza não impediu o pobre de obter o reino; de nada adiantou a riqueza ao rico para escapar da geena. Desde quando o homem se chama indigente? Desde quando tem o nome de pobre? Não é, não é indigente o que nada tem, mas o que deseja muito; não é rico o possuidor de muitos bens, mas o que de nada precisa. Que adianta, com efeito, possuir toda a terra, e viver mais infeliz do que aquele que nada tem? A opção, não a abundância ou a falta de dinheiro, faz os homens ricos ou pobres. 

Queres, ó pobre, tornar-te rico? Basta querer e ninguém o impedirá. Despreza os bens deste mundo; considera-os um nada, quais realmente são; rejeita a ambição das riquezas, e enriqueceste! Rico é quem não ambiciona enriquecer; o que não quer empobrecer é pobre. Assim como é doente quem estando com boa saúde inquieta-se com seu estado, não o que suporta a doença com tanta alegria como se estivesse com perfeita saúde, assim também é pobre quem não tolera a pobreza, mas no meio das riquezas considera-se mais pobre que um miserável qualquer, e não o que suportando a pobreza vive com mais alegria do que os ricos, no meio das riquezas; na verdade, ele é o mais rico de todos. 

Mordedura alguma na alma grande e sábia acarreta qualquer dor da presente vida: nem inimizades, nem acusações, nem suspeitas, nem perigos, nem ciladas. Refugiada de certo modo em alto cume, é inacessível a todos os ataques das regiões inferiores da terra. Tal era a alma de Paulo, que alcançara um pico mais elevado do que todos os cumes, em sua sabedoria espiritual, a verdadeira filosofia...Um homem de aço, pode ser golpeado mil vezes, jamais mudará; assim é Paulo.


Mas, se o viver na carne me dá ocasião de trabalho frutífero, não sei bem o que escolher. 

Por isso, ninguém me diga: “Se no além está tua verdadeira vida, por que Cristo te deixa na terra?” “É um trabalho frutífero”, responde. É possível usar da presente vida como convém, não vivendo como a maioria. Isso, diz ele, a fim de não pensares que esteja caluniando a vida terrestre, nem afirmes: “Se a vida presente para nada de bom serve, por que não nos suicidamos, não nos matamos? “De modo algum”, responde. Aqui também é possível lucrar, se não vivermos esta vida e sim uma diferente. Mas, pode-se perguntar: “E isso frutifica?” “Sim”, replica.

E agora, onde ficam os hereges? Eis agora o que dizem eles: “Viver segundo a carne, isso é trabalho frutífero; e, portanto, fruto do trabalho”. Qual o teu “trabalho frutífero”? “Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus” (Gl 2,20). Por conseguinte, o meu é “trabalho frutífero”. E “não sei bem o que escolher”.

Oh! que profunda sabedoria! De que maneira também exclui o desejo da vida presente, contudo não a rejeita! A afirmação: “O morrer é lucro” exclui o desejo; quanto à locução: “Se o viver na carne me dá ocasião de trabalho frutífero” demonstra a necessidade da vida presente. De que forma? Se a emprego conforme convém, se produz frutos, porque se é infrutífera, não chega a ser vida. Por conseguinte, a árvore que não produz fruto, semelhante à árvore seca, nós a depreciamos e jogamos ao fogo. Ainda, a vida pertence à categoria das coisas indiferentes; viver bem ou mal depende de nós. Não odiemos a vida, uma vez que existe vida e excelente; e se a empregamos mal, nem assim a acusemos. Por quê? Porque não é ela a causa disso, mas a livre escolha dos que a empregam mal. Na verdade, Deus te fez viver porque podes viver para ele; tu, porém, a vives segundo a malícia do pecado, e assumes toda a responsabilidade da questão.

“É melhor”, afirma, “partir e ir estar com Cristo”. A morte em si é indiferente. Não é um mal, portanto, a morte em si, mas é um mal ser castigado depois da morte. Nem é um bem a morte, mas é um bem ao que parte “ir estar com Cristo”. O estado posterior à morte enfim é um bem ou um mal. Por conseguinte, não lastimemos simplesmente os mortos, nem nos alegremos simplesmente acerca dos vivos. O que faremos? Lastimemos os pecadores não somente ao morrerem, mas também enquanto viverem. Alegremo-nos, no entanto, relativamente aos justos, não somente vivos, mas também mortos. Os primeiros, de fato, mesmo estando vivos morreram, estes, contudo, apesar de morrerem estão vivos. Os primeiros aqui na terra precisam da misericórdia, porque ofendem a Deus; os outros se partem da terra são felizes porque vão ter com Cristo. Os pecadores, onde quer que estejam, estão longe do Rei; por isso merecem pranto. Os justos, no entanto, na terra ou no além, estão junto do Rei; lá, muito mais perto, não em figura, nem através da fé, mas face a face (cf. 1Cor 13,12).

Em consequência, não lastimemos simplesmente os que morrem, mas os que morrem em pecado; são dignos de choro, de luto, de lágrimas. Que esperança há, dize-me, em partir carregado de pecados, uma vez que lá não há remissão de pecados?

Chora amargamente, geme em casa, sem testemunhas oculares. Isso é solidariedade, e traz proveito também para ti. Quem assim chora o próximo, cuidará bem mais de não cair em idênticas faltas. De resto, o pecado ser-lhe-á pavoroso. Chora os infiéis, chora os que em nada se distinguem deles, os que partem sem o batismo (a “iluminação”), a confirmação (o “selo”). Estes são dignos de lamentação, de lágrimas. Ficarão fora do palácio do rei, com os réus, os condenados. Efetivamente, “em verdade vos digo: quem não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3,5). 


 A estes todos choremos em particular e em público; mas com compostura, com dignidade, sem exibição. Choremos não um dia, nem dois, mas durante toda a vida! Prantear assim não constitui paixão absurda, mas verdadeira afeição; do contrário, seria paixão insensata, que logo se extingue. A originária do temor de Deus, dura sempre. Por conseguinte, deploremo-los, auxiliemo-los à medida de nossas forças, excogitemos uma ajuda, pequena embora, conquanto possível. Qual e de que modo? Nós próprios rezaremos por eles, e exortaremos a que por eles se façam preces, frequentemente dando aos pobres na intenção deles. Esta ação proporciona certo alívio. Escuta as palavras que Deus profere: “Protegerei esta cidade por amor de mim mesmo e do meu servo Davi” (2Rs 20,6). Se tanto pode apenas a lembrança do justo, o que não poderão as obras em seu favor? Não é em vão que os apóstolos determinaram que seja feita memória dos defuntos nos tremendos mistérios. Eles sabiam que se retiraria muito lucro, muita utilidade. Pois, quando o povo inteiro está de pé com as mãos erguidas, o clero completo, e é apresentada a tremenda vítima, como nossas súplicas não haverão de tornar-lhes Deus propício?

Isso, porém, acerca dos fiéis que partem; quanto aos catecúmenos, não fazem jus a tal alívio, mas carecem de todos esses auxílios, exceto um só. E qual é? Dar aos pobres, em sufrágio por eles; esse ato proporciona-lhes certo alívio. Efetivamente, Deus quer que nos ajudemos mutuamente. Por que ordenou que se reze em prol da paz e prosperidade de todo o mundo? Por que em favor de todos os homens (cf. 1Tm 2,1ss)? Apesar de entre esses todos se encontrarem ladrões, violadores de túmulos e larápios, principalmente réus de inúmeros crimes, rezamos por todos sem exceção, porque é possível que haja dentre eles algum que se converta. E assim como oramos por esses vivos, que não se distinguem dos mortos, é também lícito rezar por eles.


Jó oferecia sacrifícios pelos filhos e obtinha-lhes a remissão dos pecados. Disse: “Talvez tenham cometido pecado em seus corações” (Jó 1,5). É deste modo que importa preocupar-se com os filhos. Não falava como tantos atualmente: “Deixo-lhes uma propriedade”. Não disse: “Obtenho-lhes honrarias”. Não declarou: “Vou adquirir-lhes poder”. Não disse: “Vou comprar umas terras”. Ao invés, o quê? “Talvez tenham cometido pecado em seus corações.” Qual a vantagem de todos aqueles bens que devem ficar aqui na terra? Nenhuma. “Vou tornar-lhes propício o Rei do universo”, diz ele, “e enfim, coisa alguma lhes faltará”. “O Senhor é meu pastor, nada me falta” (Sl 23,1). 


Esta a grande riqueza, este o tesouro. Se temos o temor de Deus, nada nos falta. Mas, se o não tivermos, mesmo que possuirmos um reino, somos os mais pobres dos homens. Nada de semelhante àquele que teme o Senhor. “O temor do Senhor excede a tudo” (Eclo 25,14). Queiramos adquiri-lo, por ele tudo façamos; e se tivermos de perder a vida, e se o corpo tiver de ser trucidado, não recuaremos. Façamos tudo para obter este temor. Desta forma seremos os mais ricos de todos, e alcançaremos os bens futuros em Cristo Jesus nosso Senhor, ao qual com o Pai e o Espírito Santo glória, poder, honra, agora e sempre e nos séculos dos séculos. Amém


A morte


Nada mais feliz que a alma de Paulo, porque não existe outra mais generosa. Mas é oportuno dizer o oposto acerca dos demais: Nada mais fraco, mais mísero do que nós. Efetivamente, todos estremecemos diante da morte, uns por causa da multidão de seus pecados, entre os quais estou eu, outros por amor à vida e covardia, entre os quais possa nunca me encontrar! 

São carnais os que a temem. Justamente por aquela partida que provoca estremecimento em todos, Paulo roga e anela, dizendo: “Partir é muito melhor”. Não sei bem o que escolher”.

Novamente ensina-lhes a moderar seu modo de pensar, a atribuir tudo a Deus, e denomina uma “graça”, um dom, uma dádiva sofrer por Cristo. Não vos envergonheis deste dom. E é realmente mais admirável que ressuscitar os mortos e fazer milagres. Pois, nesse caso sou devedor, no outro o devedor é Cristo. Por conseguinte, não apenas não devemos nos envergonhar, mas antes alegrar-nos, estando de posse de tal dom. Ele dá às virtudes o nome de carismas, não em sentido próprio, como relativamente aos outros carismas. Na verdade, os outros vêm totalmente de Deus, enquanto nas virtudes também nós tomamos parte. Mas visto que igualmente aqui a parte principal é de Deus, diz-se que o todo é dele; não, porém, que se queira eliminar o livre-arbítrio, e sim fazer-nos discretos e agradecidos.


E em outra passagem: “E o vosso zelo tem servido de estímulo à maioria das Igrejas” (2Cor 9,2). Vês o elogio aos homens daquele tempo? Nós, ao invés, não sofremos bofetadas, nem ferimentos, nem fomos sujeitos a injúrias ou a dano material. Eles eram cheios de zelo, e na peleja todos davam testemunho; quanto a nós, deixamos esmorecer o amor por Cristo. E ainda ve-mo-nos na necessidade de denunciar o estado atual das coisas. E o que fazer? Não quero, mas a tal sou forçado. Se é possível, porém, calar e nada dizer, e com o silêncio desaparecem as ações, é lícito calar; se for o contrário (não somente não desaparecem quando nos calamos, mas até se tornam piores), é forçoso falar. Aquele que denuncia as faltas, se não consegue outra coisa, não deixa o mal ir avante. Não existe alma tão sem pudor e ousada que, ao ouvir assíduas repreensões, não core, não diminua tanta maldade. Existe, na verdade existe, mesmo nos que perderam a vergonha, algum pudor. Deus implantou em nossa natureza o pudor. Quando não basta o temor para nos corrigir, preparou muitos outros caminhos para abandonarmos o pecado. Por exemplo, a crítica dos homens, o medo das leis estabelecidas, a ambição da glória, a aquisição de amizades. Todos esses caminhos nos levam a evitar o pecado. Repetidas vezes, não é por causa de Deus, mas por vergonha, e o que não se faz por Deus, é feito por causa dos homens. Em primeiro lugar, aprendemos a não pecar; depois, recebemos orientação de como agir, enfim, por causa de Deus. 

Aliás, por que razão Paulo exorta à paciência os que querem vencer os inimigos, não por temor de Deus, mas pelo medo de represálias? “Agindo desta forma estarás pondo brasa na cabeça dele” (Rm 12,20). Entretanto, quer principalmente que se pratique a virtude. Por isso, eu dizia existir em nós certo senso de vergonha. Temos naturalmente muita inclinação à virtude. Por exemplo, todos os homens por natureza sentem compaixão e nenhum outro bem se encontra naturalmente em nós como este.


Por esse motivo, temos o direito de perguntar por que este sentimento está tão arraigado em nossa natureza que facilmente derramamos lágrimas, curvamo-nos, inclinamo-nos à compaixão. Ninguém é por natureza brilhante, não há quem esteja isento de vanglória, ninguém superior à emulação; mas por natureza todos se inclinam à compaixão, por mais cruel ou impiedoso que seja. E não é de espantar o fato de o demonstrarmos aos demais; mesmo das feras nos compadecemos, de tal forma é inata a compaixão em nós. Até diante de um leãozinho sentimos algo, mais ainda relativamente a nossos semelhantes. “Olha quantos inválidos!” – exclamamos muitas vezes, sabendo que é suficiente para nos induzir à compaixão.



Nada tão excelente, nada tão amável quanto um mestre espiritual; supera em tudo a benevolência de um pai natural. “Nada fazendo por competição.” Roga e fala sobre o modo conveniente de realizá-lo: “Nada fazendo por competição e vanglória”. Conforme sempre digo, é esta a causa de todos os males. Daí provêm as lutas e as disputas, daí as invejas e as rivalidades, daí o arrefecimento da caridade: visarmos à glória da parte dos homens, sermos escravos de honrarias da multidão.



Nada tão alheio a uma alma cristã como a arrogância. Digo arrogância, e não franqueza, ou bravura. Pois estas têm suas características. Diferenciam-se essencialmente entre si. De fato, uma coisa é a humildade, outra, porém, o servilismo, a adulação, os afagos. E, se quiserdes, de todos posso apresentar exemplos:

Parece que os contrários entre si brotam inseparáveis, como a cizânia e o trigo, os espinhos e a rosa. Talvez apenas as crianças facilmente se iludam, porém os homens, no verdadeiro sentido da palavra, experientes no cultivo espiritual, sabem na verdade distinguir o bem do mal. Vamos apresentar exemplos hauridos da Escritura. O que seria, então, a adulação, o servilismo, os afagos? Siba adulou a Davi em momento inoportuno e cometeu um crime contra seu próprio senhor (cf. 2 Sm 16,1ss). Mais ainda Aquitofel a Absalão (2Sm 16,15-17). Não assim Davi, que era humilde. Os pérfidos são aduladores. Por exemplo, quando os magos dizem: “Ó rei, vive para sempre!” (Dn 2,4). Encontramos também nos Atos muitos fatos semelhantes acerca de Paulo, quando se dirigia aos judeus, sem adulação, mas humilhando-se; ele sabia também mostrar franqueza, como ao dizer: “Irmãos, embora nada tenha feito contra nosso povo, nem contra os costumes dos pais, fui aprisionado em Jerusalém e entregue às mãos dos romanos” (At 27,28). Constitui prova de que suas palavras provinham da humildade a maneira como os censurou em seguida, nesses termos: “É bem verdade o que o Espírito Santo disse: em vão escutareis, não compreendereis; em vão olhareis, não vereis” (At 28,25-26: cf. Is 6,9-10). Notas a bravura? Vê também qual a coragem de João Batista diante de Herodes, ao declarar-lhe: “Não te é lícito possuir a mulher de Filipe, teu irmão” (Mc 6,18). 


Queres ver ainda palavras de humildade e de liberdade? Escuta Paulo a falar: “Quanto a mim, pouco importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano. Eu também não me julgo a mim mesmo. Verdade é que a minha consciência de nada me acusa, mas nem por isso estou justificado” (1Cor 4,3-4). Tal é a atitude que convém ao cristão. E ainda: “Quando alguém de vós tem rixa com outro, como ousa levá-la aos injustos, para ser julgada, e não aos santos?” (1Cor 6,1).


Queres ver a adulação dos judeus insensatos? Escuta-os a dizer: “Não temos outro rei a não ser César!” (Jo 19,15).  


Queres constatar a humildade? Ouve ainda a Paulo, que diz: “Não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo Senhor. Quanto a nós mesmos, apresentamo-nos como vossos servos por causa de Jesus” (2Cor 4,5). 


Em resumo, para reunir tudo num só tipo, a audácia existe quando alguém se irrita e encoleriza sem motivo, por vingança ou injusta ousadia; franqueza, contudo, e coragem, quando se enfrentam perigos e morte, e olha-se com desdém a amizade ou a inimizade, por causa de Deus. Novamente adulação e servilismo quando alguém procura ganhar a outrem por meios inconvenientes, ou no intuito de obter por ciladas alguma vantagem temporal. Humildade, ao invés, seria fazer o que apraz a Deus e descer de alta posição, a fim de conseguir algo de grande e admirável. Se o entendemos, somos felizes, no caso de o praticarmos. Não basta ter entendido, pois diz o Apóstolo: “Porque não são os que ouvem a Lei que são justos, mas os que cumprem a Lei” (Rm 2,13). Ainda mais: o conhecimento nos condena se não for acompanhado de atos ou boas obras. Tendo em mira, portanto, escaparmos da condenação, procuremos a prática a fim de alcançarmos os bens prometidos, pela graça e a benignidade de nosso Senhor Jesus Cristo.


No intuito de exortar os filipenses à humildade, apresentou-lhes Cristo por modelo. E não somente neste lugar, mas ainda ao dissertar sobre a caridade para com os pobres, exprime-se de maneira semelhante: “Com efeito, conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que por causa de vós se fez pobre, embora fosse rico” (2Cor 8,9). Efetivamente, nada persuade melhor uma alma grande e sábia à prática do bem como estar ciente de que desta maneira assemelha-se a Deus. Que estímulo há igual a este? Nenhum. Paulo, disso bem consciente, exortando-os à humildade, primeiro aconselha, acrescenta uma súplica, depois fala com energia: “Estais firmes num só espírito” (Fl 1,27) e: “Para eles é sinal de ruína, mas, para vós, de salvação” (Fl 1,28). Enfim, apresenta este motivo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus. Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como uma rapina, mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo”. 



Mas, parece, o respeito humano em nós pode mais que o temor da geena e dos futuros castigos. Por isso, tudo está invertido. As questões políticas são tratadas diariamente com maior solicitude, para não haver omissão; as espirituais, porém, não têm importância alguma para nós.  



Cientes disso, não nos entreguemos a calúnias, mas aos benefícios; não perscrutemos curiosamente os males alheios, mas analisemos os nossos; cogitemos nas boas obras dos outros, e pensemos nos nossos pecados, e assim agradaremos a Deus. Pois, encarando os pecados alheios, e nossas boas obras, teremos duplo prejuízo. Em vista daqueles exaltamo-nos com orgulho, e destas, caímos na negligência. De fato, ao se pensar que este ou aquele pecou, facilmente se peca também; e ao cogitar alguém que ele próprio agiu bem, facilmente torna-se orgulhoso. Quem, ao invés, entrega ao esquecimento suas boas obras, considerando apenas seus pecados, sem investigar curiosamente os pecados dos outros, e sim as boas obras deles, recolhe múltiplo lucro. Escuta de que modo: Se alguém vê que este ou aquele agiu bem, inflama-se de idêntico zelo; ao verificar que ele próprio peca, torna-se humilde e modesto. Se agirmos desta forma e assim nos orientarmos, poderemos alcançar os bens prometidos, através da graça e benevolência de nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual com o Pai e simultaneamente com o Espírito Santo glória, poder, honra, agora e para sempre e nos séculos dos séculos. Amém.


Nada de tal modo torna vãs as boas obras, nada provoca soberba, como a lembrança do bem que fizemos. Produz dois males: faz-nos mais negligentes e exalta em arrogância.


“Mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, e em ação de graças.” Há um só consolo: “O Senhor está próximo”. E: “Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos!” (Mt 28,20). Eis que existe ainda outro consolo, um remédio que pode livrar de toda tristeza, de qualquer ocorrência e de todas as coisas molestas. Qual é? A ação de graças em todas as circunstâncias. A oração, segundo o Apóstolo, não se restringe às preces, mas também é ação de graças por aquilo que possuímos. Como pode pedir bens futuros, quem não é grato pelos passados? Mas em “todas as vossas necessidades”, diz ele, a saber, em todas a circunstâncias, “pela oração e pela súplica”. Aliás, devemos agradecer por tudo, mesmo pelo que parece adversidade. Então, observamos a verdadeira gratidão. O pedido é exigido pela natureza das coisas, a ação de graças, porém, origina-se de uma alma reconhecida e intimamente ligada a Deus. Tais orações encontram junto de Deus reconhecimento; das outras, não quer saber. Assim deveis pedir, assim serão bem apresentadas vossas súplicas diante de Deus. Deste modo, tudo se realizará para nosso bem maior, mesmo quando não o percebemos. A circunstância de não o percebermos é sinal de que seguramente alcançaremos grande bem. “Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus.”


Tudo o que é “honroso”. O que é honroso denota a virtude quando atua do exterior, o que é “puro” origina-se da alma. Ele quer dizer: A ninguém dar escândalo, nem ocasião de censura. Tendo se referido a tudo o que é “honroso” a fim de não se julgar que é simplesmente diante dos homens, acrescentou: “o que é virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor”, nisso pensai, “isso praticai!”. Quer que continuamente sejamos assim, preocupemo-nos com tais coisas, disso cogitemos. Pois, se conservarmos a paz entre nós, Deus também estará conosco. Se, porém, criamos revolta, o Deus da paz não estará conosco. Pois, nada hostiliza a alma com o vício; e nada, ao contrário nos restabelece em segurança, como a paz e a virtude. Comecemos, portanto, a prestar o que nos compete e atrairemos também a Deus para o nosso lado. Deus não é um Deus de guerra e pugna. Desiste, portanto, da guerra e da luta, tanto contra ele quanto contra o próximo. Sê pacífico para com todos. Pensa quais são aqueles a quem Deus dá a salvação: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Esses tais sempre imitam o Filho de Deus; imita-o também tu. Sê pacífico. Quanto mais o irmão te combater, tanto maior será a tua recompensa. Ouve, portanto, o profeta: “Com os que odeiam a paz, somos pacíficos” (Sl 120,7).


Isto é virtude, isto é mais que pensamento humano, e atrai a Deus para perto de nós. Nada tanto alegra a Deus como o esquecimento das injúrias; livra-te dos pecados, apaga os crimes. Ao combatermos e lutarmos, distanciamo-nos de Deus. Das lutas, de fato, originam-se as inimizades; das inimizades seguem-se as lembranças das injúrias. Corta a raiz, e o fruto não aparecerá. Desta forma, aprendemos a desprezar as coisas presentes. Não existe, efetivamente, não existem pelejas nas coisas espirituais, mas as refregas e invejas que vires são oriundas das questões temporais: das ambições, da inveja, da vanglória começa toda disputa. Se conservarmos a paz, aprenderemos a desprezar as coisas desta terra. Alguém roubou-te os bens? Mas em nada te prejudicou, conquanto não roube as riquezas superiores, diz-se. Lesou tua glória? Não, contudo, a que tens junto de Deus, mas a de nenhum valor; propriamente não é glória, mas da glória tem o nome, ou melhor, é coisa inglória. Roubou-te a honra? Não foi, porém, a tua, mas a sua própria. Na verdade, o injusto não causa dano, mas ele próprio é prejudicado. Assim também o que arma ciladas ao próximo, primeiro arruína a si próprio; o que cava uma fossa para o próximo, nela cai. Por conseguinte, não armemos mutuamente ciladas uns aos outros, a fim de não sermos nós mesmos atingidos. Quando suplantamos a glória dos outros, pensemos que prejudicamos a nós mesmos, porque é mais para nós mesmos que planejamos insídias. Na verdade, talvez prejudiquemos junto dos homens àquele que o conseguirmos; a nós mesmos fazemos o mal junto de Deus, irritando-o. Não danifiquemos a nós mesmos. Pois, quando fazemos injustiça ao próximo, a nós mesmos a fazemos; igualmente, fazendo-lhe o bem, a nós próprios beneficiamos.



Extraído do livro: Patrística, volume 27, volume 3. 



Devocional | Calendário de Leitura Bíblica  | Plano de Vida Espiritual | Cursos 

Clube de Leitura Conjunta  | Salus in Caritate Podcasts


Devocional 38| Preceitos concernentes à fé e o ensino catequético (São Tomás de Aquino)



Textos anteriores clique do Devocional aqui


Existe na lei divina preceitos concernentes a fé, principalmente na Lei Nova. 

Os judeus ao seguir a Lei Antiga acreditavam na grandeza de Deus e confiavam em suas divinas promessas, isso era suficiente para que sua fé fosse sobrenatural. No entanto, a nossa fé, católica, é mais completa e perfeita. 

Esta superioridade consiste no fato de que a eles apenas foi dado entrever de maneira vaga e simbólica os mistérios sobrenaturais da glória, que a nós, ainda que velados e entre sombras, nos foram declarados expressadamente. 

Estamos obrigados a meditar neles e a penetrar nos recônditos de seu sentido, mediante os dons do Espírito Santo, com o fim de facilitar-nos o cumprimento desta obrigação, emprega a Igreja todo o zelo e diligência em ensinar aos fiéis as verdades da fé. 

A Igreja emprega, para isso, o método de ensinar o catecismo. Logo, todos os fiéis tem obrigação de aprender o catecismo na medida que lho permitam as suas faculdades. 

O catecismo tem importância e autoridades especiais; porque é uma iniciação no estudo e conhecimento das mais sublimes e deslumbradoras verdades da ordem sobrenatural.

O Magistério Catequético é exercido pela Igreja, por intermédio dos seus maiores gênios e doutores. 

O ensino do catecismo é fruto dos dons do Espírito Santo na Igreja; porque no fundo se reduz a propor aos fiéis, com maior ou menor extensão, o mais apreciado e maravilhoso fruto dos dons do Espírito Santo, a Suma Teológica de São Tomás de Aquino. 

A Suma Teológica tem grande e especialíssima autoridade na Igreja de Cristo. A Igreja impõem a todos os que ensinam em seu nome a obrigação de inspirar-se nela e ensinar as suas doutrinas (Código de Direito Canônico, 589, 1366).

Portanto, é digno de maior elogio, o trabalho dos que se dedicam a este ensino, porque é o meio mais seguro para que ninguém se desvie do que ensina a fé e do que exige a razão. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino





Criador Inefável,
Vós que sois a fonte verdadeira da luz e da ciência,
derramai sobre as trevas da minha inteligência um raio da vossa claridade.

Dai-me inteligência para compreender,
memória para reter,
facilidade para aprender,
sutileza para interpretar
e graça abundante para falar.

Meu Deus, semeai em mim a semente da vossa bondade.

Fazei-me pobre sem ser miserável,
humilde sem fingimento,
alegre sem superficialidade,
sincero sem hipocrisia;
que faça o bem sem presunção,
que corrija o próximo sem arrogância,
que admita a sua correção sem soberba;
que a minha palavra e a minha vida sejam coerentes.

Concedei-me, Verdade das verdades,
inteligência para conhecer-Vos,
diligência para Vos procurar,
sabedoria para Vos encontrar,
uma boa conduta para Vos agradar,
confiança para esperar em Vós,
constância para fazer a Vossa vontade.

Orientai, meu Deus, a minha vida;
concedei-me saber o que me pedis
e ajudai-me a realizá-lo
para o meu próprio bem
e de todos os meus irmãos.

Amém.






"São Tomás disse que a virtude é o caminho do meio, não disse que é o caminho do mais ou menos. " (Ana Paula Barros)


 Devocional | Calendário de Leitura Bíblica | Plano de Vida Espiritual | Cursos 

Clube de Leitura Conjunta | Salus in Caritate Podcasts



Resenha




Nome do livro: Catarina de Siena - Biografia de uma Santa
Autor: Sigrid Unset 
Data da leitura: julho de 2020
Editora: Minha Biblioteca Católica
Total de páginas: 368
Nível de dificuldade da leitura: "tranquilidade"


Escutar Podcast aqui



 Sobre a autora 




A história de uma conversão:

Sigrid Undset (Kalundborg, 20 de maio de 1882 — Lillehammer, 10 de junho de 1949) foi uma escritora norueguesa. Recebeu o Nobel de Literatura de 1928.

A falta de dinheiro da família viria a minar as suas possibilidades de estudos universitários. Trabalhou durante 10 anos como secretária, começando aos 16 anos de idade, após um curso de secretariado de um ano. Ganhou grande experiência como dactilógrafa, apesar de, por vezes, pensar estar a desperdiçar a juventude.

Começou a escrever. Aos 22 anos, tinha pronto o seu primeiro manuscrito. Um romance histórico, passado na Dinamarca medieval. Foi recusado pela editora, o que constituíu um golpe duro para ela. Dois anos mais tarde, tinha pronto um novo romance, mais curto, Fru Marta Aulie, com uma frase de abertura que chocou os leitores da época: "Fui infiel ao meu marido", as palavras da personagem principal. O livro não foi imediatamente aceito, mas após a intervenção de um escritor então famoso, acabou por ser publicado.

Em seguida, foi publicando uma série de romances desenrolados na Cristiânia contemporânea de então. Os anos que passara como secretária haviam-lhe dado experiência a observar pessoas que, como ela, lutavam por encontrar um pouco de felicidade. Não tinha muitos amigos. Era uma pessoa algo introvertida. Mas conseguia ver as pessoas com sagacidade. Uma das formas que tinha de quebrar a solidão eram grandes passeios a pé, pelas ruas de Cristiânia, ficando a conhecer a cidade como poucos.

Como os seus livros começaram a vender bem, recebeu uma bolsa de escritora e abandonou o escritório onde trabalhava. Começou uma viagem pela Europa. Passou pela Dinamarca e pela Alemanha, dirigindo-se, em seguida, para a Itália, onde permaneceu 9 meses. Seus pais tinham uma ligação forte com Roma, o que a fez, de certa forma, sentir-se em casa. Foi uma viagem muito significativa para ela. Conheceu pessoas novas, do círculo artístico escandinavo. Tornou-se mais disponível para o convívio e para a alegria. Conheceu Anders Castus Svarstad, um pintor norueguês, com quem casaria em 1912.

Regressou a Roma em 1913, onde nasceu o seu primeiro filho, que recebeu o nome de seu pai.

Teve mais dois filhos, que significavam muito para ela. A segunda filha era deficiente mental. Para além dos seus filhos, teve de cuidar ainda dos 3 filhos da relação anterior de seu marido, sendo um deles também deficiente. Foi um período complicado para a mulher, como escritora, mas continuou a escrever à noite.

Mudou-se para Lillehammer em 1919. O seu casamento ruiu nessa altura, quando teve o terceiro filho. Construiu uma bela casa, numa propriedade, encontrando um refúgio para as suas crianças e um local tranquilo para escrever.

Aí escreveu a sua obra mais famosa, Kristin Lavransdatter, uma trilogia modernista sobre a vida na Escandinávia na Idade Média. O livro desenrola-se na Noruega medieval e foi publicado entre 1920 e 1922. Retrata a vida de uma mulher, Kristin, filha de Lavrans, desde o seu nascimento até à sua morte. Sigrid Undset viria, mais tarde, em 1928, a receber o Nobel de Literatura devido a esta trilogia, assim como aos seus dois livros sobre Olav Audunssøn, publicados em 1925 e 1927.

Converteu-se ao catolicismo em 1924, portanto todos os romances foram escritos antes da conversão e as obras Kristin e Olav Audunssøn (não traduzidas em português), que lhe deu o prêmio, foram escritas durante o processo de conversão ou após. Ingressou na Ordem dos Pregadores, como leiga terceira, escrevendo regularmente artigos sobre a fé cristã. É autora de uma biografia sobre Santa Catarina de Sena, a quem ofereceu a sua medalha de prêmio Nobel.

Abandonou a Noruega em 1940, refugiando-se nos Estados Unidos, em oposição ao regime nazista que ocupara o seu país. Aí escreveu e discursou incansavelmente contra esse regime, que acabou por lhe levar o filho mais velho, morto em combate contra tropas alemãs. Regressou à Noruega após o fim da segunda guerra mundial, em 1945. Não conseguiu escrever mais uma palavra, após o seu regresso. Faleceu em 1949, em Lillehammer.




 Qual o contexto histórico do livro? 



O que segue abaixo é um material de apoio, não se trata de spolier, pois são informações adicionais aos episódios do livro (levantadas por pesquisa independente), para melhor contextualiza-los: 

Na linha do tempo dos Santos estamos depois do tempo de São Domingos (faleceu em 1221), São Francisco de Assis (faleceu em 1226),  Santo Antônio de Pádua (faleceu em 1231). Sim , todos eles estavam nesta terra ao mesmo tempo. 

Catarina de Siena, nascida Caterina Benincasa (Siena, 25 de março de 1347 — Roma, 29 de abril de 1380, com 33 anos), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase um século no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.

Quando a peste negra devastou a Itália e toda a Europa Santa Catarina tinha 1 ano de idade. Depois, mais tarde, no retorno da peste bubônica, ela estava em viagem cuidando das coisas da Igreja. E tentou o que foi possível para evitar o "Cisma do Ocidente". O Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou simplesmente Grande Cisma foi uma crise religiosa que ocorreu na Igreja entre os anos 1378 e 1417.

Entre 1309 e 1377, a residência do papado foi alterada de Roma para Avinhão, na França, pois o Papa Clemente V foi levado (sem possibilidade de debate) pelo rei francês para residir em Avinhão. Em 1378, o Papa Gregório XI voltaria para Roma, onde faleceria. A população italiana desejava que o papado fosse restabelecido em Roma. Foi então eleito Urbano VI, de origem italiana. No entanto, o papa decidira corrigir os comportamentos dentro do clero e ordenar (foi a época em que os votos de pobreza e castidade não eram respeitados por muitos do clero, como diz a própria Santa Catarina "de Roma já sentia o cheiro que vinha deste lugar"), de modo que uma quantidade considerável do Colégio dos Cardeais, se decidiu a anular a sua votação e foi realizado um novo conclave, sendo eleito Clemente VII, que passou a residir em Avinhão. Iniciara-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia em Avinhão, reclamando ambos para si o poder sobre a Igreja Católica. Posteriormente, surgiria outro Antipapa em Pisa. O cisma terminou no Concílio de Constança em 1417, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

Santa Catarina, de certa forma, deu continuidade a missão iniciada por Santa Brigida da Suécia, elas nunca se conheceram, 3 anos antes da morte de Santa Brígida, por volta de 1370, Santa Catarina (com 26 anos) tinha o seu ano mais repleto de êxtases, união com o Senhor e uma vida em preparo da missão que desempenharia. 


Agora, se prepare para a parte emocionante: alguns Santos que viveram ao mesmo tempo que Santa Catarina (eles não se conheciam pessoalmente):

São Conrado de Placência (nasceu em Calendasco, 1290 , faleceu em 19 de fevereiro de 1351 ; Santa Catarina tinha 4 anos de idade) foi um santo eremita que viveu em Placência, na Itália, no século XIV. 

Conrado era casado em sua cidade natal e era homem de muitos bens, dado aos divertimentos e à caça. Numa ocasião de caçada, acidentalmente provocou um incêndio, prejudicando a muitas pessoas. Ele então fugiu, e a polícia prendeu um inocente, que não sabendo se defender, estava prestes a ser condenado e executado. 

Quando Conrado soube disso, se apresentou como responsável pelo incêndio e se propôs a vender todos os bens para reconstruir tudo o que o incêndio destruiu. Reduzido à pobreza e buscando penitência por sua covardia, Conrado e sua esposa viram a interferência divina no evento e, como resultado, eles concordaram em se separar. Conrado foi para um eremitério de franciscanos terciários perto de Placência, enquanto que a sua esposa se tornou uma freira clarissa. 

Ele rapidamente criou uma reputação por sua santidade e o fluxo de visitantes o impedia de buscar a solidão que tanto desejava. Ele então foi à Roma e, de lá, para um local isolado perto de Noto, na Sicília, onde ele se acomodou e viveu por trinta e seis anos, na mais austera e penitente solidão, realizando inúmeros milagres, até a sua morte em 19 de fevereiro de 1351. Ele morreu rezando, ajoelhado diante de um crucifixo.


São Nuno de Santa Maria ou simplesmente Nun'Álvares (nasceu em Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, 24 de junho de 1360 - Santa Catarina tinha 13 anos – Lisboa, faleceu em 1 de novembro de 1431), foi um nobre e general português do século XIV. Desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal defendeu a sua independência de Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º Condestável de Portugal, 38.º Mordomo-Mor do Reino, 7.º conde de Barcelos, 3.º conde de Ourém e 2.º conde de Arraiolos.Gravura da considerado o maior estratega, comandante e génio militar português de todos os tempos, comandou forças em número substancialmente inferior ao inimigo e venceu todas as batalhas que travou. É o patrono da Infantaria portuguesa. A sua forma de comandar, caracterizou-se fundamentalmente pelo exemplo e pelas inúmeras virtudes militares, junto dos seus homens.

Luís de Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em "Os Lusíadas". O forte Nuno, como Camões o designa, aparece logo evocado na 12.ª estrofe do canto primeiro, "Por estes vos darei um Nuno fero, Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço," e no canto oitavo, estrofe 32: "Mas mais de Dom Nuno Álvares se arreia. Ditosa Pátria que tal filho teve!".


A sua lealdade e dedicação foi generosamente recompensada pelo rei pelos vários títulos que recebeu e propriedades, ficando dono de quase metade do país.



Depois da conquista de Ceuta em 1415, decidiu abraçar a vida religiosa em 1423, como irmão donato no convento do Carmo que tinha mandado construir.





São Gonçalo de Lagos (também nasceu em 1360 e morreu em 1422) é um beato português, venerado sobretudo pelos pescadores do Algarve em busca de proteção enquanto estão no mar. São Gonçalo viveu como Frade da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, tendo-se dedicado no seu tempo à pregação enquanto superior de alguns mosteiros da sua ordem. Em 1778 foi feito beato.



Brígida Birgersdotter (Santa Brígida); (Uplândia, Suécia, 15 de dezembro de 1303 - Roma, 23 de julho de 1373) foi uma religiosa sueca, escritora, teóloga, fundadora de ordem religiosa, padroeira da Suécia e copadroeira da Europa. Por intermédio de seus pais e de seu esposo, pertenceu aos círculos políticos mais influentes da Suécia medieval.

Com a idade de sete anos, afirmou ter tido uma visão de Nossa Senhora e, aos dez, como resultado de um sermão sobre a Paixão e Morte de Nosso Senhor, sonhou com Jesus Cristo, convertendo a Paixão de Cristo em centro de sua vida espiritual. Antes de completar quatorze anos, contraiu matrimônio com Ulf Gudmarsson , com quem teve vida feliz por vinte e oito anos, e com quem teve quatro filhos e quatro filhas, uma das quais é venerada com o nome da Santa Catarina da Suécia. Em 1355, foi chamada pela corte do rei Magno IV da Suécia para converter-se em dama de honra da rainha Branca de Namur.

Uma penosa doença deixou seu marido de cama por longo período. Após as orações de Brígida, ele recobrou a saúde, por isso ambos prometeram consagrar-se a Deus na vida religiosa. Conforme parece, Ulf morreu em 1344, no Convento Cisterciense de Alvastra, antes de pôr em obra seu propósito. Brígida, por sua vez, ficou quatro anos mais neste convento, dedicada à penitência e à oração.

As visões e revelações de Santa Brígida se referiam aos assuntos mais polêmicos de sua época e muitos reconhecem que, graças a essas visões, obtiveram alguns acordos de paz e estabeleceram relações políticas entre os estados, dentre outras coisas. Essas visões foram escritas em latim pelo prior do mosteiro, Pedro de Skninge, que foi o único a quem a Brígida confiava com exatidão suas visões divinas, em qualidade de confessor.

Segundo Brígida, por indicação divina, foi fundada em 1370 a Ordem de Santa Brígida (Den heliga Frälsarens orden), e, alguns anos mais tarde, em 1384 a abadia de Vadstena (Vadstena kloster) na cidade de Vadstena.

Em 23 de julho de 1373, Santa Brígida faleceu aos 71 anos, em mãos de seu fiel confessor (Santa Catarina de Siena tinha 26 anos). Foi canonizada a 7 de outubro de 1391 por Bonifácio IX. É venerada como a padroeira da Suécia. Sua festa litúrgica é comemorada em 23 de julho.



Santa Catarina da Suécia ou Catarina de Vadstena (1331 ou 1332 - Vadstena, 24 de Março de 1381) foi uma monja católica, que pertencia a uma família nobre ligada aos reis suecos. Sua mãe era Santa Brígida da Suécia. Ela levou uma vida absolutamente dedicada à fé cristã.

Formou-se na Abadia de Bisberg, permanecendo ali até se casar com um homem inválido.

E quando ficou viúva, como a sua crença em Deus era enorme, abriu-se a uma consagração total e foi viver junto de sua mãe em Roma, onde permaneceram por 23 anos. Com ela fez várias peregrinações.

Tornou-se Abadessa na Abadia de Vadstena, onde permaneceu até a morte.

Escreveu um trabalho intitulado “Consolação da Alma” (Sielinna Troest).

Santa Catarina da Suécia e Santa Catarina de Siena se encontraram uma vez em Roma por conta de um situação em que talvez poderiam ir ter com a Rainha Joana (uma monarca bem pervertida), mas Santa Catarina da Suécia achou melhor não irem, pois a Rainha Joana numa outra ocasião havia beijado e se apaixonado pelo seu irmão (que era casado), o que deixou Santa Brigida com muita dor que o filho caísse em pecado, o moço adoeceu e morreu antes disso (nem todos os filhos de Santa Brigida eram como Catarina...) 

Embora houvesse quem tivesse feito esforços para isso, a canonização nunca ocorreu, mas, em 1484 o Papa Inocêncio VIII deu permissão para o seu culto como santa na Suécia e alguns de seus pertences foram preservadas como relíquias . Dentro da Igreja Católica, o seu dia de festa é 24 de Março, enquanto que na Suécia é 2 de Agosto. É protetora contra os abortos. 

 O que esse livro acrescentou na minha vida pessoal? 


Eu finalmente consegui iniciar o trabalho de listar alguns santos que viveram próximos ou ao mesmo tempo. Também me ajudou muito na vivencia do celibato no mundo, a vida dela é um farol de como reagir - para todos, mas principalmente para os leigos consagrados - diante das reviravoltas causadas pelo pensamento soberbo do coração humano. 



 Para quem você indicaria esse livro? 



Para quem tem vida consagrada no mundo, para os que se sentem um pouco amedrontados neste tempo que estamos a viver. Santos nascem na adversidade e no aparente caos do mundo, vendo suas vidas e ainda o número de santos vivendo ao mesmo tempo, temos diante dos olhos a história da família a qual pertencemos: a Igreja. E ainda a sua fortaleza, concedida por graça divina, apesar do meus e dos seus pecados à essa Barca de Pedro (como ensina Santa Catarina, todos nós temos parte no caos da Igreja, pois contribuímos para isso com os nossos pecados; todos temos parte na sua purificação através da purificação das nossas vidas).


 Citações favoritas 



"Toda a história da Igreja se constrói, desde o principio, sobre uma série interminável de conversões, algumas delas fabulosas".



"A despeito da crise da fé dos último século, multiplicaram-se os evangelizadores católicos convertidos das hostes protestantes: Cardeal Newman, G.K. Cherterton, Frederick Copleston, Dietrich Von Hildebrand, para citar apenas exemplos mais ilustres".



"...bastava um único exemplo fulgurante de que, sim, é possível ao ser humano sacrificar a vida pelo Bem e pela Verdade". 

"O Espírito Santo lhe havia ensinado como construir para si mesma uma cela interior, um local de refúgio onde ela pudesse rezar e agradecer a seu Amado e de onde ninguém pudesse retirá-la..."

"Mas reza por nós, para que possamos merecer o Noivo que escolhestes ainda tão jovem" (fala do pai de Santa Catarina ao saber de seu voto de que guardaria a castidade)

Sobre a penitência, Jesus diz a Santa Catarina: "O que peço de meus servos são a virtude e os esforços da alma, e não os deveres externos que tem apenas o corpo como instrumento. Estes são meios de progresso da virtude, mas não são as virtudes em si". (numa época como a nossa vale lembrar que Santa Catarina fez, ainda assim, todas as penitências, exceto a da sujeira - mostrada na biografia de Santo Antão - , ela usou todos os meios de progresso, portanto, não se deve usar a fala do Senhor para justificar não fazer, ao menos, alguma penitência e mortificação, sobre isso clique aqui).

E ainda Ele diz: "Filha sabes quem és e quem sou Eu? Se sabes essas duas coisas, serás muito feliz. Deves saber que és aquilo que não é, e que Eu sou Aquilo que é. Se tua alma estiver de posse desse conhecimento, o demônio jamais poderá trapacear-te, e fugirás de suas ciladas e de sua astúcia sem sofrimento. Jamais consentirás em nada oposto aos Meus Mandamentos. Sem dificuldade, obterás todos os dons da graça e as virtudes do amor". 


 O que você aprendeu sobre a Igreja com essa leitura? 


Depois de terminar as pesquisas para esta resenha, só tenho um pensamento em mente: a Graça de Deus vem em nosso socorro durante toda essa jornada. Nós somos, verdadeiramente, agraciados por sermos católicos. Você viu quantos santos vivendo ao mesmo tempo 😮?! (e eu tenho certeza que não coloquei todos!). 


Singelamente, Ana


 



Devocional | Calendário de Leitura Bíblica 2020 | Plano de Vida Espiritual | Cursos 




Clube de Leitura Conjunta 2020 | Salus in Caritate Podcasts

Newer Posts
Older Posts

Visitas do mês

"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)




"Quem ama a disciplina, ama o conhecimento" - Provérbios 12, 1

Abas Úteis

  • Sobre Ana Paula Barros, Portifólio Criativo Salus e Contato Salus
  • Projetos Preceptora: Educação Católica
  • Educa-te: Paideia Cristã
  • Revista Salutaris
  • Salus in Caritate na Amazon
  • Comunidade Salutares: WhatsApp e Telegram Salus in Caritate
"A língua dos sábios cura" - Provérbios 12, 18

Arquivo da década

  • ►  2025 (17)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (6)
  • ►  2024 (48)
    • ►  dezembro (16)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2023 (64)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (7)
    • ►  setembro (5)
    • ►  agosto (10)
    • ►  julho (7)
    • ►  junho (8)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (6)
  • ►  2022 (47)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (14)
    • ►  agosto (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2021 (123)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (16)
    • ►  setembro (7)
    • ►  agosto (12)
    • ►  julho (7)
    • ►  junho (7)
    • ►  maio (10)
    • ►  abril (11)
    • ►  março (8)
    • ►  fevereiro (13)
    • ►  janeiro (25)
  • ▼  2020 (77)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (7)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (7)
    • ►  agosto (8)
    • ▼  julho (9)
      • Devocional 39: Da Virtude da Esperança e os Vícios...
      • Comentários sobre a Carta aos Filipenses por São J...
      • Devocional 38| Preceitos concernentes à fé e o ens...
      • Resenha: Catarina de Siena - Biografia de uma sant...
      • Comentário de São João Crisóstomo aos Atos dos Apó...
      • Devocional 37| Dons do Espírito Santo - Entendimen...
      • Devocional 36| Da Natureza da Fé e os Pecados Opos...
      • A importância da leitura espiritual por Santo Afon...
      • A mortificação cristã por Cardeal Desidério José M...
    • ►  junho (10)
    • ►  maio (7)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (8)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2019 (80)
    • ►  dezembro (43)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (10)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2018 (21)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (6)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (1)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2017 (18)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (3)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2016 (13)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2015 (1)
    • ►  dezembro (1)

Temas Tratados

  • A Mulher Católica (77)
  • Arte & Literatura (45)
  • Biblioteca Digital Salus in Caritate (21)
  • Cartas & Crônicas & Reflexões & Poemas (59)
  • Celibato Leigo (6)
  • Cronogramas & Calendários & Planos (10)
  • Cultura & Cinema & Teatro (7)
  • Devoção e Piedade (117)
  • Devoção: Uma Virtude para cada Mês (11)
  • Educação e Filosofia (78)
  • Estudiosidade (23)
  • Livraria Digital Salus (3)
  • Plano de Estudo A Tradição Católica (1)
  • Plano de Leitura Bíblica com os Doutores da Igreja (56)
  • Podcasts (1)
  • Total Consagração a Jesus por Maria (21)

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *


Popular

  • Recém convertido ao Catolicismo: por onde começar
    Recém convertido ao Catolicismo: por onde começar
  • O que toda mulher católica deve saber sobre o Piedoso uso do Véu na Santa Missa
    O que toda mulher católica deve saber sobre o Piedoso uso do Véu na Santa Missa
  • Como montar o seu Altar Doméstico
    Como montar o seu Altar Doméstico
  • Acervo Digital Salus: Plano de Leitura Bíblica 2025 (Calendário Inteligente Antigo e Novo Testamento) + Comentários dos Doutores da Igreja
    Acervo Digital Salus: Plano de Leitura Bíblica 2025 (Calendário Inteligente Antigo e Novo Testamento) + Comentários dos Doutores da Igreja
  • Resumão: Macabeus (I e II)
    Resumão: Macabeus (I e II)
  • Sedes Sapientiae: Cronogramas para a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria 2025
    Sedes Sapientiae: Cronogramas para a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria 2025
  • Resumão: Livro de Ageu
    Resumão: Livro de Ageu
  • Resumão: Livro de Esdras
    Resumão: Livro de Esdras
Ana Paula Barros| Salus in Caritate. Tecnologia do Blogger.

Ana Paula Barros SalusinCaritate | Distribuido por Projetos Culturais Católicos Salus in Caritate