Devocional 36| Da Natureza da Fé e os Pecados Opostos à Fé Devocional (São Tomás de Aquino)

by - julho 06, 2020


Devocional 36| Da Natureza da Fé e os Pecados Opostos à Fé


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A fé é uma virtude sobrenatural, por cujo influxo o entendimento adere irrestritamente e sem temor de errar a Deus, como fim e objeto da eterna bem aventurança, e às verdades por Ele reveladas, posto que as não compreenda. O entendimento pode admitir de modo absoluto verdades que não compreende baseando-se na autoridade de Deus que nem pode enganar-se, nem enganar-nos. 

Deus não pode enganar-se e nem nos enganar por que é a verdade por essência. 

Podemos nos certificar de quais sejam as verdades reveladas por Deus mediante o testemunho daqueles a quem as revelou, ou daqueles a quem confiou o depósito da revelação. 

Deus revelou primeiramente a Adão, no Paraíso; mais tarde, aos Profetas do Antigo Testamento; por último, aos Apóstolos no tempo de Jesus Cristo. E por fim o sabemos pelas asserções bem comprovadas da história que se refere a fatos da revelação sobrenatural e os milagres realizados por Deus, em testemunho de sua autenticidade. 

O milagre é prova contundente da intervenção divina , visto que é ato do próprio Deus e nenhuma criatura pode realizá-lo com seus próprios meios. 

A história da revelação e outras ações sobrenaturais de Deus se acham na Sagrada Escritura , também chamada Bíblia, divido em Antigo e Novo Testamento. Não se trata de uma síntese ou resumo mas um livro escrito pelo próprio Deus. Assim, Deus é seu autor principal, e para escrevê-lo utilizou, à maneira de instrumentos, alguns homens por Ele escolhidos. 

Assim o livro original é sagrado, as cópias (e traduções) o são a medida em que se conformam com o original. 

Assim ao ouvir a leitura destes livros (com traduções que se conformem ao original) é o mesmo que ouvir a Palavra Divina. 

É possível, no entanto, distorcer o sentido da Sagradas Escrituras uma vez que há passagens  obscuras  e difíceis. 

A dificuldade de entender a Palavra Divina provem em primeiro lugar, dos mistérios que encerra, visto que não raro enuncia verdades superiores ao alcance das inteligências criadas, e que somente Deus pode compreender; provém além disso da dificuldade que existe em interpretar livros antiquíssimos, escritos primeiramente para povos que tinham idioma e costumes muito diferentes dos nossos; finalmente, das equivocações que tenham podido escapar tanto nas cópias dos originais, como nas traduções feitas por elas e em suas cópias. 

A única pessoa isenta de se equivocar é o Pontífice Romano e com ele a Igreja Católica, no Magistério Universal da Igreja. Pois Deus quis que fossem infalíveis, afinal se não o fossem careceriam os homens de meios seguros para alcançar o fim sobrenatural para que foram chamados. 

Portanto o Papa e a Igreja Católica são infalíveis em matéria de fé e de costumes; não podendo assim enganar-se ou enganar-nos no referente ao que estamos obrigados a crer e a praticar para conseguirmos a bem aventurança eterna. 

O compêndio das verdade essenciais da fé é o Credo ou Símbolo dos Apóstolos. A recitação do Credo é ato de fé por excelência e nunca devemos cessar de recomendar aos fiéis a sua prática. 

Também podem realizar o mesmo ato os que recitam o "ato de fé". 

O ato de fé só pode ser rezado por quem possuí a virtude sobrenatural da fé. 

Assim os infiéis não podem rezá-lo, porque não creem na Revelação, ou seja, ignorando-a, não se entregam confiadamente nas mãos de Deus, nem se submetem ao que deles se exige, ou porque, conhecendo-a, recusam prestar-lhe assentimento. 

Também não podem fazer os ímpios, pois mesmo tendo por certas algumas verdades reveladas, fundadas na absoluta veracidade divina, a sua fé não é efeito de acatamento e submissão a Deus, a quem detestam, ainda que com pesar se vejam obrigados a confessá-lo. A pessoas que possuem a virtude sobrenatural da fé desta forma e nisso imitam os demônios. 

Os hereges não podem crer com fé sobrenatural, porque embora admitam algumas verdades reveladas, não fundam o assentimento na autoridade divina, senão no próprio juízo. Logo, os hereges estão mais afastados da verdade da fé que os ímpios e os demônios, pois não se apoiam na autoridade de Deus. 

Não o podem crer com fé sobrenatural os apostatas, pois desprezam o que haviam crido por virtude da Palavra Divina. 

Já os pecadores podem ter uma fé sobrenatural imperfeita, ainda quando, por efeito do pecado mortal, estejam longe da caridade. Pois nem todo pecado mortal destrói a fé. 

O pecado contra fé é chamado infidelidade, trata-se de recusar- se a submeter o entendimento às verdades sobrenaturalmente reveladas. Este ato é sempre culpa do homem, que resite a graça atual que Deus oferece para impeli-lo a submeter-se. 

Deus concede esta graça a todos os homens, no entanto, com intesidade e medidas prefixadas pelos decretos da Sua Santa Providência. 

O ato de Deus de infundir em nós a virtude da fé é grande e inestimável, é em certo modo, uma das maiores mercês que podemos receber. Poque sem a virtude da fé nada podemos intentar em ordem a nossa salvação, e estamos perpetuamente excluídos da glória, se Deus não se digna conceder-no-la antes da morte. 

Logo se temos a dita de a possuir é pecado gravíssimo, se espontaneamente e conscientemente,  mantermos companhias, conversações e leituras capazes de faze-la perder. Assim importa escolher amizades e leituras que nos tragam estímulos para arraigar a fé, principalmente nesta época em que desfreio de expressão, chamado liberdade de imprensa, oferece tantas ocasiões e meios de perdê-la. 

Existe ainda outro pecado contra a fé, o da blasfêmia. É pecado por ser diretamente oposta ao ato exterior da fé que consiste em confessá-la por palavras, e a blasfêmia consiste em proferir palavras injuriosas contra Deus e seus santos. O pecado da blasfêmia é sempre grave. E o costume não atenua antes agrava, pois o costume demonstra que se deixou arraigar o mal, em lugar de dar-lhe remédio. 


                                               Baseado no Catecismo da Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino








































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1 comments

  1. Obrigada Ana por todo esse conteúdo de São Tomás tão precioso! ��❤

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Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.