Devocional 55: Pecados de palavra nos atos ordinários da vida - injúria, difamação (maledicência e calúnia) murmuração, irrisão e maldição (Segundo São Tomás de Aquino)

by - novembro 16, 2020



Textos anteriores Devocional aqui


Na vida comum as injustiças de palavra que se comete ao próximo são as: injúrias, difamação, murmuração, irrisão e maldição. 


A injúria é constituída do insulto, o ultraje, e às vezes por menosprezo, a censura e a repreensão, ou palavras que se usam que são excessivas ou injustiças. Em suma é o fato de afrontar a alguém por palavra ou obra, não importa se verdadeira ou falsa, agravando-o tanta na honra, como no respeito e consideração que se lhe merece. A injúria diz respeito ao ultraje à honra subjetiva de alguém. 


É pecado grave quando as palavras ou fatos constituem por natureza ultraje grave, e existe intenção formal de ofender, porém, será, venial, apesar do exposto, quando a honra do ofendido não fica seriamente comprometida, ou falta no agressor intenção de injuriar. 


Todos os homens tem obrigação de justiça de tratar os outros, quaisquer que sejam, com a devida consideração e respeito, pois é de grande importância para a boa harmonia nas relações sociais. Esta obrigação é importante, por ser a honra um dos bens que os homens têm em maior estima, e, por consequência, há obrigação de tratar com as devidas considerações até os mais humildes e pequenos, sempre em harmonia com a sua condição; pois afrontá-los, deprimi-los, humilhá-los com olhares, gestos e palavras é mortificá-los naquilo que mais amam. 


Portanto, estamos obrigados a evitar na presença de outros, qualquer ato que possa mortificá-los, humilhá-los ou entristecê-los. 


A ninguém é permitido afastar-se desta regra, exceto os superiores com o fim exclusivo de corrigir, quando os inferiores realmente mereçam, no entanto, ainda neste caso não devem fazê-lo arrebatados pela paixão, nem com formas e modos arrebatados e indiscretos. 


Quando somos injuriados a caridade e a mesma justiça nos exigem que não deixemos impunes os atentados diretos  ou indiretos contra a nossa honra ou de outras pessoas que nos são confiadas. Porém, ao reprimir a audácia do ofensor, devemos guardar a circunspecção precisa (precaução no agir e no falar) e sobretudo se dedicar num modo de não devolver novo agravo ou injustiça. 


A difamação consiste em atentar por meio de palavras contra a reputação e bom nome do nosso próximo, ou em fazer-lhe perder, total ou parcialmente, e sem razão nem motivo justificado, a estima e consideração dos outros. 


Existem quatro classes diretas de difamação: 

1) imputar ao próximo, culpa ou delito que não cometeu; 

2) exagerar os seus defeitos, 

3) divulgar segredos que lhe sejam desfavoráveis

4) atribuir-lhes intenções e propósitos torcidos, ou, ao menos, suspeitos, nas suas melhores ações. 


Também existe uma forma indireta que consiste em negar-lhe as suas boas qualidades ou silenciá-las com malícia ou diminuí-las dissimuladamente. 


A murmuração (ou semear cizânia) é o pecado daquele que diretamente se propõe, por meio de frases ambíguas e pérfidas insinuações, introduzir a discórdia estre os que se acham unidos com laços de amizade e mútua confiança. É um pecado muito grave, odioso e digno de reprovação perante Deus e os homens.


A irrisão, zombaria ou chacota injuriosa é um pecado de palavra contra a justiça, e consiste em ridicularizar o próximo em sua presença, encontrando nele defeitos e torpezas as que lhe façam perder o domínio de si mesmo, nas relações com os outros. É um pecado grave, pois envolve o desprezo da pessoa. E o desestimar e ter em pouco a outrem é ato detestável e digno de reprovação.


Pode-se, no entanto, confundir ironia com a irrisão. Mas não são o mesmo ato. A ironia pode ser falta venial, quando, com ela, a modo de diversão, se criticam defeitos leves, sem desdenhar, nem ofender as pessoas. Pode acontecer que não seja falta quando não passa de travessura e passatempo inocente e nem haja perigo de mortificar, nem contrariar a quem dela é alvo. De qualquer modo, é um sistema de diversão muito delicado e melindroso e convém usá-lo com extrema prudência. 


A ironia pode ainda ser um ato virtude quando manejada com habilidade e delicadeza. É um meio de que pode utilizar-se o superior para admoestar e repreender seus súditos, e também pode-se usar entre iguais, a modo de caritativa correção fraterna. Mas é preciso tomar algumas precauções, antes de tudo, deve usar-se com grande tato e discrição, porque, é preciso também não destruir a segurança e confiança legítima que cada um deve ter em si mesmo, se a qual se paralisa toda iniciativa e espontaneidade, convertendo a vítima da ironia em um tímido e irresoluto, degrado e envilecido aos seus próprios olhos. Em outros casos, no entanto, às vezes pode ser útil abater, até limites justos, a vã opinião que de si mesmo têm os propensos à jactância (que falam sobre seus próprios méritos, conquistas, talentos, podendo aumentar os talentos que possuem e inventar os que não possuem), pois sua auto confiança excedeu os limites capazes de promover virtude.


A injúria, a difamação, a murmuração e a irrisão são pecados de palavra contra o próximo, consistem em proposição ou enunciados com que se imputam males ou negam bens. Se diferem da maldição, pois esta é invocar o mal para que caia sobre os nossos semelhantes. Este é um ato essencialmente mal e é sempre falta grave. 


Oração

(todas as vezes que  dizer "livrai-nos do Mal", deve fazer o sinal da Cruz na boca)


+ Pelo sinal da Santa Cruz, livra-nos Deus, Nosso Senhor, dos Nosso Inimigos. 

+ Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém


Pai Nosso...


Vinde ó Deus em Nosso Auxílio Socorrei-nos sem demora.

Anjos do Céu, adoradores do Verbo e de todos os sacrários da Face da Terra, nós vos invocamos neste momento, São Miguel, São Rafael e São Gabriel.

"Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade, está entre os membros que contamina todo o corpo; e quando inflamada pelo inferno incendeia o curso de nossa vida. De uma mesma boca procedem a benção e a maldição" (Tiago 3, 6 e 10)


+ Livrai-nos do mal...Do espinho cruel e venenoso causado pela língua.

+ Livrai-nos do mal...das palavras corrosivas e caluniadoras voltadas ao defeito do outro, disfarçadas de mel, mas repleta de mentira, hipocrisia, falsidade e fel.

+ Livrai-nos do mal...das palavras discretas, porém, perigosas, que rogam malefícios de pragas e maldições, de inveja, ciúmes e avareza. Palavras de perigo, proferidas no oculto, proferidas as escondidas, como um punhal fincado pelas costas.

+ Livrai-nos do mal...da maledicência que é a cultura da inutilidade do solo do coração apodrecido, de almas devastadas pela inveja e pelo sentimento de rejeição e complexo de inferioridade.


+ Livrai-nos do mal...do Veneno dos infernos que contaminam o coração, a mente e estrutura dos filhos de Deus, impulsionando-os à fofoca e calúnia, ao desejo de fazer o mal, ao descontentamento da vitória dos outros, da falta de caridade e amor. Das maquinações envolvidas pela maledicência, da língua pérfida, ciumenta e mentirosa.


Sejam purificados os nossos lábios e as línguas, que esses lábios e essa língua possam bendizer ao Deus Vivo no irmão, pois para isso significa sua existência. Em nome do Senhor Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém. 



Clube de Leitura Conjunta | Salus in Caritate Podcasts











You May Also Like

0 comments

Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.