Devocional 57| Componentes da Virtude da Justiça, o desgraçado Respeito Humano e Omissão nossa de cada dia

by - novembro 30, 2020

 

Devocional 57| Componentes da Virtude da Justiça, o desgraçado Respeito Humano e Omissão nossa de cada dia

Johann Georg Meyer von Bremen (German, 1813-1880) 


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A virtude da justiça consiste em fazer o bem e evitar o mal, sendo o fazer o bem estabelecer a igualdade jurídica com o nosso próximo; e evitar o mal, em abster-nos de tudo o que possa destruir aquela igualdade. 


Os pecados cometidos contra o primeiro (praticar o bem) se chamam comissão ou transgressão. E os cometidos contra o segundo (evitar o mal) chama-se omissão. 


Por natureza, o pecado de transgressão é pior que o de omissão. No entanto, em alguns casos algumas omissões são piores que uma transgressão. 


Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás


"A omissão é o pecado com que mais facilidade se comete e com mais facilidade se desconhece; e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda." (Padre Antônio Vieira, Sermão do Primeiro Domingo do Advento ,1650)


"A luta em geral não consiste numa escolha constante entre o bem e o mal, mas entre a generosidade e a falta de generosidade, entre fazer o bem completo, ou só parte dele, omitindo o que não é “obrigatório”, como se o cristianismo fosse um salário mínimo." (Padre Luís Fernando Cintra, Omissões: o bem que não fazemos. São Paulo: Quadrante, 2015)


Quando na direção espiritual algumas pessoas me perguntam como podem ser mais generosas e evitar os pecados de omissão, costumo lhes sugerir que encarem a questão de outra maneira. Em vez de repassarem os mandamentos de memória (embora às vezes não sejam capazes de enumerar todos os dez mandamentos da lei de Deus e muito menos os da Igreja), a fim de descobrir no que ficaram devendo, proponho imaginarem o que Jesus faria no seu lugar: como Ele cuidaria das minhas obrigações, como Ele trataria os meus familiares, como Ele cumpriria as minhas obrigações religiosas, como Ele pensaria sobre as pessoas que estão à minha volta, como Ele falaria delas, como Ele ajudaria as pessoas necessitadas… E então aparecem, “como num passe de mágica”, uma enorme quantidade de coisas que se poderiam fazer muito melhor! São as omissões que vêm à luz. (Padre Luís Fernando Cintra, Omissões: o bem que não fazemos. São Paulo: Quadrante, 2015)


Nós também devemos nos atentar ao tema da "correção fraterna". Na Quaresma de 2012, o então Papa Bento XVI dedicou sua mensagem a este tema. O Papa nos recorda as instruções  da Carta aos Hebreus, para que “prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (10, 24), como forma de combater a atitude que, com frequência, prevalece em nossa sociedade: “a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela ‘esfera privada" (Papa Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2012 (3 de novembro de 2012), n. 1.)

O Papa esta a falar do respeito humano, esta praga que assola os nossos tempos e por consequência gera uma série de atitudes carregadas de duplicidade. 


O Cônego Júlio Antônio dos Santos em seu livro O Crucifixo, meu livro de estudos (1950), ensina que "o respeito humano é a vergonha daquele que não se atreve a manifestar os seus sentimentos religiosos e piedosos, porque com isso é escarnecido, insultado, perseguido. O respeito humano é o respeito pelas coisas humanas colocado acima do respeito pelas coisas de Deus; é a estima pelo homem preferida à estima por Deus. "

E ainda nos orienta as formas do respeito humano:


"1.º Omissão do bem

O respeito humano impede a prática sincera e fiel da nossa fé. Fechamos a boca quando é preciso falar e paralisa os nossos esforços quando é preciso agir.

Sabemos que a Santa Missa é uma fonte de graças desde que assistamos a ela com edificação; todavia, na assistência à Missa, não estamos com a devida atenção e fervor, porque não queremos dar nas vistas com a nossa devoção.

Encontramos na comunhão uma grande força contra os inimigos da nossa salvação, um ódio ao pecado, um zelo ardente para o bem, um abono de perseverança; todavia, não nos aproximamos muitas vezes deste banquete divino, porque tememos que nos censurem.

Queremos fazer progressos na piedade e na virtude; mas para isso é preciso frequentar a confissão a fim de alcançarmos o perdão das nossas faltas, recebermos conselhos úteis e uma direção salutar; no entanto, não nos confessamos com frequência porque tememos que escarneçam de nós.


2.º Corrupção do bem

O respeito humano infecciona tudo, mesmo o bem. Para que as nossas ações boas sejam meritórias devem ser feitas com intenção de agradar a Deus. Ora, o respeito humano inclina-nos e decide-nos a praticar o bem para agradar às criaturas. Portanto, o respeito humano tira o caráter sobrenatural das nossas ações. Dá preferência ao homem em vez de Deus.



3.º Prática do mal

O homem levado pelo respeito humano chega mesmo a praticar o mal para agradar os outros. Um companheiro aproxima-se de nós, convida-nos para os bailes, para reuniões profanas, para lugares perigosos e deixamo-nos arrastar pelo maldito companheiro até à boca do inferno e não temos coragem de lhe dizer secamente: Não quero! Vai tu só!


4.º Jactância do mal

O respeito humano faz com que o homem se glorie com o mel que fez e até mesmo se glorie com faltas que não cometeu.



5.º O respeito humano é um mal universal

Um outro caráter do respeito humano é a sua universalidade. Por exemplo, o mentiroso, o voluptuoso, o colérico, têm estas paixões próprias: inimigos da verdade, da castidade, da mansidão; mas, no campo do respeito humano, ficam-se inacessíveis quaisquer virtudes. O respeito humano não apresenta o aspecto de um defeito particular, torna-se o foco de todos os vícios. Escravo do respeito humano, o homem é capaz de transgredir todos os mandamentos de Deus e da Igreja, faltar a todos os deveres e praticar todo o mal."


Na luta contra este mal que enfraquece o caráter o Conego orienta: 



"1.º Defesa

Quando estamos numa conversa em que a religião, a piedade, a caridade, a pureza ou outra virtude cristã são atacadas ou metidas a ridículo, ou quando nos é proposta a prática de um ato que a nossa consciência reprova, três atitudes são possíveis: o silêncio reprovador, o afastamento, a ofensiva.

A abstenção silenciosa basta às vezes para mostrar que não se pactua com o erro e para protestar contra o mal.

O afastamento, o abandono de uma má companhia, onde a lei de Deus é transgredida é também um protesto contra o mal. A liberdade de se ir embora, de se afastar, dizia Lacordaire, é antes de tudo, liberdade de um homem que tem sentimentos nobres; e desgraçado daquele que a não possui, ou que se não atreve a fazer uso dela.


2.º Ofensiva

A ofensiva, a resposta, é o terceiro meio de resistir. Quando, pois, são atacadas as verdades em que nós acreditamos ou as virtudes que praticamos, o dever é, muitas vezes, reagir diretamente, ripostar. Uma resposta bem dada, anima os bons, abala os indecisos, ganha os indiferentes e lança no espírito dos maus centelhas de luz que lhes mostram o bom caminho e que, em tempo oportuno, seguirão, porque, graças a Deus, a verdade e o bem têm os seus triunfos.

Em 1844, Montalembert dizia na Câmara dos pares: Nós somos filhos de mártires, não temos medo dos filhos de Juliano Apóstata; somos descendentes dos cruzados, não recuamos diante dos descendentes de Voltaire.”

Os maus, muitas vezes, não falam, não operam, não triunfam senão devido à abdicação dos bons que se calam, que tem medo. Basta proclamarmos briosamente: Sou cristão!

Esta palavra tem vencido o mundo e vence e desarma os nossos inimigos. Quando se quer verdadeiramente ganhar terreno e obter a vitória final é preciso tomar a ofensiva. Nas lutas morais como nas guerras entre as nações, os triunfos decisivos pertencem àqueles que tomam a ofensiva. Não devemos, pois, dissimular a nossa bandeira, mas mostrá-la ostensivamente; não deixemos de praticar um ato religioso, mas façamo-lo com toda a perfeição e com reta intenção, isto é, para maior glória de Deus."



Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar". (Josué 1, 9)


E acrescentou: "Seja forte e corajoso! Mãos ao trabalho! Não tenha medo nem desanime, pois Deus, o Senhor, o meu Deus, está com você. (1 Crônicas 28:20)


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