Resenha e Comentários: O ideal da alma fervorosa (Augusto Saudreau)

by - agosto 18, 2020

 

Resenha e Comentários: O ideal da alma fervorosa (Augusto Saudreau)


Introdução



Esta resenha é um material de apoio do Clube de Leitura Salus in Caritate feito em parceria com a Editora Cultor de Livros. Temos o intuito de lhe ajudar a conhecer boas obras católicas e a realizar uma leitura efetiva, que lhe ajude em seu crescimento e amadurecimento como cristão (veja a lista de livros e cupons de desconto aqui).

Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 



Resenha



Nome do livro: O ideal da alma fervorosa
Autor: Augusto Saudreau
Data da leitura: julho de 2020
Editora: Cultor de Livros
Total de páginas: 335
Nível de dificuldade da leitura: fácil leitura (mas os temas são mais avançados)




 Sobre a autor 

Mons. Augusto Saudreau (1851-1946) foi sacerdote e um profícuo escritor, que durante sua vida adquiriu uma reputação internacional como diretor espiritual através de seus livros e artigos em periódicos. Muitas de suas obras foram traduzidas para vários idiomas. Saudreau seguiu as doutrinas de São Tomás de Aquino e São João da Cruz sobre a estrutura da vida espiritual e o crescimento da alma na graça. Durante boa parte de seu ministério foi capelão das Irmãs do Bom Pastor, em Angers, na França.




 Qual o contexto histórico do livro? 


O que segue abaixo é um material de apoio, não se trata de spoiler, pois são informações adicionais aos episódios do livro (levantadas por pesquisa independente), para melhor contextualiza-los: 

O livro foi escrito em 1951. Para lhe oferecer um quadro geral deste ano: 

Aqui no Brasil Getúlio Vargas iniciou o seu segundo mandato, foi também o ano em que o mesmo apresentou o projeto da Petrobrás. O nordeste apresentou uma das maiores secas registradas, gerando a maior migração nordestina para o sudeste do Brasil, até então. Em julho os Clérigos Regulares (Teatinos ou Ordem de São Caetano) chegaram em nossa país, dentre os fundadores desta Ordem (1524) está o Cardeal Cafassa que viria a ser o Papa Paulo IV, uma ordem muito importante no período da Contra Reforma Católica (já explicada aqui)


Em Portugal falece a Rainha D. Amélia de Orleans. E Churchill é reeleito Primeiro Ministro da Inglaterra.


Santos vivos nesta época:


Padre Pio de Pietrelcina, nascido Francesco Forgione, morreu em 1968, foi um frade e sacerdote católico italiano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, elevado a santo pela Igreja Católica como São Pio de Pietrelcina.

Foi, ainda em vida, alvo de uma veneração popular de grandes proporções, principalmente em razão de muitos carismas e dons espirituais que lhe são atribuídos: o dom da bilocação, o dom da levitação, das curas milagrosas, dos perfumes que exalava, entre outros.


São João Paulo II, nascido Karol Józef Wojtyła (Wadowice, 18 de maio de 1920 — Vaticano, 2 de abril de 2005), foi o papa e chefe da Igreja Católica de 16 de outubro de 1978 até à data de sua morte. Teve o terceiro maior pontificado documentado da história, liderando por 26 anos, 5 meses e 17 dias, depois dos papas São Pedro, cujo pontificado durou cerca de 37 anos, e Pio IX, que liderou por 31 anos. Foi o único Papa eslavo e polaco até a sua morte, e o primeiro Papa não italiano desde o neerlandês Adriano VI, em 1522.

Em 1967, ele foi importante na formulação da encíclica Humanae Vitae, que trata das mesmas questões que impedem o aborto e o controle de natalidade por meios não naturais. Até esse ano, 1967, (um ano antes da edição deste livro que estamos a tratar) Karol já tinha publicado mais de 300 ensaios em revistas e livros.


Madre Teresa de Calcutá foi uma religiosa católica de etnia albanesa naturalizada indiana, fundadora da congregação das Missionárias da Caridade, cujo carisma é o serviço aos mais pobres dos pobres por meio da vivência do Evangelho de Jesus Cristo. Em 2015, a congregação fundada por ela contava com mais de 5 mil membros em 139 países. Por seu serviço aos pobres, tornou-se conhecida ainda em vida pelo codinome de "Santa das Sarjetas". 

Em 1968 (data da edição do livro que estamos a tratar)  a Congregação Missionárias da Caridade e estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética e China.


Venerável Fulton John Sheen (8 de maio de 1895 —  9 de dezembro de 1979), foi um bispo (depois arcebispo) católico da diocese de Rochester entre 1966 e 1969. Lema episcopal: Da per matrem me venire (Conceda que eu possa ir [a Vós] através da mãe [Maria]. Quase todos os seus livros foram publicados antes do episcopado, após, 1970, escreveu o livro Marcas de Passos na Floresta Sombria. 


Estavam vivos, mesmo que já muito idosos: Coco Chanel, Tarsila do Amaral, Pablo Picasso, J.R.R Tolkien, Martin Luther King. 




 O que esse livro acrescentou na minha vida pessoal? 


Provavelmente este livro está na lista das melhores leituras de 2020. Eu gostei muito das abordagens feitas sobre o purgatório, a virtude da caridade e a perfeição cristã. 





 Para quem você indicaria este livro 


Pensa numa leitura "uau", pois é... Acredito que se propagou uma ideia muito estranha sobre o fervor... me lembro que há uns dez anos, o fervor me fora apresentado como um certo jeito de ser e de falar que eu nunca tive... vocês sabem, eu sou do chá, do livro, da fala baixa, da contemplação da abelha na flor... então eu nunca poderia almejar o fervor que me apresentavam, sofri muito por isso, pois me sentia muito deslocada, parecia que na igreja não havia um lugar além desse que me falavam... Tudo mudou quando li Santa Teresa e me lembrei dos Padres do Deserto. Talvez você também tenha essa inquietação, embora agora, acredito, que isso não aconteça tanto.


Este livro fala sobre isso! Ele é tão maravilhoso, que queria tê-lo descoberto naquele tempo, mas Deus me deu inclinação natural e tudo foi bem.


Mas isso não me impede de indica-lo para toda alma como quem indica um remédio milagroso. Ele é baseado num pilar que me é muito caro: o mais perfeito. Ou seja, buscar fazer o melhor; e depois o melhor do melhor; e depois o melhor, do melhor, do melhor.


O autor fala muito sobre a perfeição cristã, sobre a diferença das almas no céu, sobre o caminho depois de sair do pecado, sobre não se contentar com uma prática de virtude vulgar.


Ele de fato não é um livro para iniciantes, o próprio autor diz isso logo nas primeiras páginas, mas antes para quem já está no caminho e por diversos motivos pode vir a ter uma postura laxa na oração, na conduta ou no posicionamento na busca pelas virtudes. Não é uma leitura pesada, é bem agradável, mas trás em si o cerne do evangelho: para o cristão a leveza é a cruz, a cruz é a leveza. E guiado por esse entendimento verdadeiro e eficaz do evangelho o autor nos leva a contemplar o ideal da alma que busca a Deus.


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 Algumas citações favoritas (somente das primeiras páginas) 



A alma unida não tem necessidade de tantas considerações antes mesmo de raciocinar, já sente em si mesma, na parte superior, uma alegria de amor, ou ao menos uma satisfação de amor. 


A penitência e a Eucaristia, cujos efeitos variam segundo as disposições de cada um, derramam nas almas unidas uma quantidade de graça imensamente superior àquela que recebem os cristãos bons e piedosos, mas que não se deram inteiramente a Deus. 


... a alma perfeita tem todas as delicadezas do amor... seus atos de amor são mais generosos, mais intensos, mais nobres; são também mais ternos e mais delicados, são principalmente mais numerosos. 


... o zelo, a pontualidade fazem sofrer aqueles que não possuem tais virtudes, porque o fervor lhe condena a fraqueza... acham o que censurar no merecimento dos outros porque não tem a coragem de os imitar... (citação de São Vicente de Paula, em Vida, Cap. XXIV)


[essas almas amantes] conservam algum defeito exterior, em que a vontade não toma parte... por causa dessas imperfeições, não lhes devemos desconhecer a pureza, a firmeza, a generosidade do amor. Mas quantas outras poderiam elevar-se até aí, permaneceram num estado inferior. 


Alimentemo-nos, pois, nós mesmos de santas ambições e saibamos inspirá-las aos outros. 


Glorificar a Deus pelas nossas virtudes, eis o fim da nossa vida, eis a razão de tantas graças com que Deus nos cumulou, eis o que Deus espera de nós em troca de seus inúmeros benefícios.


A alma virtuosa é bela porque quer ser bela; essa beleza, por ser o fruto da sua liberdade, é ainda mais admirável. 


Deus opera maravilha muito maior, fazendo a criatura inteligente praticar um ato de virtude, quando tem liberdade de não o praticar. 


Glória também a Jesus que, por suas humilhações e por seus sofrimentos, mereceu a todas essas almas as graças que as santificaram, cada alma é um troféu para o Salvador, cada alma santa é uma vitória do seu amor. 


Toda alma em estado de graça dá alguma glória a Deus. Mas quanto o glorifica aquela que não se limita aos desejos humanos, e cuja vida se passa na prática do puro amor!


Ora, na alma perfeita que não cede mais voluntariamente às inclinações da natureza, os mínimos atos são valorizados pela união completa de sua vontade à vontade de Deus e reproduzem, com fidelidade mais exata, as perfeições divinas. 


Elas são muito mais caras aos seu Coração, pois, sendo Ele justo e santo, mais ama aqueles que mais o amam. 


Essas almas fervorosas fazem muitas vezes mais para o bem das paróquias e das comunidades, do que aquelas que trabalham diretamente e que, aos olhos dos homens, obtêm maior glória. De fato, quanto mais sobrenatural for uma obra, tanto maior será a parte do Senhor e menor a da natureza. 


Na verdade, já neste mundo, quem teve a coragem de lutar corajosamente contra suas inclinações naturais e de morrer a si mesmo, já encontra a sua paga. 


A alma amante, que conserva apegos naturais, desejos puramente humanos, sofre, não somente em sua natureza, mas também em sua vontade, que é muitas vezes contrariada, melindrada, irritada, e precisará fazer esforços para resignar-se. A resignação a acalmará, sem, porém, lhe causar alegria alguma. 


Quanto as almas incompletamente fiéis, fazem muitas vezes falhar os desígnios de Deus a seu respeito. Nas provações, se impacientam ou não se resignam senão em parte, e acontece-lhes, às vezes, repassar no espírito as suas penas. Ficam então descontentes e irritadas. Outras vezes, só resistem às tentações com certa moleza, e deixam passar inúmeras ocasiões de praticar a virtude, porque não tem coragem de oferecer a Deus todos os sacríficos que Ele lhes pede. A alma plenamente fiel se aproveita de tudo, e cada dia acumula para eternidade novas e imensas riquezas. 




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