Resenha e Comentários: Castelo Interior (Santa Teresa D'avilla)

by - agosto 06, 2020


resenha e comentários sobre o livro castelo interior de Santa Teresa



Resenha



Nome do livro: Castelo Interior
Autor: Santa Teresa de Ávila
Data da leitura: maio de 2020
Editora: Minha Biblioteca Católica
Total de páginas: 301
Nível de dificuldade da leitura: "um nebuloso compreensível".

Você pode adquiri-lo aqui.



 Sobre a autora 



Teresa de Ávila, conhecida como Santa Teresa de Jesus (28 de março de 1515 — 4 de outubro de 1582), nascida Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada, foi uma freira carmelita, mística e santa católica do século XVI, importante por suas obras sobre a vida contemplativa e espiritual e por sua atuação durante a Contra Reforma. Foi também uma das reformadoras da Ordem Carmelita e é considerada co-fundadora da Ordem dos Carmelitas Descalços, juntamente com São João da Cruz.

Em 1622, quarenta anos depois de sua morte, foi canonizada pelo papa Gregório XV. Em 27 de setembro de 1970, Paulo VI proclamou-a uma Doutora da Igreja e reconheceu seu título de Mater Spiritualium (Mãe da Espiritualidade), em razão da contribuição que a santa proporcionou à espiritualidade católica. Seus livros, inclusive uma autobiografia ("A Vida de Teresa de Jesus") e sua obra prima, "O Castelo Interior" (em castelhano: El Castillo Interior), são parte integral da literatura renascentista espanhola e do corpus do misticismo cristão. Suas práticas meditativas estão detalhadas em outra obra importante, o "Caminho da Perfeição" (Camino de Perfección).

Depois de sua morte, o culto a Santa Teresa se espalhou pela Espanha durante a década de 1620 principalmente durante o debate nacional pela escolha de um padroeiro, juntamente com Santiago Matamoros.







 Qual o contexto histórico do livro? 


O que segue abaixo é um material de apoio, não se trata de spolier, pois são informações adicionais ao descrito livro (levantadas por pesquisa independente), para melhor contextualiza-los: 

Na linha do tempo dos Santos estamos depois do tempo de São Domingos (faleceu em 1221), São Francisco de Assis (faleceu em 1226), Santo Antônio de Pádua (faleceu em 1231), Santa Catarina de Sena (faleceu em 1380), . Sim, os primeiros, estavam nesta terra ao mesmo tempo.

Agora prepara o coração! Alguns santos que viveram ao mesmo tempo que Santa Teresa D'avilla:


São Felipe Néri - nasceu também em 1515 (mesmo ano do nascimento de Santa Teresa na Espanha), na Itália. Filipe estudou humanidades e aos dezesseis anos foi enviado a ajudar nos negócios de um primo de seu pai em San Germano, próximo de Monte Cassino. Não raro, se retirava para orar numa pequena capela na montanha, que pertencia aos beneditinos do Monte Cassino. Aqui definiu sua vocação, e decidiu ir a Roma em 1533. De personalidade muito alegre e brincalhona, ficou conhecido como o Santo da Alegria, devido à sua famosa frase: "Longe de mim o pecado e a tristeza!"

"Comodidade prática", diz Padre Frederick William Faber (que se converteu do anglicanismo ao catolicismo) em seu panegírico sobre Filipe, "foi a marca especial que distingue sua forma de piedade ascética dos tipos reconhecidos antes de seu dia. Ele se parecia com outros homens ... Ele era enfaticamente um cavalheiro moderno, de cortesia escrupulosa, alegria esportiva, familiarizado com o que estava acontecendo no mundo, interessando-se realmente por ele, fornecendo e obtendo informações muito bem vestidas, com um senso comum perspicaz sempre vivo sobre ele, em uma sala moderna com modernidade. Móveis, simples, é verdade, mas sem sinais de pobreza (desleixo), em uma palavra, com toda a facilidade, a graciosidade, o polimento de um cavalheiro moderno de bom nascimento, realizações consideráveis ​​e amplo conhecimento".

Quando seu corpo foi examinado após a morte, constatou-se que duas costelas haviam sido quebradas, o que era atribuído à expansão de seu coração enquanto orava fervorosamente nas catacumbas por volta de 1545. Bento XIV, que reorganizou as regras de canonização, decidiu que o coração aumentado de Filipe foi causado por uma neurisma. Ponnelle e Bordet, em sua biografia de 1932, St. Philip Neri e a Sociedade Romana de Seus Tempos (1515-1595), concluem que era em parte natural e em parte sobrenatural.



Santo Inácio de Loyola - tinha 24 anos quando Santa Teresa nasceu (ele nasceu e viveu parte da vida na Espanha, morreu em Roma) foi o fundador da Companhia de Jesus, uma ordem religiosa católica romana que teve grande importância na Reforma Católica, cujos membros são conhecidos como os jesuítas. Em 2009, a Companhia de Jesus era a ordem religiosa masculina mais numerosa na Igreja Católica.



São Tomás More - tinha 37 anos quando a Santa nasceu, no ano seguinte ao nascimento de Santa Teresa (1516) ele publicou sua obra mais famosa "Utopia". Foi filósofo, homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Sua principal obra literária é Utopia. Foi canonizado como mártir da Igreja Católica em 19 de maio de 1935 e sua festa litúrgica celebra-se em 22 de junho. Sua trágica morte - condenado a pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII de Inglaterra como cabeça da Igreja da Inglaterra (ele foi o rei que queria a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena e depois teve várias mulheres e amantes; como a Igreja recusou o pedido, ele fundou uma igreja para si, que é a atual igreja anglicana). É considerado pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário do Estado. Devido à sua retidão e exemplo de vida cristã, foi reconhecido como mártir. Deixou vários escritos de profunda espiritualidade e de defesa do magistério da Igreja.



São João da Cruz - Santa Teresa tinha 27 anos quando ele nasceu. Foi um místico, sacerdote e frade carmelita espanhol. Nascido em Fontiveros, em Castela a Velha, foi um dos mais importantes expoentes da Contrarreforma.

Grande reformador da Ordem Carmelita, é considerado, juntamente com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços. São João também é conhecido por suas obras literárias e tanto sua poesia quanto suas investigações sobre o crescimento da alma são consideradas o ápice da literatura mística e se destacam entre as grandes obras da literatura espanhola.

João da Cruz foi canonizado em 1726 por Bento XIII e é um dos Doutores da Igreja Católica Apostólica Romana.




Padre Manual da Nóbrega - Nasceu em 1517 (neste ano Santa Teresa tinha dois anos e Lutero pregava as suas 95 teses na Alemanha - para cumprir seu papel de secretário de satanás com eficiência e dedicação). Padre Manuel foi um sacerdote jesuíta português, chefe da primeira missão jesuítica à América. As cartas enviadas a seus superiores são documentos históricos sobre o Brasil  e a ação jesuítica no século XVI.


Também estavam vivos nesta época de Santa Teresa: a rainha Catarina de Médici, Da Vinci, Pedro Alvares Cabral (descobridor do Brasil), por exemplo.




   Reforma Católica ou Contrarreforma  



"Da barca de Pedro não sairei, a resposta nunca está em "criar uma outra igreja", afinal nós também contribuímos para as manchas na igreja com os nossos pecados, todos nós temos responsabilidade no que acontece no corpo místico de Cristo, a Igreja, todos, pois ninguém é igreja sozinho, nós vivemos na comunhão dos santos e não há nada mais real que isso, a existência da Igreja até hoje apesar de seus maus membros, apesar de nós mesmos, apesar das diversas ondas ideológicas anti cristãs se deve ao Poder e Majestade Cabeça da Igreja que é Santa e a muitos dos membros santos suscitados pela Providência de Deus ao logo da história. Portanto, não seja um maldito Lutero, seja uma Santa Teresa, um São Felipe Neri, um Santo Inácio de Loyola, um Tomas More e lute pela Igreja, na Igreja, nem que o mundo venha abaixo". (Ana Paula Barros). 


A contrarreforma é um "movimento" criado pela Igreja Católica a partir de 1545 em resposta à "Reforma Protestante" (de 1517) iniciada por Martinho Lutero.

Em 1545, a Igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento (na cidade italiana de Trento) estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício , a criação do Index Librorum Prohibitorum, com uma relação de livros proibidos pela Igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens religiosas, dentre elas a Companhia de Jesus.

Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato eclesiástico, a reforma das ordens religiosas, a edição do catecismo tridentino, reformas e instituições de seminários e universidades, a supressão de abusos envolvendo indulgências e a adoção da Vulgata como tradução oficial da Bíblia.




 Minhas Citações favoritas das três primeiras moradas (separadas por moradas) 


Obs: lembrem-se de ser fiel antes de querer levitar ou ter consolações e gostos e visões espirituais. 



  Primeiras Moradas:  



"...sem comparação é a nossa insensatez quando não procuramos conhecer nosso valor, e concentramos toda a atenção no corpo. Só por alto, porque o temos ouvido dizer e porque a fé no-Lo ensina, sabemos que a nossa alma existe; mas quantos bens pode haver nesta alma, qual seu grande valor, e quem nela habita - eis o que raras vezes consideramos. O resultado é que procuramos conservar muito pouco a sua beleza; todas as atenções se nos consomem no grosseiro engaste ou murada deste castelo, que são estes nossos corpos". 


"...o Senhor muito se agrada de que não se ponha limitações às suas obras". 


"Mas ficai sabendo que pode haver grande diferença entre estar e estar: há muitas almas que andam rondando o castelo, nos arredores onde montam a guarda as sentinelas, e nada se lhes dá de penetrar nele. Não sabem o que existe em tão preciosa mansão, nem quem mora nela, nem mesmo as salas que contém. Não tendes ouvido dizer que alguns livros de oração aconselhamento a alma a entrar dentro de si mesma? Pois este é o meu pensamento."

"Dizia-me, há pouco tempo, um grande letrado, que as almas que não praticam oração são semelhantes a um corpo entrevado ou paralítico, o qual, embora tenha pés e mãos, não os pode mover. É bem verdade. Encontram-se algumas tão enfermas e habituadas a engolfar-se nas coisas exteriores, que parece não haver remédio nem possibilidade de as fazer entrar dentro de si. É tal a força do costume, que, por continuamente tratarem as bestas e vermes que estão à roda do castelo, já se tornaram quase semelhantes a eles, e, embora de tão rica natureza - capazes de ter sua conversação não menos que com Deus - não há remédio que lhes valha. Tais almas, se não procurarem entender e remediar sua extrema miséria, tornar-se-ão como estátuas de sal, em razão de não olharem para seu interior. Assim aconteceu à mulher de Ló por ter voltado aos olhos para trás."


"Mas ter o costume de falar à Majestade de Deus com quem fala a uma escravo, dizendo o que vem à boca por havê-lo decorado ou repetido muitas vezes, sem mesmo reparar se está certo - a isto não tenho em conta de oração. Não permita Deus que algum cristão reze deste modo! Entre vós, irmãs, espero em Sua Majestade, não haverá tal pois o costume que temos de tratar de coisas interiores é muito bom para não cair em semelhante bruteza."


"Dirijamo-nos as outras almas, que, enfim, entram no castelo. Estão ainda muito metidas no mundo, mas tem bons desejos e de quando em quando se encomendam a Nosso Senhor e refletem sobre si mesmas, não muito demoradamente. No espaço de um mês, rezam um dia ou outro, cheias de mil negócios e quase de ordinário ocupando nestes o pensamento, porque estão muito apegadas, e o coração se lhes vai para onde têm o seu tesouro. Procuram, todavia, desocupar-se de quando em quando; e é já grande coisa o próprio conhecimento e  ver que não vão bem, para atinarem por fim com a porta. Em suma, penetram nas primeiras salas debaixo, mas tantos vermes entram juntamente com elas, que nem lhes deixam ver a formosura do castelo, nem mesmo sossegar. Entretanto, já muito fazem em haver entrado. "


"Em uma palavra: se o terreno onde está plantada a arvore é o demônio - que fruto pode dar?"


"Efetivamente, as coisas da alma sempre se hão de considerar como plenitude, amplidão e grandeza. Não há perigo de exagero... não a constrajam nem a obriguem a ficar num canto. Deixem-na circular por essas moradas, em cima, embaixo, dos lados; e, como Deus a elevou a tão grande dignidade, não a forcem a estar muito tempo numa só peça, ainda que seja a do auto-conhecimento. "


"Assim a alma ocupada em conhecer-se: creia-me e voe almas vezes a considerar a grandeza e a majestade de Deus"



"Oh! Valha-me Deus, filhas, a quantas almas terá feito o demônio perder muito por este meio! Tudo isto, e muitas outras coisas que fácil me seria ajuntar, lhes parece humildade. E por quê? Por não nos conhecermos como convém. O auto conhecimento fica torcido, e, se nunca saímos de nós mesmos, não me espanto destes e de outros males que se podem temer. Por isso digo, filhas, que ponhamos os olhos em Cristo, nosso Bem, e d'Ele, e de seus santos, aprenderemos a verdadeira humildade. Com isso se enobrecerá nosso entendimento. repito, e não nos tornará rasteiros e covardes o auto conhecimento, pois embora seja esta apenas a primeira morada, é extremamente rica e de tão grande preço, que não ficará sem passar adiante quem lograr escapulir dos vermes que há nela. Terríveis são os ardis e manhas do demônio para que as almas não se conheçam, nem entendam o cominho a trilhar."



"Destas moradas primeiras posso dar por experiência boas informações, por isso digo que ninguém imagine poucos aposentos, senão milhões, porque de muitas maneiras entram aqui as almas. Todas têm boa intenção, mas é tão mal intencionado o demônio, que sempre deve guarnecer cada morada de muitas legiões de seus emissários, os quais combatem a fim de impedir a passagem de umas para as outras. Como a pobre alma não o entende, ele de mil modos a engana, o que consegue menos à medida que ela vai chegando às salas mais próximas do centro onde está o Rei. Aqui, ainda se trata de pessoas embebidas no mundo, engolfadas nos contentamentos e deslumbradas pelas honras e pretensões, seus vassalos interiores, que são os sentidos e as potências, não estão revestidos da força que Deus lhes outorgou originariamente , por isso são derrotados, embora ardam com desejo de não ofender a Deus e façam boas obras". 


" Haveis de notar que a estas moradas primeiras quase nada ainda chega da luz que sai do palácio onde está o Rei, é porque, embora não estejam escuras e negras, como acontece quando está alma em pecado, se acham de algum modo obscurecidas, e quem nela vive não pode ver claramente.'


"Convém muito, para ter ingresso às segundas moradas, que procure abrir mão dos tratos e negócios dispensáveis. Isso cada um há de fazer segundo seu estado, e é coisa importante para chegar à morada principal, que, se  não começar desde logo a exercitar-se, o tenho por impossível". 


"Cada um olhe para si".




 Segundas Moradas:  



"Trata-se aqui de pessoas que já começaram a ter oração e a entender quanto lhes importa não ficar nas primeiras moradas; mas ainda não têm, geralmente, firmeza para passar adiante, porque não saem das ocasiões de pecado, o que é muito perigoso".


"Não nos deixa de chamar uma ou outra vez para que nos acerquemos d'Ele, e sua voz é tão doce, que a pobre alma se sente aniquilada por não fazer logo o que lhe manda, e por isso, como afirmei, sofre mais do que se não ouvisse". 


"...estes chamamentos... são apenas palavras que se ouvem de pessoas virtuosas, ou sermões, ou leituras em bons livros... ou ainda doenças, trabalhos e também certas verdades que Ele nos ensina nos momentos que passamos em oração. Estes momentos tem Deus em grande conta, ainda quando estamos sem fervor". 


"... aqui [segundas moradas] mais vivo está o entendimento e mais hábeis as potências. Tão formidáveis são os golpes e as descargas de artilharia, que não se podem deixar de ouvir. Põem-se os demônios a representar-lhes essas cobras das coisas do mundo, pintando os prazeres deles como quase eternos; os amigos e parentes, e estima em que é tida em toda parte; a saúde, comprometida pela penitência (pois sempre nesta morada começa a alma a desejar fazer alguma) [medo de ficar doente, medos imaginários já que a santa diz desejo e não que de fato o faz] e mil outras dificuldades imaginárias."


"O costume de viver entre mil vaidades, e o ver que todo o mundo trata disto, põe tudo a perder". 


"Claro está que, para sarar, será preciso submeter-nos a repetidas curas, e muitas graça nos concede Deus em não morrermos de tão greve mal. Não há dúvida muitos trabalhos passa aqui a alma, sobretudo quando, por seus costumes e qualidades, entende o demônio que tem ela capacidade para adiantar-se muito no serviço de Deus, porque então convocará todo o Inferno para fazer sair do castelo. "


"Que grandíssima coisa para uma alma é trabalhar com os que deveras servem a Deus, e chegar-se não só aos que vê nos mesmos aposentos". 


"Determine-se fortemente que vai pelejar contra todos os demônios, e veja bem que não há melhores armas que as da Cruz!"


"Nestes princípios nem vos passe pela cabeça que há consolos espirituais". 


"É engraçado! Ainda estamos com mil embaraços e imperfeições; as virtudes brotaram há pouco, ainda não sabem andar, e, até agrada a Deus que haja princípio delas! E, com isso, não temos vergonha de querer gostos na oração e de prorromper em queixas por causa das securas? Jamais vos aconteça isso, irmãs."

"Todo o empenho de quem começa a ter oração - e isto não esqueçais, pois é de suma importância - há de ser trabalhar, e determinar-se, e dispor-se, com toda a diligência possível, a tornar sua vontade conforme a do Senhor". 


"Não penseis que haja maiores mistérios, nem coisas ignoradas e ocultas, nisso consiste todo o vosso bem... Procuremos fazer o que está em nossas mãos e guardar-nos destes vermes venenosos, que muitas vezes quer o Senhor nos perdigam e aflijam mais pensamentos, sem que o possam lançar para longe de nós. Envia-nos também securas, e permite mesmo, algumas vezes, que sejamos mordidos, a fim de melhor nos sabermos precaver para o futuro, e para provar se nos pesa deveras de o ter ofendido". 


"Não desanimeis, portanto, quando vos acontecer cair, nem deixeis de procurar sempre ir adiante". 


"[quando] começar a recolher-se não há de ser o recolhimento à força de braços, e sim com suavidade, para ser o recolhimento mais duradouro e contínuo... ainda quando não achamos quem nos ensine tudo fará o Senhor redundar em nosso proveito, contanto que não deixemos o começado". 



 Terceiras Moradas:  


"Destas almas, pela bondade do Senhor, creio, a muitas no mundo. São assaz desejosas de não ofender a Sua Majestade; guardam-se até dos pecados veniais, são amigas de fazer penitência e de ter suas horas de recolhimento, gastam bem o tempo, exercitam-se em obras de caridade com o próximo, são corretíssimas em seu falar e vestir e no governo da casa, quando a têm". 


"...que linda disposição é esta para receber toda a sorte de graças... Todas afirmamos quere-lO; como, porém, é preciso mais do que palavras para o Senhor apodera-se de todo da alma, não basta dizê-lo...daqui provêm as grandes securas na oração". 


"Ó humildade, humildade!... Mas não posso deixar de cogitar que falte esta virtude. em quem tanto vaso nos faz das securas". 


[Sua Majestade haverá de dar o prêmio em proporção ao amor que lhe temos] "... e este amor, filhas, não há de ser fabricado em nossa imaginação, mas sim provado por obras: e não penseis que Deus tenha necessidade delas; só quer a determinação de nossa vontade". 


"O Senhor vo-lo dará a entender que das securas tireis humildade, e não inquietação, como pretende o demônio". 


"Tenho conhecido algumas almas que chegaram a este estado e nele viveram muitos anos, mantendo sempre esse ajustamento e correção de alma e corpo... quando, parece, haviam já de estar com o mundo debaixo dos pés, ou pelo menos, bem enganadas dele, prova-as Sua Majestade com reveses não muito grandes, e ei-las tão inquietas, com o coração tão angustiado... dar-lhes conselhos nada vela, porque, trilhando o caminho da virtude a tantos anos, acham que podem ensinar os outros e que lhes assiste razão suficiente para tanto sentirem os seus males". 

[ainda não sabem lidar com contrariedades cotidianas]


"E logo se vê que é Deus que assim os prova, pois eles compreendem suas faltas muito claramente, e às vezes maior é seu pesar por se verem aflitos por coisas da terra, não muito graves, do que pela tribulação mesma. Neste caso, grande misericórdia lhes tem Deus, e, embora haja falta, resulta muito lucro para a humildade". 

"... prefere Deus que eu me conforme com os acontecimentos permitidos por Sua Majestade". 


"E se alguém não faz assim porque não o elevou o Senhor a tanto, está bem! Mas entenda ao menos que está longe de ter liberdade de espírito, e, assim reconhecendo, se disporá para que o Senhor lha dê, porque tratará de a pedir à Sua Majestade". 


"E crede-me: não está o negócio em trazer ou não o hábito religioso, e sim em procurar o exercício das virtudes, em render a cada passo nossa vontade à de Deus, em ordenar nossa vida de acordo com o que Sua Majestade houver por bem dispor a nosso respeito, e em não querermos nós que se faça a nossa vontade, senão a d'Ele". 



"As penitências que fazem essas almas são tão bem calculadas como seu modo de proceder... têm grande comedimento em fazê-las, porque receiam em comprometer a saúde. Não tenhais medo de que se matem, pois estão muito em seu juízo... Como vamos tanto comedimento, tudo nos assusta, tudo nos amedronta; e assim não ousamos dar um passo adiante". 


"Quando falo em caminhar, refiro-me a andar com grande humildade, pois, se bem o entendestes, vem da falta desta virtude, creio, o mal dos que não vão adiante. Julguemos sempre ter andado poucos passos; convençamos-nos bem desta verdade, e, pelo contrário, tenhamos por muito apressados e ligeiros os passos de nossas irmãs; e, finalmente, cada uma não só deseje, mas procure ser tida por pior que todas."


"O que me parece de sumo proveito às almas... é que se exercitem muito na prontidão da obediência". 

[sobre diretor] "e não busquem a outro do mesmo gênio [mesmo temperamento que o seu], como se costuma dizer... que esteja muito desenganado das coisas do mundo."

"Olhemos para as nossas faltas, e deixemos as alheias. Assim digo porque é muito próprio de pessoas tão corretas o se escandalizarem de tudo". 


"Não a razão de querermos que todos venham pelo nosso caminho, nem os havemos de meter a ensinar o do espírito, que talvez nem saibamos que coisa é. De fato, com estes desejos que Deus nos dá, irmãs, do bem das almas, podemos cometer muitos erros. E assim o melhor é pautar nosso proceder pela nossa Regra: "No silêncio e na esperança procurar viver sempre". O Senhor terá cuidado das almas alheias."





 Para quem indica este livro? 


Para os que desejam conselhos certos e maduros sobre a vida espiritual. Acredito, no entanto, que seja melhor ler "Caminho da Perfeição", depois "Castelo Interior" e por último o "Livro da Vida". 





 Aprendizado 


Fiquei feliz em conseguir colocar os conselhos de Santa Teresa separados por moradas, fica mais didático para o entendimento dos cuidados em cada morada. 




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