Devocional 43| Dos efeitos da Caridade: alegria, paz, misericórdia, beneficência, esmola e correção fraterna

by - agosto 24, 2020

Devocional 43| Dos efeitos da Caridade: alegria, paz, misericórdia, beneficência, esmola e correção fraterna
Pintura: Beggar Children por Johann Georg Meyer


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O exercício da virtude da caridade produz alguns efeitos na alma, os primeiros, são o gozo ou alegria. Este gozo pode vir acompanhado de alguma tristeza, como quando nos alegramos em Deus, nossa bem aventurança futura mas inda não possuída, este é o caso das almas do Purgatório e de quantos vivem na terra. Anda o gozo acompanhado desta tristeza porque há ou pode haver algum obstáculo físico ou moral que se oponha à união íntima com Ele. Em tal caso predomina a alegria, que tem por objetivo e causa principal a felicidade e o gozo eterno, pacífico, seguro, que , na contemplação de sua essência, desfruta o divino Amigo. 


O ato principal da caridade produz paz. A paz consiste na tranquilidade que desfruta o espírito quando todos os nossos pensamentos e afetos, e os de todas as criaturas intelectuais, se orientam e dirigem a Deus, fim supremo da felicidade. 


A caridade produz ainda outro fruto que é a misericórdia. A misericórdia é uma virtude especial, fruto da caridade, ainda que distinta dela, que inclina o ânimo a compadecer-se das misérias e desgraças do próximo, considerando-as, de algum modo, como próprias, visto que afligem ao nosso irmão, e tendo em conta que podemos ver-nos em idênticas condições. A virtude da misericórdia possui um nobreza especial, pois é por excelência a virtude de Deus, não porque Ele seja capaz de sentimentos afetivos de dor ou tristeza, mas pelos benefícios que concede por impulsos do seu amor. É também entre os homens a virtude própria dos perfeitos, quanto mais um ser se aproxima de Deus, tanto mais compassivo e inclinado está para remediar desgraças e miséria, por todos os meios espirituais e temporais ao seu alcance. É de de grande proveito a prática desta virtude para restabelecer e garantir a paz social. 


O primeiro ato que é efeito da caridade é a beneficência, que consiste em fazer algum bem a outrem. Este ato é sempre ato da virtude da caridade. No entanto, por vezes exercer a beneficência é um ato de obrigação (como os filhos aos pais ou os pais aos filhos), neste caso une-se à virtude da caridade a virtude da justiça. 


O ato de caridade de beneficiar o próximo, mediante a virtude da misericórdia, chama-se esmola. Há duas classes de esmolas: espiritual e corporal. 


As esmolas corporal são: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, visitar os enfermos, remir os cativos e sepultar os mortas. 


As esmolas espirituais são: rogar a Deus por vivos e defuntos, ensinar os ignorantes, dar bom conselho, consolar os tristes, castigar os que erram e perdoar as injúrias. 


Deus dá tanta importância a esmola que no dia do Juízo, segundo o Evangelho, ela servirá de critério para fundamentar a sentença de prêmio ou condenação eterna. Temos obrigação grave de dar esmola quando o próximo se ache em necessidade espiritual ou corporal grave e não haja quem o socorra. E mesmo que não haja necessidade grave nós temos a obrigação de empregar os bens, espirituais e corporais, supérfluos em proveito do próximo e da sociedade. 


Dentre todas as esmolas, no entanto, existe uma que tem uma particular importância: a correção fraterna. Que é o remédio espiritual destinado a ordenar os pecados do próximo. Esta esmola espiritual é ato da virtude da caridade e constitui obrigação de preceito se existem as circunstâncias e a ocasião oportunas. Estão obrigados a corrigir todos os que se sentem animados pelo espírito de caridade e que não possuam as faltas ou pecados em si mesmos que desejam emendar no irmão (não significa que devam ser isentos de falhas e defeitos, significa que não devem possuir o erro que se dispõem a corrigir); sendo assim, estão obrigados a corrigir, quem quer que seja, ainda que seja superior, com a obrigação de guardar as devidas atenções e considerações (o respeito ao cargo exige que se mantenha o decoro no trato), e contanto que possam abrigar a esperança do efeito da correção (não se deve corrigir só pelo gosto de corrigir, se deve corrigir com o intuito e esperança da salvação do próximo), em caso contrário, estão dispensados, e devem abster-se de corrigir. 


Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino













 












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