Devocional 32| Distinção da Gravidade dos Pecados (Mortais e Veniais) e de seus Correspondentes Castigos (São Tomás de Aquino)

by - junho 08, 2020


Devocional 32| Distinção da Gravidade dos Pecados (Mortais e Veniais) e de seus Correspondentes Castigos


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Os pecados não possuem a mesma gravidade. O que determina a gravidade do pecado é o tamanho e a necessidade do bem do qual ele priva; além da maior ou menor liberdade com que se executa o mal. 

No entanto, todos os pecados merecem castigo. Pois todo pecado é usurpação do direito alheio e o castigo é a maneira de restituição do que injustamente se tomou. 

Assim o castigo pelo pecado é ato de justiça.

Quem impõem os castigos são os encarregados de velar pela ordem e pela justiça. São eles: primeiramente Deus, depois, a autoridade humana, nos assuntos de sua competência; e, por último, o mesmo pecador. 

O pecador pode castigar seu próprio pecado de duas maneiras: por meio da penitência e do remorso da consciência. A autoridade humana, por sua, pode intervir impondo castigos. Deus, eu sua Soberania, pode castigar de duas maneiras: mediata ou imediata. 

Deus castiga de forma mediata quando faz uso da autoridade humana ou da consciência do pecador. Pode-se chamar esses castigos de castigo divinos pois a autoridade humana e a própria consciência participam do poder de Deus, de quem são de algum modo instrumentos. 

O meio que Deus utiliza para castigar o pecado é o uso das criaturas, que a Ele pertencem e cuja subordinação e harmonia o pecador procura perturbar. 

Portanto, podemos dizer que há uma justiça imanente (que está contido na natureza de um ser, como o é a consciência humana) e que em virtude dela as mesmas coisas inanimadas servem como instrumento à justiça divina para castigar o pecado, fazendo padecer o pecador as consequências de sua culpa. 

Deus também pode intervir de forma imediata no castigo do pecado, se trata de uma intervenção particular e sobrenatural, em virtude da qual Ele mesmo castiga os atentados do pecador contra a ordem sobrenatural por Ele estabelecida. 

O que distingue os castigos impostos por Deus, na ordem sobrenatural, dos impostos pelas criaturas, é que Deus castiga alguns pecados com penas que durarão eternamente. 

Os pecados que Deus castiga com pena eterna são os pecados mortais. 

Os pecados mortais são os que causam a morte da alma, destruindo nela a caridade (amor a Deus e aos seus caminhos), que é o principio e a fonte da vida sobrenatural. 

Deus castiga os pecados mortais com pena eterna pois, ao destruir-se o principio da vida sobrenatural infundido por Deus na alma ( a caridade - o amor a Deus), pois após a morte fica o pecador impossibilitado de remediar os efeitos da sua culpa naquela ordem; portanto, enquanto durar o estado de pecado, e durará para sempre, deve durar o castigo. 

No entanto, nem todos os pecados que os homens comentem são mortais. A esses pecados chamamos veniais. 

Os pecados veniais são os menos graves, e cujo os efeitos o homem pode resistir com o auxilio ordinário da graça, visto que não têm o funesto poder de privar a alma da vida sobrenatural da caridade; não merecem, por conseguinte, castigo eterno, e se chamam veniais, isto é, facilmente perdoáveis, da palavra latina venia, que significa perdão. 

Se uma alma morre em com um único pecado mortal e outros veniais, padecerá pena eterna pelo pecado mortal e também pelos pecados veniais, uma vez que depois da morte não se pode mais reparar os pecados. 

Os pecados mortais se distinguem dos veniais por parte do objeto do pecado, da natureza e da importância da desordem causada pelo ato pecaminoso e ainda o grau de liberdade com que o sujeito realizou o ato. 

Quando se diz "por parte do objeto, da natureza e da importância da desordem" entendemos que há pecados que por sua natureza se opõem diretamente, ou são incompatíveis com a submissão e amor a Deus (pecados mortais), na ordem sobrenatural; e há outros que constituem uma menor insubordinação e são contudo compatíveis com o amor habitual de Deus na ordem da graça (pecados veniais). 

Os pecados que são diretamente opostos ao amor sobrenatural de Deus e são com este amor incompatíveis são os que se recusam a prestar a Deus o devido amor sobrenatural, os que essencialmente quebram e destroem a subordinação a Deus; os que lesam gravemente a ordem e a harmonia da sociedade; os que interferem na ordem e na harmonia das diversas partes que compõem um individuo tirando-a da subordinação e dependência de Deus. 

O critério mais seguro para distinguir as diversas classes de pecados e sua gravidade é contrastá-lo com as virtudes opostas, não só em geral, mas em particular. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás.









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