Salus in Caritate

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Além do método virtuoso de vida, existe ainda o da vida do vício e do pecado. 

Entende-se por vício o estado do homem que vive em pecado. Entende-se por pecado o ato ou omissão voluntária em matéria ilícita. 

Podemos dizer que um ato ou omissão voluntária é pecado quando é contrário ao bem de Deus, ao bem próprio ou ao do nosso próximo. 

O homem pode, portanto, querer bens incompatíveis com o bem de Deus, o próprio e o do próximo; tais bens são os que deleitam os sentidos ou lisonjeiam a ambição e o orgulho. 

Isso ocorre porque os sentidos têm a faculdade de inclinar-se para o que proporciona prazeres, antecipando-se ao exercício da inteligência e da vontade, ou arrastando estas duas faculdades para o seu partido quando elas não se opõem, podendo e devendo fazê-lo. 

A raiz dos pecados humanos é, portanto, o seguimento dos bens sensíveis e temporais. O estado que inclina tal procedimento - procurar sem medida os bens sensíveis- chamamos de cobiça ou concupiscência. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás. 

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Não é suficiente, no entanto, que o homem possua as virtudes de que temos falado, para que possa alcançar a eterna bem aventurança, necessita além delas dos dons do Espírito Santo. 

Os dons do Espírito Santo são disposições habituais e infusas que fazem o homem dócil e submisso às inspirações e movimentos interiores com que o Espírito de Deus o guia e encaminha para a felicidade eterna. 

O homem necessita, além das virtudes, dos dons do Espírito Santo por estar elevado à vida da graça. Assim para que suas ações assumam a perfeição precisa, é necessário um auxílio direto e especial de Deus, para que assim se leve a bom termo o que é iniciado pelo exercício das virtudes. 

São sete os dons do Espírito: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, piedade, fortaleza e temor de Deus. 

O homem que é adornado com as virtudes e os dons do Espírito Santo possuí tudo o que necessita para uma vida perfeita na ordem sobrenatural. Podemos ainda dizer que sua vida é, já aqui na terra, o começo da vida que há de levar no Céu, por isso falamos neste munto de bem aventuranças e dos frutos do Espírito. 

As bem aventuranças são os atos das virtudes e dos dons, enumerados por Jesus no sermão da Montanha, gerados pela presença de Jesus na alma, são como que uma antecipação e um penhor da vida eterna. 

Já os frutos são boas ações geradas pela ação do Espírito Santo que tem a força de produzir prazer e alegria na alma de quem as pratica. 

As bem aventuranças se distinguem dos frutos do Espírito pois as primeiras tratam-se de obras excelentes e perfeitas, enquanto que os frutos são obras boas, em que basta o auxilio da razão para as fazer, sem ser necessariamente perfeita. No entanto, ambos são bem supremos do homem e muitas vezes se confundem entre si como aparentemente iguais. 

As bem aventuranças e suas recompensas são: 

Pobreza de Espírito - Reino dos Céus;

Mansidão - possuirão a terra;

Os que chorão - consolação; 

Os que tem fome e sede de justiça - saciedade; 

Misericórdia - misericórdia; 

Pureza de Coração - verão a Deus; 

Pacíficos - serão chamados filhos de Deus. 

Os frutos do Espírito Santo são: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade. 

Não há neste mundo coisa mais proveitosa ao homem do que o exercício assíduo dos dons e virtudes que conduzem às bem aventuranças. 

Catecismo da Suma Teológica de São Tomás de Aquino

Vem, Espírito Criador!

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

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Afinal, o que significa adquirir virtudes? 

Trata-se da aquisição e aperfeiçoamento de todos os hábitos que inclinam o homem a proceder bem. 

Os hábitos virtuosos são certas disposições e inclinações das diversas faculdades (inteligência e vontade), que fazem bons os atos correspondentes. As virtudes se originam de três modos: há ocasiões em que são conaturais ao homem; noutras são adquiridas com exercício e às vezes direta e sobrenaturalmente infundidas por Deus. 

 Faculdade da Inteligência 

Sobre a faculdade da inteligência agem as chamadas virtudes intelectuais, seu efeito é conduzir o homem pelos caminhos da verdade; são elas: inteligência, sabedoria, ciência, prudência e arte. Quanto ao objetivo de cada uma: 

• da inteligência - facilitar o conhecimento dos primeiros princípios; 
• da sabedoria - facilitar o conhecimento das causas segundas e supremas; 
• da ciência - facilitar o conhecimento das conclusões;
• da prudência - a direção da vida moral; 
• da arte - a execução das obras externas. 

A considerada, moralmente, a mais importante é a prudência. 

No entanto, há na inteligência humana uma virtude muito mais elevada do que as já mencionadas, a virtude da fé. 

 Faculdade da Vontade 

Na faculdade da vontade, por sua vez, existem a virtude da caridade e da esperança que possuem a mesma categoria elevada que a virtude da fé tem na faculdade da inteligência. 

Tais virtudes (fé, esperança e caridade) são chamadas virtudes teologais, possuem este nome pois provêm exclusivamente de Deus. 

Na faculdade da vontade existe ainda a virtude da justiça.

 Potências sensitivas de ordem afetiva 

Além das faculdades da vontade e da inteligência, o homem também possui as potências sensitivas de ordem afetiva. A faculdade da vontade e da inteligência tem como sujeito o espirito, já as potencias sensitivas tem por sujeito o composto alma e corpo. 

Assim as potências sensitivas (que visam o composto alma e corpo) também são influenciadas por virtudes especificas; as virtudes que adornam essa potência são: a fortaleza, a temperança. 

As virtudes da justiça, da fortaleza e da temperança, formam o conjunto das virtudes morais ou também chamadas virtudes cardeais. Ganham este nome pois são o eixo em volta do qual giram as demais virtudes, exceto as teologais. 

O homem precisa possuir todas as virtudes, tanto teologais como morais, para que suas ações sejam boas em conjunto. Se lhe falta uma só não pode ser chamado virtuoso, pois faltando uma as demais são informes ou incompletas. 

Baseado na Suma Teológica de São Tomás em Forma de Catecismo

Também podem influenciar nos atos da vontade rumo ao último fim os movimentos afetivos chamados paixões. 

Tais movimentos não são exclusivos do homem, os animais também os têm. No entanto, as paixões humanas podem ser sujeito da moralidade, pois somente o homem está sujeito ao império da vontade livre. 

Chamamos propriamente de paixões aos movimentos do coração que nos impelem a procurar o bem e a fugir do mal, conforme nos apresentam os sentidos.

As paixões são 11: amor, desejo, prazer ou alegria, ódio, tédio, tristeza, esperança, audácia, temor, ira e desesperação. 

As paixões estão ligadas a nossa natureza sensitiva. O homem é composto de duas naturezas, uma racional e outra sensitiva, esta última é a primeira que atua, já que está em contato com o exterior e dele retira os dados de conhecimento e ação. 

Logo, as paixões nem sempre são más, em si mesmas. Se tornam más quando não estão de acordo com a reta razão, afastando do bem e impelindo para o mal sensível, antecipando ou contrariando o juízo da razão. 

Tais paixões não se condicionam somente na parte sensível mas também abarcam a faculdade da vontade. Ao falarmos do coração humano, referimo-nos as duas espécies paixões: as sensitivas e as da vontade. 

Assim o conselho bíblico de vigiar atentamente os movimentos do coração, significa que devemos por um grande cuidado em não seguirmos inconsequentemente os primeiros movimentos afetivos, visto que só nos impelem a procurar o prazer e a fugir do sofrimento. 

Também se recomenda a educar o coração, que significa que devemos nos ocupar em desarraigar os movimentos afetivos que nos inclinam ao mal. 

Estes conselhos são de suma importância pois são como o resumo de todos os esforços do homem para adquirir a virtude e afastar-se do vício. 

Baseado no Catecismo da Suma Teológica de São Tomás

Nem muitas águas conseguem

apagar o amor;