Catequese com Contos Medievais 6: A roda

by - setembro 06, 2021

 

catequese com contos medievais a roda
Acredita-se que as gárgulas eram colocadas nas Catedrais Medievais para indicar que o demônio nunca dormia, exigindo a vigilância contínua das pessoas, mesmo nos locais sagrados. 




CONTO

 A roda


São Bernardo voltou certa vez à sua aldeia natal – Fontaine, perto de Dijon – para encontrar junto à lagoa de sua infância toda a calma e toda a força de que necessitava. Com efeito, através de sua eloquência e da força de convicção de sua fé, ele deveria arrastar para a segunda Cruzada tudo quanto na Europa havia de melhor na nobreza e nas classes populares de boa vontade. Por isso ele precisava de um momento de contemplação e repouso em sua terra natal. 

Tanto mais quanto havia tempo que inquietações e dúvidas o assaltavam e atormentavam, dando a impressão de que uma diabólica mão pesava-lhe sobre as costas, queimando-a. Uma voz lhe murmurava palavras desencorajadoras e anunciava que seu projeto iria fracassar. Imagens ora tentadoras, ora aterrorizantes desfilavam diante de seus olhos. São Bernardo lutava contra o demônio com todo o poder da oração, sendo nisso ajudado pela tranquilizadora paisagem de seus jovens anos. A serenidade voltou e ele decidiu se reunir com o já numeroso magote de companheiros de fé e de combate, com os quais pegou a estrada de Vézélay. 

Os caminhos naqueles tempos eram ruins e difíceis, as viagens lentas e penosas, o perigo acompanhando os viajantes como se fosse parte de sua própria bagagem. Entretanto, incidente algum de importância perturbou o avanço do comboio que se aproximava do ponto de chegada. Ora, uma tempestade de uma violência extraordinária pegou-os uma noite num vale muito estreito. Um ruído infernal descia como que rolando de pedra em pedra, torrentes de lama ameaçavam a todo o momento levar as carruagens, os bois e os cavalos. Os viajantes encontraram refúgio numa gruta onde acabaram cedendo ao sono. São Bernardo ficou só sob a tempestade a fim de tranquilizar os animais. O santo tentou desentalar uma das charretes que estava atolada na lama, mas enquanto o fazia uma de suas rodas quebrou completamente. Um riso estridente se fez ouvir nas suas orelhas e ele percebeu nas costas o sopro ardente que ele conhecia bem. O diabo não abandonava sua presa e naquela noite mostrava-se mais empedernido. São Bernardo fez então lentamente o Sinal da Cruz e com voz forte deu ordem ao demônio para ocupar o lugar da roda quebrada.


Uivando de dor e de raiva, o espírito mau não pôde resistir à vontade daquele que agora era seu senhor. Mordendo a própria cauda, ele assumiu a forma circular e tirou com suas forças a charrete entalada. O amanhecer despontou calmo e luminoso sobre o comboio já disposto em ordem e todos retomaram a estrada. Apenas um gemido melancólico proveniente de uma roda ritmava a marcha: esta foi a única lembrança dos furores da noite. No dia seguinte, São Bernardo atingiu o alto da colina de Vézélay e ali pregou a Cruzada com o brilho que a História registrou. 


(Fonte: Sophie e Béatrix Leroy d’Harbonville, “Au rendez-vous de la Légende Bourguignonne”, ed. S.A.E.P., Ingersheim 68000, Colmar, França, págs. 59-60)



CATEQUESE

A tentação e queda dos anjos


"Os anjos foram criados em estado de graça, que significa que com sua natureza receberam a graça santificante que os tornou filhos adotivos de Deus.


Sua glória decorreu da execução de um ato livre que foi submeter-se a ação da graça que os inclina a submeter-se a Deus por inteiro, isso ocorreu em um só instante.


Nem todos permaneceram fiéis, alguns por orgulho quiseram ser como Deus e gozar a felicidade independentes da Vontade Divina. Deus então, justamente, os precipitou no Inferno, assim os anjos rebeldes e os condenados ao Inferno chamam-se demônios"


Catecismo da Suma Teológica de Santo Tomás




A inveja é filha e escrava do orgulho. Por esses dois vícios, orgulho e inveja, o demônio é o que é. O demônio é como um cão preso na coleira, Cristo o prendeu; só morde quem dele se aproxima.


O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legítima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem.


O demônio não pode fazer mais do que lhe é permitido por Deus.


Santo Agostinho



 

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