Crônicas: Os padres estão perdidos e não notaram

by - maio 06, 2023



Hoje é o primeiro sábado do mês de maio. Nesta manhã notei que não escrevo uma crônica há tempos. Talvez seja por estar a notar, com certo interesse, um fenômeno, que agora se faz visível. 

Os padres estão perdidos, em crise, na verdade. E a razão da inquietude é: "só na Igreja Católica existe a salvação". 

Esta frase causa inquietação em muita gente e os padres não são excessão. Mas como eles são os teólogos desta barca chamada Igreja, a coisa fica um pouco pior quando são eles que entram em crise existencial, ou melhor, teologal. 

Acontece que, como você deve ter notado, um número considerável de padres assumiu uma teologia que é o resultado de uma série de junções de idéias. Muitas dessas idéias não casam umas com as outras. De modo que temos um híbrido de muitas cabeças. Tenho pra mim que isso não é intencional, eles sofrem com isso, afinal, entraram em crise. 

Esta crise tem uns sintomas e foi por isso que não escrevi por tanto tempo. Veja só, por exemplo: o padre acredita que fora da Igreja há salvação. Ok. Não é um pensamento tão estranho para o nosso tempo. Eu particularmente, acho que Deus pode fazer o que bem entende, peço só que eu possa ficar com Ele. Não me importa quem Ele quer salvar. No entanto, uma coisa é o que eu acho e outra é o que Ele disse. 

Ele disse que quem acreditar em Seu nome será salvo, que temos que evangelizar os povos e batizá-los, que é preciso se arrepender e converter, disse que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, no singular, não no plural. 

Bem, é aqui que começa a crise dos padres. As palavras do Senhor não casam com o programa do Céu para todos. Existem alguns passos, que são absolutamente inegociáveis. 

Na verdade é tudo muito simples: a pessoa que está fora da Igreja pode se salvar se converter-se (todo mundo sabe disso). Depois existe o grupo dos bons que não conhecem a Jesus e Sua Igreja, eles podem se salvar se trilharam, na medida do que sabem, um bom caminho. São pessoas que, se tivessem conhecido o Evangelho e a Igreja, teriam se convertido. Existe, realmente, uma penca de gente nesta situação, pessoas que são boas mas nasceram na heresia e ali ficaram, pessoas de outras denominações que não conhecem nada da catolicidade. Existem outros fatores, mas resumidamente é isso. 

É por isso que existem missionários, inclusive. 

Outro caso, porém, são daqueles que conhecem a Jesus e o negam solenemente. Aí a história muda e muito. 


No entanto, como os padres estão em crise, não especificam mais estas coisas. O mesmo padre que diz que todo mundo vai pro Céu, que existe salvação em todo lugar, reza por missionários e vocações. Se é assim, missionários pra quê reverendo? Vocações que se entregam totalmente pra quê, se todo caminho dá no mesmo lugar? Também rezam o Igreja "Una, Santa, Católica e Apostólica" no Credo. Não faz nenhum sentido. E o pior, eles não notam! Ou é o que parece. Fico sempre assombrada com essa parte. São incoerências gritantes, uma separada da outra por alguns minutos. 

Muitos acham que são os leigos que estão perdidos. Eu não acho. São os padres. Às vezes dá vontade de dizer "padres, pelo amor de Deus, parem de bater a cabeça na parede, não é de bom tom, não tá pegando bem". Um padre não acreditar na própria Igreja é puxado, vários então... 

Todos estão em crise e fingem que não estão. Normalmente, quando notamos uma crise, pensamos, "preciso fazer alguma coisa" e depois "preciso de ajuda e conselho". Ao menos é o mais prudente. Os padres, não, eles pegam o microfone - seu escudo do poder - e fazem reafirmações de suas crenças teológicas que não casam com o evangelho. 

Eu não sei se estou sendo clara, mas o que quero dizer é que os padres estão se sabotando, sabotando as Vocações e ficando bem transtornados por causa disso, emocionalmente e psicologicamente mesmo. Não sei se eles notam que estão fazendo isso, pois o conjunto de ideias pré concebido é bem forte. 

A sabotagem é tão forte que o padre mina a própria vocação. Veja bem, o padre foi ordenado para levar almas para o Céu, mas agora ele acredita que todos os caminhos dão no Céu, basta ter um ursinho carinhoso dentro de si, não precisa de conversão, nem arrependimento. Pronto, formou-se o abismo. Pra quê temos que ter padre? Ele está lá fazendo tudo aquilo pra quê? 

Deste questionamento é fácil começar a duvidar e se perguntar: "para quem?"

Esperemos em Deus que os padres dêem um passo adequado. Peçam ajuda. 

Nossa Senhora do Bom Sucesso, rogai por nós!


 


You May Also Like

3 comments

  1. Que crônica, minha querida! Aliás, tão bem escrita e com toda clareza. Sou muito feliz por poder te acompanhar. Hoje em dia é normal fingir que tudo, na igreja, vai bem quando está explícito que tudo vai muito mal e, se os padres estão em crise, acaba por confundir e dividir os fiéis. Eu, particularmente, ando meio confuso(a) e desanimado(a) pois onde estou nenhuma paróquia é, minimamente, coerente.

    ResponderExcluir
  2. Pois é. É sobre isso mesmo! Os tempos estão bem confusos. Sabe que eu já nem tento entender? Me reduzi a só rezar mesmo. Graças a Deus meu pároco, por incrível que pareça, até o momento, está indo bem. Na arquidiocese de Porto Alegre... De Porto Alegre!!!!

    ResponderExcluir
  3. Em tempo: eu disse aqui que meu padre não estava tão mal. Contudo, retifico-me. No último domingo conversei com ele e informei que meu filho de 7 anos está se preparando para sua primeira confissão (conforme orienta a doutrina de sempre da Igreja) e perguntei se ele poderia ouvir sua primeira confissão. Ele riu e disse que não, que não é assim porque a "arquidiocese tem regras"... Com gentileza confrontei-o afirmando que é a orientação da Igreja, pois aos 7 anos já está na idade da razão e que seria bom para sua formação moral (coisa que como mãe eu claramente observo): ele continuou sorrindo e disse que não seria necessário, que meu filho "ainda nem tem pecados...". Respondi apenas "olha que tem, hein". Veja bem, meu filho é uma criança maravilhosa, mas observo nele alguns comportamentos e defeitos que precisam ser revisados para que ele se torne ainda melhor, ele próprio sabe disso. Mas segundo meu pároco, não tem não. Enfim, vou procurar outro padre. Um padre que entenda que a Igreja é maior que a arquidiocese, que a Igreja é maior que o nosso arcebispo. Vai ser mais longe e mais trabalhoso? Paciência.

    ResponderExcluir

Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.