Eclesiastes: Visão Geral

by - junho 24, 2021

Visão Geral Eclesiastes



Introdução


Este é um material de apoio do Projeto de Leitura Bíblica: Lendo a Bíblia, para baixar o calendário de leitura bíblica e os outros textos de apoio dos Doutores da Igreja , online e pdf, sobre cada livro da Bíblia, clique aqui

Este projeto é um dos ramos de uma árvore de conteúdos planejados especificamente para o seu enriquecimento. Os projetos que compõem esta árvore são: Projeto de Leitura Bíblica com textos de apoio dos Doutores da Igreja (baixar gratuitamente aqui), Plano de Vida Espiritual (baixar gratuitamente aqui), o Clube Aberto de Leitura Conjunta Salus in Caritate, com resenha e materiais de apoio (para ver a lista de livros, materiais e os cupons de desconto  2020 clique aqui) e o Salus in Caritate Podcast (ouça em sua plataforma preferida aqui). 




Livro do Eclesiastes


Eclesiastes (em hebraico: קֹהֶלֶת, qōheleṯ; em grego: Ἐκκλησιαστής, Ekklēsiastēs) é o terceiro livro da terceira seção (Ketuvim) da Bíblia hebraica e um dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia cristã. O título "Eclesiastes" é uma transliteração da tradução grega do termo hebraico Kohelet (ou Qohelet), que significa "aquele que reúne", mas que é tradicionalmente traduzido como "professor" ou "pregador" nas traduções da Bíblia em português, o pseudônimo utilizado pelo autor do livro.

O livro data do período entre 450 e 180 a.C. e é da tradição de autobiografias míticas do Oriente Médio, na qual um personagem, descrevendo a si próprio como um rei, relata suas experiências e tira lições delas, geralmente auto-críticas. O autor, que se apresenta como "filho de David, rei em Jerusalém" (ou seja, Salomão), discute o sentido da vida e a melhor forma de viver. Ele proclama que todas as ações de um homem são inerentemente "hevel", um termo que significa "vãs" ou "fúteis", pois tanto os sábios quanto os tolos terminam na morte. Eclesiastes claramente endossa a sabedoria como meio para uma vida terrena bem vivida, pois, apesar desta falta de importância dos atos, o ser humano deve aproveitar os prazeres simples da vida diária, como comer, beber e se orgulhar de seu trabalho, pois são presentes de Deus. O livro conclui com um mandamento: «Teme a Deus e observa os seus mandamentos, porque isto é o tudo do homem.» (Eclesiastes 12, 13).


Eclesiastes, não é visto, no entanto, como uma literatura muito ortodoxa, por alguns, se comparado com outros livros bíblicos, por conta a nota de desespero que o narrador passa em suas observações - o que destoa de outros livros voltados a sabedoria - no entanto, ao notarmos que na verdade o livro se trata de uma lição de um professor que deseja pontuar que, independente donde colocamos o sentido da nossa vida tudo é "Hevel", tudo é vão e passageiro, mesmo a busca da sabedoria (mesmo sendo boa). Ao término o autor (que segundo alguns comentaristas pode ser alguém diferente do professor) faz a conclusão de que temer ao Senhor e obedecer aos mandamentos é o que dá sentido a vida, pois depois de vivermos nos apresentaremos diante de Deus para o juízo e que portanto, levar uma vida com retidão visando esse dia é o que dá sentido ao "hevel" desse mundo passageiro. Nossa vida irá passar, talvez ninguém se lembre que tenhamos passado por esta terra, mas Deus saberá o que fizemos e isso é o que importa e o que dá sentido a tudo. Esse ponto muitas vezes passa despercebido no ensino do livro: o autor fala que tudo é vaidade, mas nos mostra que devemos seguir os mandamentos como remédio para essa vaidade. 


Eclesiastes teve uma profunda influência na literatura ocidental. Nas palavras do novelista americano Thomas Wolfe, "De tudo o que vi ou aprendi, aquele livro parece-me ser o mais nobre, o mais sábio e a mais poderosa expressão da vida do homem sobre a terra — e também a maior das flores da poesia, eloquência e verdade. Não costumo realizar julgamentos dogmáticos em criação literária, mas se tivesse que realizar um, eu diria que Eclesiastes é a maior obra singular de literatura que eu conheci e a sabedoria expressada nele é a mais duradoura e profunda".


A abertura do Soneto 59 ("If there be nothing new, but that which is Hath been before, how are our brains beguil'd" - "Se não há nada de novo, mas o que é já foi antes, como se engana nossa mente"), de William Shakespeare, é uma referência a «O que tem sido é o que há de ser; e o que se tem feito é o que se há de fazer: nada há que seja novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se diz: Vê, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós.» (Eclesiastes 1, 9-10). Em sua obra "Uma Confissão", Leo Tolstoy descreve como a leitura de Eclesiastes afetou sua vida. O título da primeira novela de Ernest Hemingway, "The Sun Also Rises" é uma referência a «Nasce o sol, e põe-se o sol, dirigindo-se arquejante para o lugar, em que vai nascer.» (Eclesiastes 1,5).

E Machado de Assis, um dos maiores senão o maior escritor brasileiro, não só era grande leitor do Eclesiastes como este fora seu livro de cabeceira. O livro influenciava grande parte de sua obra, mais notavelmente no romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, conforme já apontava José Veríssimo em sua História da Literatura Brasileira, lançada em 1906: "As Memórias póstumas de Brás Cubas são a epopéia da irremediável tolice humana, a sátira da nossa incurável ilusão, feita por um defunto completamente desenganado de tudo. (...) A vida é boa, mas com a condição de não a tomarmos muito a sério. Tal é a filosofia de Brás Cubas (...) Desta arriscada repetição do velho tema da vaidade de tudo e do engano da vida, a que o Eclesiastes bíblico deu a consagração algumas vezes secular, saiu-se galhardamente Machado de Assis. Transportando-o para o nosso meio, incorporando-o no nosso pensamento, ajustando-o às nossas mais íntimas feições, soube renová-lo pela aplicação particular, pelos novos efeitos que dele tirou, pelas novas faces que lhe descobriu e expressão pessoal que lhe deu."

Uma das características surpreendentes de Eclesiastes é o fato do livro fazer referências claras ao ciclo da água e a leis meteorológicas, conhecimentos que não existiam nessa época.



You May Also Like

0 comments

Olá, Paz e Bem! Que bom tê-lo por aqui! Agradeço por deixar sua partilha.