Crônicas: Suas folhas nunca murcham

by - quinta-feira, janeiro 18, 2024





É verão. As festividades passaram, as estações, no entanto, não mudam. É sempre verão. Os dias se desenrolam vagarosos, como devem ser, se o celular está desligado — assim como qualquer dispositivo de áudio visual.

É estranho como tudo muda quando entramos no ritmo frenético da hiperinformação e da hipercomunicação, que não preenchem, mas tornam o espaço interior e mental estranhamente vazio. Murchamos como uma planta que recebe água ou sol demais.

“Suas folhas nunca murcham, tudo que ele faz é bem-sucedido.” (Salmo 1, 3)

A terra precisa de descanso entre uma plantação e outra. Já no Antigo Testamento, o Senhor decretou um ano sabático a cada sete anos. E, dentre as quatro estações, duas são vibrantes e duas de recolhimento. Os ciclos ordenados são necessários para o crescimento.

“Suas folhas nunca murcham.”

Que grande desafio se manter seguro num tempo tão frenético e acelerado — feito para murchar as folhas de qualquer alma. Olhamos em volta e podemos ver, com clareza, pessoas com suas folhas murchas, simplesmente pelo cansaço que a vida na tão esperada pós-modernidade nos presenteou.

“Suas folhas nunca murcham, tudo o que ele faz é bem-sucedido.”

Sucesso. Provavelmente, o sucesso que o salmista aponta não se trata do sucesso que hoje temos em mente. O sucesso de hoje desfigura a alma, faz a todos igualmente murchos. O sucesso está no que fazemos hoje.

“Tudo o que ele faz é bem-sucedido.”

E o que fazemos, todos os dias? Bem, coisas simples, pacatas, repetitivas — mas que podem ser incrivelmente bem-sucedidas. Feitas com esmero, na calma e tranquilidade da passagem do tempo, que anda normalmente como um acompanhante de cartola que é antigo e novo.

E, então, nossas folhas nunca murcham.




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