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Salus in Caritate

Cultura Católica




A dignidade da mulher - Carta Apostolica de SJPII

A carta apostólica publicada em 1988 parece ser uma carta resposta à questões sociais envolvendo o lugar da mulher e sua missão dentro e fora da Igreja. 

A primeira parte possui notas similares ao Tratado da Verdadeira Devoção tanto na temática quanto na estrutura do texto. O que não é surpreendente, o Tratado era o livro de cabeceira do então Papa João Paulo II. 

"No cristianismo, de fato, mais que em qualquer outra religião, a mulher tem, desde as origens, um estatuto especial de dignidade" .

"Trata-se de compreender a razão e as consequências da decisão do Criador de fazer existir o ser humano sempre e somente como mulher e como homem".

"Cristo manifesta o homem no próprio homem e lhe descobre a sua altíssima vocação"

O autor escolhe dar ao texto um caráter meditativo, tal escolha acentua ainda mais a característica de ser uma resposta meditativa aos caminhos que o tema tomou na sociedade. Seria uma contribuição do Papa na tão discutida participação e lugar da mulher. 

Ele inicia com o Papel da Santíssima Virgem, "a mulher encontra-se no coração deste evento salvífico". Retoma ao Genesis e a meditação Eva x Maria. 

O capítulo que me parece mais importante é o "V - Jesus Cristo". Ele aborda as diversas interações de Jesus com mulheres e como as fez, onde e como estavam essas mulheres. Ao fazer isso acaba por mostrar o papel masculino de proteção quando a "mulher é deixada só, é exposta diante da opinião pública", quando ela paga sozinha erros que foram de dois (homem e mulher). O Papa salienta, reiteradamente, que tais ações são causadas pela queda, quando o homem abandona o seu papel de genuíno protetor é como uma repetição do que Adão fez no Éden. O Papa salienta que foram "reciprocamente confiados um ao outro como pessoas feitas a imagem e semelhança do próprio Deus".

O homem tem uma responsabilidade em relação à mulher. A dignidade da mulher depende primeiro da própria mulher, como sujeito responsável por si, mas é ao mesmo tempo dada ao homem como responsabilidade. "Cada homem deve olhar dentro de si e ver se aquela que lhe foi confiada como irmã na mesma humanidade ou como esposa, não se tenha tornado objeto de adultério no seu coração". Como se vê, o Papa é bem profundo ao explicar a que ponto vai a responsabilidade do homem para com cada uma de suas irmãs. 

Depois o autor aprecia a fidelidade das mulheres diante da mensagem da Boa Nova e no Calvário. "Naquela que foi a mais dura prova da fé e da fidelidade, as mulheres demonstraram-se mais fortes que os apóstolos". 

"Que se tornem profetas os vossos filhos e filhas". Profetizar é colocar em palavras as grandes obras do Senhor. A personalidade feminina toma a medida das grandes obras do Senhor. 

Nos próximos capítulos o Papa passa a veicular de forma teológica, digamos assim, temas já abordados por Gertrude von Le Fort e Edith Stein. Parece realizar uma validação do pensamento destas autoras de meados da década de 50. Ele não as cita, o que pode ser questionável. Mas para quem as conhece fica nítido que o Papa parece endossar, com as ideias delas, o que seria ser uma filha de Deus que tem a personalidade do tamanho das grandes obras do Senhor. 

Ao terminar o autor aponta uma porta que poderia ser a resposta para as diversas questões atuais sobre a mulher, a porta seria algo que ele chama de "sacerdócio real". Para cita-lo o Papa usa o trecho usado para orientar o sacerdócio comum dos leigos. Como é uma seta, carece de definição e constituição. Ao que parece é como se ele dissesse " a resposta talvez esteja por aqui, talvez seja bom olhar isso". 

E termina a sua contribuição. 

Na praxis o autor oferece bases teológicas para a ação feminina equilibrada que ele chama de sacerdócio real, talvez por seu alto nível de consagração e entrega, ele as protege dos que acreditam que sua participação não é da vontade de Deus e as afasta das falas revolucionárias. Ao mesmo tempo parece colocar nos ombros dos homens a responsabilidade de protege-las e também de deixar que elas existam como Deus quer que elas existam, tomando o papel de fortes protetores. 

Encontre o livro aqui. 

Sugestão de leitura adicional:
Virtudes de Nossa Senhora (aqui)














"Em todo ser, portanto em cada um de nós, existem hoje vestígios, traços da Beleza do Senhor. Gritemos a Deus, façamos apelo à piedade de Deus, que tem prazer em ter piedade, para que através do visível, mesmo desfigurado, cheguemos até o Invisível. Mais ainda, que esse visível transfigurado nos leve à contemplação da Beleza invisível. Não sonhar, não imaginar, mas simplesmente, através de mil graças de beleza, descobrir os reflexos daquele que é toda a Beleza. Remeter tudo a Ele, penetrados que estamos de sua presença e seu olhar, dispostos que estamos em ver apenas superficialmente, ao passo que tudo se decide nas profundezas do ser, naquilo que habita a sua vontade e o seu coração."
Conego Tonnelier ¹


Nada será belo se não tiver integridade, harmonia e claridade. Toda beleza deriva da luz. 






Apreciar a Beleza é, de certa forma, enamorar-se pela luz. Tal amor poderá ser visto no mundo visível²:

  • seja numa clara igreja gótica, numa clara e escura igreja barroca ou numa escura igreja românica. Todas estas são nuances da claritas (claridade) em maior ou menor grau, ou ainda na boa música que ordena os costumes, contendo a desordem, aperfeiçoando a beleza dos que ainda não são harmoniosos e conservando os que já não possuem desarmonias em si (Gundisalvo).




  • também o podemos fazer na apreciação dos ritmos da vida, seja das nossas vidas, da natureza, do dia e da noite, das estações ou ainda de uma planta ou jardim, 
  • na beleza do belo canto litúrgico,







  • ou, por fim, a beleza do rosto cristão que espelha o ideal cristão da vida íntima com o Senhor, vida que se manifesta no corpo todo, que é sorridente e sereno, mas pálido pelas lágrimas da penitência e do amor. Não fala demasiado alto nem demasiado baixo e, quando caminha, não é demasiado rápido nem demasiado lento (Cassiodoro).


Mil graças de beleza podem ser vestígios do Belo, de sua integridade, harmonia e claridade.


Igreja Românica (escura)



 
Igreja Barroca (clara/escura)

Igreja Românica (escura)





Igreja Gótica (clara)



Igreja Gótica (clara)


Igreja Gótica (clara)




Referências:


1) TONNELIER, C. 15 de Dias de Oração com São João da Cruz. Paulinas, 2011. 104 p. Disponível em: https://amzn.to/3GO5PvE.

2) NOUGUE, C. Das Artes do Belo. Formosa: Edições São Tomás, 2021. 2ª edição. 588 p. Disponível em: https://amzn.to/3YbmUac











A honestidade é uma qualidade que revela dignidade e elevação de caráter, está ligada à honra. Esta se refere a ter uma postura virtuosa e corajosa.

A honestidade intelectual se trata dessa qualidade aplicada à área do estudo.

Não é difícil corromper-se nesta questão. A nossa própria cultura promove a aquisição de atos desonestos nos estudos e na área do conhecimento desde muito cedo. Por exemplo: uma pessoa diz uma resposta mais baixa e outra escuta e diz em voz alta, tomando todo o crédito; cópias de trabalhos e aulas feitas sem a devida prestação de respeito ao que serviu de referência; desrespeito aos professores; deturpar conceitos e ensinos antigos para o próprio benefício; mentir. Estes são alguns exemplos corriqueiros que ganham, comumente, o nome de ‘esperteza’, sendo, no entanto, desonestidade intelectual.



"São Tomás tinha tanta reverência pelos seus mestres que acabou herdando a sabedoria de todos"¹


A desonestidade gera uma série de visões ilusórias e cria uma realidade em que a cópia é tida por verdade. A base dessa desonestidade intelectual é um mimetismo doentio que busca, normalmente, aplausos. Quantas pessoas você já não viu que, ligando seu nome a determinado professor, quiseram com isso partilhar de sua fama e prestígio? Quantos, por outro lado, roubam as ideias de um professor menos conhecido, já que nenhuma valia teria ligar o próprio nome ao dele? Pois é, isso acontece com assombrosa frequência, e o dano não é ao professor, mas ao coitado que acredita que terá algum crescimento intelectual agindo assim com seus professores e amigos de estudos.



"O mau caráter age contra a natureza da razão, e com isso torna-se incapaz de perceber a hierarquia dos valores que devem reger as ações humanas" ²


Outra forma de desonestidade intelectual é a defesa de algo que a pessoa acredita ser falso como se fosse verdadeiro. Quando se procede assim, tomando por verdade o sabidamente falso ou o falso por verdadeiro, ocorrem vários níveis de fragmentação, e o estudo se torna não mais o caminho para a Verdade, mas antes uma ferramenta de ilusões e enganação.

"Desonestidade intelectual é fingir que sabe aquilo que você não sabe e que não sabe aquilo que sabe perfeitamente bem" ³.


Fingir saber aquilo que não se sabe”. Muito podemos refletir sobre a cultura atual em que dizer “não sei” é praticamente uma ofensa a si e ao próximo. Talvez por conta dessa onda de gurus que respondem sobre absolutamente tudo ou na determinação em criar uma autoimagem sem falhas, passamos a acreditar que é possível existir alguém que verdadeiramente sabe de tudo. Obviamente que isso é impossível, portanto, dizer “não sei te responder”, “não estudei isso, se falar algo será por intuição” é uma atitude honesta e de acordo com a verdade das coisas.

Entretanto, existe ainda outra modalidade sutil de desonestidade intelectual que também pode ser chamada de “falsa modéstia”, que é quando a pessoa sabe e finge que não sabe, como se isso lhe desse um acréscimo de humildade. Fingir-se de burro não é humildade, é falsidade.

Também por conta da nossa cultura, é comum que quem sabe perfeitamente alguma coisa corra o risco de ser taxado de soberbo. Enfim, é um dos pontos estranhos dessa “pátria educadora” que rejeita o conhecimento. Saber alguma coisa é ofensivo, principalmente se você sabe mais do que a sua profissão exige. Estudar coisas fora da alçada profissional não é visto com bons olhos, uma vez que a intenção é ser um bom cidadão e não “alguém que sabe alguma coisa”. Dessa forma, se torna tentador fingir que não sabe. Em alguns ambientes, isso se faz mais tentador que em outros. Afinal, existe uma cartela grande de pessoas que possui uma dificuldade de se relacionar com gente que estuda; elas se sentem desconfortáveis, intimidadas, diminuídas e muitas vezes ofendidas, simplesmente com a existência daquela pessoa que estuda. Mas não há o que fazer. Isso é um problema delas com elas mesmas e suas prioridades na vida. Não dá para interpretar uma falsa burrice e acabar fragmentando a si mesmo e a própria vocação por conta da suscetibilidade infundada dos outros.

Se você sabe, você sabe. Se não sabe, não sabe. E pronto.




Referências

1) NOUGUE, Carlos. "Introdução ao tomismo 1", 2017. 

2) SILVEIRA, Sidney. O mau-carater e a filosofia em Cosmogonia da Desordem, 2021. Disponível em: https://amzn.to/3NT4GWq

3) CARVALHO, Olavo. Imbecil Coletivo, 2021. Disponível em: https://amzn.to/3rBodTV






Como é bonito um homem católico de verdade. Pena que são tão raros. O que temos se assemelha mais à crianças brincando de espada. 

Se você perguntar por aí, aos homens católicos, que frequentam missa, lêem bons livros e são razoavelmente instruídos, verá que são a favor da cristandade. Em maior ou menor grau todos estão de acordo que existe uma primazia da catolicidade que gera uma elevação da qualidade da ordem social ou até mesmo estabelece uma ordem social salutar. E é verdade. A sanidade nos faz apostar todas as fichas na cristandade, numa sociedade baseada nos ensinamentos cristãos.

No entanto, qual não é o espanto, quando muitos destes mesmos rapazes, são absolutamente ignorantes do ponto fundamental da cristandade: os cristãos agindo como cristãos (em casa, no trabalho, em seus talentos e tarefas). Os cristãos são as crianças, os idosos, as mulheres, os homens, os pais, as mães, as viúvas; os cristãos são as pessoas, evidentemente. 

Parece uma obtusisade ressaltar isso? Pois, acredite, não é. A maior parte destes homens parecem ter criado um senso de cristandade completamente apartado da realidade física. Como uma atmosfera que descerá dos Céus em algum momento e mudará toda a sociedade. 

No entanto, a cristandade, a tão sonhada restauração da catolicidade, se refere a uma conversão e lapidação das pessoas. O pai ser pai católico, a mãe ser mãe católica, mas também o médico ser médico católico, a professora ser professora católica, o professor ser professor católico... o arquiteto (a), o engenheiro (a), o lixeiro (a), a faxineiro (a), o empresário (a) todos realizarem a suas tarefas como católicos. 

Duas coisas se tornam evidentes quando cito tal questão: 1) o homem e a mulher exercem papéis para além do papel do lar, embora este seja mais importante; 2) as tarefas devem ser realizadas considerando o ensino católico sobre o assunto ou, se não for possível, tê-lo como um firme alicerce. 

Novamente parece que estou afirmando obviedades, mas ao que parece um número considerável de pessoas se esqueceu delas. 

Obviamente que um pai e uma mãe exercem papéis para além do seu lar. Mesmo nas épocas anteriores à Revolução Industrial, antes do frenesi progressista, os homens e as mulheres já faziam suas tarefas para além do lar de forma remunerada, além das tarefas em prol da caridade. O ser humano nunca é reduzido à uma única atribuição. Mas é justamente isso que alguns rapazes pensam, principalmente, ao que se refere ao papel da mulher católica. E isso é por não serem católicos o suficiente. Somente alguém ainda imbuído da cegueira revolucionária não percebe que esse comportamento beira ao ridículo, simplesmente por ser impraticável e ainda ser o oposto do que a História aponta. Só lembrando que rejeitar o passado é o primeiro traço da mente revolucionária. Meninos munidos de bons livros católicos mas ainda com a "mente do Che".

Obviamente que alguém que exerce as suas tarefas profissionais e sociais como católico, a faz imbuído da mentalidade católica, ao menos, esta é a base da cristandade. Isso significa que um professor falará e exercerá o ensino com alicerce na catolicidade, assim como o médico (a) católico (a), o engenheiro (a), o faxineiro (a), o arquiteto (a) e etc. E isso não faz de nenhum deles padres. Que pensamento mais obtuso colocar na conta de "ensinar a Doutrina" qualquer um que use o ensino católico em sua prática social ou profissional. Fazer isso é a base da vivência da própria cristandade. Novamente, os senhores, beiram o ridículo. 

Quando Dom Pedro foi expulso do próprio Império, num barquinho, disse uma frase que bem poderia repeti-la aos senhores: "Os senhores são uns doidos!" 






 





"Quem me ama obedece os meus mandamentos" (Jo 14, 15)



A Virtude da Obediência é uma Virtude Moral (ou seja, que edificamos pelo exercício e prática) e sobrenatural (pois, como humanidade decaída precisamos da ajuda da Graça) anexa à Virtude da Justiça. A Virtude da Obediência honra a Deus.

O primeiro passo para a vivência da Virtude da Obediência é obedecer os Mandamentos do Senhor e ao seu Evangelho. Todas as outras atitudes de obediência estão subordinados aos ensinamentos do Senhor e só são válidos se aperfeiçoam a obediência devida à Majestade Divina.

A Virtude da Obediência nos faz participar da dinâmica da Soberania do Amor de Deus que tudo rege e governa, tal Soberania merece uma resposta de submissão absoluta. No entanto, como humanidade caída e cheia de propensão ao mal, temos uma dificuldade radical em nos submetermos ao ensinamento do Senhor em Seu Evangelho, passamos a viver uma "espiritualidade" isenta de compromisso e exigências, isenta de correção e obediência a Deus. Somos levados com frequência aos discursos de "não colocar o dedo na ferida", uma religião que não corrige, não possui padrões morais e virtuosos, um amor que não edifica, mas amordaça na mediocridade. E todas estas coisas estão adornadas com o véu de uma falsa obediência e de um falso amor. Por isso, se torna radicalmente necessário o conhecimento dos Mandamentos do Senhor e dos Ensinamentos da Igreja para que não tomemos como verdadeiro o falso.

A Obediência ao Senhor, e não aos homens, é a marca do ensino do Senhor Jesus, também de São Paulo, que disse obedecer a Deus e não aos homens e de todos os santos. No entanto, Deus se usa dos cargos humanos para fazer os seus ditames, isto quando tais homens estão sobre a Obediência à Sua Soberania. Por isso, se torna novamente necessário reiterar que a obediência devida aos superiores é sinal da Vontade Divina quando aperfeiçoa a obediência aos Seus Mandamentos e Conselhos, não quando afasta deles. Quando afasta do Evangelho já não é mais virtude e sim uma ação totalitária que decidiu edificar uma "nova nova aliança", propagar uma boa nova mais nova que o Evangelho. No entanto, noutros casos, em que existe a obediência à Soberania Divina e seguimento do Evangelho, os superiores devem ser obedecidos por mais que isso cause algum sofrimento da vontade própria. Obedecer à autoridade que por sua vez obedece aos ditames do Senhor, é obedecer o próprio Deus. A autoridade, no entanto, não deve ser usada para proteger o próprio ego em prol de criar o ambiente que agrade ao superior, mas sim como um lugar que lhe foi dado para exercer sobre os outros o papel de alguém que tem "uma idade maior", ou seja, o ofício do sábio que conduz os seus por uma conduta santa à Vida Eterna. Este é o dever moral da autoridade.



Na ​ordem natural, ​ podem-se distinguir três espécies de sociedades: a sociedade doméstica ​ou ​familiar, a que presidem os pais; a sociedade ​civil governada pelos detentores legítimos da autoridade, segundo sistemas reconhecidos nas diversas nações; a sociedade​ profissional, em que há patrões e operários cujos direitos e deveres respectivos são determinados pelo contrato de trabalho. Na ​ordem sobrenatural,​ os superiores hierárquicos são o ​Santo Pontífice, os ​Bispos, ​párocos​ e ​vigários.


O Mérito da Obediência¹



Toda a perfeição consiste na conformidade de nossa vontade com a vontade de Deus. Qual é, porém, o meio mais seguro para se conhecer a vontade de Deus e conformar a nossa vontade com ela? Esse meio é a obediência a nossos superiores e diretor espiritual.

“Em caso algum se executa mais perfeitamente a vontade de Deus, diz São Vicente de Paulo, que quando se obedece a seus superiores”

O maior sacrifício que uma alma pode fazer a Deus consiste na obediência a Seus legítimos superiores, porque, segundo Santo Tomás, nada nos é mais caro que a liberdade da própria vontade (De perf. vit spir., c. 10) e, por isso, não podemos oferecer a Deus um presente mais agradável que nossa liberdade. Isso nos ensina o Espirito Santo nestes termos: “Obediência é melhor que sacrifício” (1 Rs 15, 22), isto é, Deus prefere a obediência a todos os sacrifícios. Quem consagra a Deus seus haveres, distribuindo-os aos pobres; sua honra, suportando com paciência os desprezos; seu corpo, mortificando-o com jejuns e penitências, dá a Deus uma parte de si mesmo. Quem, ao contrário, lhe sacrifica a sua vontade, sujeitando- se à obediência, entrega-Lhe tudo o que tem e pode dizer:

Senhor, depois de vos haver entregado minha vontade, nada mais possuo para Vos dar São Gregório diz que praticando as outras virtudes damos a Deus o que é nosso, mas, pela obediência, fazemos-Lhe o sacrifício de nós mesmos (1 Rs, 15). O mesmo Santo ensina que a obediência é acompanhada de todas as outras virtudes e as conserva na alma (Mor., 1. .15, c. 12). Segundo o venerável Pe. Serlório Cupulo, semelhante ao martírio é o merecimento devido à obediência, porque, como se sacrifica a Deus, pelo martírio, a cabeça do corpo, se sacrifica, pela obediência, a sua própria vontade, que é a cabeça da alma. Pelo que, nos assegura o Sábio (Pr 21, 28) que um homem obediente vencerá todos os ataques de seus inimigos.


“É justo que os obedientes superem todos os ataques do inferno, porque, sujeitando sua vontade aos homens pela obediência, vencerão ao demônio, que caiu por causa de sua desobediência” (1 Rs, 1. 4, c. 12)


Ler: Da Graça e do Mérito (aqui)
Ler: Do ato de escolher - Do Mérito e do Demérito em Geral (aqui)




Obediência aos pais (ou Piedade para com os Pais)¹


Deve-se obedecer aos pais em tudo que é justo. “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor”, diz São Paulo (Ef 6, 1). Os filhos, pois, são obrigados a obedecer aos pais em tudo que diz respeito ao bem da família e, principalmente, no que se refere aos bons costumes.


Não temas, alma cristã, de te entregar a um trabalho que te expõe ao perigo de muitas distrações e aí perder o recolhimento de espírito, se o fazes por obediência a teus pais; Deus te dará então, em um quarto de hora de oração mental, mais graças do que alcançarias em dez dias de recolhimento. Procura então, durante o teu trabalho, empregar na oração todo o tempo que te resta, ainda que sejam só alguns instantes. Não deves dizer que teu trabalho não te deixa nenhum tempo para a oração; os que tem zelo pelo trabalho e que amam a oração mental, encontram tempo para um como para o outro.

Contudo, devemos notar bem a última palavra do texto que citamos acima. Ela diz que se deve obedecer nas coisas que são agradáveis a Deus e não naquelas que O desagradam. Por exemplo, se uma mãe mandasse que seu filho roubasse ou ferisse alguém, estaria ele obrigado a obedecer? De forma alguma; pecaria até se o fizesse. Do mesmo modo, segundo Santo Tomás, não se está obrigado a obedecer aos pais se se trata da escolha do estado. Quanto ao casamento, afirma o Pe. Pinamonti, com Sánchez, Konink e outros, que os filhos estão obrigados a aconselhar-se com seus pais, porque eles, nisso, têm mais experiência e porque, em tais circunstâncias, principalmente um pai cuida em cumprir seus deveres de pai. Quanto à vocação à vida religiosa, diz o Pe. Pinamonti, com não menos razão, o filho não tem a menor obrigação de pedir conselhos a seus pais, porque nisso não têm eles a menor experiência e, regularmente; o interesse próprio os transforma em inimigos. O mesmo afirma Santo Tomás, que diz, a respeito da vocação, que nossos amigos segundo a carne muitas vezes se opõem a nosso adiantamento espiritual. De fato, muitos pais preferem que seus filhos se percam com eles, a permitir-lhes que se salvem longe deles. Isto é, segundo São Bernardo, uma crueldade da parte dos pais para com seus filhos.


Ler: Virtude da Piedade para com os pais e a pátria (aqui)


Obediência da Esposa ao Marido e a Obediência do Marido a Deus²


O pecado original nos ocasionou dois castigos distintos: 1 - o homem terá que trabalhar e comer com o "suor do seu rosto", assim o trabalho se tornou um peso e um meio de sobrevivência, o homem já não teria o poder sobre a natureza que seu papel de guardião lhe assegurava, 2- a mulher seria atraída pelo homem e ele a subjugaria, ou seja, ela que foi criada para ser a companheira e não deixar o homem só, que foi recebida com o entusiasmo do reconhecimento, passou a ser atraída e dominada e não mais protegida e honrada. A mulher refém de seus impulsos e o homem sedento por dominar (ou vice-versa, atualmente), este é o cenário pós queda. Por isso, o Antigo Testamento nos apresenta uma série de figuras femininas humilhadas (Diná, Agar, Tamar) e homens lutando contra pestes, secas e outras alterações da natureza. Também nos apresenta um número considerável de boas mulheres (Debora, Ester) e bons homens (Samuel, Natã, Isaías, que inclusive dominavam a natureza) como prefiguração do que havia de acontecer. No Novo Testamento temos uma verdadeira cascata de mulheres e homens sendo retificados: Madalena, a filha de Jairo, a mulher com hemorragia, a sogra de Pedro, as santas mulheres; todos os apóstolos, os fariseus convertidos e os diversos doentes curados. Os dois, homem e mulher, recebem de forma distinta os efeitos da Redenção e iniciam uma vida cristã conforme as diretrizes da Boa Nova.




Claro que essa dinâmica do pecado alterou a relação entre os homens e as mulheres, inclusive os casamentos. A sensação de limitação às ações femininas, ideias pré concebidas de suas capacidades, chacotas e minimizações, inferiorização de sua sensibilidade e papel em todos os meios e outras tantas facetas da mesma atitude limitada é um efeito do pecado original. No principio não era assim. Assim como a revolta das mulheres para com os homens, a feminilização dos homens, a inferiorizarão de seu papel, também são um resultado do pecado original. São os desdobramentos da desordem da desobediência. Infelizmente, estamos ainda muito imbuídos de tal mentalidade. Quantos bons homens cristãos não falam de forma pejorativa do agir feminino, minimizando a sua ação e participação, quantos ainda não impulsionam e encorajam as mulheres, replicando a ação não protetora de Adão? Quantas boas mulheres cristãs tem ainda dificuldade de se deixar ser protegida, de ocupar o seu espaço animada pelos homens que a cercam, quantas por outro lado se revestem da armadura da afetação para se protegerem da sua responsabilidade moral e religiosa radical para com os seus, dando um fruto ruim aos seus, imitando Eva?




Estes são efeitos do pecado original e de uma vida cristã que ainda não conseguiu receber o realinhamento da salvação que o Senhor Jesus conquistou para nós. Ele veio nos salvar dos efeitos do pecado original e sua ação redentora é integral, retifica toda a nossa vivência pessoal e social, retifica a nossa existência como homens e mulheres. Munidos das múltiplas graças da redenção devemos buscar o plano original de Deus para nós e não mais viver segundo os efeitos do pecado original.




Reconhecer tais comportamentos e retificá-los numa conduta santa - o homem como homem santo e a mulher como mulher santa - é uma tarefa árduo e urgente. Replicar os padrões de pensamento da queda seria barrar a nossa santificação. A santificação é mais que um retorno ao estado original, é o cumprimento do Plano Divino lá "no principio".




É por isso que a obediência ao marido se realiza numa ação simples e santificadora quando debaixo da ação redentora: o marido protege, busca ser sábio se unindo a Deus e dá o sangue pela esposa (ou seja, sacrifica a si mesmo e não deixa que a esposa sofra, se sacrifica no lugar dela, se for possível, assume a responsabilidade, é para ela o seu mais forte protetor, o seu mais firme apoio em seus projetos e toma para si a responsabilidade de arcar com qualquer oposição que ela tenha no caminho), a mulher obedece ao marido que está unido a Deus, acolhe a proteção e a honra, instrui com o coração (que é a sede do ser, ou seja, instrui com a sua vida, com ela mesma, não me refiro à emoções, mas à amabilidade firme) todos que lhe são confiados. Resgatados pela ação redentora do Senhor, homem e mulher já não são mais atraídos para uma relação de dominador e dominado, mas para uma ação de proteção, honra, crescimento humano e espiritual. Uma obediência que vivifica e instrui mutuamente, pois ambos estão comprometidos em vivenciar os efeitos da Redenção e não mais viver segundo os efeitos do pecado original.


A dinâmica acima citada entre homem e mulher se replica em todas as outras nuances de relacionamentos com suas devidas proporções.








Os Limites da Obediência³


Todo católico, por ação do Santo Batismo, precisa exercitar-se na obediência imitando assim Nosso Senhor Jesus Cristo. No entanto, vivemos num mundo deturpado e muitas autoridades podem usar seu poder de forma equivocada: para proteger o próprio ego, para proteger os seus pares ou para defender os seus pensamentos não devotos e não cristãos. Tais autoridades não devem ser obedecidas. Se os pais orientam algo contrário as leis de Deus, a moral ou as leis da Igreja não devem ser obedecidos, o mesmo para qualquer clérigo, independente do nível hierárquico; se este ensina algo contra as leis de Deus, a moral ou as leis da Igreja não deve ser obedecido. Assim como as autoridade civis que façam algo contra as leis de Deus, a moral ou as leis da Igreja não é necessário obedecer. Também não se é obrigado a obedecer a alguém que dá ordem fora da sua alçada de poder, ou seja, fora das suas atribuições. No entanto, neste caso, caso seja, por exemplo, um colega de trabalho que mande algo, sendo que este não tem cargo de chefia, você não é obrigado a obedecer, mas talvez para que o trabalho aconteça e você não corra o risco de ser demitido seja oportuno realizar o solicitado, se tal coisa não atinge a lei de Deus, a moral ou as leis da Igreja. Tal atitude pode lhe ajudar a crescer na virtude. 

Outros casos também podem sugerir a necessidade de um olhar atento, por exemplo, os superiores de comunidade e grupos. Eles exercem uma autoridade que possui uma grande carga afetiva nos membros de tais grupos, essa ação psicológica/afetiva pode gerar uma dependência emocional do superior e um "endeusamento" surreal do mesmo, ocasionando o território propício para a aplicação de uma autoridade centralizadora e escravizante que aliena os que estão ao seu redor e os suga emocionalmente e espiritualmente. Tais casos acontecem com alguma frequência e devem ser diferenciados da falta de adaptação de alguns membros numa realidade, sendo isso uma questão pessoal.

A boa autoridade possui, sim, laços emocionais com aqueles que recebem a sua ação de liderança, mas tal ação é utilizada para edificação, crescimento humano e espiritual. Imitando, assim, a autoridade do Senhor. 

Este é o limite da obediência: a obediência que mata é aquela que não causa crescimento e é desempenhada fora do ensinamento da lei de Deus, da moral e a da lei da Igreja, é um sacrífico que destrói; já a obediência que vivifica é desempenhada segundo a lei de Deus, a moral e a lei da Igreja , é um sacrifício da própria vontade que não nos mata, antes nos torna quem nós realmente somos. 


Graus da obediência³


1º) Pontual: o obediente ama o preceito e quer seja conforme o seu gosto quer não, aplica-se em fazer imediatamente. Por isso, é sempre questionável um "discurso de obediência" que desvaloriza o preceito e seu cumprimento, já que este é o primeiro degrau do cumprimento da obediência.

2º) Sem restrição: sem fazer seleções, ou seja, obedecer em certas coisas e desobedecer em outras, fazer tal coisa é já perder o mérito da obediência, é mostrar que nos sujeitamos somente no que agrada, que não causa incomodo ou grandes adaptações aos olhos dos outros.

3º) Alegre: a quem ama, nada é penoso, porque não pensa no sofrimento, mas nAquele por quem sofre.


Por isso, que obedece mais quem ama mais. 


"Quem me ama obedece os meus mandamentos" (Jo 14, 15)


Referências


1) OMER C.SS.R., Padre Saint. Escola da Perfeição Cristã para Seculares e Religiosos: Obra compilada dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja. Editora Vozes, 1955, p. 204-212. Disponível aqui: https://amzn.to/44jiIaK

2) JOÃO PAULO II. 2000 (1988). Carta Apostólica Mulieris Dignitatem do Sumo Pontífice João Paulo II sobre a dignidade e a vocação da mulher por ocasião do ano mariano. 4ª edição. São Paulo: Paulinas.

3) TANQUEREY, A. Compêndio de Teologia Ascética e Mística. Editora Cultor de Livros, 2018, p. 660. Disponível aqui: https://amzn.to/3rnZJNS.






Estamos todos num mesmo barco, em mar tempestuoso, e devemos uns aos outros uma terrível lealdade. (G. K. Chesterton)




O mundo é feito de ciclos sociais. Normalmente, toda a nossa percepção de mundo está embasada numa visão a partir dos ciclos em que estamos inseridos. Dentro desses ciclos, existem outros tantos ciclos.

No entanto, na medida em que entramos num ciclo e nele ficamos placidamente, podemos desenvolver uma ‘cultura da bolha’. A internet, de modo geral, com seu algoritmo desenvolvido para apresentar mais do mesmo, aumentou essa dinâmica das bolhas, que nos fazem desenvolver uma série de pensamentos distantes da realidade.

A bolha é um micro mundo que, somado à tríade da mente revolucionária, pode gerar uma mentalidade completamente embasada no ‘eu acho’, ‘eu sinto’ ou ainda distorcer alguns bons textos ou santos conforme o seu desejo reinante. Afinal, como já vimos, o analfabetismo funcional gera uma interpretação de texto segundo o próprio umbigo, embasada simplesmente no gosto pessoal.


"O fato de um milhão de pessoas participarem dos mesmos vícios não os transformam em virtudes”. (Gustavo Corção)




Mas, voltemos às bolhas. De modo geral, é natural buscar a sua turma, querer ter um ciclo de amigos e brincar de ciranda cirandinha. Mas a verdade é que amigos são tesouros e que divergências são comuns, que a solidão é algo natural na vida intelectual, mesmo acompanhado, e que as bolhas são a miopia que o estudioso não quer.

Toda a vida de estudo se alicerça em buscar a Verdade e, para tal, é preciso desenvolver acuidade da mente e da alma. Ver as coisas, suas causas, seus efeitos, os pontos de bifurcação com outros pensamentos. Acuidade.

No entanto, se inserir cegamente em bolhas interneteiras ou sociais é pedir para ficar cego de mente e alma, simplesmente por reduzir a porção da realidade na qual você está inserido, isso quando não distorce a realidade em que está inserido.



Portanto, quanto mais distante das bolhas, melhor. Quanto mais inserido na realidade, melhor. Por isso, vale a pena considerar, a depender das condições, realizar durante a sua vida de estudo:
  • trabalhos voluntários em regiões distantes, difíceis e humildes ou até mesmo diferentes culturalmente;
  • visitar comunidades das mais variadas classes sociais (escolas, creches, orfanatos, asilos etc.), no seu estado e fora do seu estado, no seu país e fora do seu país;
  • visitar mosteiros de diferentes ordens, frequentar a missa em português, em latim, também no seu país e fora do seu país (na língua do local);
  • observar quais são os motivadores e dificuldades da vida das pessoas nessas ocasiões;
  • realizar trabalho braçal voluntário e trabalho intelectual voluntário - fora da sua casa, obviamente - e guardar o que vier dessas vivências.


Todas estas tarefas, exercitadas como um fio condutor para a realidade, fora da sua realidade habitual, durante a vida de estudo, mantêm a mente lúcida e longe de bolhas alienantes. Nos fazem enraizar-nos no conhecimento que adquirimos e aplicá-lo à realidade com mais assertividade.

De nada vale o estudo se nos afasta da realidade, se nos tira a capacidade de nos comunicarmos com as pessoas.

No entanto, já aviso, você se sentirá deslocado em todos estes lugares. Embora sejam coisas queridas e boas lições, talvez as mais importantes, você se sentirá deslocado simplesmente por conta da acuidade. Afinal, você está fazendo tais coisas para ‘ver melhor’. Não há com o que se preocupar, é um pouco incômodo, mas você se acostumará. Basta saber que essas lições são importantes e não podem ser postergadas.

É muito triste ver alguém tomado pela mentalidade revolucionária, até mesmo sem saber, dentro dos meios católicos, mas também é muito triste ver alguém com bons estudos se alienando por se acomodar na própria bolha. Isso pode ser inofensivo em outros casos, mas em quem tem vida de estudo é desastroso, seja qual for a bolha.





Mas o caminho desenvolve seu traçado em nosso hoje humano. É lá, agora, que se deve aprofundar nosso conhecimento de Deus, na oração de contemplação, no face a face filial com Deus...
Caminho, que desemboca num horizonte sem limite e sem fim, o céu de Deus.
Desejo intenso de ser, um dia, mergulhado no amor, no coração de Deus, entregue ao amor, até ser apenas um, na comunhão de amor.¹

Cônego Tonnelier


A vida cotidiana precisa de uma “beleza mínima”, como gotas da Beleza Suprema na realidade concreta, vislumbrada na mente humana e edificada por suas mãos numa arte cotidiana: uma linda fachada de um imóvel, uma bela igreja, um lindo jardim, um arranjo de flores, quadros ou ainda a organização das ruas, de uma mesa ou de uma gaveta. Todas estas pequenas harmonias fazem parte da “beleza mínima” e oferecem à alma um respiro profundo e gratificante durante o dia. São setas para a Beleza Suprema, pequenas luzes preparadas por almas belas para levar outras almas ao Belo.







Estas pequenas belezas harmonizam o lugar em que estão, iluminam internamente e externamente, geram integralidade, já que a alma é lembrada de sua existência eterna e acalmada pela ordem inerente às coisas belas. Ordem que decorre, primeiramente e principalmente, de sua ligação ao Belo Supremo, que é Deus. A vivência da beleza cotidiana, alicerçada na ordem, gera a virtude do zelo.

Todas as buscas por adequação e padrões, etiquetas e estilos, em qualquer área, são uma busca - muitas vezes desordenada, finita e escravizante - pela paz que a ordem gera em nossas almas, que decodificamos como beleza. A ordem é uma característica inerente à beleza, e a paz é a harmonia da ordem. A ordem gera paz, e ambas geram a beleza.





No entanto, alguns caminhos que aludem levar à beleza podem levar a uma série longa e cansativa de aparências - que destoam da realidade concreta e vivenciável cotidianamente - que não trazem a paz da beleza alicerçada no Belo. Como é o caso dos prédios modernos, que são idênticos, passam certa ordem sistemática, mas não são belos e, portanto, não passam paz. O mesmo acontece com muitos estilos e padrões adotados nas mais variadas áreas, da arquitetura à arte, da moda aos padrões de aparência física de cada país.




Por outro lado, um costume familiar ou entre amigos que toma ares de tradição, os costumes culturais sadios e os elevados rituais religiosos católicos são uma dose extra de beleza cotidiana necessária e buscada, que oferecem à vida um tom mais sublime e elevado, como uma sala que, quando banhada por um raio de luz, ganha novas belezas; assim fazem os ritos e as tradições nos nossos pacatos e belos dias.




Vivendo bem cada um dos momentos do “Momento Sagrado de Beleza”, podemos ver com outros olhos as belezas cotidianas e semear belezas mínimas ao nosso redor. Sem padrões escravizantes e pensamentos superficiais, mas com um comportamento cristão e pensamentos devotos, criando em nós um ambiente belo, uma alma bela, que semeia as belezas eternas e não mundanas, em meio ao cotidiano material e temporal. Até o seu encontro com o Supremo Belo.

"Deveríamos - dizia ele - diariamente ouvir ao menos uma pequena canção, ler um bom poema, admirar um quadro magnífico, e, se possível, pronunciar algumas palavras sensatas." ³




Referências:


1) TONNELIER, C. 15 de Dias de Oração com São João da Cruz. Paulinas, 2011. 104 p. Disponível em: https://amzn.to/3GO5PvE.

2) SCRUTON, R. Beleza. São Paulo: É Realizações, 2013. 231 p. Disponível em: https://amzn.to/46vp2xg

3) GOETHE, J. W. Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister. Editora 34, 2009. 608 p. Disponível em: https://amzn.to/3pBcAeR.







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"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)




"Quem ama a disciplina, ama o conhecimento" - Provérbios 12, 1

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