A Educação Cristã 2: A arte de pensar bem

by - março 14, 2022



Introdução

Desde 2017 assistimos a uma grande mudança no cenário intelectual brasileiro. Me recordo que foi o ano em que coordenei um congresso com intelectuais católicos (aqui). Na época os congressos on-line eram muito raros e os temas foram recebidos com certa estranheza, pois eram temas filosóficos ou reflexivos. Eu não imaginava que somente alguns anos depois tudo estaria como está, que teríamos mudanças tão significativas, pois, confesso, boa parte de nós já estávamos sem muita esperança duma mudança muito visível, estávamos cada um fazendo o seu pouquinho, com certa aceitação  em ver as aulas de grandes professores assistidas por seis gatos pingados. 


Mas após esse ano, que foi um Ano Mariano do Centenário de Nossa Senhora de Fátima, tudo pareceu mudar com muita agilidade, o que nos causou certa alegria e também temor, já que o que é rápido dificilmente consegue ser profundo e duradouro. Todos víamos que faltava formação elementar, que na verdade as pessoas estavam abraçando certos atributos que se descobriram também adeptos calados, mas não entendiam o significado real de todo o restante. Uma adesão fragmentada e completamente emotiva, numa ânsia por solucionar problemas estruturais brasileiros. 


Acredito que, finalmente, uma boa parte das pessoas sabe que a questão é cultural e não necessariamente política (uso o termo no sentido de partidos políticos, já que toda ação cultural é Política). Assim além de sedimentar uma educação cristã e clássica capaz de nos resgatar da lama freiriana em que estamos (mais sobre isso aqui), também é necessário resgatar alguns pontos sobre o que seria a arte de pensar bem, o que seria cultivar a habilidade de ser um pensador e depois um filósofo e por fim um filósofo que busca imitar o Criador. 

Para isso iniciei essa pequena série com alguns pontos, que são tratados longamente no Educa-te (aqui), em vários módulos distintos. 



A ARTE DE PENSAR BEM

1. Pensar bem: consiste em conhecer a verdade ou dirigir a mente para ela. A verdade é a realidade das coisas. A inteligência que conhece a verdade é como um espelho que mostra exatamente as coisas como são, a inteligência que está no erro é como um caleidoscópio que vê coisas onde não existe. Uma inteligência que sabe a verdade pela metade é um espelho distorcido que mostra as coisas em proporções alteradas. A arte de pensar bem é de interesse de todos, a inteligência é um dom precioso do Criador e um dos deveres do homem é manter essa luz em pleno funcionamento.


2. Atenção: muitas vezes não nos falta capacidade de entender, falta- nos dedicação. Um espírito atento multiplica suas forças, uma atenção fraca amontoa coisas desconexas. Não há nada que não possamos aprender, com atenção recolhemos as preciosidades. Atenção não é fixação mental, é uma dedicação serena e tranquila. O homem atento possui a vantagem de ser mais urbano e cortês.


3. Talento: para alguns a palavra “talento” significa “capacidade absoluta”, nada há de mais falso. Poucos alcançam uma capacidade idêntica em tudo. O Criador distribui as capacidades em diferentes graus. Uma inclinação duradoura numa atividade é sinal de aptidão, uma repulsa duradoura é sinal de que o Autor da natureza não nos dotou.


4. Julgamento de conduta: 

Regra 1: não presumir virtude em pessoas que estão em provações árduas. Integridade e heroísmo são coisas diferentes. Em algumas ocasiões é lícito e prudente desconfiar da virtude das pessoas, isso se dá quando o agir bem requer uma virtude e disposição interior raras.

Regra 2: para saber a conduta da pessoa é preciso conhecê-la bem. 

Regra 3: abandonar o hábito de pensar que as pessoas agirão como nós. A caridade nos faz amar nossos irmãos, mas não nos obriga a tê-los como bons, se não o são, não nos impede de desconfiar com motivos e de ter justa cautela.

Baseado no livro: O Critério - sobre a arte de pensar bem (aqui) 


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Singelamente, Ana




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