Guia de Arte em Piracicaba| Parte 1: Arquitetura de Piracicaba

by - outubro 21, 2023

 Introdução


"A histórica contenda entre Morgado de Matheus e Antônio Correa Barbosa sobre o santo ou santa que seria padroeiro da cidade, revela a importância da religião no contexto da nossa formação.

De início, nosso povo tem o catolicismo como religião oficial. Depois foram sendo incorporados outros credos, vindos com os imigrantes de outras pátrias. De toda forma, a religiosidade sempre esteve presente na formação das cidades, influenciando até em sua conformação, participando do seu desenho urbano. Em Piracicaba não foi diferente.

Presente desde quando ainda era Vila Nova da Constituição até hoje, a religiosidade permeia a vida da cidade e de seus habitantes. Além dos ritos próprios de cada fé, as festas relacionadas sempre agregam a vida social. E é por sua importância na história e na formação dos cidadãos, que o tema "Igrejas" ocupa o segundo volume da série "Patrimônio Cultural de Piracicaba".

Tal como o livro sobre escolas, o recorte proposto pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento - IPPLAP para esta edição, conta com algumas das nossas mais tradicionais instituições religiosas, trazendo um pouco da fundação dos templos, da sua importância. O livro traz, ainda, uma breve introdução sobre a influência da religiosidade na formação do povo piracicabano e brasileiro.

Uma leitura que eu recomendo! Saber um pouco mais sobre nossas igrejas é importante para conhecer a sociedade em que vivemos.

Propomos com esta publicação, segundo volume da série Patrimônio Cultural de Piracicaba, também revirar no fundo do baú, memórias e fotos de algumas das mais tradicionais instituições religiosas de Piracicaba. Da mesma forma como ocorrido com a pesquisa sobre as escolas, ao revirarmos esses baús, percebemos que muitos são bastante rasos e também carecem de mais atenção por parte de seus gestores. É preciso valorizar com mais atenção essa memória coletiva vivenciada nos bancos das casas de culto." ¹


Este trecho expressa o carinho que uma parte dos piracicabanos nutre pelos monumentos históricos da cidade, estes que são a ponte para a nossa história social e pessoal. Este material tem o intuito de: 1) continuar o trabalho começado no artigo "Alma Piracicabana", 2) fomentar o interesse dos piracicabanos pela sua própria história, 3) incentivar aos católicos e não católicos de outras cidades a realizarem algo similar, 4) incentivar os catequistas e professores na transmissão do nosso rico patrimônio cultural católico. Tais objetivos são iluminados pela intuitiva certeza de que parte do caos do mundo moderno é resultado de certa falta de identidade social e pessoal. Talvez a história materializada em monumentos, que vencem a passagem dos tempos, seja um recado concreto do passado para um bom direcionamento do presente e do futuro. Para tal empreitada conto com a ajuda dos materiais produzidos pelo Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento , assim como a ajuda do Professor Fábio San Juan ² do Apreciando Arte. Conto também com meu olhar, já familiar para alguns, de uma "piracicabana nascida e criada". 


Aspectos gerais da arquitetura de Piracicaba


"No conjunto das igrejas do Estado de São Paulo, o Neorromânico teve mais receptividade do que o Neogótico; e considera que isso se deve à predominância dos italianos, que seriam nitidamente avessos a esse estilo. O autor destaca que em compensação, o Neogótico foi preferido pelos arquitetos cariocas, mais inspirados pela França (Bruand, 1969). A produção arquitetônica das igrejas em Piracicaba não difere das demais cidades brasileiras no período do Ecletismo. Predomina o Neorromânico, não somente pela presença italiana na cidade, mas há uma notável diversificação tipológica que enriqueceu a produção Eclética em Piracicaba devido à contribuição de profissionais de culturas e origens distintas."


Ecletismo

A arquitetura eclética foi um movimento arquitetônico preponderante até o princípio do século XX. Consistia em uma mescla de vários estilos diferentes (clássico, medieval, renascentista, neoclássico e barroco) que resultaram na criação de uma nova vertente arquitetônica.

Teatro Municipal de São Paulo

Teatro Municipal do Rio de Janeiro



Neo Românico

"A arte românica (chamada normanda na Inglaterra) teve suas origens nas estruturas romanas imperiais que sobreviveram às guerras dos bárbaros do início da Idade Média. Sua decoração é severa, monumental e considerada apenas como uma decoração para a arquitetura. Suas figuras esculpidas ficam no mesmo plano do fundo de pedra onde surgiram... No período românico, a Igreja era como um livro para o iletrado. Escultores e pintores cobriam o interior (e às vezes também o exterior) com ilustrações que narravam, em sequencia, incidentes extraídos das histórias da Bíblia. Estas artes eram uma forma de pictografia." ²


O estilo neorromânico espalhou-se por toda a Europa, de onde passou às Américas. Foi particularmente utilizado em edifícios religiosos, mas seu uso em edifícios civis também foi comum. Na Alemanha chegou a ter o status de estilo nacionalista por excelência, sendo muito empregado ao longo da segunda metade do século XIX. Nos Estados Unidos foi um dos estilos preferidos para edifícios públicos como prefeituras e campins universitários. São características do estilo neorromânico: edificações de tijolos ou pedra monocromática, abundância de arcos plenos sobre os vãos (portas e janelas) e também com fins decorativos, torres poligonais nas laterais das fachadas com telhados de formas diversas. Exemplos de construções em São Paulo: Igreja de Santa Ifigênia, Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos, Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Exemplos de construções internacionais: Edifício principal da Universidade da Califórnia, Museu de História Natural de Londres. ³


O Juízo final (XII) - França


Museu de História Natural de Londres


Igreja de Santa Ifigênia - São Paulo


Catedral de Piracicaba


Igreja dos Frades, Piracicaba

Capela do Monte Alegre, Piracicaba




Neo Gótico


"Os escultores góticos devolveram à sua arte o que os gregos e os romanos pagãos haviam conhecido e que os cristãos primitivos e os artistas românicos haviam preferido esquecer: a representação convincente da natureza. Eles não mais estavam satisfeitos com o elemento narrativo; queriam que as próprias pedras vivessem. "

O neogótico popularizou-se no Brasil perto do final do reinado de D. Pedro II, especialmente a partir da década de 1880. As três igrejas neogóticas mais antigas do Brasil são a igreja de Nossa Senhora do Amparo em Teresina, Piauí (1852), a Matriz de Nossa Senhora da Purificação, em Bom Princípio (1871), a igreja do Santuário do Caraça, em Minas Gerais, construída entre 1876 e 1883 em substituição a uma igreja colonial e a basílica do Sagrado Coração de Jesus em Diamantina-MG (1884-1889), as duas últimas são projetos do Padre Julio Clavelin. Outra igreja neogótica pioneira é a Catedral de Petrópolis, começada em 1884 mas só concluída cerca de 1925, que abriga os túmulos do Imperador e sua família. No Rio de Janeiro, então capital, foram construídos muitos edifícios neste estilo a partir da década de 1880, como o pitoresco Palácio da Ilha Fiscal, construído sobre uma ilha na Baía da Guanabara entre 1881 e 1889, a Igreja da Imaculada Conceição em Botafogo (1888-1892). 

O neogótico foi muito empregado em todo tipo de edifícios seculares e militares, incluindo casas particulares... em São Paulo capital, a primeira igreja neogótica foi a monumental Catedral da Sé, construída a partir de 1913 e inaugurada apenas em 1954.


Catedral da Sé em São Paulo





Referências

1- Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento, Patrimônio Cultural de Piracicaba, vol 2.
2- Coley e Anson, A arte na Igreja, Nova Enciclopédia Católica, Editora Renes, 1969.
3- Ernest Burden, Dicionário Ilustrado de Arquitetura, verbete Estilo Revivescimento Românico.








 









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