Crônicas: A covardia dos bons
A “crise”. Às vezes penso sobre ela tomando café, como estou fazendo agora. Eu sei, não parece um passatempo muito prazeroso... e não é. Mas faço isso como se estivesse diante de uma obra cubista ou abstrata. O que gera um misto de reações: “que joça é essa?”, “isso é geometricamente feio”, “estou com tontura”.
Na verdade, nós já estamos na sedimentação da crise — a crise em si já passou. Estamos colhendo o fruto do caos. Estes poderiam ser menores se não fosse por tantos covardes dentro da Igreja.
Todo mundo é covarde em alguma coisa, não há dúvida. Temos a infelicidade de termos, atualmente, muitos “covardes bons”.
A covardia é um tanto assombrosa porque atinge boa gente. Seu sinal é que, quando precisa ser feito algo pela fé ou até mesmo por algo que a pessoa diz valorizar, ela “dá pra trás”.
Isso significa que existem muitos com boa doutrina que são covardes. O que faz pensar: de que vale ter boa doutrina se não existe a coragem de falar e agir segundo a mesma?
A Igreja padece pela covardia dos bons. Não é somente uma crise doutrinal — é pessoal... é uma crise de gente frouxa.
Recentemente, tive um exemplo muito nítido da covardia dos bons. É comum encontrar quem diz que ama a Missa Tradicional, que acha bonito, que quer resgatar a Tradição. Agora, se pergunte: você teria coragem de colocar o seu nomezinho numa solicitação e enviar para a Cúria da sua cidade? De se apresentar conforme o que deseja e pensa? Bem, não sei qual seria a sua resposta, mas recentemente tive a prova de que colocar o nome num papel e defender seu próprio direito e carisma pela Tradição é pedir muito. Covardia dos bons.
Os maus fazem até cartilha na Quaresma e possuem uma insana desvergonha, enquanto os bons não conseguem colocar sua própria cara à tapa diante da Hierarquia Eclesiástica — não colocam nem seu nomezinho num papel. Bons, porém frouxos.
Todos acham que o quadro mudou porque as pessoas estão comentando em vídeos, denunciando. Que ilusão. Eu só acredito quando os mesmos — seja padre ou leigo — derem a sua cara à tapa diante da Hierarquia, afirmando com cordialidade e firmeza aquilo que acreditam.
A Igreja padece porque seus filhos são covardes.
O avanço dos maus é pela covardia dos bons. Bons leigos e padres... bons, porém, covardes.
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