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Salus in Caritate


Uma Leitura Estética do Curta Blossom, de Isabelle Drummond por professora Ana Paula Barros



 Uma Leitura Estética do Curta Blossom, de Isabelle Drummond

Professora Ana Paula Barros¹


Resumo


O curta-metragem Blossom, protagonizado por Isabelle Drummond e marcado pela presença da maison Dior no figurino e na caracterização, propõe uma reflexão poética sobre o tempo, a sofisticação e a dualidade entre o antigo e o novo. Marca também a atuação de Isabelle como produtora executiva, consolidando sua atuação em várias frentes da criação audiovisual. Este artigo analisa a obra à luz da história do cinema, com especial atenção à estética do preto e branco — isto é, à apreensão sensorial dessa linguagem — explorando como tal escolha comunica sensações de introspecção e elegância em um mundo marcado pela velocidade e pelo deslocamento, que frequentemente resulta em um afastamento de si. A narrativa de Blossom pode ser interpretada como uma ode ao resgate da lentidão, ao ato de parar e olhar, e à redescoberta de elementos antigos que podem conversar com a contemporaneidade. O curta constrói uma ponte entre o clássico e o moderno e aponta que a sofisticação também está na forma que escolhemos ou podemos viver e perceber o tempo.

Palavras-chave: cinema; preto e branco; lentidão; sofisticação; Blossom; Isabelle Drummond.




1. Introdução

O cinema surgiu oficialmente em 28 de dezembro de 1895, quando os irmãos Louis e Auguste Lumière apresentaram ao público o cinematógrafo — uma invenção que captava, revelava e projetava imagens em movimento. A primeira exibição, realizada no Grand Café em Paris, marcou o início da sétima arte e foi composta por curtas em preto e branco, como L'Arrivée d'un Train à La Ciotat, cujo realismo provocou reações intensas na plateia. O preto e branco, inicialmente uma limitação técnica, tornou-se uma linguagem estética que valorizava o contraste entre luz e sombra, a composição visual e a expressividade silenciosa.

O cinema mudo, predominante entre o final do século XIX e o final da década de 1920, foi uma fase de intensa experimentação artística. A ausência de som não era vista como limitação, mas como oportunidade para explorar ao máximo os recursos visuais e narrativos. A linguagem corporal dos atores, os enquadramentos, a iluminação e a montagem tornaram-se ferramentas essenciais para a construção de sentido. Obras como O Encouraçado Potemkin (1925), Nosferatu (1922) e O Gabinete do Dr. Caligari (1920) demonstram como o silêncio podia ser eloquente. Mesmo após o advento do som, muitos cineastas continuaram a utilizar o estilo mudo, valorizando a pureza da imagem e a intensidade emocional que ela pode transmitir. O legado do cinema mudo permanece vivo, influenciando produções contemporâneas que optam por uma narrativa mais visual e contemplativa.

A introdução do som, com The Jazz Singer (1927), e da cor, com Becky Sharp (1935), revolucionaram a experiência cinematográfica, mas não eliminaram o uso do preto e branco. Ao contrário, essa estética passou a ser uma escolha artística, associada à introspecção, à sofisticação e à concentração emocional do espectador.

No Japão, o cinema também desenvolveu formas narrativas singulares, como os benshi — narradores que acompanhavam as projeções mudas, explicando e dramatizando a história ao vivo. Essa tradição de mediação oral e sensibilidade estética pode ser vista em obras contemporâneas como Dias Calmos e Tranquilos ao Seu Lado, que resgatam o ritmo pausado do cinema antigo.

Este artigo busca compreender como Blossom articula esses elementos para construir uma linguagem atemporal, em diálogo com a história do cinema e com a sensibilidade contemporânea.




2. O curta Blossom: enredo e estética

O curta-metragem Blossom apresenta uma narrativa, roteirizada por Anna Lee, centrada em uma personagem que passa, aparentemente, pela pressa, pelo olhar rápido e desatento, e por um luto — de si e do outro — e que, depois, retorna a si, desacelera e redescobre o mundo ao seu redor. É um roteiro que, assim como alguns mitos gregos, traz notas da ideia de ressurreição, neste caso, uma ressurreição existencial. A trama se constrói por meio de gestos sutis, silêncio e atmosferas reflexiva e intimista. O silêncio, unido à trilha sonora, exige atenção para acompanhar a narrativa; somos levados a colocar um olhar atento, buscar interpretar, dar nome às cenas durante a descoberta da história — atitudes que não somos mais levados a fazer no cotidiano, em que as informações são praticamente esfregadas na nossa cara ou se apresentam determinadas a ser engolidas, por bem ou forçosamente. Neste cenário, o curta é um refrigério para os sentidos.

A escolha estética do preto e branco desempenha papel fundamental na construção da linguagem visual do filme. Essa opção reforça a introspecção da protagonista e comunica uma sofisticação atemporal, alinhando-se à identidade da Dior, cuja presença na obra permite traçar paralelos com a história da maison. A irmã de Christian Dior, Catherine Dior, passou por momentos horríveis durante a Segunda Guerra Mundial: foi presa pela Gestapo (por pertencer a rede de inteligência franco-polonesa F2, financiada pelos britânicos), torturada e deportada para campos de concentração, sobrevivendo a Ravensbrück e outros locais até ser libertada em 1945. Após a guerra, dedicou-se à floricultura — tema presente no curta de Isabelle. Ela também inspirou o vestido bordado com mil flores e foi presidente honorária do Museu Dior. Todos esses pontos — desligamento de si, sofrimento, flores, arte, novas flores — estão presentes no curta. 

A ausência de cores permite que o espectador concentre-se nos contrastes, nas texturas e na composição dos planos, valorizando a luz e a sombra. Essa estética remete ao cinema antigo e ao cinema de autor.

O cinema de autor caracteriza-se pela presença marcante da visão artística e pessoal do cineasta, que assume o controle criativo sobre os diversos aspectos da obra, do roteiro à linguagem visual. Diferentemente das produções comerciais voltadas ao entretenimento de massa, o cinema de autor valoriza a expressão pessoal, a experimentação narrativa e a construção de atmosferas singulares. Nesse contexto, o diretor é visto como um 'autor' no sentido literário, imprimindo sua assinatura estilística e temática ao filme. A abordagem frequentemente privilegia o silêncio, o tempo dilatado, os conflitos internos e a linguagem simbólica, criando obras que convidam à reflexão e ao envolvimento sensorial. Essa vertente é especialmente relevante na análise de curtas como Blossom, já que o liga às características do cinema francês sem deixar de ser brasileiro.

O cinema francês é reconhecido mundialmente por sua abordagem estética refinada, narrativa introspectiva e valorização da autoria. Desde os primórdios com os irmãos Lumière até movimentos como a Nouvelle Vague, o cinema francês privilegia o realismo poético, os conflitos existenciais e a experimentação formal. Diferente do cinema americano, que se apoia em fórmulas de sucesso voltadas ao entretenimento de massa — como blockbusters, narrativas lineares e efeitos visuais espetaculares — o francês busca provocar reflexão e sensibilidade. Já o cinema asiático, especialmente o japonês, coreano e chinês, destaca-se pela forte presença cultural e linguagem visual singular, com narrativas que também exploram o silêncio, o tempo e o simbolismo dentro da identidade comunitária. Em contraste, o cinema brasileiro tem raízes no realismo social e na crítica política, como visto no Cinema Novo, mas também enfrenta desafios de financiamento e distribuição. Embora compartilhe com o francês o interesse por temas humanos e sociais, o cinema brasileiro ainda busca maior reconhecimento internacional e equilíbrio entre produções autorais e comerciais. Cada tradição cinematográfica oferece um olhar único sobre o mundo — e o curta Blossom oferece uma junção refinada e delicada de duas formas de atuação nas produções culturais.





¹Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)

 


O uso do macabro na arte — A Família Addams 

Profª Ana Paula Barros






1. INTRODUÇÃO


A palavra macabro tem origem no francês macabre, amplamente disseminado a partir da expressão danse macabre (“dança da morte”), recorrente nas manifestações artísticas europeias da Idade Média, especialmente em murais, gravuras e textos religiosos que ilustravam a morte conduzindo personagens de distintas classes sociais rumo ao túmulo. Alguns autores associam essa expressão ao latim medieval chorea Machabaeorum (“dança dos Macabeus”), em referência aos mártires hebreus descritos no livro bíblico Macabeus (saiba mais aqui), cujos sofrimentos teriam sido convertidos em alegorias visuais de dor e enlevo. Neste contexto o macabro é usado como representação. Com o passar dos séculos, o termo passou a designar representações que evocam o sombrio, o grotesco, o inquietante e a morte, consolidando-se como elemento característico da literatura gótica, do cinema de horror e das artes visuais voltadas à linguagem visual do desconforto.


Dança da Morte, c.1499 (detalhe) · Bernt Notke
Art Museum of Estonia, Tallinn, Estonia





"A Dança da Morte" (gravura de Micheal Wolgemut, xilogravura em Crônica de Nuremberg de Hartmann Schedel, 1493).




A Família Addams, produzida em 1938 pelo cartunista Charles Addams para a revista The New Yorker, é uma sátira à família tradicional estadunidense, utilizando humor mórbido e uma linguagem visual gótica para subverter convenções sociais e exaltar o que é visto como, ou entendido como, incomum. Desde sua origem nos quadrinhos, a franquia expandiu-se para diversos formatos midiáticos, incluindo adaptações cinematográficas, televisivas, teatrais e, mais recentemente, a série Wandinha, lançada pela plataforma Netflix.

A presente pesquisa propõe-se a analisar a trajetória da Família Addams como produção cultural que articula discursos sobre alteridade e pertencimento, com foco nas peças teatrais e na recepção da série Wandinha. A popularidade dessas obras é compreendida como expressão da valorização de personagens “excluídos especiais”, que desafiam normas sociais e encontram caminhos para si mesmos em suas singularidades — fenômeno também observado em franquias contemporâneas como Harry Potter, Jogos Vorazes e Divergente.

Além da exclusão social por fatores de imagem e aparência — culturais ou comportamentais — é possível observar que muitos desses personagens representam, metaforicamente, indivíduos com desvios de conduta ou transtornos de comportamento. A neurociência tem demonstrado que tais desvios podem estar associados a padrões diferenciados de desenvolvimento cerebral, especialmente em áreas relacionadas à empatia, tomada de decisão e regulação emocional. Estudos indicam que o comportamento antissocial pode ter origem em fatores neurobiológicos, sendo, portanto, não apenas uma questão moral ou social, mas também clínica e cognitiva.

Nesse cenário, propõe-se investigar como os produtos culturais ligados à Família Addams se conectam com jovens que se reconhecem em histórias protagonizadas por personagens socialmente deslocados, com atitudes e perfis fora do esperado. Muitos desses personagens representam indivíduos que desafiam padrões, lidam com conflitos internos ou têm comportamentos considerados inadequados, mas que apontam para outras formas de inteligência. No entanto, cabe também salientar o aspecto artístico desempenhado pelo feio e pelo mórbido na peça, para desencadear o efeito estético — ou seja, a apreensão pelos sentidos — capaz de suscitar alguma reflexão, como também alguns possíveis malefícios na construção do imaginário coletivo.






2. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA ADDAMS


A Família Addams foi criada em 1938, quando o cartunista norte-americano Charles Addams publicou suas primeiras tiras na revista The New Yorker. Com humor mordaz e ares sombrios, os personagens foram concebidos como uma inversão satírica da família tradicional estadunidense, representando um núcleo aristocrático, excêntrico e indiferente às convenções sociais. A crítica implícita ao ideal de normalidade consolidou os Addams como ícones do grotesco.

Ao longo das décadas, a franquia passou por múltiplas adaptações, mantendo como eixo temático o estranho como gosto — uma “faceta do gosto pessoal”. A primeira série televisiva, exibida entre 1964 e 1966 pela rede ABC, transformou os personagens em figuras populares, embora tenha suavizado o tom sombrio das tiras originais para se adequar ao formato de comédia de situação (sitcom). Nos anos 1990, os filmes dirigidos por Barry Sonnenfeld reacenderam o interesse pela franquia, com destaque para a atuação de Christina Ricci como Wandinha.

A transposição para o teatro ocorreu com o musical The Addams Family, estreado na Broadway em 2010. Com letras de Andrew Lippa e libreto de Marshall Brickman e Rick Elice, a peça explora os conflitos geracionais e afetivos da família, utilizando humor ácido, ambientação gótica e elementos visuais que, como esperado, apresentam o macabro como recurso estético (leia-se: recurso de apreensão pelos sentidos). No Brasil, o musical teve montagens de grande sucesso em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A mais recente reinterpretação da franquia se deu com a série Wandinha (Wednesday, 2022), dirigida por Tim Burton (o mesmo diretor de Edward Mãos de Tesoura, que possui uma crítica muito similar à da franquia Família Addams) e distribuída pela plataforma Netflix. A produção desloca o foco narrativo para a filha mais velha. Alguns temas como personalidade, comportamento desviante e pertencimento/deslocamento são amplamente abordados. Ambientada na Escola Nunca Mais, a série apresenta Wandinha como uma adolescente intelectualmente brilhante, emocionalmente contida e socialmente deslocada. O resultado é atingir um público que se reconhece em personagens que desafiam padrões normativos, que se sentem deslocados — o que, atualmente, abrange praticamente todas as pessoas. A linguagem visual gótica, o humor sombrio e os conflitos internos da protagonista contribuem para a consolidação da série como fenômeno cultural entre pessoas que se identificam com a narrativa, somado aos já desencadeados movimentos subculturais da Dark Academia, que dialoga com séries escolares como Harry Potter, Wandinha e Divergente.

A linguagem visual denominada Dark Academia configura-se como uma subcultura contemporânea que valoriza o conhecimento clássico, a erudição e a atmosfera acadêmica tradicional, com forte influência da arquitetura gótica, da literatura europeia e da moda das décadas de 1930 e 1940. Essa linguagem visual associa-se à romantização do ambiente universitário, à introspecção e ao culto à melancolia intelectual. Embora seja frequentemente lembrada como expressão de refinamento cultural, a Dark Academia também tem sido alvo de críticas por certa tendência à idealização de comportamentos emocionalmente disfuncionais em nome da genialidade.

Isso posto, podemos considerar que, além do discurso proferido pela linguagem visual adotada nessas franquias que abordam o meio escolar, existe uma forte classificação de grupos nessas obras. Todas as produções com alta adesão a esse estilo apresentam um padrão de escolas com casas, grupos e "panelas". Ou seja, existe uma veiculação que aborda instantaneamente o desejo de pertencimento — razão pela qual as casas da franquia Harry Potter nunca saem de moda. O roteiro possibilita uma adesão imediata a uma personalidade ligada a uma subcultura apresentada no mundo ficcional.




3. RELAÇÃO COM O PÚBLICO DE HARRY POTTER E DIVERGENTE


As franquias Wandinha, Harry Potter, Jogos Vorazes e Divergente compartilham um fator narrativo recorrente: o protagonista marginalizado que, ao longo da trama, descobre possuir habilidades ou características que o tornam singular e, por vezes, essencial para a resolução de conflitos centrais. Essa estrutura narrativa, amplamente difundida na literatura e no audiovisual, estabelece uma conexão emocional, já que todos, de alguma forma, são desejosos do protagonismo e de certa nota de especialidade.

Ambientes escolares como Hogwarts, em Harry Potter, e a Academia Nunca Mais, em Wandinha, funcionam como espaços simbólicos de iniciação. Em Jogos Vorazes e Divergente, esse processo é intensificado pela divisão da sociedade em facções, cada uma com valores específicos, o que reforça a ideia de que a identidade individual pode ser moldada e validada por grupos com os quais se compartilham afinidades.

A linguagem visual gótica presente em Wandinha, aliada aos temas de mistério, magia e rebeldia, estabelece pontes simbólicas com o universo de Harry Potter, especialmente no que tange à ambientação sombria, à presença de criaturas fantásticas e à estrutura de casas e competições escolares. Esses elementos enriquecem o universo ficcional. A recorrência de profecias, personagens ambíguos e reviravoltas narrativas reforça o vínculo entre essas obras, consolidando um imaginário coletivo com a assimilação de que o gosto macabro não está atrelado a uma pessoa ruim, desassociando o belo do bom no sentido material da interação. Algo deste tipo está presente em obras como O Retrato de Dorian Gray e O Médico e o Monstro, que traçaram a delicada relação entre o belo e o bom e ainda a difícil tarefa de nomear o que é a beleza, mostrando que a beleza atrelada à bondade pode não ter nenhuma relação com a aparência e a imagem.

O uso do macabro, neste contexto, é retirado do ofício de gerar afastamento do mal, mas assume o papel de indicar que existe uma distinção entre a aparência do horrendo e macabro e o próprio horrendo. Parece haver uma tentativa, muito interessante, de gerar reflexão pelo estranho sobre o que é a beleza, levando-nos, por um lado, à definição de que a beleza é imaterial. Por outro lado, no que se refere à franquia Família Addams e outras, também existe a preocupação de identificar o que de fato é o horrível. Dessa forma, sempre existe uma personagem que personifica a beleza dos anos 50 (que remete à perfeição dos comerciais de margarina), que, na verdade, é uma pessoa ruim, e que encarna, portanto, a aparência bela atrelada ao mal; enquanto os outros representam a aparência estranha atrelada ao bem.


Para alguns, isso pode ser interpretado como uma inversão imposta pela indústria cultural, mas, na verdade, trata-se de uma reflexão, como já mencionado, presente em outras obras. É evidente que, embora essa expressão visual seja útil, ela gera uma nova cadeia de pensamentos restritivos, uma vez que, normalmente, a mente humana tende a estabelecer padrões. O resultado dessa veiculação pode ser a descrença em pessoas que aparentam ser bonitas e boas, além de uma confiança cega em indivíduos que não seguem os padrões normativos, o que pode levar a certa leniência. No entanto, apesar do risco envolvido, é oportuno desvincular a beleza da percepção imposta pela indústria acerca de imagem e aparência — ou ainda da ideia de aparência como reflexo de moralidade.


Ainda é possível observar que, na franquia Família Addams, há sempre, em algum momento, um personagem que personifica o horrendo propriamente dito, evidenciando dentro da trama aquilo que é de fato considerado horrível — ou seja, o feio e o mal internos — em contraste com a beleza e o bem interiores.

Outro aspecto interessante é que assim como a série Vincenzo a franquia Addams parece tender a retratar as "nuances do mal", em que o menos mal passa a ser visto como o bom. O que permanece dentro da proposta de desconforto característico do uso do macabro na arte.









4. PRODUÇÃO CULTURAL, NEURODIVERGÊNCIA E DESVIO DE CONDUTA


Obras como Wandinha, Harry Potter e Divergente não apenas retratam personagens com traços de marginalidade social, mas também incorporam elementos que podem ser interpretados como manifestações simbólicas de neurodivergência e desvio de conduta. Nesse sentido, tais produções funcionam como dispositivos narrativos que tensionam os limites entre o normal e o patológico, o aceitável e o transgressor.

O conceito de neurodivergência, cunhado pela socióloga Judy Singer, refere-se a indivíduos cujo funcionamento neurológico difere do padrão considerado neurotípico, incluindo condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a dislexia, entre outros. A abordagem da neurodiversidade propõe uma ruptura com os modelos medicalizantes, reconhecendo essas variações como expressões legítimas da diversidade humana. No campo da produção cultural, personagens com traços neurodivergentes são frequentemente retratados como excêntricos, geniais ou emocionalmente complexos, contribuindo para a construção de narrativas que geram reflexão e ampliam o repertório simbólico da sociedade. Entre eles estão Sherlock Holmes, Harry Potter e Malfoy (os dois quebram regras com facilidade e possuem certa raiva impulsiva), Wandinha e a Família Addams, Sheldon, Vincenzo.

Por outro lado, o desvio de conduta, tradicionalmente associado a comportamentos antissociais ou transgressivos, também tem sido ressignificado nas obras culturais. Em Wandinha, por exemplo, a protagonista apresenta traços de frieza emocional, sarcasmo extremo e aversão a normas sociais — características que poderiam ser interpretadas como desvios de conduta sob uma ótica psiquiátrica clássica. No entanto, a narrativa reconfigura esses traços como formas de inteligência emocional alternativa, criatividade e resistência à conformidade. A neurociência contemporânea tem demonstrado que comportamentos considerados desviantes podem estar relacionados a padrões diferenciados de desenvolvimento cerebral, especialmente em áreas ligadas à empatia, tomada de decisão e regulação emocional. É evidente que tais hipóteses enfrentam grandes obstáculos quando o assunto é, por exemplo, a psicopatia ou os desvios de conduta que colocam a sociedade em risco. Tais narrativas podem facilitar — embora seja necessário, inevitavelmente, algum período de confusão — a distinção social entre quadros de neurodivergência e gradações de desvios de conduta, já apontados de forma embrionária em outras obras.


A representação desses perfis na cultura pop não apenas contribui para a visibilidade de grupos historicamente destinados ao deslocamento, como também promove uma reflexão crítica sobre os mecanismos de afastamento social. A linguagem visual do estranho, do grotesco e do macabro, presente em produções como Família Addams, opera como recurso simbólico narrativo para questionar os vínculos entre aparência, moralidade e valor social. Vemos, portanto, o deslocamento — atualmente tão estudado — do uso da arte, e do macabro mais especificamente, não mais como representação, mas como narração (mais sobre isso clique aqui).


Nesse contexto, a produção cultural assume um papel pedagógico e político, ao oferecer narrativas que provocam reflexão sobre normalidade e anormalidade. No entanto, é possível que ocorra um enamoramento pela anormalidade, até que ela se torne o novo normal e voltemos a esse debate — que, na verdade, é pendular — sem que nenhum resultado reflexivo real aconteça. Além disso, o uso dos gostos de determinados grupos pode se tornar instrumento de adesão política específica, em que as produções são apenas formas de mobilizar as massas por meio de seus gostos. Apesar desses riscos e outros já apontados, parece ser inevitável considerar a necessidade de uma reflexão sobre essa temática, na esperança de que não se torne instrumento de mobilização partidária irreflexiva das massas.





Profª Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)



























 

Literato Católico: Catarina de Bolonha e o Renascimento Italiano


Biografia


Santa Catarina de Bolonha nasceu em 8 de setembro de 1413, na cidade de Bolonha, Itália, sob o nome de Catarina Vigri. Era filha de Giovanni Vigri, diplomata atuante na corte de Ferrara. Desde jovem foi educada entre membros da nobreza, sendo dama de honra da princesa Margarida d’Este, o que lhe proporcionou sólida formação em literatura, música e artes visuais.

Por volta dos quatorze anos de idade, optou por abandonar a vida cortesã e ingressar em um convento de Terciárias Agostinianas. Posteriormente, tornou-se religiosa da Ordem das Clarissas Pobres. Em 1456, fundou o Mosteiro Corpus Domini, em Bolonha, onde exerceu o cargo de abadessa até seu falecimento, ocorrido em 9 de março de 1463.

Após sua morte, o corpo de Santa Catarina foi encontrado em estado de incorrupção, exalando um aroma suave, motivo pelo qual permanece exposto até os dias atuais em uma capela especial na cidade de Bolonha. Foi canonizada em 1712, pelo Papa Clemente XI



Contexto histórico e literário


Santa Catarina de Bolonha viveu durante o período do Renascimento italiano, movimento cultural que floresceu entre os séculos XIV e XVI, marcado pela valorização do ser humano, da razão, da natureza e pela retomada dos ideais clássicos da Antiguidade greco-romana. A Itália era o centro desse renascimento, com cidades como Florença, Roma, Veneza e Ferrara desempenhando papel fundamental na renovação artística e intelectual.

Entre os principais artistas renascentistas destacam-se Leonardo da Vinci (século XV), Michelangelo Buonarroti (século XVI), Rafael Sanzio (século XVI) e Sandro Botticelli (século XV).

Na literatura, merecem destaque Dante Alighieri, com A Divina Comédia (c. 1308–1320); Francesco Petrarca, com Canzoniere (c. 1351); Giovanni Boccaccio, com Decameron (c. 1353); Maquiavel, com O Príncipe (1513); e Torquato Tasso, com Jerusalém Libertada (1581).

A corte de Ferrara, governada pela família d’Este, era considerada uma das mais cultas da Itália, onde floresciam a música, a filosofia, a pintura e as letras. Santa Catarina foi educada nesse ambiente aristocrático como dama de honra da princesa Margarida d’Este, o que lhe proporcionou acesso direto a esse universo intelectual e artístico.

Nesse contexto, a literatura religiosa também ganhava projeção com tratados místicos e espirituais voltados à vida monástica e contemplativa. Entre os mais significativos estão:

  • Sette Armi Spirituali (1475, publicado postumamente), de Santa Catarina de Bolonha;
  • De Mystica Theologia (1422), de Jean Gerson;
  • Imitação de Cristo (c. 1427), atribuída a Tomás de Kempis;
  • Revelações (c. 1370–1390), de Santa Brígida da Suécia;
  • Exercitia Spiritualia (1548), de Santo Inácio de Loyola;
  • Cartas Espirituais (1662–1682, publicadas em 1939), de Frei António das Chagas.



Obras Literárias e Produção artística  de Santa Catarina de Bolonha


As obras de santa Catarina foram produzidas ao longo de sua vida monástica e compiladas, em sua maioria, no Mosteiro Corpus Domini de Bolonha.

  • Sette Armi Spirituali (As Sete Armas Espirituais) – publicada postumamente em 1475, essa é sua obra mais conhecida. Trata das sete armas espirituais que o cristão deve empunhar para resistir às tentações e alcançar a perfeição na fé.
  • Breviário – escrito no século XV, é um livro de orações e meditações voltado ao uso pessoal e comunitário dentro da vida religiosa.
  • Tratado sobre o modo de comportar-se nas tentações – também do século XV, destinado especialmente às noviças e religiosas.
  • Regras de vida religiosa – conjunto de normas e orientações formuladas no século XV para guiar o cotidiano das comunidades clarissas.
  • Louvores e devoções – coletânea poética composta no século XV.
  • Cartas e poesias – correspondências e composições místicas redigidas ao longo do século XV, dirigidas a religiosas e superiores; alguns desses textos permanecem inéditos e são preservados em manuscritos.

Santa Catarina não se limitava à escrita: foi também uma artista visual habilidosa, sendo considerada padroeira dos pintores. Entre suas obras pictóricas destacam-se:

  • Uma pintura da Virgem com o Menino Jesus, inspirada em uma visão mística, atualmente preservada no Museu do Vaticano;



  • Iluminuras decoradas com passagens bíblicas e símbolos franciscanos;
  • Retratos devocionais como São Francisco em êxtase e Santa Clara em contemplação, usados para meditação espiritual.



Mais sobre o projeto Literato Católico: Literato Católico 2025





“Enquanto durar a terra, semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite jamais cessarão.” — Gênesis 8,22


Este texto é uma tentativa, provavelmente horrível, de falar sobre o inverno sem cair nos clichês da estação da interioridade. O inverno é a estação do conforto e do recolhimento, mas, ao mesmo tempo, do desconforto. Então, seria melhor dizer que é a estação da busca do conforto em meio ao desconforto.

O silêncio é mais profundo que o do outono. Com um tipo de crescimento oculto, que não se mostra. O crescimento é o das raízes, e não dos galhos.



“Foste tu que fixaste todos os limites da terra; o verão e o inverno, foste tu que os formaste.” — Salmo 74,17

O outono ensina uma certa impermanência: o ciclo da vida e da ressurreição. O inverno ensina a preservar, guardar, proteger. Não é uma estação de abundância. À primeira vista, tudo parece estéril, parado, muito parado. Mas, de algum modo, o inverno gera sustento, mesmo quando parece oferecer tão pouco.

É uma época de lentidão e de certo preciosismo, muito boa para revisitar projetos, avaliar escolhas e ouvir o que ficou soterrado em nós durante os dias que passamos e os dias que passam por nós.

É a estação do repouso, do descanso, da pacatez.

Mesmo que as atividades sigam as mesmas, o ritmo não é o mesmo. É desacelerado.



Carpe Diem.


Os dias passam cheios de pequenas tarefas e pensamentos. Coisas simples ganham uma certa beleza: arrumar um armário, revisar o que temos guardado, cuidar da despensa com atenção.

Pouco a pouco, como convém ao inverno.

Ou, ainda, ganham um tom heróico — quase hercúleo — como lavar a louça ou manter as roupas lavadas e secas.

Os movimentos ganham uma precisão que beira o ritual: preparar um chá, cuidar das palavras, repousar o corpo. A atenção fica encantada com pequenas coisas: o conforto das meias de lã ou o bule no fogão que convida para mais uma xícara de chá... e outra... e mais uma.

O inverno pede o oposto das urgências do nosso tempo. Pede a criação de aconchego, pede a busca da branda alegria em dias calmos e tranquilos. Pede menos pressa, pede certa reverência à normalidade e à pacatez, antes da leve agitação da primavera.

“Porque eis que passou o inverno, cessaram as chuvas e se foram. Aparecem as flores na terra, chegou o tempo das canções, e a voz da rola ouve-se em nossa terra.” — Cântico dos Cânticos 2,11-12




Comunidade Salutares: WhatsApp e Telegram Salus in Caritate 

O anseio por uma vida sazonal: ritmo e tradição 

Revista Digital Salutaris - Edição Especial Pausa: Educação Estética, Arte & Patrimônio 







A Revista Salutaris nasceu do meu desejo de registrar, de forma mais duradoura e acessível, alguns conhecimentos sobre arte e patrimônio — organizados de modo que também pudessem servir como material de apoio para minhas aulas de Educação Estética, ministradas no Educa-te.

Para dar espaço ao trabalho de curadoria e revisão, a revista foi idealizada como uma publicação trimestral. Com o tempo, uma edição especial chamada Pausa {caderno de ensaios} foi incorporada ao plano editorial.

Ser responsável por uma revista me faz lembrar das aulas de jornalismo cultural, em que estudamos as primeiras publicações lançadas no Brasil — como a Variedades e Ensaios de Literatura, de 1812. As revistas, naquela época, ocupavam o cotidiano e, tal como uma pintura de gabinete, cuja função era acompanhar o morador no cômodo mais frequentado da casa, elas foram pensadas para oferecer literatura e filosofia em doses diárias.

Foi dessa ideia, tão antiga, que nasceu a Salutaris: uma revista de Educação Estética, Arte e Patrimônio que engloba tudo aquilo que chamamos de cultura — literatura, filosofia, artes, enfim, tudo o que a alma humana produz e é capaz de amar.

A primeira edição de 2024, Arte na Igreja — Os Primeiros Mil Anos, tem 25 páginas e analisa 11 obras. 

A segunda, Espírito Gótico, conta com 85 páginas, 6 artistas e 71 obras. 

A terceira, O Renascimento, apresenta 99 páginas, 11 artistas e 65 obras.

Em 2025, a primeira publicação foi a Edição Especial Pausa {ensaios}, com 38 páginas e três ensaios sobre Subculturas Literárias e consumo literário — textos produzidos ao longo da minha trajetória acadêmica.

A segunda edição de 2025 será A  Arte Combate a "Reforma", com 101 páginas, 10 artistas e 58 obras - data de publicação 25 de junho de 2025.





Acesse as edições aqui





"Não apenas a rotinização da cultura, mas também a tentativa consciente de arrancá-la dos grupos privilegiados para transformá-la em fator de humanização." - Antônio Cândido






Sóror Maria do Céu (1658-1753), freira clarissa fez do claustro jardim fértil para a produção literária, assim como outras irmãs da árvore de São Francisco, tão rica em gerar artistas e escritores.

Antes de ingressar na vida religiosa, Maria da Eça — como era conhecida — já demonstrava grande aptidão para as letras. Ao adotar o nome de Sóror Maria do Céu, seguiu cultivando sua paixão pela escrita, explorando a poesia, a dramaturgia e o pensamento filosófico. Sob o pseudônimo de Sor Marina Clemência, publicou obras que hoje são consideradas verdadeiros monumentos do barroco lusitano, transitando entre o imaginário religioso e a teatralidade vibrante do período.

Seu talento, aliado a um profundo conhecimento da cultura clássica e religiosa, permitiu-lhe construir uma obra marcada pela musicalidade e pela riqueza de imagens, característica dos grandes poetas barrocos. Em suas comédias e autos religiosos, utilizou uma linguagem refinada, que combinava alegoria e espiritualidade, revelando-se uma das vozes mais singulares da época.




O Barroco Literário e a Epopeia


O Barroco Literário surgiu no final do século XVI e predominou até meados do século XVIII. Caracteriza-se pelo culto ao contraste, pela fusão entre o espiritual e o material, e pelo uso de figuras de linguagem como antítese, paradoxo e hipérbole. A literatura barroca reflete a crise entre o teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista, criando uma estética marcada pela complexidade e pelo exagero.

Já a epopeia é um gênero literário que consiste em um poema narrativo extenso, geralmente versando sobre feitos heroicos ou históricos. Mistura elementos líricos e narrativos para engrandecer personagens e acontecimentos. Um dos exemplos mais famosos é Os Lusíadas, de Luís de Camões, que exalta as conquistas marítimas portuguesas.


Outros Escritores Barrocos


Além de Sóror Maria do Céu, destacam-se outros escritores barrocos portugueses, como:

Padre António Vieira – Conhecido por seus sermões conceptistas, que combinam retórica sofisticada e profundidade filosófica.

Francisco Rodrigues Lobo – Poeta e prosador que explorou temas bucólicos e amorosos.

D. Francisco Manuel de Melo – Autor de obras históricas e satíricas, como Carta de Guia de Casados.

Soror Violante do Céu – Poetisa e religiosa, cuja obra também se destacou pela espiritualidade e refinamento estilístico.




Lista de Obras de Sóror Maria do Céu



Manuscritos

Escarmentos de Flores (1681)
Agravo e Desagravo da Misericórdia
Cartas aos Duques de Medinaceli


Publicações

A Preciosa (1731, 1733)
Obras Várias e Admiráveis (1735, 1736)
A Fênix Aparecida na Vida, Morte, Sepultura & Milagres da Gloriosa S. Catarina (1715)
Enganos do Bosque, Desenganos do Rio (1736, 1741)
Triunfo do Rosário (1733, 1740)
Metáforas das Flores (1873)
Aves Ilustradas Em Avisos Para as Religiosas servirem os ofícios dos seus Mosteiros (1734, 1736, 1738)
La Preciosa (1791, 1792)


Comédias

En la cura va la flexa
Perguntarlo a las Estrellas
Clavel y Rosa
La flor de las Finezas
Las lágrimas de Roma
Las Rosas con las Espigas
Amor es fe
Mayor Fineza de Amor
Perla y Rosa
Tres redenciones del hombre
En la más escura noche (in: Desposorios de S. Joseph)


Obras Desaparecidas

A vida de Santa Petronila
Vida da Madre Elena da Cruz




A redescoberta da obra de Sóror Maria do Céu, principalmente após os estudos da pesquisadora Ana Hatherly, reforça sua importância no cenário cultural. 

Seu legado persiste como um testemunho da presença feminina na literatura barroca, um convite à contemplação da palavra e do espírito. Uma esposa do Senhor, uma autora de grande engenhosidade, cuja obra ainda ecoa nas reflexões sobre arte e literatura.




Crítica de Cultura Católica por Ana Paula Barros



Sempre desconfiei que o verdadeiro motivo pelo qual os nomes de algumas mulheres desaparecem é o desinteresse das próprias mulheres em valorizá-los, citá-los e mencioná-los sem inveja ou sensação de inferioridade.

É interessante notar que os livros da Irmã Marina são todos antecedidos por longas cartas de clérigos recomendando as obras. Ela foi uma grande autora que conseguiu viver sua vocação seguindo o que Deus lhe deu como talento.

Talento, eis a grande questão atual, que faz os estereótipos surgirem tão rapidamente e a inveja se tornar o obstáculo em que muitas tropeçam, quando uma ou mais mulheres não seguem a cartilha do comercial de margarina.

O talento é a grande seta que Deus nos dá, mas existem tantas forças executadas para desviar as pessoas do aprimoramento de seus dons. Alegam que são os mosteiros que fazem isso, mas é muito mais fácil que o Instagram e seus discursos sejam os verdadeiros agentes dessa influência.

Irmã Marina é um exemplo de como os estereótipos são falsos e de como os discursos atuais, dentro e fora do nicho católico, apenas buscam afastar as mulheres da descoberta e do aprimoramento de seus talentos.

Talento não segue receita.








Vittoria Colonna, Marquesa de Pescara, foi uma das figuras literárias mais influentes do Renascimento italiano. Nascida em 1490 em Marino, foi filha de Fabrizio Colonna e Agnese de Montefeltro, crescendo em um ambiente aristocrático e intelectualmente estimulante. Casou-se jovem com Fernando de Ávalos, Marquês de Pescara, cuja morte na Batalha de Pavia marcou profundamente sua trajetória.

Reconhecida por sua poesia refinada e por seu papel de destaque na tradição petrarquiana, Colonna não se limitou ao mundo das letras. Foi uma mediadora política e uma reformadora religiosa, atuando com firmeza e originalidade em um tempo de grandes transformações. Sua obra poética, admirada por contemporâneos e por estudiosos posteriores, reflete uma intensa busca espiritual e um talento literário excepcional.





Obras

Rime spirituali – Uma coleção de poemas religiosos que refletem sua profunda espiritualidade e influência reformista.


Rime amorose – Poemas dedicados ao seu falecido marido, Fernando de Ávalos, seguindo a tradição petrarquiana.


Correspondência com Michelangelo – Cartas e poemas trocados entre os dois, revelando uma amizade intelectual e espiritual intensa.

Entre suas amizades mais célebres, destaca-se sua ligação com Michelangelo, que lhe dedicou poesias e desenhos. A relação entre os dois se aprofundou a partir de 1542, unida por discussões sobre arte e religião. Seus poemas dirigidos ao artista revelam não apenas um respeito mútuo, mas uma troca intelectual profundamente marcada pela espiritualidade e pelo questionamento interior.




Curiosidades

Amizade com Michelangelo – O artista dedicou-lhe vários poemas e desenhos, e esteve ao seu lado em seus últimos momentos de vida.


Influência na Reforma Católica – Colonna foi próxima de pensadores reformistas como Juan de Valdés e teve suas obras analisadas pela Inquisição. A Reforma Católica, também chamada de Reforma no interior da Igreja, refere-se aos esforços de renovação espiritual e institucional dentro do próprio catolicismo. Ela já estava em curso antes da eclosão da Reforma Protestante de Lutero em 1517 e envolvia figuras que buscavam uma fé mais autêntica e uma moral mais rigorosa, como o movimento devocional do século XV e os humanistas cristãos. Foi um resultado da Devotio Moderna do século XV analisada na aula Alienação e Intolerância ministrada em 26 de julho de 2022 (acesso aberto - Acervo Midiateca Salus aqui). 


Casamento arranjado – Seu casamento com Fernando de Ávalos foi arranjado desde a infância, mas se tornou uma relação de grande afeto.


Primeira mulher a publicar poesia na Itália – Foi uma das primeiras mulheres a ter suas obras impressas e amplamente divulgadas no século XVI.



Vittoria Colonna faleceu em 1547 no convento de Santa Ana (embora não tivesse feito votos formais), onde passou seus últimos anos. Sua vida e obra continuam a ser objeto de estudos e interpretações, reafirmando seu papel como uma das mulheres mais notáveis do século XVI. Seu legado poético e sua presença ativa nos debates políticos e religiosos da época fazem dela uma figura essencial para a compreensão do Renascimento italiano.





Amostra para Apreciação



Se um pequeno punhado de terra guarda (tradução nossa)


Se um pequeno punhado de terra guarda,

por graça de Deus, a alma eterna e imensa,

não encontra igual ao seu desejo

nem repousa em guerra tão incessante.



Do abrigo fiel fecha-se por dentro,

sobe e desce em mesma medida;

e entre vãos degraus, ilusões enganosas,

pelo labirinto humano vaga e delira.



Não vê o fim do fio que a vida tece,

mas urde e planeja, segura e solta,

afrouxa e puxa de sua trama frágil.



E ao desejo apenas redime

e liberta da névoa mortal que o enfraquece,

a fé nas coisas altas e divinas.






Crítica de Cultura – Professora Ana Paula Barros



A amizade, vista pela tradição católica como um dom de Deus, é uma semente que encontra um terreno árido na percepção moderna dos sexos. A amizade entre homens e mulheres parece carregar o sinal da corrupção e da inevitável distorção moral. Isso se deve à perda da pureza – um coração e uma mente impuros estabelecem a impureza como norma. Neste cenário, é realmente inesperado encontrar histórias de amizades tranquilas em épocas consideradas antigas.

O enriquecimento seguro é possível quando há complementariedade, mas, para isso, seria necessário um coração mais puro. O que soa como uma esperança frágil em um mundo tomado pelo ciúme, pela inveja e por relacionamentos quase sempre fundamentados em interesses físicos, seja sexuais ou financeiros.

Michelangelo era 15 anos mais velho que Vittoria. Eles iniciaram sua amizade já em idade avançada, e sua relação se aprofundou por volta de 1542, quando ele tinha 67 anos e ela, 52. Talvez a idade realmente traga sabedoria.

Amizades que transcendem o interesse físico e sexual, como as de Michelangelo e Vittoria, Santa Teresa e São João da Cruz, São Francisco e Santa Clara, talvez tenham adquirido um tom mitológico devido às limitações impostas pela segregação dos sexos, reforçada por frases como “homens se formam com homens e mulheres com mulheres”. Grupos assim segregados tendem a reforçar suas próprias fraquezas e limitações, tornando-se incentivos para o confinamento mútuo. Por outro lado, uma dinâmica complementar permite a influência do olhar do outro, do pensamento do outro – e certamente favorece o fortalecimento, não a fragilidade.

Entretanto, essa relação complementar foi reduzida ao erótico, tornando-se comum encontrar mulheres que não conseguem conversar sobre temas relevantes entre homens, e homens que não sabem conduzir conversas interessantes com mulheres — a menos que haja um interesse sexual, romântico ou financeiro envolvido.

Mas nós, segundo alguns, evoluímos.



Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação pela Pontifícia Universidade Católica. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural pela Academia de Belas Artes de São Paulo. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025). 




Cultura Católica II - O Poder dos Ritos e a Catarse na Ordem Social e Espiritual
Foto: Antonio Calanni/AP - Maio de 2025



Existem duas linguagens no mundo: a verbal e a não verbal. Ambas são constituídas por símbolos, e esses símbolos não são insignificantes; carregam um poder sobre a humanidade, sobre cada indivíduo, para o bem ou para o mal. São norteadores sociais, portais para o transcendente, receptáculos dos anseios dos mesmos seres humanos que os recebem e atuam nessa comunicação.

Estão por toda parte, mas encontram sua expressão mais condensada nos ritos. Os ritos são uma sucessão de símbolos, cada um deles importante, pois comunicam em uma linguagem silenciosa, capaz de transformar a atmosfera social ao tocar a alma.

Assim acontece também com as grandes obras de arte—elas geram catarse, purificam a alma. Os ritos possuem essa mesma essência. E quanto mais antigos, mais simbólicos; quanto mais simbólicos, mais poderosos; e quanto mais transcendentes, mais efetivos.




A catarse, conceito amplamente discutido na filosofia e na arte, representa um processo de purificação e transformação interior, muitas vezes desencadeado por uma experiência estética (entende-se por experiência de apreensão pelos sentidos) ou ritualística. Aristóteles, ao abordar a tragédia em sua Poética, descreveu-a como um mecanismo que permite aos espectadores liberar emoções intensas, especialmente medo e piedade, conduzindo-os a um estado de renovação emocional e intelectual.

Diversos estudiosos e artistas exploraram essa ideia ao longo dos séculos. Essa noção encontra eco na arte, onde a imersão profunda em uma obra pode provocar um efeito libertador, capaz de modificar a percepção e o estado de espírito do indivíduo.

Na esfera social e cultural, os ritos religiosos também desempenham um papel fundamental nesse processo. Conforme argumentam teóricos da antropologia, os ritos são estruturados para promover a catarse coletiva, permitindo que grupos vivenciem momentos de intensa conexão espiritual e comunitária. Essa experiência pode restaurar a ordem interna, renovar valores e reafirmar identidade coletiva. Como ressaltam estudiosos da estética (entende-se estuosos da apreensão pelos sentidos) e da psicologia, seu impacto transcende o indivíduo, influenciando sociedades inteiras e redefinindo narrativas culturais ao longo da história.



Por isso, nesta semana do abençoado mês de maio, podemos viver, após os ritos do conclave—liturgicamente e culturalmente—uma intensa catarse. A euforia diante do reset cultural provocado pela escolha de um novo papa ressoa dentro e fora da Igreja.

O silêncio, tingido pela fumaça da espera. Orações. Expectativa. Uma fumaça branca. Suspense. Uma voz. Latim. Um nome comum. Um nome de Papa. Surpresa. E, enfim, o papa.

Todas essas reações, em resposta, fazem parte da catarse gerada por um rito tão grandioso que até mesmo os desinteressados se voltam para ver.

O resultado de uma sucessão tão rica e poderosa de ritos e catarse gera um tipo de paz. Uma calma que, sem palavras, declara: "É, somos nós. Nós somos assim".

Os ritos da Igreja são, em sua essência, remédios para a alma e, por isso, remédios sociais. Foram criados para curar, para trazer paz e refrigério. Servem para, em maior ou menor grau, resetar a cultura pessoal ou social daquilo que é nocivo—numa catarse ora mais intensa, ora mais sutil, dependendo da magnitude do rito. E, por serem próprios da Igreja, enraizados na Tradição, carregam um poder especial em si.

Somos abençoados por sermos católicos, por termos à mão tantas bênçãos—uma cultura que nos alinha mentalmente e espiritualmente. Somos imensamente agraciados por receber essa riqueza vinda do coração salutar de Jesus.





Cultura I: A catolicidade é também uma cultura 

Via Pulchritudinis: a busca da Verdade, a necessidade do Bem, a fome de Liberdade, a nostalgia do Belo 




Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação pela Pontifícia Universidade Católica. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural pela Academia de Belas Artes de São Paulo. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e autora dos livros: Modéstia, Graça & Beleza.

Aula sobre Educação Estética: aqui 
Próximo livro sobre Educação Estética: aqui






A estética (como a capacidade cognitiva de apreensão pelos sentidos, como já sinalizado aqui) sempre desempenhou um papel fundamental na construção da identidade humana. No entanto, nas última década, a pressão de imagem imposta pelas redes sociais e pela cultura de massa tem gerado impactos profundos na saúde mental, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. A educação estética, que deveria promover uma relação saudável com a imagem e a arte, enfrenta um ambiente de caos diante da crescente crise estética, ou seja, crise da apreensão.


O Brasil é um dos países com maior uso de redes sociais no mundo, e estudos indicam que há uma diferença significativa entre os sexos na utilização dessas plataformas. As mulheres representam uma parcela maior dos usuários, o que pode estar relacionado à pressão de imagem que recai sobre elas, impulsionando o consumo de produtos cosméticos e procedimentos de imagem e aparência (Vermelho et al., 2020). A venda de cosméticos no Brasil cresceu significativamente nos últimos anos, evidenciando o impacto das redes sociais na busca por atender aos padrões de imagem e aparência (Fernandes et al., 2021).


Nos Estados Unidos, pesquisas científicas apontam que o uso excessivo do celular afeta a percepção da própria imagem, contribuindo para o aumento da ansiedade e da comparação social (Nicolaci-da-Costa, 2019). A exposição constante a filtros e edições digitais reforça padrões inatingíveis de imagem, levando muitos jovens a recorrer a cirurgias plásticas e tratamentos de imagem e aparência para se adequar a esses modelos, mesmo sendo tão jovens (Kataoka et al., 2021).

A arte e a literatura, assim como todas as boas produções culturais, têm um papel fundamental na promoção do bem-estar emocional. Estudos mostram que a exposição à arte pode reduzir os níveis de estresse e ansiedade, além de estimular a criatividade e a autoestima equilibrada (Fancourt & Finn, 2020). A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que produções culturais ajudam na prevenção de transtornos mentais e promovem uma melhor qualidade de vida (Jardim et al., 2021).


A série "Adolescente" aborda temas como comparação social, raiva e a dificuldade de aceitar pontos de vista discordantes, além da vivência não mundana, mas infrutífera, do celibato. Além disso, evidencia o perigo de um ambiente que apresenta ao indivíduo apenas aquilo de que ele gosta, gerando uma microcultura baseada em códigos e linguagens próprias. No contexto da série, isso pode ser prejudicial ao restante da sociedade. No entanto, esses mesmos fatores podem formar microgrupos que trazem benefícios à comunidade, utilizando as mesmas portas de acesso. Uma faca de dois gumes.


A África do Sul é o segundo maior usuário de internet, com uma taxa de penetração de 68,2% da população. Assim como no Brasil, a cultura de massa influencia a percepção da imagem e o consumo de produtos de imagem: cosméticos e maquiagem (Silveira, 2020). A globalização dos padrões de beleza, impulsionada pelas redes sociais, tem gerado impactos semelhantes em diferentes países, reforçando a necessidade de uma abordagem educacional que promova uma relação mais saudável com a imagem que vemos. Estamos constantemente expostos a conteúdos que nos levam a desejar determinadas coisas, muitas vezes beneficiando economicamente alguém à custa da saúde mental de muitos (Nanque, 2021).




A educação estética poderia atuar como um contraponto no que se refere à imagem e à aparência, ensinando a valorização da apreciação da beleza natural e a desconstrução de padrões irreais.




O livro Geração Ansiosa, de Jonathan Haidt, explora como a hiperconectividade e a exposição precoce às redes sociais têm gerado uma epidemia de ansiedade entre os jovens. Os homens são incentivados à "raiva masculina" e à atitude clubista de se fecharem em grupos exclusivamente masculinos. Embora isso possa ser edificante até certo ponto, se feito virtuosamente, socialmente gera uma falha, pois a sociedade é composta por homens e mulheres.

Essa construção impede a educação mútua e amplifica comportamentos nocivos de cada sexo, a saber: nos homens, o egoísmo soberbo da autoadmiração; e nas mulheres, a vaidade soberba ou a vaidade carente. Quando há a presença do sexo oposto em um ambiente virtuoso, esses pontos nocivos são educados e remediados, enquanto que, entre pares, tendem a ser fortalecidos—salvo na presença de alguém altamente virtuoso e de forte presença, capaz de remediar os demais, o que é raro.




As mulheres são particularmente afetadas, pois enfrentam uma pressão mais intensa relacionada à imagem e à aparência, muitas vezes promovida pelas próprias mulheres. Esse fenômeno contribui para o aumento de transtornos mentais femininos (Anjos & Ferreira, 2021).

A comparação constante com influenciadores digitais e celebridades reforça sentimentos de inadequação e deslocamento, oriundos da mesma dinâmica das bolhas, que dificulta a assimilação de desigualdades, dado que essas questões são apresentadas de forma tão constante (como um bombardeio digital) e, muitas vezes, apelativa (Brugiolo et al., 2021). Além disso, esse cenário incentiva preocupações com temas que podem não ser relevantes para todos ou mesmo saudáveis para todos.




Nos últimos meses, por exemplo, a lista de "mais vendidos"—sem considerar o próprio método de criação dessas listas—apresenta livros sobre alcançar a prosperidade "passando a perna no diabo". Vale notar que o objetivo parece ser ganhar dinheiro, e não ser astuto como as serpentes em prol do Reino do Senhor.

Além disso, os três primeiros lugares são ocupados por livros para colorir. Essa lista pode nos dar indícios sobre a capacidade de apreensão geral, o padrão estético-social (ou seja, o padrão de apreensão social) e os desejos e ambições da sociedade.

Para onde está olhando a maioria dos consumidores-leitores? O que estão contemplando e expressando? Podemos inferir que essa lista talvez diga: "quero ser rico e vou surtar", "preciso de dinheiro e estou exausto" ou "valorizo a riqueza, mas quero descansar".

A lista reflete a tensão da sociedade brasileira, que não suporta mais tanta pressão sem alicerce humano, educativo e espiritual.




Conclusão


A crise estética contemporânea (entende-se como crise de apreensão pelos sentidos na contemporaneidade) exige uma reflexão profunda sobre o papel da educação estética na formação da identidade e na promoção da saúde mental. A ação cristã nessa área não pode ignorar os efeitos nocivos da escravidão da imagem em prol de ganhos pessoais, especialmente para aqueles que servem a Deus na área da saúde.

A valorização da arte, a desconstrução de padrões irreais e o incentivo ao pensamento crítico são ferramentas valiosas para enfrentar os desafios impostos pela cultura de massa e pelas redes sociais. Somente por meio de uma abordagem educativa e consciente será possível construir uma sociedade cristã equilibrada, menos vulnerável à pressão da imagem e mais sensível à verdadeira virtude.

A estética (entende-se como apreensão pelos sentidos) alinhada ao evangelho promove o decoro e o polimento no comportamento sem perder a naturalidade, mantendo o bom gosto compatível com o processo de conversão cristã, que rejeita o mundano. Além disso, há um empenho em evitar que a beleza se torne um produto manipulado por setores da indústria que visam apenas ao lucro, afirmando vender beleza.


A beleza é um traço concedido a toda alma criada por Deus e se torna ainda mais bela à medida que se aproxima do Criador.

Tal ação exige uma conversão maior por parte do grupo de cristãos ativos em ações católicas pelo país.




Professora Ana Paula Barros
Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).



Referência deste artigo: BARROS, Ana Paula. A educação estética como ferramenta de saúde mental. Salus in Caritate, seção Educação e Filosofia, 08 maio 2025. Disponível em: <https://www.salusincaritate.com.br>.




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Referências

ANJOS, Larissa Alves dos; FERREIRA, Zâmia Aline Barros. Saúde estética: impactos emocionais causados pelo padrão de beleza. 

BRUGIOLO, Alessa Sin Singer; SANTOS, Eveliny Rodrigues; RIBEIRO, Pâmella Cristina Soares; CARNAÚBA, Fabiana Roberta Nunes. Insatisfação corporal e procedimentos estéticos em adolescentes. SciELO. 

FANCOURT, Daisy; FINN, Saoirse. Evidências sobre o papel das artes na melhoria da saúde e do bem-estar. Arte Despertar. 

FERNANDES, Manuela Luiza de Souza; PARAÍSO, Alanna Fernandes; RODRIGUES, Augusto César Evelin; SILVA, Amanda Tauana Oliveira e; Diniz, Sara Cristina Saraiva Batista; BEZERRA, Lana Vitória Santana; BORGES, Luna Viana. Os impactos das redes sociais na busca por procedimentos estéticos. Revista FT. 

JARDIM, Viviane Cristina Fonseca da Silva; VASCONCELOS, Eliane Maria Ribeiro de; VASCONCELOS, Célia Maria Ribeiro de; ALVES, Fábia Alexandra Pottes; ROCHA, Karyanna Alves de Alencar; MEDEIROS, Eduarda Gayoso Meira Suassuna de. Contribuições da arteterapia para promoção da saúde e bem-estar. SciELO. 

KATAOKA, Alexandre; MENDES, Camila Cristina Silva; LELLO, Nikole Guimarães Soares; SAADA, Ruaida Chahine; KAPRITCHKOFF, Maria Rita dos Reis. A influência das mídias sociais na decisão pela cirurgia plástica. SciELO. 

NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. Impactos psicológicos do uso de celulares: uma pesquisa. SciELO. 

NANQUE, Manuel. A África sob diferentes olhares: do epistemicídio colonial à tecitura estética digital. Repositório UNILAB.

SILVEIRA, Marcelo Deiro Prates da. Efeitos da globalização e da sociedade em rede via Internet na formação da identidade estética. SciELO. 

VERMELHO, Sônia Cristina; VELHO, Ana Paula Machado; BONKOVOSKI, Amanda; PIROLA, Alisson. Refletindo sobre as redes sociais digitais. SciELO.
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Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

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