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Salus in Caritate



Uma vez reparei que as pessoas costumam ver o trabalho do padre como "um favor". Bem... é de fato uma graça termos padres, mas o ofício não é um favor, de forma alguma. Veja bem: 

O padre estudou quase dez anos. Normalmente, este argumento é usado para dizer "quer saber mais que o padre?" (coisa que hoje não é tão difícil), mas na verdade estudar quase uma década só garante uma coisa: o padre não tem direito de ser incompetente. A incompetência é inaceitável em alguém que estudou - ou diz que estudou - tanto. O estudo não é como um crachá que se esfrega na cara do outro, o estudo é uma ferramenta que possibilita uma ação competente pelos outros por amor a Deus. Por isso que a fala "quer saber mais que o padre?" é ridícula, tanto quanto se alguém dissesse "tenho mestrado, quer saber mais do que eu?". O padre estudou quase dez anos, o mínimo que ele pode fazer é ser competente, ser bom no que faz. 

O padre se estatelou no chão. O problema do clero é que Cristo deixou de ressuscitar neles e quem ressuscitou foi o ego dos padres. A função dele é passar a Santa Doutrina da Igreja e não a visão dele da Igreja. Claro que existem vários problemas nisso, o próprio clero não sabe mais o que é a Igreja e o que ela faz, por isso estão batendo cabeça agora mesmo em busca de uma "novidade" mais nova que o Evangelho, como se isso existisse. Um padre que se estatelou de verdade no chão sabe que o mínimo que ele pode fazer é ser bom e competente. 

O padre recebe pagamento. Ele não está fazendo nenhum favor, é o ofício dele. Um ofício remunerado, veja bem, é a obrigação dele: preparar uma boa homilia, ensinar a Santa Doutrina, atender os fiéis e ministrar os sacramentos direito, como manda a Igreja, seja quando for. É o trabalho dele e ele recebe pra isso. O mínimo que ele pode fazer é ser competente e bom. 

Pedir um padre competente é o direito de todo fiel. Incompetência não é aceitável. 

Portanto, por qualquer caminho que tomemos, vemos claramente que a atual visão sobre os padres está deturpada. Nos faz aceitar coisas inaceitáveis em qualquer outra função em nome de uma suposta caridade. Caridade que mata a Igreja por incompetência dos seus ministros. 

É por isso que alguns membros do clero tem tanta audácia em fazer coisas erradas, eles não são cobrados por ninguém. Ninguém. E os leigos não podem abrir a boca sobre a incompetência do padre. Afinal falar do padre é tabu. No entanto, qualquer pessoa que trabalha com gestão de pessoas e educação vê um dos problemas: o problema do clero é acalentar a incompetência no ofício, colocando em risco milhares de almas, em nome de uma falsa caridade, que é uma homicida espiritual. 

O jumentinho acredita, nos dias de hoje, que pode ter idéias próprias, que ele pode inovar. O jumento esqueceu que é só o jumento. 

 




O Brasil é um país com aversão à inteligência. Historicamente, o conhecimento foi, gradativamente, colocado como algo ruim e como sinônimo de “soberba”.

Uma vez conheci um africano que ministrava aulas na mesma escola que eu. Na entrevista para aquisição de uma cadeira docente, foi-lhe perguntado se, na África, existia qualidade de ensino, estrutura. Ele respondeu que, realmente, a estrutura não era como algumas das nossas, mas que ele teve aula com os maiores professores do Reino Unido e de Portugal. O conhecimento genuíno era algo extremamente valorizado por ele. Ele se orgulhava de seus professores e de si mesmo.

Nos Estados Unidos, é fácil encontrar debates, pessoas lendo — lendo muito. Qualquer coisa, para ser debatida, deve ser publicada. O conhecimento e a veiculação do conhecimento são valorizados, são um bem, são sinônimo de liberdade.

Nos países hispânicos, é frequente que confirmem a lista de referências, checando o que foi explicado em aula, aprofundando o conhecimento. São povos que aprenderam a valorizar o conhecimento — e também a checá-lo, a verificar se aquilo é mesmo a verdade. Resultado de sua história como povo. Uma vez, estava ministrando uma palestra e, dentre os participantes, estava uma peruana. Bem, ela pediu as referências e, na outra semana, já havia checado todas.

Já no Brasil, a pseudo pátria educadora, o conhecimento é sinal de ofensa. Estudar e veicular conhecimento é como um xingamento. Automaticamente, a pessoa que estuda é vista como soberba, orgulhosa e “quer ser melhor que os outros” — principalmente nos meios religiosos. Sendo que o ato de compartilhar conhecimento, contribuir nos debates, veicular informação e formação é um sinal de generosidade. Principalmente num país como o nosso, enorme em tamanho, mas tão pouco encorajado. O resultado é um misto assombroso de desvalorização de autores, professores, discursos contra o conhecimento e o saber, apontamentos feitos no púlpito e fora dele dizendo que todos são soberbos e orgulhosos (sem nunca ter conversado com o sujeito, veja bem). “Soberbos” que compartilham o conhecimento que acumularam em anos de estudos — que coisa inusitada.

Nenhum professor ou estudioso encontrou o que sabe na sarjeta. E nenhum deles é obrigado a dar aula e escrever de graça. Se o faz, é por generosidade — é por acreditar na educação e no potencial do povo, apesar do próprio povo.

Bem, a aversão à inteligência é uma reação que possui várias origens. A principal delas é a exigência que o conhecimento gera. Veja bem: quando o conhecimento é veiculado, isso muda as referências de saberes do povo, os enriquece e, portanto, os faz mais exigentes. Por outro lado, também oferece novos horizontes sobre o que seria educação e conhecimento, mudando assim os pontos exigidos no âmbito pessoal. Afinal, é preciso ler, estudar — e não somente receber a informação passivamente, como se estivéssemos vivendo numa Matrix. Claro, isso não agrada. Existe quem se favoreça com um povo sem conhecimento. Afinal, diante de um povo sem conhecimento, o professor, o padre, o político, o empresário não precisam se esforçar em seus ofícios. Ainda existe, no entanto, quem escolha não estudar — e que se incomode com quem o faz. Lembrando que não falo somente do estudo oficial, mas do ato mesmo de estudar como uma vocação, e não uma obrigação para cumprir a jornada da escada social rumo ao nada.

O que fazer?

Não há o que fazer com quem tem aversão à inteligência. É um aspecto que o sujeito precisa cuidar, tratar e revisitar — os motivos para essa reação diante de algo tão simples. Ninguém pode obrigar alguém a perguntar-se: “Eu não gosto de quem estuda?” “Eu acho que quem estuda é soberbo?” “Donde eu tirei isso?” “Será que é mesmo assim?” “Eu me sinto ofendido, inferior?” “Mas qual a causa disso?”






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"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)




"Quem ama a disciplina, ama o conhecimento" - Provérbios 12, 1

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