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O que é ser alegre?

Quando estudamos filosofia, aprendemos que o primeiro passo é perguntar: “o que é…?”. Interessantemente, vemos que na prática fazemos isso muito pouco. Quando falo sobre alegria, a maioria já tem uma ideia mental estabelecida que pode, ou não, ser semelhante à euforia, que, por sua vez, não é nem de longe alegria.

Para Aristóteles, a felicidade é o maior bem do homem e a alcançamos com a execução de atos virtuosos. Ou seja, a alegria é a felicidade do virtuoso ao executar virtudes. Bem, já São Tomás se perguntou se a alegria é o mesmo que o prazer e concluiu que sim, mas se difere do mundano uma vez que possui matéria mais nobre; no caso, gera o alargamento, a dilatação do coração.

Não sei se notou, mas nenhuma das citações ou até mesmo os textos bíblicos sobre a alegria remetem a essa visão que temos sobre “ser alegre”, que é uma obrigação imposta na pós-modernidade: temos que ser SEMPRE felizes, bem-sucedidos, pulantes de alegria exorbitante. Acontece que isso só gera infelicidade, simplesmente porque ninguém é assim.

Também devemos nos atentar que a visão que temos do outro é extremamente fragmentada, parcial. Normalmente, demoramos muitos anos para conhecer alguém e, quando conhecemos, passamos a notar formas de comportamento maravilhosas que antes não víamos. Digo isso por achar que, aparentemente, as pessoas realmente acreditam que a imagem parcial que veem na internet ou da pessoa na Santa Missa ou seja lá onde, é a pessoa toda e, portanto, é alegre ou triste segundo uma constatação de, no máximo, um minuto.

Uma vez fiz uma pesquisa com imagens de santos e perguntei o que eles tinham em comum, e uma parcela significativa respondeu “tristes?”. Veja bem, como pode um santo ser triste?! Um pensamento desses só pode existir quando há uma percepção muito, muito, muito deturpada de alegria. Num outro momento, eu partilhei muitas fotos antigas em preto e branco. Eu amo fotos antigas em preto e branco. Acredita que acharam que eu estava triste? Mas veja a loucura da situação: fotos em preto e branco, coisas antigas, brechó são coisas que me deixam alegre. O que me leva a pensar no distanciamento que existe nas relações sociais atuais, acrescidas da internet (e veja bem, eu não odeio a internet, estou usando agora, mas não dá pra deixar passar que o robô parece estar gerando robôs dentro da “rede mágica do pôr-do-sol”, o “robô-insta-crazy”). A internet gerou uma relação baseada, ainda mais que o normal, no eu. Você pode parar de ler e me apagar quando quiser, pode me cancelar quando quiser, pode me deixar falando sozinha quando quiser. O “eu interneteiro” é soberano, não precisa interagir, não precisa escutar ou ler o que não quer, não precisa se incomodar de parar e pensar, simplesmente aperta um botão e vai ver ou escutar outra coisa, que muitas vezes é mais do mesmo (mas eu falo sobre isso em outro momento). O que me leva a questionar se essa obrigação da “alegria eufórica” não é uma necessidade egoísta, ou ainda, como alguém que acha que a violeta não é alegre só por não ser um girassol. Mas o que aconteceu com o antigo “o que seria do mundo se todos gostassem de azul” e o “somos todos diferentes”?

Reflexivamente e singelamente, Ana















Passamos muito tempo lutando para viver e acabamos vivendo muito pouco. Existir e viver são coisas diferentes. 


Desacelerar é um convite ousado numa sociedade que enaltece a velocidade e a produtividade, sem se lembrar que a calma é mais produtiva que a agilidade que fadiga. 


Você teria coragem de desacelerar? Pois é, quem diria que isso exigiria coragem, seja para arcar com o fato de ir na contramão de todos os outros, seja por se deparar com você mesmo no processo e tudo que deixou de lado para poder ser rápido.


Eu gosto de assitir séries com mestres de artes marciais desde pequena e, se você já assistiu alguma, já reparou que, os movimentos são rápidos, mas quem está lutando vê as coisas em câmera lenta? A atenção plena e lenta lhe concede agilidade e uma visão ampla da realidade. 


 Pois é, você já deve ter me entendido e talvez já tenha pensado nisso, toda essa fluidez de informação, todos falando ao mesmo tempo, tanta agitação dentro e fora de nós, deve ter lhe esgotado, de alguma forma, também. 


Não sei se posso defender, pessoalmente, a escolha de se apartar totalmente, mas a entendo completamente. Defendo, no entanto, certa consciência no uso de tanta agilidade, certa coragem de aceitar parar e olhar em volta, de desacelerar e ver os outros avançarem sem uma angústia interior. Você verá que não é muito fácil, exige certa resiliência e auto domínio. 


Existe uma história de um cachorro que viu uma lebre e saiu correndo, todos os outros cães sairam correndo também, mas não tinham visto nada. Penso que esse desacelerar permite ver o que não vimos, permite sair do "efeito manada", como eu o chamo, e fazer as coisas com mais consciência, pode até ser as mesmas coisas que antes ou que os outros já fazem, mas com consciência, com reta intenção, com presença.


Isso também vale para os que fazem trabalhos na Igreja e para a Igreja. Muitas vezes nós nos esquecemos que o Senhor trabalhou seis dias e descansou. Eu mesma pulei solenemente a imitação da parte do descanso por seis anos seguidos. Na verdade, eu nunca me sentia cansada, mas eu estava correndo... você já viu um atleta correndo? Bem, caso não tenha visto, depois de um tempo ele não sente mais nada, a endorfina anestesia tudo, os músculos estão tão energizados que pulam, ele não está cansado de fato, embora tudo esteja fadigando. Estranho né? Mas isso acontece na nossa vida e também nas práticas de apostolado. Então você que é fundador, orientador, coordenador, catequista, padre, irmã, consagrado, enfim, qualquer servidor assíduo do Reino, se lembre de descansar, se lembre de desacelerar, isso também dá glória a Deus e nos dá perspectiva. 


O atleta lá na pista de corrida, correndo e correndo só vê a pista, só vê a looonga pista... perde um pouco a perspectiva do que o cerca, do quê e quem está na beira da pista, até mesmo de quem corre com ele... ele só vê a pista e a linha de chegada. E devemos dizer que isso é ótimo, isso é plena concentração, é muito útil imitar essa atitude na vida e no serviço ao Senhor. Mas perder a perspetiva não é muito bom quando se serve o Reino, tudo o que servimos está, também, em volta de nós. 


Então, se lembre, aspirante a servo bom e fiel, de glorificar a Deus desacelerando. Parece loucura, eu sei, principalmente se você veio de uma formação como a minha "servir, servir, servir e fim", mas vamos lá aprender a descansar como o Senhor, você verá que existe serviço nisso também, por isso o Senhor Jesus disse que "meu Pai nunca descansa". 


Só temos que descobrir, com a vivência e o tempo, que sementes de edificação existem nesse desacelerar e descansar. Então vamos lá, aprender mais uma coisa com o Senhor!  


Paz e Bem! 



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"Pois o preceito é lâmpada, e a instrução é luz, e é caminho de vida a exortação que disciplina" - Provérbios 6, 23

Ana Paula Barros

Especialista em Educação Clássica e Neuro Educação. Graduada em Curadoria de Arte e Produção Cultural. Professora independente no Portal Educa-te (desde 2018). Editora-chefe da Revista Salutaris e da Linha Editorial Practica. Autora dos livros: Modéstia (2018), Graça & Beleza (2025).

Possui enfática atuação na produção de conteúdos digitais (desde 2012) em prol da educação religiosa, humana e intelectual católica, com enfoque na abordagem clássica e tomista.

Totus Tuus, Maria (2015)




"Quem ama a disciplina, ama o conhecimento" - Provérbios 12, 1

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