Um olhar sobre o Jejum

by - abril 08, 2020


Um olhar sobre o Jejum




A realidade do jejum é tão profunda e rica que em uma meditação muitos frutos podem ser vislumbrados e quiçá colhidos como fontes de nutrição.

Acredito que não exista um cristão que não se recorde, mesmo superficialmente, daquela passagem em que os discípulos tentaram expulsar um demônio de um rapaz e não conseguiram, é o mesmo episódio em que o Senhor fica irritado e diz "Ó geração incrédula! Até quando estarei no meio de vós?". Mas o que O deixou tão irritado? Ele mesmo diz que foi a incredulidade. E ao responder aos apóstolos que lhe perguntavam a razão de não alcançarem o sucesso naquele exorcismo, Ele  lhes responde: "esta espécie de demônio só é expulso com oração e jejum" (Mc 9, 14- 29). 

Ou seja, é preciso a fé de quem pedi a graça e a vida penitente e ascética de quem busca ser instrumento de Deus. 

O jejum é uma arma, pouco usada. Em contrapartida vemos um avanço surreal da incredulidade. 

Mas além deste ponto, existe um outro, também pouco acolhido.

O jejum nos faz entrar no Tempo de Deus. 

Nós estamos num vórtice de informações e de opiniões, além disso temos a própria vida cotidiana que, se não é vivida com equilíbrio, soterra em nós toda a capacidade de ver com olhos espirituais as realidades temporais. Todos estes fatores, mais as preocupações, nos fazem esquecer completamente que o tempo divino é lento, calmo, equilibrado e acima de tudo cheio de paz, não aquela paz da tranquilidade mundana que deseja não ter problemas, mas antes a tranquilidade da Ordem Divina, como ensina Santo Agostinho. 

O jejum é uma das chaves para a Santa Ordem Divina. Vendo por esta ótica não nos parece tão estranho a atitude do Senhor na passagem anterior. 

Podemos até querer servir, sermos bons ou receber uma graça, mas temos uma desordem em nós, que nos leva à incredulidade, que precisa receber o remédio e um tratamento perpetuo, ou seja, até a nossa morte. Um dos remédios é o jejum, longe de lhe causar males, lhe fará dar um "reset" na sua existência. 

O jejum, somado a oração e ao silêncio (um dia sem internet, sem opiniões, sem falatórios, sem telas ou coisas inúteis para a alma); um dia cumprindo o dever que se apresenta a cada momento no silêncio, vivendo o Ora et Labora e basta, te fará ver a vida de uma forma diferente, verá suas amarras, a raiz dos seus defeitos e vícios, a qualidade de seus sentimentos e pensamentos e por fim o quanto precisamos do auxílio da Graça. Ao mesmo tempo promove, pela ação na carne, a dilatação da alma, esta se abre pouco em pouco a Ação Divina, que busca ordenar, equilibrar, purificar tudo em nós. 

Essa atitude exercida com alguma frequência, não somente quando a Igreja nos obriga a tomar o remédio, mas com a humildade de quem se reconhece doente; nos leva a uma nova Ordem de vida, a uma vivência eficaz do tempo que Deus nos concede, a uma capacidade real de escutar a Sua Voz e lhe ser dócil, a uma existência mais equilibrada, pois se nutre na tranquilidade da Ordem Divina. 

Nós estamos diante de um tempo verdadeiramente favorável para entrarmos no Tempo e na Ordem Divina, não queira estar em outro lugar, este é o tempo que o Senhor preparou para nós, o Senhor tem fome e se dirige a cada alma como à figueira naquele dia buscando frutos mesmo não sendo tempo de figos (Mc 11, 12-14).

Que pela Graça possamos frutificar fora do tempo agradável, frutificar pois o Senhor estende as mãos e pedi o fruto do nosso amor. 

Se respondermos bem, o que hoje é motivo de pranto se transformará em motivo de alegria. 

Singelamente, Ana








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