SE SENTINDO NO LUGAR ERRADO?| São Josemaria Escrivá 02

by - junho 10, 2018

Olá, paz e bem

Hoje vamos continuar as formações com São José Maria Escrivá. A primeira formação esta aqui, vocês também pode encontrar outras formações do Damas da Rainha aqui. Sugiro que seja lida antes dessa.

O lugar da mulher


Mas, às vezes, a mulher não tem certeza de se encontrar realmente no lugar que lhe compete e a que é chamada. Muitas vezes, quando faz um trabalho fora de casa, pesam sobre ela as solicitações do lar; e, quando continua dedicando-se em cheio à família, sente-se limitada em suas possibilidades. Que diria o senhor às mulheres que passam por essas contradições?

Esse sentimento, que é muito real, procede frequentemente, mas do que das limitações concretas - que todos temos, por sermos humanos -, da falta de ideais bem determinados, capazes de orientar a vida inteira, ou então de uma inconsciente soberba: às vezes, desejaríamos ser os melhores sob qualquer aspecto e em qualquer nível. E, como isso não é possível, nasce um estado de desorientação e de ansiedade, ou até desânimo e tédio (mais sobre aqui): não se pode estar em toda parte ao mesmo tempo, não se sabe a que se há de atender e não se atende a nada eficazmente. Nessa situação, a alma fica exposta a inveja, a imaginação tende a desatar-se, e a buscar um refúgio na fantasia que, afastando da realidade, acaba adormecendo a vontade (mais sobre aqui). É uma mística do oxalá, feita de sonhos vãos e de falsos idealismos: oxalá não me tivesse casado, oxalá não tivesse essa profissão, oxalá tivesse mais saúde, ou menos anos ou mais tempo!

O remédio - custoso, como tudo que tem valor- está em procurar o verdadeiro centro da vida humana, o que pode dar uma hierarquia, uma ordem e um sentido a tudo: a intimidade com Deus, mediante uma vida interior autêntica. Se, vivendo em Cristo, tivermos nEle o nosso centro, descobriremos o sentido da missão que nos foi confiada, teremos um ideal humano que se torna divino, novos horizontes de esperança se abrirão à nossa vida, e chegaremos a sacrificar com gosto, não já este ou aquele aspecto de nossa atividade, mas a vida inteira, dando-lhe assim, paradoxalmente, seu mais profundo acabamento.

O caso da mulher, que focaliza, não é extraordinário: com outras peculiaridades, muitos homens sentem algo de semelhante algumas vezes. A raiz costuma ser a mesma: falta de ideal profundo, que só se descobre à luz de Deus.

Em todo caso, também é preciso pôr em prática pequenos remédios, que parecem banais, mas que não o são: quando há muitas coisas a fazer, é necessário estabelecer uma ordem, impõe-se organizar a vida. Muitas dificuldades provêm da falta de ordem, da carência deste hábito. Há mulheres que fazem mil coisas, e todas bem, porque organizaram a vida, porque impuseram com fortaleza (mais sobre aqui e aqui) uma ordem à abundância das tarefas. Souberam permanecer em cada momento no que deviam fazer, sem se desvairarem pensando no que viria depois ou no que talvez houvessem podido fazer antes (mais sobre isso aqui), Outras, em contrapartida, vêem-se afobadas pelos muitos afazeres; e, assim afobadas, não fazem nada (mais sobre aqui).

Sempre haverá, decerto, muitas mulheres cuja única ocupação seja dirigir o seu lar. Devo dizer que esta é uma grande ocupação, que vale a pena. Através dessa profissão - porque o é, verdadeira e nobre-, influem positivamente, não só na família, mas também numa multidão de amigos e conhecidos, em pessoas com as quais de um modo ou de outro se relacionam, realizando uma tarefa bem mais extensa, muitas vezes, do que a de outras profissões. Isto, para não falar do que acontece quando põem essa experiência e essa ciência ao serviço de centenas de pessoas, em centros destinados à formação da mulher. Nesta altura convertem-se em professoras do lar, com mais eficácia educativa, diria eu, do muitos catedráticos de universidade. 

São Josemaria Escrivá
Entrevista a revista feminina Telva, 1968 
Paz e bem
Abraços
Ana Paula Barros

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